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domingo, 9 de junho de 2024

ACADEMIA LAVRENSE DE LETRAS EMPOSSA NOVOS SÓCIOS NO IDEAL CLUBE

 Por Manoel Severo

Manoel Severo, Linhares Filho e Heitor Ferrer

Aconteceu na noite da ultima quinta-feira, dia 14 de dezembro, no Ideal Clube, em Fortaleza; a solenidade festiva de posse de novos Sócios da Academia Lavrense de Letras. A solenidade comandada pela presidenta da Academia, escritora Cristina Couto contou com a presença de inúmeros confrades e confreiras e ainda marcou a entrega de Medalha do Mérito Educacional professor Gustavo Augusto Lima. 

"Anualmente a Academia Lavrense de Letras distingue com a Medalha do Mérito Educacional professor Gustavo Augusto Lima,  a uma destacada personalidade do mundo educacional e cultural, este ano de 2017 para nossa honra estamos passamos às mãos essa homenagem mais que justa ao grande poeta, professor Linhares Filho", comenta a presidenta da ALL, Cristina Couto.


Além da Medalha do Mérito Educacional concedida a Linhares Filho, receberam o Título de Sócio Honorário da Academia Lavrense de Letras, o deputado estadual Heitor Ferrer e o curador do Cariri Cangaço, 
Manoel Severo Barbosa.

Deputado Heitor Ferrer em suas palavras na noite solene da ALL
O Príncipe dos Poetas, Linhares Filho e a condecoração do Mérito Educacional
Manoel Severo, Ingrid Rebouças e casal Linhares Filho

A Academia Lavrense de Letras foi fundada no dia primeiro de junho de dois mil e oito, em reunião no Náutico Atlético Cearense, na cidade de Fortaleza – Ceará e instalada em setembro do mesmo ano em Lavras da Mangabeira. A fundação aconteceu em almoço que reuniu intelectuais do mundo cultural e educacional lavrenses, sob a inspiração e liderança de Dimas Macedo, seu primeiro presidente. Foi criada para elevar Lavras da Mangabeira à um patamar de destaque no cenário nacional das artes e letras. Na ocasião da fundação , usando da palavra Dimas Macedo explicou o objetivo : "Fundar uma associação de literatos, o que de há muito Lavras da Mangabeira necessita, reunindo intelectuais e escritores lavrenses que se dedicaram ao mundo das letras, das artes, da pesquisa científica e filosófica da educação e da cultura ou que fizeram a defesa desses valores e postulados como metas primordiais."Atualmente preside a Academia Lavrense de Letras, Cristina Couto.

Presidente Cristina Couto, deputado Heitor Ferrer e João de Lemos
Manoel Severo, Cristina Couto, Dep Heitor Ferrer e João de Lemos
Fátima Lemos e a condecoração a Heitor Ferrer
Ingrid Rebouças e o Título de Sócio Honorário a Manoel Severo
Cristina Couto, Ingrid Rebouças e Manoel Severo

"Hoje realizamos homenagens a duas personalidades; ao deputado Heitor Ferrer, lavrense ilustre, detentor de um trabalho espetacular em defesa das letras e arte de todo o Ceará, homem público inteiramente identificado com nossas causas e de uma sensibilidade sem igual; o deputado Heitor Ferrer recebe nesta noite para nossa honra o Título de Sócio Honorário da ALL. Já Manoel Severo; também querido amigo; curador do Cariri Cangaço; o maior evento do gênero, que já esta presente em 5 estados da federação, com 97 conferencias realizadas e muitos projetos que consolidam nossa cultura de raiz, inclusive com novos projetos para fora do Brasil levando nossa cultura e historia é um homem determinado e abnegado; Manoel Severo nesta noite ao lado do deputado Heitor Ferrer também recebe o Título de Sócio Honorário da ALL" confirma a Presidente Cristina Couto.

