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sexta-feira, 14 de agosto de 2015

PARA TIRAR RAÇA..

Por: Leonardo Motta

Sempre que o coração cruel de Lampião se abrandava num gesto compassivo, Sabino Gomes, seu lugar-tenente, resmungava, contrariado.

Quando foi, por exemplo, da ocupação da cidade cearense Limoeiro do Norte, Lampião rendeu-se às súplicas do vigário local para não saquear as casas de comércio. Sabino, visivelmente irritado, mandava o padre rezar e cuidar da sua igreja, não se metendo em coisas que não são da conta de quem veste batina.

Sabino foi morto pelo próprio Lampião, que sempre o temeu, se arreceou do seu crescente prestígio no bando e se tornou cobiçado dos cinquenta e tantos pacotes que Sabino trazia sob a cartucheira.

- Antes que ele me queira jantar, eu o almoço! Decidiu Lampião, suspeitoso de que Sabino, mais hoje, mais amanhã, o abatesse com um tiro, para se apoderar da centena de contos de réis que também ele, Virgulino, acarinhava de encontro à cinta.

Uma das preocupações de Sabino na vida de crimes a que se entregou era vingar a morte dum seu irmão, o Gregório, rapaz pacato e benquisto, eliminado numa emboscada pelo Zé Favela. Nunca se pôde saber a causa desse assassínio.

Um dia, casualmente chegando a uma fazenda, Sabino e seus cabras encontraram o Zé Favela, desarmado. Reconhecê-lo e arrastá-lo para o terreiro, a fim de ser sangrado, foram coisas simultâneas. Antes, porém, que a vingança se consumasse, a dona da casa, com um crucifixo à mão, implorou do sicário, aos gritos:

- Seu Sabino, lhe peço por esta image: não mate o home! É o premêro pedido que lhe faço e se alembre que o sinhô nunca chegou nesta casa que não tivesse comidoria e arrancho e a gente não lhe botasse no piso da poliça! Me faça isso, seu Sabino, não mate o home!

Sabino quedou um instante e falou pro Zé Favela:

- Cabra, tu vai me dizer uma coisa: por que foi que tu matou meu irmão?

Zé Favela, sobranceiro como um nobre condenado, que altivamente aguardasse a morte, redarguiu, sem pestanejar:

- Seu Sabino, eu matei seu irmão, enganado.

- Enganado como, cabra mentiroso?

- Cabra mentiroso, não seu Sabino! Eu matei seu irmão enganado! Matei ele, enganado, porque eu ia matar era o senhor!

A confissão era verdadeira, mas brutal! Os companheiros de Sabino sentiram que o Favela não seria poupado. Mas o interrogatório prosseguia:

- Me matar por quê, cabra, se eu nunca te fiz mal?

- Eu ia matar o sinhô pra ganhar 50$000 do Joaquim Manduca, da “Boa Esperança”.

- Bem! deliberou Sabino. Você agora vai nos mostrar o caminho daqui pra “Boa Esperança”.

De novo, a mulher choramingou:

- Seu Sabino, lhe vem uma raiva no caminho e o sinhô acaba é matando este home numa volta da estrada! Seu Sabino, me atenda! Seu Sabino…

- Ora, larguemo de mamãezada! Aborreceu-se o próprio Zé Favela, em favor de quem eram os rogos da dona da casa. O home só morre quando a hora é chegada! Quem morre na véspera é porco ou piru. Vambora, seu Sabino!

E saiu, resoluto, a guiar o grupo de cangaceiros. Quando avistaram a “Boa Esperança”, Zé Favela pediu:

- Seu Sabino, me dê um rife que o “serviço” no Joaquim Manduca quem faz sou eu. Se o sinhô me aceita, eu caio na vida da espingarda, debaixo de suas orde. Lhe prometo não lhe fazer vergonha, porque eu cá sou um cabra ditriminado e tanto me faz morrer hoje como na sumana que vem!

Sabino esteve a refletir e, logo com firmeza:

- Não! eu não posso me esquecer nunca de que foi você que matou meu irmão… Agora, puxe por ali! Depressa, se não quer que eu faça com você o que você fez com o Gregório…

Zé Favela rodou nos calcanhares.

Aos seus cabras, estupefatos ante aquele gesto de clemência, Sabino explicou, acendendo um cigarro:

- Eu não perdoei este peste, devido a diabo de rogativa de mulher, não! Perdoei porque ele teve a coragem de me dizer a verdade. Cabra macho de todos os seiscentos: tudo quanto era de faca fora das bainha, ele me disse, de cara e sem tremer o beiço, que matou meu irmão enganado: – ia matar era a mim! Numa apertada hora daquelas, pra um home me dizer o que este cabra me disse, precisa não saber o que diabo é medo!

Fez uma pausa e, depois, soltando com força uma baforada de cigarro:

- Um cabra destes não se mata! Deixa isso viver pra tirar raça!

Fonte: Livro “No Tempo de Lampião”, de Leonardo Motta.
Transcrição: Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)


Os comentários do pesquisador Chagas Nascimento no facebook, página Geraldo Júnior, sobre o cangaceiro Sabino das Abóboras:

Sobre o primeiro parágrafo, tem um fundo de verdade. No ataque a Mossoró-RN, Sabino quase é baleado, e o tiro, provavelmente, partiu do campanário da Igreja São Vicente. No dia seguinte, em passagem pela fazenda Veneza, já na fronteira do RN. Com o CE. Ele comentou com o Sr. Childérico, encarregado da fazenda: "O PRIMEIRO PADRE QUE EU PEGAR, VOU DAR-LHE UMA BOA SURRA". Taí a explicação do mau humor com o padre de Limoeiro do Norte-CE.

