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terça-feira, 13 de dezembro de 2016

O SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO


Serviço
“O Sertão Anárquico de Lampião” (de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016)
Valor do livro: R$ 50,00 (Frete fixo: R$ 5,00)

Através do e-mail anarquicolampiao@gmail.com
Informações: Luiz Serra – (61) 99995-8402 luizserra@yahoo.com.br
Assessoria de imprensa: Leidiane Silveira – (61) 98212-9563 leidisilveira@gmail.com
Fontes: 
Ou ainda com o professor Pereira
franpelima@bol.com.br
https://tokdehistoria.com.br/2016/08/17/na-capital-federal-lancamento-do-livro-o-sertao-anarquico-de-lampiao-de-luiz-serra/

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NOVO LIVRO NA PRAÇA "O PATRIARCA: CRISPIM PEREIRA DE ARAÚJO, IOIÔ MAROTO".


O livro "O Patriarca: Crispim Pereira de Araújo, Ioiô Maroto" de Venício Feitosa Neves será lançado em no próximo dia 4 de setembro as 20h durante o Encontro da Família Pereira em Serra Talhada.

A obra traz um conteúdo bem fundamentado de Genealogia da família Pereira do Pajeú e parte da família Feitosa dos Inhamuns.

Mas vem também, recheado de informações de Cangaço, Coronelismo, História local dos municípios de Serra Talhada, São José do Belmonte, São Francisco, Bom Nome, entre outros) e a tão badalada rixa entre Pereira e Carvalho, no vale do Pajeú.

O livro tem 710 páginas. 
Você já pode adquirir este lançamento com o Professor Pereira ao preço de R$ 85,00 (com frete incluso) Contato: franpelima@bol.com.br 
fplima1956@gmail.com

http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2016/08/novo-livro-na-praca_31.html

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SE VOCÊ ACREDITA...

Por Clerisvaldo B. Chagas, 13 de dezembro de 2016 - Escritor Símbolo do Sertão Alagoano - Crônica 1.605

Vem aí a Banda Larga montada no satélite brasileiro feito na França e já entregue ao Brasil. O bicho pesa quase seis toneladas, comprado pela Telebrás. Isso vem de um convênio em que o Brasil investiu mais de 2 bilhões para também ter direito ao aprendizado e transferência de tecnologia. Mais de cinquenta especialistas brasileiros acompanharam o projeto de perto e estão prontos para operar o satélite. 

Foto (Divulgação)

Transferir tecnologia é o grande negócio de hoje. Isso quer dizer que os franceses ensinaram o pulo do gato e futuramente o Brasil poderá fabricar seus próprios satélites, assim como está recebendo a tecnologia dos caças (aviões de guerra). Ambas as coisas são de grupos fechados do mundo. 

O satélite será transportado para a Guiana Francesa vizinha norte do Brasil, podendo ser lançado no dia 21 de março do próximo ano, entrando em operação no segundo semestre.

Totalmente controlado pelo Brasil, o satélite assegurará a nossa soberania. É que 30% da capacidade serão destinadas às forças armadas, atuando como aliado na vigilância das fronteiras e do espaço aéreo. O satélite levará a Internet, Banda Larga, a todo o Brasil. 

O bichão de seis toneladas ficará a uma distância de 36 mil quilômetros da superfície da Terra. Cobrirá todo o território nacional e o Oceano Atlântico. Tudo isso permitirá a Internet às escolas, hospitais e a todos os brasileiros nos mais remotos lugares do País.

O Brasil, dessa maneira, conquistou o seu próprio satélite. Trata-se do SGDC – Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas, construído pela Francesa Thales Alenia Space, em parceria com o Brasil. A entrega aconteceu em Cannes, no sul da França.
Fonte: G1. – (1 de dezembro, 2016). Adaptado.

As grandes notícias positivas brasileiras terminam em eclipses nos constantes escândalos políticos e não sendo acompanhadas por verdadeiros patriotas que se orgulham da terra de nascimento. 

Caso tudo isso aconteça, as pesquisas terão suas portas escancaradas para estudantes, cientistas e curiosos em geral.

Um dia as águas fétidas das cacimbas serão substituídas por águas novas e transparentes. Quem sobreviver verá.


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A SELVA

*Rangel Alves da Costa

O tigre azunhou a tigresa boa parte da noite. Quando acordou ao alvorecer, sequer olhou de lado. Derramou na boca uma caneca de café, mordeu um pão e abriu a porta. Ainda era cedo na selva. 

As folhagens farfalhavam seus vozerios. Um emaranhado de tudo se fazia por todo lugar, como numa teia onde o andante pode cair na armadilha a qualquer instante. Seguindo pela estrada, o tigre afiava os dentes pontudos e mortais.

