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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

LAMPIÃO, OS BODES E A MÁQUINA DE COSTURA

Por Clerisvaldo B. Chagas, 20 de outubro de 2014 - Crônica Nº 1.285

Esse trabalho inédito, não pode ser copiado sem seguir as normas da ABNT e nem plágio no todo ou em parte. 

Disse João Bezerra, após Angicos, que havia ficado, entre outras coisas, com o lenço que estava no pescoço de Lampião e a máquina de costura de Maria Bonita. Vejamos:


No dia 21 de julho de 1938, Lampião amanheceu na grota dos Angicos e acampou com mais de quarenta homens no leito do riacho seco Ouro Fino, também chamado Angico. Ele e seus cabras, até o dia 27, entre os de comer e de levar, haviam abatido 36 bodes na fazenda da família da viúva de Cândido Rodrigues Rosa, dona Guilhermina. Contava os caprinos pela quantidade de couro acumulada.

O cangaceiro Luiz Pedro

No dia 26, à tardinha, enquanto Luiz Pedro cortava pano para fazer roupa e bornais do recém-chegado 

José sobrinho de Lampião

José, sobrinho do chefe, Lampião chamou os coiteiros Vicente e Manoel Félix. Mandou-os que fossem à casa de dona Guilhermina (mãe de Pedro de Cândido), do outro lado do morro das Perdidas e margem do riacho Forquilhas buscarem a máquina de costura.

O coiteiro de Lampião Mané Félix

No dia 27, Durval, irmão de Pedro de Cândido, chega ao coito de manhã. Lampião pede que ele venha no outro dia pela manhã para PEGAR A MÁQUINA DE COSTURA DA SUA MÃE, LEVÁ-LA DE VOLTA E RECEBER O PAGAMENTO DO CONSUMO DE CARNES DE BODE.

Durval Rosa irmão do coiteiro de Lampião Pedro de Cândido

Na madrugada do dia 28, Lampião foi morto. A família da viúva dona Guilhermina perdeu de receber o dinheiro dos 36 bodes e a devolução da sua máquina de costura que ficou com o, então, tenente João Bezerra.

Dona Cyra e seu esposo João Bezerra da Silva

Lampião morreu devendo os bodes à família dos coiteiros.

Como Bezerra diz que ficou com a máquina de costura de Maria Bonita? 


Aqui está bem claro: a máquina de costura manual, não era de Maria Bonita que nem costurando estava. A máquina era de dona Guilhermina, não devolvida. O tenente devia saber disso, pois sabia de tudo. Quem da família de Pedro teria coragem de reclamar a máquina de costura? O mais importante era a vida que Pedro de Cândido e seu irmão Durval acabavam de ganhar.

Durval Rosa coiteiro de Lampião e irmão do coiteiro Pedro de Cândido

Portanto, supomos que para manter o status de matador, movido pela vaidade camuflada, o tenente João Bezerra tenha apresentado o objeto como sendo da mulher de Virgolino.

Maria Bonita e Virgolino

Coitada da dona Guilhermina! Quase fica sem dois dos quatro filhos, perde o dinheiro de um rebanho de bodes e ainda por cima sua máquina de costura!

E vá Maria Bonita andar nas caatingas de máquina à cabeça! Tinha graça!

·         Baseado no Livro “Lampião em Alagoas”.
·         Contato com autores: clerisvaldobchagas@hotmail.com

Enviado pelo escritor Clerisvaldo B. Chagas

Ilustrado por José Mendes Pereira
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PROCESSOS CONTRA LAMPIÃO SÃO TRANSFORMADOS EM LIVRO...


PROCESSOS CONTRA LAMPIÃO SÃO TRANSFORMADOS EM LIVRO...

Agora, os estudiosos do cangaço, já podem adquirir, a preço baixo, alguns Processos Judiciais que foram instaurados contra Lampião e seus asseclas...Veja, abaixo, ALGUMAS DESSAS PUBLICAÇÕES...


