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segunda-feira, 16 de maio de 2022

LAMPIÃO ERA COMO GATO, TINHA SETE FÔLEGOS?

   Por José Mendes Pereira

https://www.youtube.com/watch?v=2ky2K49m6Os&ab_channel=FolhaPE

Não se sabe quantas invencionices ainda serão criadas daqui para frente sobre a morte do famoso, perverso, sanguinário e rei do cangaço capitão Lampião. São histórias totalmente fundidas na mente de quem não tem nenhum compromisso com a verdade, quase sem pé e sem cabeça, assim como diz o dito popular, que Lampião escapou do ataque feito pelas volantes policiais aos cangaceiros na Grota do Angico, na madrugada de 28 de julho de 1938, na Fazenda Forquilha, em terras de Porto da Folha, hoje denominada Poço Redondo, no Estado de Sergipe. 

Corpo de Lampião na Grota do Angico no dia 28 de julho de 1938

Os criadores de histórias sobre o rei do cangaço capitão Lampião dizem que, ao sair da Grota do Angico  o facínora tomou rumo para o Estado de Minas Gerais, e por lá, morreu de morte natural no ano tal, tal e tal. Todas estas histórias já inventadas são verdadeiras "aberrações", assim como diz o cineasta e pesquisador do cangaço Aderbal Nogueira.

Se você quiser adquirir este livro entre em contato com o professor Pereira através deste e-mail: franpelima@bol.com.br

Já falaram tanto da sua morte e que muitos destes não pesquisaram absolutamente nada, inventaram o que bem quiseram, que Lampião morreu aqui, ali, acolá, menos na Grota do Angico. Mas nós que estudamos o movimento social dos cangaceiros, acreditamos plenamente, que ele foi abatido lá na Grota do Angico, naquela madrugada triste do dia 28 de julho de 1938.  

Ninguém mais conta a verdade do que os pesquisadores, escritores e cineastas que fazem os seus trabalhos com seriedades, que enfrentaram e ainda continuam enfrentando os cerrados e a caatinga para fazerem as suas pesquisas, apanhando os dados na fonte, isto é, no meio de quem presenciou todo desenrolar dos perversos e sanguinários bandidos nos sertões nordestinos. 

As datas da morte de Virgolino Ferreira da Silva o capitão Lampião apontadas pelos depoentes, nenhuma bate com as outras que foram citadas por outros criadores de histórias fantasiadas, mas isto faz parte  de  qualquer estudo, simplesmente por quererem aparecer no mundo cultural. 

Neli Conceição filha dos cangaceiros Moreno e Durvinha e José Geraldo Aguiar.

O saudoso escritor e fotógrafo José Geraldo Aguiar que nasceu na Vila do Morro (município de São Francisco), em 16 de outubro de 1949, e escreveu um livro sobre o suposto Lampião que residia em Buritis, no Estado de Minas Gerais, revela que ele morreu no ano de 1993. 

Vamos ler estes pequenos parágrafos que escreveu o autor: 

(...)

"Há quatro anos e meio, Aguiar recolhe dados sobre um fazendeiro, dono de 300 hectares, que se instalou no início dos anos 50 na margem esquerda do rio São Francisco, na cidade que leva o mesmo nome do rio, em Minas Gerais. Alguns fatos estranhos cercaram a vida do fazendeiro. Aguiar identificou pelo menos dez nomes diferentes usados por ele. Tanto que o conheceu como João Lima, os amigos tratavam-no por Luís, na lápide do cemitério está escrito Antônio Teixeira Lima e na certidão de óbito consta o nome Antônio Maria da Conceição.

O fazendeiro morou em pelo menos 15 cidades diferentes com Maria Lima (supostamente Maria Bonita), em quatro Estados (Minas Gerais, Bahia, Alagoas e Goiás) - além de São Francisco, ele morou em Montes Claros, Irecê e Buritis, entre outros municípios. A tendência foi sempre morar às margens do rio São Francisco. 

Com Maria Lima teve dez filhos, o mais velho hoje com 63 anos. Em uma viagem à Bahia, conheceu Severina Alves Moraes a Firmina, com quem teve uma filha, hoje com 22 anos. Depois da morte de Maria Lima, o fazendeiro passou a morar com Firmina.