Bastou que um guaxinim levantasse a cabeça na sua direção, e o felino logo quis avançar para abocanhá-lo. Uma selva de todos, com todos tendo de conviver pacificamente para melhor sobreviver. Mas não. Todo bicho era presa de todo bicho.

Pelas janelas, ou tufos de mato, animais se esgueiravam com olhos brilhosos e virulentos. Feições de aborrecimentos, de ódios, de inimizades, de disposição à intriga e propensão à maldade. De vez em quando um bicho abria passagem como se quisesse ferir quem estivesse pela frente.

A onça despontou na esquina trazendo punhais na boca, no olhar, no gesto. Conhecia o tigre desde muito tempo, mas ali não era lugar para qualquer cordialidade. Por isso passou junto dele como que ameaçando exterminá-lo.

Um carcará passou em rasante e foi diretamente nos olhos da pomba. Por ali se dizia - quando alguma boca se abria sem ser na intenção de ferir - que aquela pomba era o único bicho que restava como esperança de uma vida cordial entre todos.

Mas coitada da tal pomba da paz. O carcará começou a sangria e logo em seguida prosperou o festim macabro com o pouso voraz e faminto do urubu e do gavião. Em poucos instantes as penas da pomba já se lançavam pelo alto.

Adeus pomba, adeus paz. Quando uma pena caiu sobre o ombro da jaguatirica, imaginando ser um inimigo, logo está pulou e prontamente se colocou em posição de ataque. Estava numa ferocidade tamanha que se imaginaria pronta para enfrentar o maior dos desafetos.


Uma cena desconcertante, mas que nenhum bicho prestou a menor atenção. Aliás, por ali todo bicho ameaçava o outro com olhares, caninos e gestos, mas não se aproximava com qualquer palavra. A não ser que fosse para vomitar ódios e desavenças.

E que selva mais violenta, mais bestial mais brutal, mais aterrorizante. Por todo lado e por todo lugar, a tocaia, a armadilha, a embocada, a maldade pronta para agir. Bicho contra bicho, lobo contra lobo.

Uma raposa, matreira que só, acostumada a sobreviver da carniça do outro, logo começou a espalhar mentiras em torno da cotia. Dizia que ela pretendia emboscar o preá e o tatu e por isso mesmo deveria ser castigada. Dessa mentira, o pior acontecido. A cotia foi morta.

Mas não demorou muito para chegar a vez da própria raposa. Enquanto ela tramava mais uma falsidade debaixo de um pé de pau, uma cobra com a língua maior do mundo soprou-lhe ao ouvido: sua hora chegou, pois você matou o tamanduá.

Enquanto isso, o tigre lançava suas garras afiadas em cima de um veado. Motivo? Cismou que o veado o estava olhando demais, partiu pra cima exigindo satisfação, e depois quase lhe sangrou o pescoço. Só não matou por que outros bichos logo se aproximaram.

Mas de repente e a guerra estava feita na selva. As garras mortais se lançavam a qualquer um, as unhas pontudas rasgavam ventres e destripavam vidas, as bocas sangrentas e asquerosas se apeteciam sobre os restos mortos. Assim morria-se e assim vivia-se nesse mundo de presas e predadores.

Ao retornar ao ninho, o pássaro encontrou o lugar mais limpo. Chamou, gritou pelos seus, mas nada. Algum tempo depois os reencontrou, mas já eram suficientemente donos de suas vidas para também querer atacar e ferir aquele que lhes deu vida.

Eis uma selva imaginária, fantasiosa, falsa demais talvez. Mas não será bem assim acaso se pense noutra selva tão conhecida. Nesta, dizem que moram e vivem pessoas. Mas tenho minhas dúvidas. Creio ser a mesma selva.

Escritor
Membro da Academia de Letras de Aracaju
blograngel-sertao.blogspot.com

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LUIZ GONZAGA E A PARAÍBA

Por Kydelmir Dantas

Em 2005 fizemos o cordel LUIZ GONZAGA E A PARAÍBA, com a informação das 25 músicas gravadas pelo mesmo que citam cidades, pessoas e fatos ligados ao Estado, além de compositores(a)s e intérpretes paraibanos, Saiu uma segunda edição em 2008, pela Cordelaria Manoel Monteiro (Valentina Monteiro) de Campina Grande. 


Em breve sairá a 3ª edição com notas explicativas e a relação dos compositores paraibanos, desde Zé Marcolino, Antonio Barros & Cecéu, Sivuca & Glorinha Gadelha, dentre outros e suas músicas gravadas pelo Rei do Baião.