Manoel Severo, Ingrid Rebouças e deputado Heitor Ferrer
Linhares Filho e Manoel Severo
Cristina Couto, Ingrid Rebouças, Fátima e Linda Lemos
Cristina Couto e Ingrid Rebouças
Manoel Severo, Adauto e João de Lemos

Posse na Academia Lavrense de Letras
14 de Dezembro de 2017
Ideal Clube, Fortaleza-Ceara

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A CASA ONDE NASCEU PADRE CÍCERO

  Por Armando Lopes Rafael.


Duas versões são defendidas, entre os historiadores regionais, no que diz respeito ao local onde teria nascido, na cidade do Crato, o Padre Cícero Romão Batista. A primeira versão - defendida por Irineu Pinheiro - diz que o famoso sacerdote veio ao mundo numa casa existente à Rua Miguel Limaverde. A casa pertencia ao coronel Pedro Pinheiro Bezerra de Menezes, e posteriormente fora desmembrada em duas residências. Ambas demolidas, quando do alargamento daquela rua, na fúria insana de destruir o que resta do patrimônio arquitetônico do Crato, para dar lugar à passagem de veículos automotores.

A outra versão, a que nos parece mais certa, defende que o Padre Cícero nasceu numa casinha, no terreno onde hoje se ergue o Palácio Episcopal, na atual Rua Dom Quintino, à época Rua das Flores (foto ao lado). Irineu Pinheiro defendia o imóvel da rua Miguel Limaverde, como o local do nascimento do Padre Cícero, baseado em depoimento de uma escrava da família do famoso sacerdote, conhecida como “Teresa do Padre”, mulher humilde e bastante estimada na cidade de Juazeiro do Norte, onde gozava a fama de uma pessoa virtuosa e de credibilidade.

Atual Palácio Episcopal em Crato...

Entretanto outro ilustre historiador, o Padre Antônio Gomes de Araújo, escreveu este depoimento, “Teresa do Padre, já começava a mergulhar no crepúsculo da própria memória, cuja desintegração começara”. Ou seja, a boa velhinha caminhando para os cem anos de idade, já não dominava mais a própria memória, deficiência física a que estamos sujeitos todos nós, os seres humanos, quando a velhice nos domina.

Já a versão de que o Padre Cícero nasceu numa casinha simples, onde hoje é o Palácio do Bispo, tem diversos defensores. Segundo depoimento prestado pelo cônego Climério Correia de Macedo ao Padre Antônio Gomes de Araújo, e incluído no livro “A Cidade de Frei Carlos”, o cônego declarou: “Minha tia paterna, Missias Correia de Macedo, cortou o cordão umbilical do Padre Cícero numa casa que foi substituída pelo palácio de Dom Francisco" (referia-se ao atual Palácio Episcopal construído por Dom Francisco de Assis Pires, segundo bispo da Diocese do Crato).


E continua Padre Gomes no seu livro citado: “É corrente que, no chão em que se ergue aquele palácio, havia de fato uma casa, que foi cenário, por exemplo, da recepção do Padre Cícero quando este chegou do Seminário de Fortaleza, ordenado sacerdote, bem como das festas que envolveram a celebração de sua primeira missa. É certo que dita casa pertenceu ao major João Bispo Xavier Sobreira (...) Com sua morte a dita casa passou à viúva, dona Jovita Maria da Conceição. Seus herdeiros venderam a casa a esta diocese”.

Assim, tudo está a indicar que o Padre Cícero veio ao mundo na casinha simples, entre fruteiras, localizada no terreno onde hoje se ergue o Palácio Episcopal. Deixamos nossa sugestão para que o Governo do Ceará e a Prefeitura do Crato providenciem a colocação de uma placa, assinalando o local onde nasceu um dos mais conhecidos sacerdotes católicos do Brasil, o ilustre filho do Crato, Padre Cícero Romão Batista. 

É uma forma de preservar a memória histórica de Crato, tão ultrajada e descaracterizada por administradores insensíveis e de poucos conhecimentos culturais...

Armando Lopes Rafael - Crato, Ceara
Fonte: Blog do Crato / http://blogdocrato.blogspot.com.br/
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O ATAQUE DE SINHÔ PEREIRA AS FAZENDAS PIRANHAS E UMBURANAS,DOS CARVALHOS.