Aquisição através do e-mail:
paulomgastao@hotmail.com

Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta

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GOSTO DE PESSOAS

Por Rangel Alves da Costa*

Eu gosto de gente, de povo, gosto de pessoas. De conhecidos e desconhecidos, gosto de todo mundo. Daquele que não me olha, do outro que não me sorri, mesmo do que nega um cumprimento, ainda assim eu gosto.

Não sei por que determinadas pessoas são frias, egoístas, vaidosas demais. Atuando como advogado, raramente vejo um profissional cumprimentando o outro, fazendo uma educada deferência. E quando vai atuar na parte contrária, então parece que se torna verdadeiro inimigo.

Mas eu gosto de pessoas e em qualquer situação. Mesmo que não as conheça, fico distante imaginando como aquela feição seria num breve diálogo, numa conversa mais alongada ou em qualquer situação de encontro. Não sei bem o porquê, mas em algumas sinto como se já as conhecesse de outros tempos.

Sei o quanto é difícil gostar de pessoas. Pela violência do mundo, pela estupidez corriqueira e as arrogâncias tão costumeiras, muitos até fogem de qualquer aproximação. E possuem certa razão. De repente basta um olhar e outro já quer tirar satisfação, pergunta o que quer com rompante agressivo e até saca a arma no olhar.

Mesmo temendo tais possibilidades, ainda assim insisto em gostar de todo mundo. Aprecio avistar pessoas com aspectos solitários, sentadas nos bancos das praças, caminhando ao redor dos canteiros, talvez conversando com pombos. E também daquelas que passam apressadas, quase correndo, sem tempo sequer para olhar para os lados.


Muitas pessoas são frias demais, é verdade. Imagina-se até que não gostem de ninguém por perto e muito menos que possam lhe dirigir a palavra. Viver assim arredias possui suas motivações. E é por isso mesmo que merecem ser procuradas, ouvidas e compreendidas. Aos poucos, será possível encontrar as margens da ilha em que se escondem.

São raras as ocasiões, mas de vez em quando ouço um cumprimento de alguém que não me lembro de ter visto antes. Um bom dia ou boa tarde, apenas isso, mas com um poder magistral de provocar a sempre boa sensação de cordialidade e respeito. Passam, cumprimentam e seguem adiante. Mas deixam uma vontade danada de ir atrás e pedir para que digam quem são, o que fazem, para onde vão.

Jamais procuro interromper o silêncio autoritário de qualquer um que se ache importante demais. Pessoas existem que se acham escudadas no suposto poder que ostentam. Só falam com papéis, com números, ao telefone, e quando muito. Nunca estão, não podem receber, e se estão não há de se esperar um diálogo cordial. O mármore desponta como se o interlocutor tivesse de estar ajoelhado para implorar.

Que sejam assim, eu não. Gosto muito de pessoas e tenho certeza que continuarei gostando. Quando chego ao meu sertão, o prazer maior é cumprimentar aquelas mais idosas, empobrecidas, viventes nos escondidos e arredores da cidade. E também nada mais cativante que ter a certeza do quanto elas admiram ser lembradas, visitadas, chamadas a um proseado. Os olhos cansados brilham, os corações se enchem de graças, e tudo tão verdadeiro como a própria existência.

Mas é melhor não gostar e nem falar a cumprimentar com falsidade, a sorrir com ironia ou ter o outro com desrespeito e inferioridade. Do mesmo modo, muito mais verdadeiro desconhecer totalmente a tratar de forma diferente toda vez que haja um encontro. Tem gente que num instante está com uma feição e no outro já está totalmente mudada. Instáveis demais, com problemas próprios não resolvidos, gostam de descontar perante os outros suas mágoas e revoltas.

Não posso dizer que sejam e ajam diferente, que sejam mais cordiais, que compreendam que todos merecem respeito e atenção. Impossível moldar a conduta do outro, principalmente quando este sequer tem tempo de dialogar consigo mesmo. E não se conhecendo, não se gosta. Mas eu gosto de pessoas. E muito. Por isso mesmo que gosto tanto de você.