Kydelmir Dantas é poeta, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano. Sócio e ex-presidente da  SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço. 

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EXTRA - APENAS PARA VERMOS O QUE UM HOMEM HONESTO FAZ NUM PAÍS SÉRIO

Por José Mendes Pereira

O http://blogdomendesemendes.blogspot.com está mais para fazer postagens sobre cangaço..., mas vez por outra, abrimos espaços para algumas postagens que chamam a atenção aos nossos olhos. 

Veja Antonio Oliveira e os amigos leitores, a simplicidade desta família! Apenas Barack Obama leva um relógio em seu braço, e a sua esposa um par de brincos nas orelhas. Nenhuma das filhas tem joias, e todos eles, tanto o pai, a mãe e as filhas estão calçados com tênis, e vestidos com roupas simples. Não se lembram e nem querem lembrar, que até alguns dias passados, eles eram: a família mais importante dos quatro cantos da terra. 

É como se eles mesmos dissessem: 

"A humildade faz mais histórias do que a arrogância".

Se isto acontecesse no Brasil, nós morreríamos de felizes, ao sabermos que os políticos não estariam mais roubando os cofres públicos que pertencem a nós mesmos.

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FREDERICO PERNAMBUCANO DEBATE EM SERRA TALHADA A CRIAÇÃO DO PARQUE HISTÓRICO ESTADUAL SERRA GRANDE DO PAJEÚ.


Historiador Frederico Pernambucano de Mello, da Academia Pernambucana de Letras, especialista em conflito rural e cangaço, apresentará em Serra Talhada dia 15 de dezembro, às 19h, no Auditório do CDL, palestra original intitulada A Serra e o Tigre, falando do combate da Serra Grande, situada entre os atuais municípios de Serra Talhada e Calumbi.

O combate aconteceu em 26 de novembro de 1926, envolvendo um contingente da então Força Pública de Pernambuco e o bando do cangaceiro Lampião, combate considerado o maior em todos os tempos do ciclo histórico do cangaço e que acaba de completar 90 anos.

Haverá projeção de imagens históricas e o início das discussões tendentes à criação do futuro Parque Histórico Estadual da Serra Grande do Pajeú. Haverá provocação para que lideranças locais e também a plateia se manifestem sobre a proposta, que começou a ser idealizada.

Frederico é tido como uma das maiores autoridades sobre a história do cangaço no Brasil. Tem várias publicações sobre o período histórico e participações em inúmeros documentários e programas de TV. Informações e inscrições no Senac ou CDL Serra Talhada. Fones : (87) 3831-1389 ou (87) 3831-2367.

http://nilljunior.com.br/agenda-frederico-pernambucano-debate-criacao-de-parque-historico-em-st/

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OS MARCELINO: CANGAÇO EM BARBALHA

https://www.youtube.com/watch?v=aQQbuM9TumE

Rafael Lima

OS MARCELINO: CANGAÇO EM BARBALHA

Publicado em 12 de julho de 2016
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MENSAGEM DO RUI BARBOSA!


Enviado pelo professor e escritor Benedito Vasconcelos Mendes

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DELMIRO GOUVEIA: A TRAJETÓRIA DE UM INDUSTRIAL NO INÍCIO DO SÉCULO XX - PARTE II

Telma de Barros Correia - (Profa. Dra, SAP-EESC-USP)
 

Derby e Pedra

Ao longo de sua trajetória empresarial Delmiro construiu ainda uma reputação de empresário ousado e inovador. Três de seus empreendimentos - o Derby, a usina hidroelétrica em Paulo Afonso e a fábrica e vila operária da Pedra - evidenciam tais atributos.
              
O Derby foi um centro comercial e de lazer - que incluía mercado, hotel, cassino, velódromo, parque de diversões e loteamento residencial - inaugurado no Recife em 1899. Depoimentos de observadores da época revelam a admiração causada pelo Derby junto a segmentos da população do Recife, e o orgulho diante deste empreendimento que parecia colocar a cidade em sintonia com o que havia de mais moderno e de bom gosto no mundo de então. O Derby surgia como expressão de progresso e civilidade, como um local ameno que ornava e dignificava a cidade, como um centro de diversões modernas que trazia ao Recife os prazeres inéditos produzidos com o auxílio da técnica e da ciência.