 Por Luiz Ferraz Filho

Clássica foto de Sinhô Pereira e Luis Padre

Geograficamente falando, no inicio do século XX não havia possibilidade nenhuma de frequentar a lendária Vila de São Francisco (antigo distrito de Villa Bella - Serra Talhada-PE), sem passar nas terras das famílias Pereira ou Carvalho. E foi exatamente nesse epicentro das antigas questões que estive visitando. A vila era na época um arruado de comercio pujante. Muitas habitantes frequentavam o povoado que crescia rapidamente as margens do Rio Pajeú. 

Qualquer sertanejo da Vila de São Francisco que desejasse visitar a cidade de Serra Talhada pela estrada velha, teria que passar nas fazendas Barra do Exu, Caldeirão, Escadinha, Várzea do Ú, Piranhas, Três Irmãos, Surubim e Umburanas, todas redutos de familiares dos "Alves de Carvalho". Esse grande número de habitantes fez prosperar essas localidades e consequentemente da famosa vila , fundada na metade do século XIX por Francisco Pereira da Silva, patriarca dos "Pereiras".

Região rica, tal como todo o solo encontrado nas fazendas do oeste serratalhadense, a Fazenda Umburanas surgiu através de um dote recebido pelo fazendeiro Manoel Alves de Carvalho (filho de Jacinta Maria de Carvalho e João Barbosa de Barros - o Janjão da Quixabeira) pelo casamento com a prima Joana Alves de Carvalho, herdeira desta parte de terra que pertencia ao seu pai, o coronel José Alves da Fonseca Barros, que morava do outro lado do Rio Pajeú na Fazenda Barra do Exu. 

Marca de bala na Umburanas...

Deste quartel-general dos "Carvalhos das Umburanas", nasceram os celebres irmãos Jacinto Alves de Carvalho (Sindário), Enoque Alves de Carvalho, José Alves de Carvalho (Zé da Umburana) e Antônio Alves de Carvalho (Antônio da Umburana), e posteriormente os outros irmãos Isabel (Yaya), João de Cecilia (falecido jovem), Aderson Carvalho, Enedina e Adalgisa (Dadá). Foi lá, nesta fazenda, que esses celebres irmãos enfrentaram a questão com os primos Sinhô Pereira e Luis Padre.

Aparentados do major João Alves Nogueira, da Fazenda Serra Vermelha, e de Antônio Clementino de Carvalho (Antônio Quelé), que na época já enfrentavam questão com Manoel Pereira da Silva Filho (Né Pereira), era somente questão de tempo e de proposito para que os irmãos Carvalhos (vizinhos da vila São Francisco, onde morava os Pereiras) aderissem a essa questão familiar. E o estopim foi justamente o assassinato de Né Pereira, em outubro de 1916, na Fazenda Serrinha, cerca de 6 km da Fazenda Umburanas, dos Carvalhos.

Né Pereira, assassinado em outubro de 1916 pelo jagunço Zé Grande, que levou e entregou o chapéu e o punhal para os familiares dos Carvalhos.

O crime foi cometido pelo ex-presidiário Zé Grande (natural de Palmeira dos Índios-AL), que segundo os Pereiras, era ex-jagunço dos Carvalhos e havia fugido da cadeia para em sigilo incorpora-se ao bando de Né Pereira com a intenção de assassina-lo traiçoeiramente. Após matar Né Pereira quando ele tirava um cochilo, Zé Grande levou o chapéu e o punhal do morto para entregar aos Carvalhos, na Fazenda Umburanas, como prova do crime cometido. Revoltado, Sebastião Pereira e Silva (Sinhô Pereira - irmão de Né Pereira) entra na vida do cangaço ao lado do primo Luis Padre, que teve o pai assassinado em 1907, na Fazenda Poço da Cerca, cerca de 6 km para as Umburanas.

Casa velha da Fazenda Umburanas, antiga propriedade de 
Manoel Alves de Carvalho e filhos. 
Francisco Batista da Silva (Chico Julio), 67 anos, morador antigo das fazendas Umburanas e Piranhas relembrando alguns episodio e mostrando as casas 
que foram incendiadas.