Segundo Aguiar, o fazendeiro temia represálias pelos crimes atribuídos a Lampião e, por isso, além de se esconder durante todo esse tempo, só autorizou que sua história fosse contada após sua morte".

(...)

Uma pergunta que jamais será respondida vez que o escritor já faleceu: Por que o fotógrafo José Geraldo Aguiar pediu às autoridades mineiras o direito de exumação dos restos mortais do suposto Lampião de Buritis, quando seria bem mais fácil colher o material necessário para o "DNA" com a filha de Severina Alves Moraes a Firmina, que é ou era também filha do Lampião de Buritis? Confira clicando no link abaixo:

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/11/13/brasil/22.html#:~:text=Segundo%20Aguiar%2C%20o%20suposto%20Lampi%C3%A3o,%2C%20em%20Buritis%20(MG).:


Para fazer o "DNA" dos restos mortais deste senhor que foi enterrado em Buritis no Estado de Minas Gerias não seria tão difícil, porque a filha do suposto Lampião com Severina Alves de Morais a Firmina que por lá reside, tem o material necessário, sem necessidade de abrir túmulo para fazer a exumação da ossada dele. 

Mas até hoje a gente não sabe o que é que impede que as autoridades não têm interesses para colocarem um ponto final nesta dúvida, que o cangaceiro capitão Lampião teria morrido em Buritis, e não no Sertão nordestino, no Estado de Sergipe. 

Colorida por Rubens Antonio

Este outro senhor abaixo, ex-volante que aparece no vídeo acima, no início do texto, de nome Andrelino Pereira Filho, que serviu entre o ano de 1922 e 1938, na Corporação policial do Estado de Pernambuco, e é o único policial ainda vivo (não sei se já faleceu porque a entrevista foi em 2018), do período da chacina aos cangaceiros na Grota do Angico, afirma que o capitão Lampião morreu no ano de 1963, numa  propriedade denominada "Fazenda São Francisco", lá no Estado de Minas Gerais.

Andrelino Pereira Filho, único policial ainda vivo com 104 anos em 2019.

No vídeo, o sargento aposentado Andrelino Pereira Filho diz que foi um amigo seu que falou da morte de Lampião, e que  naquele momento, ele estava vindo do seu enterro.

As suas informações não têm segurança, porque elas não detalham o lugar do sítio da fazenda onde supostamente o capitão Lampião teria falecido, e nem tão pouco a cidade deste sítio. Toda fazenda pertence a um sítio, e todo sítio está localizado nas terras de uma cidade, e qualquer cidade tem o seu Estado. O Estado foi dito que era em Minas Gerais. E por que o sítio e a cidade não foram revelados?

O seu Andrelino fala também que Lampião passava em sua casa para tomar café, e chamava a sua mamãe de comadre. Mas depois ele percebe que foi muito além da verdade, e tenta se livrar do que disse ao cineasta sobre o capitão, e fala que eram os cangaceiros que passavam por lá, não Lampião, porque ele só andava sozinho. 

Pelo o que eu sei e aprendi no estudo sobre os cangaceiros o capitão Lampião não andava sozinho, sempre estava rodeado de facínoras, como vive uma abelha-rainha de uma colmeia, que ali está segura pelas suas comandadas. Assim era o rei do cangaço, que em todos os lugares que estava, ou mesmo nos locais que fazia o seu amado coito, no intuito de descansar da fadiga e fazer seus planejamentos de invasões aos sítios, propriedades e até mesmo em pequenas cidades, o capitão permanecia rodeado de desordeiros.

Por respeito ao senhor volante policial, pela sua idade além dos 100 anos vividos, e principalmente pela respeitada e gloriosa corporação da polícia militar do Estado de Pernambuco, que ele pertenceu, e não quero aqui tirar os méritos do seu Andrelino Pereira Filho, mas tenho a dizer que, me parece ser invencionice as informações que ele cedeu ao cineasta que fez as suas gravações.  