Tal admiração era compartilhada por viajantes. Quando trata de Pernambuco no livro "The New Brazil", publicado em 1901, a escritora americana Marie Robinson Wright confere uma relevância especial ao Derby - que visitou em outubro de 1899 -, ao qual reserva três das doze ilustrações do capítulo e um último parágrafo bastante elogioso:

"Muitos estrangeiros visitam o porto de Pernambuco todo ano, e não é raro ver meia dúzia de nacionalidades representadas nos hotéis de seus atraentes subúrbios, especialmente no Derby, que é um dos mais pitorescos lugares que se pode imaginar, com bonitas casas, sombras de arvoredos, leve movimento das águas do rio, pequenas pontes artísticas semi-enterradas na vegetação das margens, e canoas alegremente pintadas deslizando na superfície da água. Este subúrbio goza da distinção de possuir um dos melhores hotéis da América do Sul; o Hotel do Derby é perfeitamente moderno em todos os sentidos e orientado por um padrão metropolitano de serviço. O mercado do Derby é um dos maiores estabelecimentos do seu tipo, no Brasil, e está equipado para os amplos negócios que diariamente são nele realizados. O subúrbio deve seu aspecto atraente à empresa de um cidadão muito progressista, Senhor Delmiro Gouveia, o proprietário, que tem pessoalmente dirigido tudo em sintonia com o desenvolvimento do empreendimento" (WRIGHT, 1901, 314).

Uma estratégia agressiva de propaganda e de promoção do local, através da imprensa, buscava colocá-lo em evidência e firmá-lo como ponto de encontro de "famílias distintas" e local de diversões moralizadas e modernas.

Algumas singularidades diferenciavam o Mercado do Derby dos mercados brasileiros da época, aproximando-o do conceito do shopping center atual. Era um empreendimento privado e voltado, inclusive, para o comércio de produtos sofisticados. Lá, além dos artigos usualmente comercializados nos mercados na época como os alimentos, se vendia gelo, todos os jornais diários, artigos para fumantes, havia filial da Livraria Francesa, perfumarias, lojas de tecidos, de calçados, de louças, de miudezas, entre outras. Sua localização fora do centro da cidade, em área cercada por rios e mangues, garantia um isolamento espacial, coerente com a busca de um ambiente autônomo e com lógica própria, ideal para favorecer as compras e longe de tudo que possa dificultá-la - o barulho e o movimento das ruas, a falta de segurança, as intempéries naturais. Bondes de bagagem, ligando o Derby a outras localidades, trafegavam pela manhã para atender aos usuários.

No Derby o consumo era promovido como espetáculo, distração, aventura e prazer, utilizando-se diferentes estratégias que pretendiam absorver o vigor dos jovens, os anseios dos entusiastas do progresso e a vida social das famílias. Os proprietários empenhavam-se em colocar a diversão como finalidade do empreendimento. Ao Derby, procurava-se ligar a idéia de progresso, distinção, status e bom gosto. O prédio - com sua higiene, bom gosto, luxo, conforto, iluminação elétrica com uso cenográfico amplamente explorado e localização em área "aprazível" à margem do rio Capibaribe - surgia como uma atração em si. O "magnifico pessoal" que atendia os clientes, a música e a variedade de comidas, bebidas e jogos completavam o espetáculo proposto por este "Centro de Diversões". Na busca atrativos para o local, a técnica constituía-se em outro dos principais elementos mobilizados. "Suas maravilhas" foram alardeadas - a magia da luz elétrica, os "quadros surprehendentes" do cinema e as engrenagens complicadas e caras dos novos aparelhos de diversão - e exibidas, com ampla publicidade, no local. Com o título "Paris no Derby", organizou-se no mercado "um pavilhão para exhibição de diversos apparelhos electricos de diversões" (Jornal Pequeno, 11 set. 1899, 2).

A difusão da prática de esportes modernos, na qual segmentos da população urbana buscavam sinais de distinção social, foi largamente mobilizado, no Derby, pela promoção de jogos e atividades esportivas, tais como corridas de bicicleta (com casa de apostas), regatas, apresentações de ginástica, jogos de bilhar, dados e dominó, tiro ao alvo, boliche e corridas de pedestres. Também se promoveu apresentações musicais (bandas militares, colegiais e de sociedades musicais, orquestras, concertos individuais), carrossel, queima de fogos de artifício, sorteios, exposições, exibições de filmes e peças teatrais. No Derby, festas tradicionais foram recriadas: a missa se desloca do recinto da igreja para o templo do consumo, incorpora as grandes massas, mistura-se às formas novas de diversão. As comemorações do Natal de 1899 se deram entre missa campal, salva de tiros e corridas de ciclistas. Matérias de jornal noticiavam as grandes multidões - de até oito mil pessoas, segundo matéria no Jornal Pequeno - que acorriam ao Derby, elas próprias mostradas como um espetáculo à parte (Jornal Pequeno, 27 dez. 1899, 2). Com este atrativo chamado ao prazer, buscava-se estender o consumo às horas livres, comprometendo as noites e os dias santificados com a atividade.
              