Localizada no epicentro da questão "Carvalho" e "Pereira", o comercio da Vila de São Francisco regredia devido a infestação de bandos armados. Em julho de 1917, Sinhô Pereira e Luis Padre, juntamente com mais 23 jagunços, resolveram fazer sua maior vingança com os "Carvalhos", cercando e atacando as Fazendas Piranhas e Umburanas. 

Os proprietários Lucas Alves de Barros (da Fazenda Piranhas), Antônio Alves de Carvalho (da Fazenda Umburanas) e Jacinto Alves de Carvalho (da Fazenda Várzea do Ú) resistiram ao ataque, juntamente com os Pedros - jagunços e moradores da família - em um combate épico que durou duas horas. O cabra Manuel Paixão, do bando de Sinhô Pereira, morreu ferido na calçada quando tentava entrar na casa velha da fazenda. "Tomamos a casa do Lucas, que fugiu para a casa de Agnelo (Alves de Barros - irmão de Lucas das Piranhas), bem perto. Depois chegaram mais jagunços, amigos dele. O combate durou quase duas horas. Manuel Paixão e outros três ficaram feridos. Um foi preciso a gente carregar. Era Antônio Grande. Por isso, tivemos que nos retirar. Dizem que morreu um deles e dois ou três ficaram feridos", revelou Sinhô Pereira, em entrevista nos anos 70.

Sindário Carvalho, que juntamente com os irmãos Zé e Antônio das Umburanas, resistiu ao ataque de Sinhô Pereira e Luis Padre as fazendas Piranhas e Umburanas
Casa velha da Fazenda Piranhas, propriedade de Lucas Alves de Barros e filhos.
Escombros da casa de Antonio Alves de Carvalho (Antonio da Umburanas), morto em um duelo com Sinho Pereira. 

Furioso, Sinhô Pereira pôs fogo nos roçados e nas cercas das fazendas, como também, queimou 13 ou 14 casas de moradores e agricultores que trabalham na terras dos Carvalhos, situadas bem próximas uma das outras. Depois, Sinhô Pereira, ainda matou algumas criações, cortando o couro para não ser aproveitado, e "arrombou" os pequenos açudes para os peixes morreram sem água. "A casa grande das Umburanas foi incendiada, como (também) as (casas) das Piranhas, e a minha casa nesta fazenda. Atualmente ali não reside ninguém", falou o fazendeiro João Lucas de Barros (filho de Lucas das Piranhas), em entrevista nos anos 70. 

Após esse ataque de Sinhô Pereira, os Carvalhos abandonaram suas moradas e vieram residir em Serra Talhada (PE), onde devido a influência com a politica da época, se aliaram aos militares e iniciaram uma tenaz perseguição ao bando de Sinhô Pereira e Luis Padre. Iniciava assim a fase mais obscura de uma guerra de vindictas familiares que culminaram na morte de Antônio das Umburanas e a ida de Sinhô e Luis Padre para o sudeste brasileiro. "A impunidade em Vila Bela (Serra Talhada) teve o auge em minha juventude", lamentou Sinhô Pereira, em entrevista meio século depois dos acontecimentos. 

Luiz Ferraz Filho, pesquisador - Serra Talhada,PE
(FONTE): (FERRAZ, Luis Wilson de Sá - Vila Bela, os Pereiras e outras historias) - (LORENA, Luiz - Serra Talhada: 250 anos de historia) - (MACEDO, Nertan - Sinhô Pereira, o comandante de Lampião) -  (AMORIM, Oswaldo - Entrevista de Sinhô Pereira ao Jornal do Brasil em fev.1969) - (FEITOSA, Helvécio Neves - Pajeú em Chamas: O Cangaço e os Pereiras).