O disse me disse é uma expressão que se relaciona a boatos não verdadeiros. Assim fez o policial seu Andrelino Pereira Filho, que acreditou cegamente no seu amigo, que disse que vinha do enterro do capitão Lampião. O policial ouviu um chocalho tocando, mas não procurou saber bem o local que estava o animal chocalhado.

Suposto Ezequiel Ferreira da Silva

O caso do suposto Ezequiel que morava no Piauí e que em 1984 chegou à Serra Talhada, antiga Villa Bella, no Estado de Pernambuco, se dizendo ser o verdadeiro Ezequiel Ferreira da Silva, irmão mais novo dos Ferreiras, e que tinha ido lá tirar seus documentos, para uma possível aposentadoria, disse que Lampião morreu no ano de 1981, mas lamentavelmente, as suas informações, para mim e para todos aqueles que pesquisam, nada verdadeira, tudo mentira. 

O cineasta José Geraldo Aguiar escreveu em seu livro Lampião, O Invencível..., que a data do falecimento de Lampião foi em 1993 em Minas Gerais. O seu Andrelino confirma a morte do capitão em 1963, também em Minas. Já o suposto Ezequiel Ferreira diz que o seu irmão faleceu no ano de 1981. Mas os cangaceirólogos afirmam com convicção que Lampião morreu na Grota do Angico-SE, no ano de 1938, que realmente é a pura verdade.

Cabeça do capitão Lampião. Você acha que não é?

E de quem seria esta cabeça que foi arrancada do corpo de um indivíduo  e levada para Alagoas, no dia da chacina feita contra aos cangaceiros que se encontravam na Grota do Angico? Já que insistem em dizer que ele não foi morto lá na Grota, teria sido assassinado um outro indivíduo, digamos assim, um infeliz sósia do capitão Lampião, levaram-no e lá amarraram-no para aguardar o momento certo do ataque aos facínoras? 

Lampião e Maria Bonita

Mas é assim mesmo. Cada um cavaleiro com o seu cavalo no hipódromo em posição de corrida. E quem lá não estiver presente, não será famoso em lugar nenhum. Assim foi seu Andrelino Pereira Filho que levou o seu cavalo e o posicionou para participar das corridas dos cangaceiros. Mas o mais importante é se apresentar aos jornalistas e pesquisadores como um volante que era mesmo da época de Lampião. Acredite quem quiser o que ele falou a este cineasta. Eu não sou nenhuma autoridade no assunto, mas foram mais palavras fantasiadas que saíram da boca do seu Andrelino Pereira Filho, do que vocábulos verdadeiros.

Bando de Lampião

Ser famoso pelo menos por um momento não é qualquer um que poderá ser, porque, precisa imaginar o que será o bicho do dia seguinte, para jogar na roleta da fama. A fama faz o indivíduo feliz e conhecido no país que mora, ou mesmo em outros países, mas para ser famoso, tem que ser bom com as suas invencionices.

Mesmo eu discordando de algumas informações do volante seu Andrelino Pereira Filho, eu desejo a ele mais e mais anos de vida! Felicidade para o senhor, seu Andrelino! O senhor viver mais alguns anos, independente das suas informações sobre o cangaço.

Informação ao leitor: 

O que eu escrevi não tem nenhum valor para a literatura lampiônica, e nem tão pouco prejudicará o que os cineastas gravaram e o que os pesquisadores e escritores escreveram. Apenas eu apresentei as falhas do depoente, e não de quem fez a gravação. Não sou nenhuma autoridade no que diz respeito ao estudo cangaceiro.

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FRANCISCO PEREIRA LIMA

Indicação bibliográfica. Livros do Confrade e amigo José Bezerra Lima Irmão. Quem desejar adquirir: Professor Pereira WhatsApp 83 9 9911 8286.