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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Ezequiel Ferreira da Silva o Ponto Fino

Material do acervo do pesquisador Raul Meneleu Mascarenhas

Ezequiel, cognominado "Ponto Fino", nascido no ano de 1908.

Com as mortes de Livino e Antônio, entrou em 1927 no cangaço com 19 anos no grupo de seu irmão Lampião.

Ezequiel Ferreira da Silva

O apelido foi motivado por sua grande pontaria, rápida e segura.

Era bastante inteligente e de uma valentia desassombrada. Seria na certa, com o tempo, o sucessor de Lampião, segundo a opinião de Luis Pedro, que era lugar-tenente de Lampião.

O cangaceiro Luiz Pedro - faleceu em 1938

Ezequiel morreu valentemente em combate na Várzea do Touro, Bahia, em 1932 aos vinte e três anos de idade.

Fonte: Lampião, seu tempo e reinado. Frederico Bezerra Maciel. Pg 111
Perguntas:

1 - Existe sepultura? 
2 - Se existe, onde?
3 - Quem o matou? (Volante)
4 - Cortaram-lhe a cabeça?

Não sei as respostas dessas quatro perguntas.

Fonte: facebook

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LAMPIÃO EM CAPOEIRAS-PE


Até 1938 com o anúncio da morte de Lampião, as cidades do interior do Nordeste viviam em estado de alerta quanto a indesejável “visita”. No final de maio de 1935 chegou a notícia em Garanhuns, que Lampião estava para invadir a cidade. Muita gente com medo, abandonou de suas casas, deixando tudo pra trás. Nas cidades da região, menores que Garanhus, logicamente as pessoas sabiam que seriam presas mais fáceis ainda para o facínora. Em todas as cidades da região as pessoas se preparavam para o combate com cangaceiros. As casas daquele tempo tinham em seus “para-peitos” buracos para que pessoas de cima das casas pudessem colocar as armas para guerrear. No final de maio, início de junho daquele ano, chegou a notícia em Capoeiras da invasão de Lampião e seu bando a Buíque, Pedra e Santo Antônio do Tará, localidades próximas à Capoeiras. Depois dessas invasões, o alerta na então vila, pertencente à São Bento do Una, era máximo. No final de junho o “Velho Moleque”, pai de “Antônio Moleque”, conta a todos que tapeou o “Rei do Cangaço”. Segundo relato, ele viajava em seu Jeep, de Garanhuns para Capoeiras, quando foi surpreendido por Virgulino e seu bando, que o ordenou que os levassem à nossa vila, onde viria “acertar negócios” com o Coronel João Borrego. O Velho Moleque temendo o pior para a sua terra, disse ao cangaceiro:

- Capitão, o Senhor mandando, eu levo o Senhor pra onde me mandar, mas aviso logo que em Capoeiras tem muito macaco esperando a sua chegada.

Com essa imprudente mentira, o Velho Moleque livrou nossa terra quem sabe de muitas mortes, pois não tinha “macaco” nenhum na vila, apenas o povo pacífico e assustado. Com a informação de que Capoeiras estaria preparada para a sua chegada, Virgulino mandou então que o Velho Moleque o levasse para Serrinha do Catimbau, hoje Paranatama. 

O bando parecia cansado, segundo o Velho Moleque. Vindos de algumas invasões na região o grupo era composto de apenas 9 cangaceiros, que se soube o nome de todos depois. Eram eles: Lampião, Maria Bonita, Maria Ema, Fortaleza, Cabo Velho, Medalha, Juriti, Moita Braba e Gato. Poderia ter mais alguns escondidos na mata, dando cobertura, mas que viajaram no Jeep, apenas esses. Perto de Serrinha, o Velho Moleque deixou o bando, e partiu. Em Paranatama o combate foi intenso. 

Liderados por João Caxeado e Oséas Correia, o povo de Paranatama botou Lampião pra correr, baleando Maria Ema e Maria Bonita, além de um cachorro do bando, de nome “Dourado”, que morreu no local. 