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O FOGO DO COITÉ

 Por Geziel Moura

Igreja do Coité e Padre Lacerda

A história do cangaço é muito fascinante, e nem sempre cangaceiros, volantes e civis, que foram às armas. Em janeiro de 1922, quem pegou nelas foi o representante da igreja, o Padre Lacerda. Esse acontecimento se deu, na época que Lampião e seus irmãos, eram simples cabras de Sinhô Pereira, e atuavam na região do Cariri Cearense, a história é mais ou menos assim:
Após a morte do Coronel Domingos Leite Furtado, poderoso chefe político em Milagres (CE), no ano de 1918, o seu braço armado, o Major José Inácio de Sousa, fazendeiro abastado no município do Barro (CE), conhecido como Zé Inácio do Barro, passou a assediar a família do falecido, reclamando que o Coronel Domingos Furtado devia certa quantia a ele, por serviços prestados, o que produziu inimizades entre as família Furtado e Zé Inácio do Barro.
Major Zé Inácio do Barro
Antonio Vilela, Sousa Neto, Dr Leandro Cardoso, Jorge Remígio, Manoel Severo e Ivanildo Silveira na visita do Cariri Cangaço à  Fazenda Nazaré do cel. Domingos Leite Furtado

Cabe, neste momento, uma explicação: Zé Inácio era conhecido protetor de cangaceiros, assim como outros coronéis no Cariri cearense, inclusive, Sinhô Pereira e seu bando, estavam na folha de pagamento daquele Major, tendo, ainda, seu filho, Tiburtino Inácio de Souza, vulgo Gavião, no bando de Pereira, isto denuncia, que nem sempre a constituição de um cangaceiro, era por conta da pobreza.
Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena nos conta, em sua obra "Lampião e o Estado Maior do Cangaço", que o Sítio Nazaré, da viúva do Coronel, D. Praxedes de Lacerda foi assaltado, em Janeiro de 1919, por grupo de cangaceiros, comandado por Gavião, filho do Major Zé Inácio do Barro.
Assim, após ser denunciado como mandante do assalto, Zé Inácio, não esconde o feito, mas diz que aquele dinheiro era dele, por anos de serviços prestados ao Coronel Domingos Furtado, e ainda o chamou de ladrão, pronto estava aberta a questão entre as famílias, principalmente na figura do Padre José Furtado de Lacerda, ou simplesmente, o Padre Lacerda, pároco da Vila de Coité, pertencente ao município de Mauriti (CE).
 Caravana Cariri Cangaço e a visita ao Coité de Padre Lacerda em Setembro de 2013
Manoel Severo, Sousa Neto, Antônio Amaury e Dr Leandro em conferência sobre o Fogo do Coité na própria igreja local
Luitgarde Barros, Daniel Apolinário e Dr Lamartine Lima na 
Conferencia do Cariri Cangaço no Coité
Insultos vão, insultos veem, entre o Padre Lacerda e o Major Inácio do Barro e o certo é que no dia 20 de janeiro de 1922, a pequena Coité é invadida pelo grupo de Sinhô Pereira, à frente com setenta cangaceiros. Entretanto, o Padre Lacerda, não usava somente a Bíblia e terços em seus ofícios, era possuidor de rifle e um bom contingente de homens, bem armados e municiados.
Segundo, o escritor Sousa Neto, que biografou o major Zé Inácio do Barro a resistência vinha da casa do Padre Lacerda, e sustentou o fogo por seis horas, forçando uma retirada dos cangaceiro, ao chegar soldados da policia de Mauriti e Milagres.
Ainda, segundo aquele autor, o bando de Sinhô Pereira fora atacado no dia seguinte, na Fazenda Queimadas, por aquelas volantes, sendo necessário dividir o grupo em três, um grupo com Lampião, outro com Baliza e o resto com o chefe Sinhô Pereira, desta forma conseguiram furar o cerco, e seguir para o coito, no Barro. O saldo do Fogo do Coité, foram três homens do Major, e diversos cangaceiros feridos, inclusive Antônio Ferreira. Padre Lacerda não era fácil.
Geziel Moura , Pesquisador
24 de novembro de 2017
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NOVA ORDEM DO CANGAÇO Por Raul Meneleu Mascarenhas

 Por Raul Meneleu Mascarenhas

 

A partir do ano de 1929, passou a acontecer uma das mudanças mais radicais no modo do famoso cangaceiro portar-se perante seus inimigos, vindo a tornar-se muito mais perigoso ainda. Mulheres passaram a integrar seu bando e ele passou a dividi-lo em grupos e subgrupos. Que estratégia incrível para os padrões ‘cangaceirísticos’ daquela sua época. Ninguém ainda tinha feito isso. Eram uma espécie de clãs familiares e autônomos sob a direção de homens de sua inteira confiança. Era a Nova Ordem do Cangaço que se apresentava. Chamava menos atenção e seus inimigos não tinham a menor ideia onde ele se encontrava, pois o bando dividido, a população os via em muitos lugares e as autoridades ficavam sem saber onde centrar fogo, com números maiores de contingente.