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OS ARTISTAS DA PEDRA

 Clerisvaldo B. Chagas, 16 de maio de 202

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.702

Ficamos admirando mais uma vez a cerca de pedra da figura, copiar colar. Uma arte praticada por vários escravos negros, denominados mestres. Essa arte tão admirável foi passando para alguns descendentes quilombolas chegando até os nossos dias e repassando também para outros tipos humanos de mestres, atualmente sumidos do mercado. Veio a cerca de pedra do tempo em que não havia cercas de arame farpado e, depois, mesmo com o arame de farpas, a abundância de pedra no local, a mão-de-obra disponível, a segurança e a economia, permitiram que surgissem esse tipo de cercado em variadíssimos recantos nordestinos. Sua altura está entre o peito e o pescoço de um adulto em pé. As pedras são incrivelmente encaixadas e o nivelamento da superfície da cerca é admirável.

CERCA DE PEDRA DELIMITANDO A IGREJINHA DAS TOCAIAS (FOTO: ARQUIVO/ B. CHAGAS).

As pedras são tão bem encaixadas que só as famosas pirâmides do Egito. Verdadeira obra-de-arte. Até animais maiores do que lagartixas não encontram como fazer morada onde não existe espaço para isso. Aí vem à lembrança de cerca de pedra existente em Santana do Ipanema, no lugar Barragem, no sítio Laje dos Frade  (município de Poço das Trincheiras) e mesmo na Fazenda Coqueiros, Reserva Tocaia e nos limites da Igrejinha das Tocaias, ainda em Santana do Ipanema. Não tem cimento, areia, barro ou outro material, apenas pedras e mais pedras encaixadas maravilhosamente umas nas outras. A longevidade dessas obras, como já vimos, é coisa para muitos séculos. Mais informações sobre elas permitirão a um guia embalar o turista no Sertão do Nordeste.

Ficamos encantados com a visita a Laje dos Frade, onde uma cerca de pedra limita um lajeiro enorme, cuja centro côncavo, acumula tanta água tal um barreiro. Lugar muito agradável, água límpida, recanto para lazer, descanso e até dormidas às sombras de árvores que se debruçam na cerca de pedra de fora para dentro. Uma felicidade permanente para a família de agricultores, logo por trás de casa.

Atualmente o homem procura compensar as cercas de madeira proveniente das devastações, com estacas de cimento. Outros usam menos estacas e arame liso em cerca eletrificada.

Sertão estudado surpreende.

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O TIRO QUE MATOU LAMPIÃO - PARTE 2

 Por Aderbal Nogueira

https://www.youtube.com/watch?v=FBWP21fpcaY&ab_channel=AderbalNogueira-Canga%C3%A7o

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Segunda parte do bate-papo com o pesquisador Israel Segundo sobre a eterna polêmica de quem matou Lampião. Link desse vídeo: 

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O TIRO QUE MATOU LAMPIÃO - PARTE 1

 Por Aderbal Nogueira

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Primeira parte do bate-papo com o pesquisador Israel Segundo sobre a eterna polêmica de quem matou Lampião. Link desse vídeo: 

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SÍLVIO BULHÕES

 Por Lampião e o Cangaço

Sílvio Bulhões ainda criança, filho dos cangaceiros Corisco e Dadá. Década de 30, Santana do Ipanema - AL.

https://www.facebook.com/04lampiaoeocangaco

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UM OLHAR SOBRE ANGICO PARTE II

 Por Alfredo Bonessi

Amaury e Alcino: Mais mistérios de Angico, trazidos por Alfredo Bonessi 

Sobre o combate temos algumas observações que não fogem aos sentidos daqueles que já passaram pela vida da espingarda, do deitar em poças dáguas e tirar um cochilo, sem antes deixar dois cabras de guarda, ou ainda, embora ter deixado dois cabras de guarda, não dormir para ficar cuidando esses dois cabras de guardas para não dormirem, ou então, tirar um cochilo com um calcanhar de um pé, em cima da ponta do outro pé, para que caindo o pé de cima o sujeito acorde, dá uma olhada ao redor, escuta um bocado de tempo, inverta a posição dos pés para voltar a dar um cochilo novamente. Alerta, sempre alerta – pois quem dorme em combate tem o pescoço cortado !