A concepção do Derby foi favorecida pela divulgação de experiências européias e americanas, através, sobretudo, de revistas especializadas e de exposições da indústria. Delmiro Gouveia visitou a Exposição Universal de Chicago, de 1893, evento no qual teria encontrado inspiração para a concepção do Derby, cujo mercado revela particular inspiração no Fisheries Building, projetado para a Exposição de Chicago por Ives Cobb.
              
Mais dignos de admiração, entretanto, revelaram-se os empreendimentos da usina de Paulo Afonso e de Pedra, realizados em regiões distantes e até então pouco acessíveis do Sertão. Plínio Cavalcanti, em artigos e conferência, narrou a epopéia, comandada por Delmiro, que teria representado a construção da usina hidrelétrica: o transporte das imensas máquinas até o sertão através de estradas precárias e de abismos, superando o descrédito, o desânimo e o temor de auxiliares (CAVALCANTI, 1927). Em relatos de contemporâneos acerca de Paulo Afonso, revela-se o profundo impacto causado pela grandiosidade da cachoeira - sua beleza sublime em meio à fúria dos elementos - e o júbilo ante a possibilidade de sujeitá-la aos imperativos do progresso. O filme "A Cachoeira de Paulo Affonso e a Fábrica de Linhas da Pedra", que estreou no Recife, em 1923, centra seu enfoque na contraposição entre a força da cachoeira e força ainda maior da técnica que ousou submetê-la a uma utilidade prática (Correio da Pedra, 12 ago. 1923. p.1).
              
Mas nenhum dos empreendimentos dirigidos por Delmiro despertou mais entusiasmo e admiração que a fábrica e a vila operária da Pedra. Para Assis Chateaubriand Pedra surge como uma reversão heróica das contingências do meio, como uma dupla vitória sobre os elementos e sobre a essência do sertanejo. Sublinhando a paisagem seca e desolada e as violentas variações de temperatura, o autor enfatiza a hostilidade do ambiente natural da região de Pedra e seu poder avassalador sobre o indivíduo. Em face da visão de uma natureza sem freios, diante de cujas forças imensas e ferozes o homem se sente ameaçado e impotente, a ação de Delmiro em Pedra surge como um vigoroso embate da técnica e da razão contra os elementos (CHATEAUBRIAND, 1990). Neste confronto, demonstrando um poder que seus contemporâneos vêem como inelutável, a técnica suplanta aos seus olhos, uma a uma, todas as até então consideradas invencíveis resistências que, acreditava-se, a natureza inóspita do Sertão impunha à penetração do progresso e da civilização no seu território.
              
Na luta para subjugar esta natureza, vê-se a técnica aliada à tenacidade de Delmiro. Transpor a distância do litoral a Pedra, suplantar a fúria das águas da cachoeira, ultrapassar seus abismos e íngremes encostas, desbravar a vegetação agressiva, vencer a resistência do rígido arenito do subsolo e sobre ele levantar cidade, pomares e jardins, tudo isto sob um sol escaldante, um clima seco e um calor asfixiante, era visto como um empreendimento heróico. Tal empreendimento, considerava-se, além de conhecimentos técnicos, exigia muito de entusiasmo, autoconfiança, força de vontade, liderança, teimosia e audácia.
              
Pedra foi edificada ao longo de 14 anos. Em 1903, quando Delmiro chegou ao lugar, era um pequeno povoado às margens da Ferrovia Paulo Affonso, no Sertão de Alagoas. Junto a este povoado, Delmiro comprou uma fazenda onde construiu currais, açude, uma residência, prédios para abrigar um curtume e, a partir de 1912, uma fábrica de linhas e um núcleo fabril para abrigar seus operários. Em 1917, havia em Pedra cerca de 250 casas, chafarizes, lavanderias e banheiros coletivos, loja, padaria, farmácia e feira semanal, escolas, médico e dentista, cinema, pista de patinação, banda de música, posto do Correio e Telégrafo.
              
A localização de Pedra conciliava demandas referentes a controle social, com uma posição estratégica em relação a meios de transporte e a fontes de matéria-prima e de energia. Sua localização era estratégica em termos econômicos. Situada a 24 km da Cachoeira de Paulo Afonso, Pedra encontrava facilidades para o uso de energia elétrica e água, captadas no São Francisco, bem como a possibilidade de utilizar o transporte fluvial no escoamento da produção. Sua localização permitia, ainda, a utilização da Ferrovia Paulo Affonso.
              