Essa estratégia, ou por querer ou por necessidade e imposição do destino, fez que Lampião, perseguido sem descanso pelas Forças Volantes de Pernambuco, tivesse que fugir e refugiar-se na Bahia com cinco companheiros que lhe restavam e maltrapilhos e famintos ali chegaram para a recomposição mais espetacular de sua vida. Era o ‘Fênix’ que retornava mais forte e das cinzas ressurgia sua têmpera de ‘cabra macho’ que não temia ninguém .
Arte de Mário Cravo Júnior

Lampião veio a entender por conta da situação em que seus inimigos contavam com armas melhores e poderosas, que deveria mudar de estratégia. Em sua mente de guerreiro privilegiado e líder, compreendeu que já não tinha condições de dirigir um número considerável de cangaceiros. Além disso o  sertão ficava aos poucos modernizado, com estradas, vias férreas e pipocava o progresso. Sua vida e de seus cabras agora dependiam mais da ‘inteligence’ que de seus músculos, coragem e pontaria pois deixava aos poucos de ser um território virgem e impenetrável. O Governo estava agora em toda a parte com suas construções de progresso e sua ‘gana’ de exterminar o banditismo naquela região.

Élise Grunspan Jasmin em seu livro ‘Lampião, Senhor do Sertão’, veio a tecer um comentário de pé de página onde o chama de ‘O Guerreiro Sedentário’ justamente por substituir seus ataques violentos, embora vez em quando o fizesse, por essa nova ordem familiar tornando-se menos nômades. Em suas notas, Élise Grunspan Jasmin aponta para António Silvino que tentara “resistir a construção da estrada de ferro pela companhia Great Western no sertão da Paraíba. Em 1906, ele perseguia os engenheiros ingleses encarregados de executar os trabalhos, ameaçava os operários, cortava os fios telegráficos, deteriorava as vias já instaladas e extorquia os passageiros do trem. Constatando a ineficácia de sua empresa, enviou uma carta aos diretores da Great Western por meio de Francisco de Sá, um de seus empregados, dizendo que permitiria a construção da estrada de ferro mediante uma indenização de 30 contos de réis. Ver, a esse respeito.
Virgulino Lampião

Sempre que tinha oportunidade. Lampião ameaçava ou assassinava os operários que trabalhavam nos canteiros. Em 1929. fez interromper a construção de uma estrada que devia ir de Juazeiro a Santana da Glória, CE, e que devia passar por seu refúgio predileto, o Raso da Catarina. Em outubro desse mesmo ano, constatando que sua ameaça não tinha sido levada em consideração, matou um dos operários. Em 1930, perto de Patamuté. BA. atacou um grupo de operários e matou um deles. Em 1932. no sitio Carro Quebrado, entre Chorrochó e Barro Vermelho, na Bahia. Lampião executou nove operários.

No Estado de Sergipe. em fevereiro de 1934, atacou operários e paralisou a construção da estrada. As autoridades governamentais nunca levaram em conta as ameaças de Lampião, e a partir de 1930 intensificaram os projetos de abertura do sertão ao "progresso". No dia 9 de junho de 1935, por ocasião de uma reunião organizada em Águas Vermelhas, na fronteira de Pernambuco. Carlos de Lima Cavalcanti, governador desse Estado, e Osman Loureiro, governador de Alagoas propuseram um plano de construção de estradas e vias férreas nas zonas do sertão afetadas pelo cangaço. 