Subindo a força, sem um barulho sequer, sem um tropicão, antes da encruzilhada dando de cara com os animais dos cangaceiros- os animais se assustam, fazem barulho, o comandante gela da cabeça aos pés: acordaram os cangaceiros, é uma armadilha, caímos em uma armadilha, pensa ele. Silêncio. Ali próximo em sua tolda, Zé Sereno acorda com o barulho provocado pelo animais. Tem vontade de levantar e ir ver o que está acontecendo. Escuta. Silêncio. Vira para o lado e volta a dormir. A volante está em cima, menos de cem metros. Daí o Tenente divide o pessoal.

O Aspirante, o bêbado, sai com Pedro e mais dezesseis homens para cruzar o riacho e cercar Lampião pela parte debaixo. Esses são os que matam Lampião, Maria Bonita, Quinta-feira e Mergulhão, e talvez Luiz Pedro.

Cabo Bertholdo desse com sua turma em direção a barraca de Lampião, bem em frente a gruta, que está do lado oposto. O acabo Justino sobe, sobe muito, para cruzar o riacho bem acima e de lá vir por detrás da gruta e cercar Lampião por aquele lado. Não participou da luta. Quando chegou ao riacho a luta já tinha acabado e os mortos já estavam de cabeças cortadas – esses soldados com certezas ficaram pobres, não levaram quase nada.

O Sargento Aniceto ficou bem abaixo, ou bem acima – até hoje ninguém sabe em que parte do riacho ficou – sabe-se que ficou tapando a boca do riacho, ponto de fuga dos cangaceiros – creio que não atirou em ninguém, não tomou parte na luta, na morte dos cangaceiros. Ninguém vê seu nome escrito nos louros do combate. O Tenente reservou para si a melhor tarefa. Subiu muito em ângulo de 30 graus a margem do riacho, quase trezentos metros e daí veio descendo, sem antes recomendar que todos brigassem em pé, e os ferrolhos ficassem abertos, quem deitasse podia se atirado e morto. Veio descendo e houve o primeiro tiro, daí a fuzilaria. Cangaceiros passaram por cima dele e de seu grupo. Ele metralhou muito a sua frente, recebia carregadores para a sua metralhadora e descarregava rapidamente......(em quem ?).

Já quase na margem passa fogo em Elétrico que estava dependurado na beira do barranco. Elétrico recebe a rajada e o fuzil escapa das mãos e ele sai rastejando de atrás da arma que desliza barranco abaixo. A volante cerca ele, e o Tenente pergunta quem é , de onde ele é ? – ele responde: pergunte a sua mãe que ela sabe quem eu sou. O Tenente retruca: eu ia te levar vivo, mas não vou ! – responde o cangaceiro; me levar vivo ? se você me levar vivo eu vou te matar debaixo de tua cama e xinga o Tenente. O Tenente ordena: mate esse homem ! – um soldado volante vem com a faca e pá, pá, pá, pá e o cangaceiro não morre e o Tenente reclama: bando de covardes, vocês são covardes –

 quem mandou esfaquiá esse homem ? se ele estivesse bem eu ia deixar ele lutar com vocês para ver se vocês são homens mesmo !

Quando o Tenente chega em baixo, Lampião ainda se estrebucha. Mergulhão ainda responde: sou.....do........poçoooooo e morre ! O Tenente senta numa pedra. Lampião de lado, recebe um tiro na cabeça e coronhadas que lhe esmagam o craneo . Um soldado ainda alerta outro: não estrague a cabeça, não sabe que é pra cortar !

Do outro lado do Rio, ao amanhecer, Corisco pronto para a travessia escuta o tiroteio. Dadá pergunta o que é, ele responde: é no sítio de cumpadre Lampião. Escuta-se um derradeiro tiro, isolado, final, e Corisco comenta: é algum baliado que tão acabando de matá. Sobre esse tiro muitos estudiosos afirmam que foi em Luiz Pedro; outros dizem que foi na cabeça de Lampião; outros dizem que foi no cachorro de Lampião. Outros afirmam que foi em Mergulhão – ninguém sabe ao certo.