Outro fato que mostra o prestígio de Sabino junto a Lampião, também aconteceu na Fazenda Veneza. Lampião pede ao Sr. Childérico, que lhe armasse três redes para o descanso. Uma rede, o próprio ocupou. As outras duas, foram ocupadas pelo refém coronel Antonio Gurgel e Sabino. Portanto, ficaram sem essa regalia o seu irmão Ezequiel e seu cunhado Virgínio.

Acredito que o Lampião fazia de propósito. Sabino era o homem da vanguarda, era quem chegava causando o terror. Lampião, como sempre, chegava depois da desgraça feita.


Este mesmo Mergulhão, é um dos que atravessaram o velho Chico. Também foi o primeiro, dos seis que atravessaram o rio, a morrer em combate. No início de 1929 é baleado, carregado ferido pelos companheiros, não resiste e morre no mato.

Fonte: Facebook
Página: Geraldo Júnior‎ O Cangaço

Nota: Alguns escritores afirmam que quem matou Sabino foi o cangaceiro Mergulhão.

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O CANGACEIRO DAS ÁGUAS

Por Sálvio Siqueira

No dia 26 de julho do ano de 2015, num dia de domingo pela manhã, tempo fechado, de quando em vez uma chuviscada para refrescar, na capela da fazenda Maranduba, no município da cidade de Poço Redondo, no Estado sergipano, tive o prazer de conhecer o ilustre pesquisador Aderbal Nogueira. Quis o destino que nos conhecêssemos as margens do local onde aconteceu uma das maiores batalhas entre volantes e cangaceiros.

Aderbal Nogueira

As matérias com termos polêmicos, são uma marca registrada do amigo pesquisador. Não que queira aparecer, mas, com intuito de fazer-nos refletir e pesquisar mais aprofundadamente sobre o assunto. Vemos que após uma boa análise em debate, ficamos com maiores conhecimentos, pois, são relatados fatos que não diríamos num bate papo normal, e sim, num acalorado explanatório. O ser humano tem por natureza, o costume de quando se encontra acuado, partir para o contra-ataque, e esta, ainda é, a melhor defesa. Sabendo disso, o pesquisador explora nesse sentido.

Aderbal Nogueira

Nós, que estudamos o Fenômeno Cangaço, por várias e várias vezes imaginamos como seria o perfil corporal de determinada personagem do tema. Aderbal, com sua câmera, nos traz as imagens reais, daqueles que por lá vivenciaram. Daqueles que por desventuras quaisquer ou por ilusões criadas, entraram no negro mundo sombrio do cangaço, e talvez por uma ironia ou destreza do destino não tenham perecido por alguma bolota quente de chumbo de uma arma de fogo ou mesma pela lâmina dura, fria e, ao mesmo tempo quente, quando adentra estraçalhando nossa carne, d'uma faca peixeira ou de um punhal três quinas.

O DESCANSO DO GUERREIRO


Tenho um grande respeito por esse cabra da terra de Iracema. Venho, através desse nosso blog, agradecer-lhe em nome de Edinaldo Leite e em meu nome, pelo seu trabalho. Com ele, tivemos o privilégio de ver e ouvir um Candeeiro, um Panta de Godoy, uma Adília, uma Cila, um Neco de Pautília, um Zé de Cazuza e vários e vários outros personagens remanescentes das fileiras sangrentas do Cangaço.

Mostraremos, abaixo, como o pesquisador joga para fora o estresse das longas caminhadas pelas veredas dos tabuleiros, chapadas, serrotes, planícies, serras e morros da caatinga sertaneja, entre xiquexiques, mandacarus, juremais, rasga-beiços, urtigas...  Rastejando as trilhas dos fatos históricos do cangaço. Ele busca, na aventura, fazer com que a adrenalina chegue as alturas, deixando sua mente e corpo, prontos para buscarem outras matérias. Se 'amussega' num caiaque, tendo a companhia dos amigos e seguem nas 'veredas' aquáticas balançando os remos.

Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=CCaAn16tSnI
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GUSTAVO BARROSO - ESCRITOR SE MANIFESTOU A FAVOR DO SEPULTAMENTO DAS CABEÇAS

Por Raimundo Gomes

Após ser morto em julho de 1938, Lampião e demais cangaceiros foram decapitados e tiveram as cabeças levadas pela polícia. As mesmas foram exibidas em vários locais, foram parar no instituto Nina Rodrigues em Salvador, onde após serem mumificadas, ficaram expostas à visitação pública por mais de três décadas.


Depois de algum tempo, familiares do cangaceiro, inclusive um primo advogado, entraram na justiça requerendo o direito ao sepultamento da cabeça do bandoleiro.

O que eu não sabia é que, já em 1959, Gustavo Barroso fora a favor de que a exibição pública desses restos mortais acabasse e que a cabeça de Lampião fosse entregue aos parentes para o sepultamento.

Leia abaixo a matéria publicada pelo Jornal do Brasil edição de 13 de maio de 1959.


http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2015/08/gustavo-barroso.html

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MICRO-ÔNIBUS PARA SÃO RAIMUNDO NONATO-PI

Por Benedito Vasconcelos Mendes

Paulo Gastão está recebendo os 400,00 do micro-ônibus para São Raimundo Nonato-PI. A hospedagem ele ainda não sabe o preço. Sairemos de Mossoró no dia 26 de outubro ás 5 horas e voltaremos no dia 1 de novembro. 

A conta do Paulo Gastão para transferir o dinheiro correspondente às passagens é: 
Paulo M. Gastão 
BB-C/C: 737-4
Agência: 3526-2.

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