Elas deviam cortar sistematicamente em diversos eixos as regiões mais freqüentadas por Lampião e facilitar o transporte das Forças Volantes por caminhão, enquanto os cangaceiros se deslocavam quase sempre a pé. Os canais e as vias fluviais também deveriam ser controlados, pois permitiam o envio de armas aos cangaceiros. Lampião sabia que as conquistas tecnológicas com as quais as Forças Volantes tinham sido municiadas e a penetração das vias de comunicação através do sertão poderiam anunciar seu fim próximo e pôr em perigo sua autoridade na região (Informações extraídas das obras de Frederico Pernambucano de Mello, op. rir., 1985, e Quengo: !Amplio?, 1993).
Raul Meneleu Mascarenhas
Blog Caiçara do Rio dos Ventos

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FIGURA POPULAR DE MOSSORÓ SE FOI PARA A CASA DO SENHOR!

 Por José Mendes Pereira

Crédito da foto - Relembrando Mossoró.

Durantes décadas, este senhor e anteriormente jovem, viveu entre nós em Mossoró. Quem é de Mossoró, bastante o conheceu. Não era agressivo, mas impaciente. Andava de bairro em bairro pela nossa cidade. 

Quando o sistema de telefonia ainda era convencional, ele sabia quase todos os números e seu proprietário. Era um computador ambulante. Paulo não desrespeitava mulheres. 

Quando via um carro ele  se aproximava e tomava a frente. E como o motorista não iria o atropelar, parava. Era nesse momento que ele subia sobre o capô, e não saía facilmente. Ponha paciência o condutor.  

Paulo simplesmente um tipo popular que a nossa Mossoró presenciou a sua vida como pessoa especial. 

Vá com Deus, grande Paulão!

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POSSÍVEL ORDEM.

Acervo Joaozin Joaaozinn

A fotografia, para a história ao todo, é um importante material que complementa ou comprova o fato apresentado ou pesquisado. Classificadas em conhecidas, raras ou inéditas, os registros da história cangaceira têm também o seu papel de suma importância, trazendo ricas informações sobre algum ato.

Entretanto, o mais dificultoso, no meu ponto de vista, é a questão da identificação do personagem fotografado, por diversos motivos: qualidade da foto, estado do registrado, vestimenta, apetrechos, rosto, corpo... . Um belo exemplo é esse registro de novembro de 1938, ocasião das entregas dos cangaceiros para as forças baianas, do acervo do pesquisador Rubens Antônio. Nela, apresenta o codinome dos cangaceiros, mas não a ordem em que eles estão. Nesse modelo, em arriscada comparação de fotos e aparência, tentei organizar a possível ordem dos bandoleiros aqui presentes.

• 𝗔𝗚𝗔𝗖𝗛𝗔𝗗𝗢𝗦 (da direita para a esquerda):

Novo Tempo (?), Borboleta, Jurity, Balão (?), Azulão (?), Cuidado, Quina-Quina (?) e Mané Pernambuco (?).

• 𝗘𝗠 𝗣𝗘’ (da direita para a esquerda):

Chá Preto, Devoção, Xexéu, Laranjeira, Penedinho (?), Beija Flor(?), Zé Sereno (?), Cacheado (?), Ponto Fino (?), Marinheiro (?) e Criança (?).

Vale ressaltar que essa ordem vem do meu ponto de vista e possivelmente terá erros nessa identificação; ou seja, não estou afirmando que realmente seja assim que os cangaceiros estão colocados, e sim um palpite meu, um palpite bem arriscado. Outra questão é a presença de algumas alcunhas e a falta de outros que acaba deixando dificultoso e ao mesmo tempo interessante a iconografia, no caso de Penedinho e Xexéu; Penedinho participou mesmo das fotografias junto com outros companheiros nas entregas? Por que Xexéu não apareceu na legenda da informação original?

𝐶𝑅𝐸́𝐷𝐼𝑇𝑂𝑆: 𝑅𝑢𝑏𝑒𝑛𝑠 𝐴𝑛𝑡𝑜̂𝑛𝑖𝑜.

.𝑪𝑨𝑵𝑮𝑨Ç𝑶 𝑩𝑹𝑨𝑺𝑰𝑳𝑬𝑰𝑹𝑶.

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