Capitão Alfredo Bonessi

Comentários dizem que quem matou Luiz Pedro foi Mané Véio. Luiz Pedro estava saindo, subindo o barranco quando Mané Véio atirou no meio da barriga dele. Outros dizem que não, que Luiz Pedro e Balão estavam tentando pegar o ouro de Lampião e que várias tentativas foram feitas por ambos, até que Luiz Pedro foi e não voltou mais. Eu fico com essa versão. Outro afirmação dão conta que Maria Bonita, ferida, ainda gritou para Luiz Pedro, lembrando o juramento prestado quando da morte de Antonio Ferreira, sobre o compromisso de que no dia que Lampião morresse ele morreria também. Não acredito nisso, Maria estava com dois tiros e em seguida perdera os sentidos prova está que caiu e não se mexeu mais.

Quem dormia no interior da gruta era Quinta-Feira, segundo a cangaceira Sila, um velhinho. Ele morreu por ali mesmo. Mas teve um cangaceiro em que a polícia atirava e ele corria para um lado e para outro, acabou caindo e ficou com o pé em cima de uma pedra e ainda dando com a mão, isto é fazendo sinal com a mão. Para mim esse é Lampião. Outros dizem que é Mergulhão, outros dizem que essa é Maria Bonita que ficou fazendo sinal com a mão atrás de uma pedra. Mas declarações de alguns policiais dão conta que cessado o tiroteio a força passou entre Maria Bonita e Lampião que estava caídos. Nunca saberemos ao certo.

Nenem, Luiz Pedro e Maria Bonita

O fato que após o combate a tropa seguiu rio acima e Corisco avistou a força subindo. Nesse exato momento o sangue de seu cumpadre e mais dez cangaceiros corria por entre as pedras e penetrava no chão duro da grota de Angicos. Corisco poderia ter dizimado toda a volante, pois era um alvo fácil as três canoas subindo lentamente o rio, e os soldados remando com muita dificuldade. Corisco ficou escondido e procurou saber do resultado da luta. Se abrisse fogo, o tesouro que a polícia conduzia, dinheiro, ouro e as cabeças dos cangaceiros, hoje estariam depositados no leito profundo do Rio São Francisco, juntamente com as carcaças dos soldados. Corisco ainda procurou Joca, coitero seu, para troca de informações e pede a ele que faça algumas compras. Joca acusa o vaqueiro Domingos da morte de Lampião e avisa o Sargento Aniceto sobre Corisco e ambos fazem uma tocaia para o cangaceiro e seu bando, que não comparecem e escapam da morte certa. Corisco, a noite, chega na casa de Domingos e sem falar nada sobre o fato, mata cinco pessoas da mesma família. Se tivesse dialogado, interrogado o vaqueiro, com certeza Joca não teria morrido de velho na cama. Alguns ainda acham que Corisco e Lampião naquela ocasião estavam de amizades azedas pelo assassinato de Cristina de Português, porque a mulher foi mandada embora para a casa dos país e Luiz Pedro, Juriti e mais outro cangaceiro, Candeeiro, cercaram a moça já em viagem e a matam a punhaladas, tudo isso com a aprovação de Maria Bonita, sua amiga.


Na ocasião, Corisco ao ouvir o mugido triste dos animais ainda fez uma privinição: que tristeza essa ! que mugidos tristes, parece que está tudo se acabando ! – dito e feito, trinta dias depois morre Lampião, Maria Bonita e Luiz Pedro e anos depois, Juriti acaba morto, queimado vivo em uma fogueira pelo Sargento De Luz.

A busca maior pelos estudantes do tema é saber o que ocorreu depois da luta em Angicos. Ainda de madrugadinha, deixando o Tenente Ferreira com as armas apontadas para Lampião e Maria Bonita, Pedro deu no pé. Chegou em casa e abriu o jogo com os familiares que preocupados com Durval, de dezoito anos, que ainda não ainda voltara do cimo do morro, estavam aos prantos. Durval fica até o final da luta e assiste a tudo, até que o Cabo Bida dá uma alerta a ele: dê no pé porque agora os soldados vão brigar entre si pelo dinheiro dos cangaceiros – o que ele faz em seguida, dá no pé. No rumo de casa ainda passa por uma roça de melancia, abre uma e sai chupando. Seu espírito alegre ainda aproveita para dar um susto na família aflita, e faz gemido de assobração: uuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh para todos, como se estivesse chegando de uma festa de São João. A tarde volta a gruta com Pedro, mas houve um barulho no mato e pensando ser cangaceiros, ambos saem correndo: é a volante de Bezouro que chega ao coito destruído.