Pedra foi inteiramente concebida por Delmiro Gouveia e edificada sob seu comando. Revelando uma extrema centralização de decisões, o industrial conduzia pessoalmente todas as obras. Conforme Hildebrando Menezes, "(...) repetia sempre que não queria mestres a orientarem a execução das suas obras. Preferia homens que cumprissem bem as suas ordens e executassem os seus planos" (MENEZES, 1991, 71). Segundo Arno Pearse, que lá esteve em 1921, tratava-se de "(...) uma cidade especialmente construída, onde as casas são espaçosas e a arquitetura e o plano da cidade modernos" (LIMA JÚNIOR, 1963, 206). Todos os operários da fábrica - com exceção dos rapazes solteiros sem família no local - moravam em casas de alvenaria, alugadas ou cedidas pela fábrica.
              
Coerente com a lógica que presidiu a concepção de núcleos fabris, Pedra foi concebida como um lugar do trabalho; como um espaço pensado para favorecer a produção de mercadorias e a reprodução de uma força de trabalho capacitada para o trabalho industrial e conduzida para respeitar o patrão e suas propriedades. Como uma extensão da fábrica, o núcleo existia para ela. Pedra foi estruturada como um meio onde todas as circunstâncias se atrelavam à produção, onde tudo conspirava para converter o morador em indivíduo previdente, ordeiro, metódico, trabalhador e obediente. Tal esforço comportou ações voltadas para o controle do movimento das pessoas e dos contatos entre elas, para a supervisão do consumo, para a introdução de novas formas de perceber e gerir o tempo, para a promoção do lazer regrado e da educação, para a alteração de hábitos e dos cuidados com o corpo e com as casas. A fixação de normas determinando horários para as diversas atividades, prescrições morais, regras de higiene, proibição do consumo de bebidas e interdição de hábitos considerados impróprios e maneiras julgadas indecentes ou insolentes foram algumas das medidas adotadas. Neste projeto de construção de um novo trabalhador, estratégias de convencimento foram acompanhadas por medidas puramente repressivas.
              
A obediência às normas e regulamentos que regiam a vida em Pedra era apoiada por uma vigilância sobre cada pessoa, exercida por vigias, vizinhos, chefes, professoras e pelo próprio patrão. Para evitar situações favoráveis à contravenção às rígidas normas impostas e reprimir os infratores, uma guarda privada e o próprio industrial realizavam uma inspeção constante, percorrendo as dependências da fábrica, as ruas, os locais de lazer, a feira e as moradias. Segundo Adolpho Santos:

"Todos os dias, pela manhã, invariavelmente, Delmiro fazia demorado passeio de fiscalização pela vila operaria, aconselhando uns, repreendendo os faltosos, impondo costumes de educação domestica, verdadeira romaria de evangelizador exercendo a catequese de civilização naquele centro semi-bárbaro" (SANTOS, 1947, 37).

A limpeza das casas e das ruas e a higiene dos moradores eram enfatizadas na gestão do lugar, tanto através de severos regulamentos, quanto da criação de serviços de abastecimento d'água e esgotamento sanitário. Todas as moradias eram abastecidas por energia elétrica, gerada na usina construída por Delmiro na Cachoeira de Paulo Afonso. As casas de Pedra impressionavam os visitantes pela regularidade e asseio. Salomão Filgueroa apontava nessas casas a "(...) rigorosa uniformidade de estylo na construcção e absoluta hygiene" e Plinio Cavalcanti dizia serem "irreprehensivelmente limpas" (FIGUEROA, 1925; CAVALCANTI, 1927, 51). O asseio rigoroso das ruas e das casas e a brancura das construções - a fábrica fornecia cal e exigia a pintura regular das moradias - foram enfatizados, também, por Assis Chateaubriand, que esteve em Pedra em 1917:

"Antes de tudo, falo do asseio. É irrepreensível. Dentro e fora da fábrica, individual e coletivo. A vassoura é ali uma instituição. Tudo é escovado, brunido, polido. Não vi em parte alguma por onde tenho andado (...) limpeza tamanha e tão rigorosa. (...). Nas ruas seria impossível encontrar um cisco, um pedaço de papel atirado ao chão. Aqui e ali se vêem os barris para coleta dos papéis servidos. As carrocinhas passam e vão esvaziando-os (...). Passa-se como passamos várias vezes por aquelas calçadas extensas e não se vê uma mancha, um sinal de cuspe no chão. É tudo lavado, varrido, escovado” (CHATEAUBRIAND, 1990, 65-69).