O desfecho nas escadarias da Prefeitura de Piranhas

Depois de três dias, pelo que se tem notícias Pedro volta a gruta com a Polícia Científica e aponta todos os cadáveres putrefatos. Lampião é uma chaga só e de seus nervos e tendões escorre um líquido cor de cobre. Fora deixado nú da cintura para baixo e castrado. Maria Bonita é uma chaga só, toda picada pelos urubus, mas há um detalhe, resta uma mãozinha branca, delicada, parece uma louça, que impressiona a todos. Fora deixada com um galho de mato enfiado na vagina. Após a identificação dos cadáveres a polícia sepulta Lampião, Maria Bonita, Luiz Pedro, Quinta-Feira e Mergulhão e talvez Elétrico, por acaso, no mesmo buraco onde haviam sido enterrados os dejetos dos animais que os cangaceiros mataram para se alimentarem naquela semana - para mais de 47 bodes, segundo Durval.

Em cima do corpo de Maria Bonita é colocado por um policial, uma garrafa, acredita-se que seja de álcool ou de cerveja. A fedentina insuportável que se fazia sentir já com um quilômetro de distância quando a Polícia caminhava em direção ao local do combate, agora, era misturada a podridão das carcaças dos animais. Muitos soldados vomitam sem controle. Cinco dias após a chacina é a vez do Tenente Ferreira retornar ao coito, desta vez em reportagem com os jornalistas do Rio de Janeiro. Encontram os corpos insepultos dos cangaceiros, batem fotos, e vão se embora. O coito ainda é um pandemônio, dando a impressão que um furacão varrera aquele local fatídico.

Pedro morre dois anos depois e Durval morreu a pouco tempo em avançada idade. Ninguém se lembrou de perguntar a ele que fim levaram os ossos dos mortos e mesmo, quantas vezes após a luta ele ainda voltou aquele lugar - ou nunca mais voltou ? não é crível que ele não saiba o que aconteceu naquele lugar depois da morte de Lampião. Sabe-se que no mesmo dia da luta, a tarde, Odilon Flor chegou ao coito de Angicos, e ao ver os cadáveres de Lampião e Maria Bonita chorou. Choro esse que não se pode avaliar agora, se foi de alegria, se foi de frustração pelo feito não ser obra sua, choro de final de campanha, choro porque a guerra no sertão tinha acabado, choro de despedida, choro de saudades dos amigos que morreram na luta, choro pelos sofrimentos que passou, pelo cansaço, pelas pessoas que sofreram mortes horríveis nas mãos dos cangaceiros, choro pelo horror que presenciou ante as vítimas deixadas nas passagens do cangaço pelo chão sertanejo. Não se sabe.

O Coronel Lucena, Chefe Geral da Polícia depois do comandante, Capitão Teodoreto Camargo, do Exército, estava em Santana de Ipanema, sede geral da volante, tomando uma sopa, na casa de um amigo, quando o telegrama dando noticias da morte de Lampião e mais dez cangaceiros chegou as suas mãos: ele também chorou.

No fundo daquele grotão, no dia 28 de julho de 1938, ao meio dia, tudo estava consumado. Mais de vinte anos de lutas, sofrimentos, castigos, mortes, dores, prantos, conchavos, calúnias, intrigas, planos, projetos, esperanças, sonhos, furtos, roubos, sede, fome, aflições, irritações, ódios, enganos, engodos, artimanhas, ciladas, armadilhas, suspeitas, injustiças, sangramentos e suplícios - tudo foi lavado pelo sangue que escorreu dos corpos das vitimas naquela decisiva e derradeira batalha entre o bem e o mal.
Virgulino Ferreira

A vegetação espinhenta contrastando com o chão duro e pedregoso daquele lugar horrível, ainda hoje, mais parece a entrada do inferno- e a gruta escancarada, parece ser a boca do próprio demônio, que se abriu em gargalhadas sinistras para as 12 vítimas da morte naquela manhã - número mágico dos signos do zodíaco, número dos meses do ano, número dos apóstolos de Jesus - início de novos tempos e o fim de uma maldita era – a era do cangaço !

O som de uma voz feminina ainda ressoa vagamente pelo leito do riacho, beija uma árvore aqui, beija uma pedra ali, beija uma estrela no fundo do céu, retorna a terra em forma de sereno da noite, cai ao solo em forma de lágrimas de saudades em pingos de chuvas em madrugadas sem fim: Maria Bonita olhando de lado, a noite, véspera da morte, muito triste, faz um lamento ao destino cruel e passa de leve, quase um carinho, a mão sobre a laje fria na qual está sentada e que em breve fará parte do seu túmulo - conversa com ela, sussurra docemente para a pedra que a escuta indiferente: eu queria tanto que esse homem largasse essa vida !

Alfredo Bonessi
Pesquisador, membro do GECC e sócio da SBEC

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CANGACEIRO MORENO E O PACTO COM O DEMÔNIO

Por Aderbal Nogueira 

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GROTA DO ANGICO

A Grota do Angico é um local muito procurado por turistas e antropólogos por ser, segundo os relatos históricos, o local onde Virgulino Ferreira, o “Lampião” e sua trupe (incluindo sua mulher Maria Bonita) foram mortos em uma emboscada.

A Grota do Angico fica localizado no município de Poço Redondo Sergipe, que fica localizado a cerca de 200 quilômetros da capital sergipana, Aracaju. Ao chegar na cidade de Poço Redondo, se percorre ainda, cerca de 15 quilômetros da sede da cidade até o o Centro de Convivência da Unidade de Conservação da Grota do Angico, que é mantido através de parcerias pelo Governo Estadual de Sergipe.

Uma vez dentro do complexo, a trilha a se percorrer é considerada por especialistas um trilha com grau de dificuldade de nível fácil, você deve sempre realizar a trilha acompanhado por um guia de turismo especializado ou agente florestal, é possível conhecer a variedade da flora local como diversos tipos de bromélias, cactos e outras vegetações nativas da região da caatinga.

O centro de Convivência possui toda infraestrutura para que você possa se preparar para realizar a trilha. Possui um mirante de onde se tem uma bela vista para o Rio São Francisco e toda a região ao redor, e uma casa de taipa que foi mantida (apesar da reforma para se manter a estrutura) da época em que Lampião e seu bando ali frequentaram, a antiga sede da fazenda Angico.

Partindo do centro de convivência (antiga sede da fazenda Angico), o visitante fará uma trilha de mais ou menos 1 km até a Grota do Angico, local da morte do maior personagem do cangaço, Lampião (Virgulino Ferreira) além de nove cangaceiros e sua companheira, Maria Bonita. No local, há uma pedra com uma cruz e uma placa datando o foto ocorrido, 28 de julho de 1938.

Como chegar a Grota do Angico

Partindo de Aracaju, seguindo pela BR-235 em direção a Itabaiana, seguindo pela rota do sertão passando pela cidade de Nossa Senhora da Glória até Poço Redondo. Dentro de Poço Redondo basta seguir as placas por mais 15km até o Centro de Convivência da Unidade de Conservação da Grota do Angico na zona rural de Poço Redondo.

Dicas na Grota do Angico

Muito próximo dali está a belíssima cidade de Canindé do São Francisco, onde há diversas opções para se hospedar ou realizar refeições.

Também próximo da região, o Cangaço Eco Parque oferece passeio de catamarã, lancha helicóptero, hospedagem e outras trilhas pela região. Você pode realizar reservas através do telefone (79) 9 9869-6428.

Onde Ficar próximo a Grota do Angico

Pousada Asa Branca
Endereço: Rua Alto Senhor do Bomfim, 3. Centro Histórico de Piranhas, AL
Telefone: (82) 3686-1332

Pousada e Restaurante o Caçuá
Endereço: Canindé de São Francisco – SE, 49820-000
Telefone: (79) 3346-1608

https://www.sergipeturismo.com/grota-do-angico/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com