Em Pedra, Delmiro Gouveia - não é à-toa que era chamado coronel - colocava-se simultaneamente como patrão e líder político local. Ao mesmo tempo em que se opôs a qualquer interferência, em Pedra, dos coronéis da região, criou todo um aparato policial e administrativo próprio. Vigias, guardas e funcionários o auxiliavam no controle da ordem e na administração do núcleo. À frente de tudo estava Delmiro: única autoridade local. Hildebrando Menezes conta que, em Pedra, Delmiro era "(...) extremamente absorvente, sómente êle mandava" (MENEZES, 1991, 97). Lima Júnior relata que Delmiro costumava prevenir os récem-admitidos na fábrica que "(...) na Pedra, ele era tudo: Deus, o Diabo, a mais alta autoridade" (LIMA JÚNIOR, 1963, 315).
              
A vida cotidiana e o trabalho na fábrica eram orientados por normas concebidas por Delmiro. Extremamente apegado a regulamentos, estabeleceu, inclusive, um para seus hóspedes. Na fábrica, a regra fundamental era a busca constante de aperfeiçoar o produto, exprimida em norma escrita pelo industrial:

"Quem manufatura nunca esta fazendo bem feito de mais.

Por mais minuciosa e bem cuidada, nunca a fiscalização é suficiente e completa. Nunca se conseguirá ser tão asseado quanto se deveria. Jamais se poderá dizer que o produto é irrepreensível, ou livre de defeito. Enfim, todos os dias deve-se cuidar do melhoramento do produto. Não seguindo estes conselhos, tudo baqueará" (LIMA JÚNIOR, 1963, 152).

A norma essencial em Pedra - tão evidente que nem precisava constar de regulamentos - era a obediência à vontade do patrão. Lauro Góes conta que, antes de assinar o contrato para trabalhar no escritório da fábrica, foi alertado por Delmiro: "Aqui o empregado tem que fazer tudo que eu mandar, seja qual for o serviço, serve?" (GÓES, 1962, 3).
              
Os operários de Pedra eram, na sua quase totalidade, originários do próprio sertão. A maioria compunha-se de flagelados da seca de 1915. Outros eram pessoas foragidas em função de intrigas e conflitos, as quais chegaram ao local recomendadas por amigos de Delmiro, ou tendo recorrido diretamente ao industrial.
              
Nos regulamentos que regiam a vida local uma atenção especial era dispensada ao controle dos operários solteiros, sobretudo àqueles sem família no local. Moravam em pensões fora do núcleo - na Pedra Velha - e tinham seu acesso a este - principalmente o contato com as operárias - rigidamente controlado pelos vigias. Tratados como problema de ordem pública, os rapazes solteiros estavam proibidos de freqüentar as casas das famílias operárias. No cinema, homens e mulheres sentavam-se em locais separados, mesmo que fossem casados, enquanto as crianças também tinham um lugar reservado nas primeiras filas. Segundo Lauro Góes, Delmiro costumava repetir: "(...) não admito que funcionário nosso abuse das operárias". Ao tomar conhecimento de que "abusos" desta ordem estavam ocorrendo, Delmiro exigia o casamento (GÓES, 1962, 28 e 12). Para Assis Chateaubriand, Delmiro teria confidenciado:

"A maioria dos rapazes do escritório são solteiros e filhos de famílias de gente da burguesia alagoana e pernambucana. Se mexerem com as meninas operárias, não tem conversa, caso-os no dia seguinte. Nestas condições, evitemos complicações futuras. Queremos o mínimo de convivência entre os dois escritórios e a vila operária" (CHATEAUBRIAND, 1963, 3).

A fábrica exercia um controle rígido sobre o que era comercializado, regulamentando a venda de bebidas alcoólicas e proibindo a de produtos como armas, xales e cachimbo. Delmiro procurava combater formas de consumo julgadas incompatíveis com o salário e a posição dos operários. Assim, estabeleceu prêmios para as operárias que se vestissem melhor e de forma mais barata, buscando incentivar o gosto pela aparência, porém, combatendo "os hábitos suntuários das mulheres" (CHATEAUBRIAND, 1990, 68).
              
O tempo livre e as formas de lazer dos moradores de Pedra também eram objeto de atenção do industrial. Havia o cassino onde se realizavam bailes e sessões de cinema; havia banda de música, pista de patinação, parque de diversões e futebol. O "rink" era o local que concentrava parte destas atividades, definidas por Assis Chateaubriand como "prazeres honestos" (CHATEAUBRIAND, 1990, 66). Aos domingos, havia ainda retretas, cinema e carrossel. A fábrica promovia e incentivava o carnaval, oferecendo fantasias para os blocos e organizando bailes. Formas usuais de divertimento na época, como o jogo de azar, a caça e o jogo do bicho, eram proibidos (MARTINS, 1989, 122). Sobre a proibição à caça, Delmiro - em consonância com a idéia da preguiça como atentado à economia e à razão - afirmava: "Obtenho dois resultados com isso, ensino-os a serem dóceis com os animais e combato a vagabundagem. O caçador aqui é um preguiçoso" (CHATEAUBRIAND, 1990, 69).
              
A rotina das crianças também era fiscalizada com cuidado. Havia um controle rígido sobre a freqüência às escolas, tendo sido estabelecidas multas para os pais que não conseguissem justificar as faltas dos filhos. Regulamentos, vigilância severa, multas, castigos e humilhações eram os instrumentos básicos utilizados para mudar características originais dos moradores, impondo novos padrões de higiene, de vestir e de boas maneiras. As normas, em Pedra, também eram rígidas em relação aos modos de conduta dos moradores. Puniam-se atos considerados de incivilidade, como jogar papel ou cuspir no chão, riscar paredes e fumar cachimbo. Às moças era proibido fumar em público. Para os que infringiam as normas reservavam-se punições exemplares que iam de reprimendas públicas, multas e castigos corporais à expulsão do núcleo. A ordem tida como exemplar - e tantas vezes elogiada - de Pedra fundamentava-se nesta profunda ingerência sobre a vida privada dos moradores, configurada um despotismo radical do patrão sobre seus operários.

CONTINUA AMANHÃ.

www.usp.br/pioneiros/n/arqs/tCorreia_dGouveia.doc

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PAJEÚ EM CHAMAS – O CANGAÇO E OS PEREIRAS (CONVERSANDO COM SINHÔ PEREIRA),



Quem desejar adquirir o Livro PAJEÚ EM CHAMAS – O CANGAÇO E OS PEREIRAS (CONVERSANDO COM SINHÔ PEREIRA), basta entrar em contato com o Professor Francisco Pereira Lima através do e-mail:
franpelima@bol.com.br

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MISSA DE 7°. DIA!

Por Benedito Vasconcelos Mendes

Em Mossoró, a Missa de Sétimo Dia da minha irmã Maria da Glória Mendes do Lago será na Igreja São José, às 17 horas, de quarta-feira, dia 14-12-2016. 
Agradeço a todos que se fizerem presentes a este ato de piedade cristã.

Enviado pelo professor Benedito Vasconcelos Mendes

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EM 13 DE DEZEMBRO DE 1912 NASCIA LUIZ GONZAGA

Por Juliana Pereira (pesquisadora)

Em 13 de dezembro de 1912, nascia na Fazenda Caiçara, em Exu, sertão de Pernambuco, nosso eterno rei da música regional nordestina, Luiz Gonzaga do Nascimento, filho de Januário José Santos, agricultor/sanfoneiro de 8 baixos e de Ana Batista de Jesus (Santana), agricultora/ dona de casa (vendia cordas na feira). 

Luiz Gonzaga com os irmãos e seus pais.

"Luiz Gonzaga foi um matuto que conquistou o mundo, como bem nos disse o jornalista pernambucano, Gildson de Oliveira. Guimarães Rosa dizia que " o mundo é mágico, pessoas não morrem, ficam encantadas", em sendo assim, Mestre Lua encantou-se em 02 de agosto de 1989, nos deixando um legado de 49 anos de uma extensa e intensa produção musical. 

Luiz Gonzaga e sua última mulher, Maria Edelzuita Rabelo, uma sertaneja nascida em São José do Egito-PE. Ela o acompanhou durante seus últimos dias de vida e dor.

O porta-voz da nação nordestina, certa feita, disse: 

"Não é preciso que a gente fale em miséria, em morrer de fome. Eu sempre tive o cuidado de evitar essas coisas. É preciso que a gente fale do povo exaltando o seu espírito, contando como ele vive nas horas de lazer, nas festas, nas alegrias e nas tristezas. Quando faço um protesto, chamo a atenção das autoridades para os problemas, para o descaso do poder público, mas quando falo do povo nordestino não posso deixar de dizer que ele é alegre, espirituoso, brincalhão. Eu sempre procurei exaltar o matuto, o caboclo nordestino, pelo seu lado heroico. Nunca usei a miséria desvinculada da alegria." 

Gonzaga foi mais que um sanfoneiro, ele dizia que mais do que ele era, não queria ser não. Nos fez apenas um pedido: 

https://www.youtube.com/watch?v=3XDblMUgBP8

"Gostaria que lembrassem que sou filho de Januário e dona Santana. Gostaria que lembrassem muito de mim; que esse sanfoneiro amou muito seu povo, o Sertão. Decantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes. Decantou os valentes, os covardes e também o amor”. 

Toda reverência ao Rei e ao seu legado! Salve o Mestre Luiz Gonzaga do Nascimento! Salve!!!

Juliana é pesquisadora do cangaço e sócia da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.

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