Paranatama e Mossoró no Rio Grande do Norte, são as únicas cidades nordestinas que botaram Lampião pra correr. Na cidade potiguar ainda foi pior para os cangaceiros, pois lá morreram os cangaceiros Colchete e Jararaca. (Lampião tinha por prática colocar o nome de cangaceiros mortos em combate em outros que entravam no bando. Isso fazia aumentar o mito que cangaceiros eram imortais. Jararaca, por exemplo, se tem conhecimento de três Homens com o mesmo nome, e Colchete além de ter morrido em Mossoró, tem o seu nome na lista de mortos na Grota de Angicos em 1938, junto com Lampião, Maria Bonita e mais oito cangaceiros). Aqui em Capoeiras, o que pouca gente sabe é que depois desse fato, em 1936 Lampião andou em nossas terras, onde passou despercebido. Andou pela rua principal, viu as saídas de fuga e chegou até passar na frente da loja de João Borrego, planejando quem sabe saquear a vila. Antes, em 1934, chegou no Sítio Alto do Tejo, já dividindo com o Sítio Mumbuca, um casal e uma mulher mais velha pedindo “arrancho”. Esse casal se dizia vindos de Monteiro na Paraíba, e a mulher que era mãe da mais nova, e sogra do Homem, deu o nome de Paulina. A avó do conhecido Miguel David, nascido em 29 de setembro de 1919, de nome Tereza Borges, ou Tereza de Salú Vicente, deu morada a esse casal, com quem fez grande amizade. Depois de algum tempo a Senhora Paulina revelou para Dona Tereza que “Paulina” não era o seu nome verdadeiro, e que também não era oriunda de Monteiro, que era na verdade uma tia de Lampião, fugida da Polícia Volante. Lógico que Dona Tereza guardou segredo. Dois anos depois de estarem morando em Capoeiras, certo dia, num final de tarde, chega na morada dos forasteiros dois Homens montados à cavalo. Era um “cabra” de confiança do cangaceiro e o próprio Capitão Virgulino, que estaria com seu bando próximo à Capoeiras, entre os Sítios Gentil e Caatinga Branca, próximo a Santo Antônio do Tará, nas terras da Família Vaz. 

Segundo Miguel David, que na época era um “molecote” de 17 anos, a dupla chegou ao sítio vestido normalmente, sem suas indumentárias de cangaceiros, que pareciam mais com caixeiros viajantes. Dona Tereza de Salú Vicente, que já fora avisada da visita, matou uma perua e preparou um jantar para os dois cangaceiros. Miguel Davi e seu primo de mesma idade cuidaram dos cavalos dos dois, serviço que lhes rendeu umas moedas e um pequeno punhal. O relato conta que Lampião dormiu dentro da casa da tia, enquanto o “cabra” passou a noite fazendo a segurança do chefe no terreiro. Amanhecendo o dia, Lampião agradeceu a Dona Tereza pelo abrigo de sua tia, e lhe prometeu proteção, disse a ela que qualquer problema que ela tivesse, era só mandar lhe dizer, que ele resolveria. Não se sabe se o fato de sua tia ser bem recebida em Capoeiras, ajudou para que Lampião e seu bando nunca agisse pelas bandas de cá.

Fonte: facebook

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VERA FERREIRA NETA DE LAMPIÃO E MARIA BONITA


Vera Ferreira é um exemplo para todos aqueles a quem cabe zelar pela verdade no tocante aos seus antepassados. O monte de bobagens escritas ultimamente sobre Lampião, seu avô, é um horror! Lampião é um personagem histórico, e precisa ser tratado com seriedade e respeito! Ele não foi nem bandido, nem herói - foi um cangaceiro!


Lampião é um dos símbolos do Nordeste, como o mandacaru e o xiquexique. Não há como mudar a história do Nordeste. Quem considerar que se deve ocultar o fenômeno do cangaço, terá também de mudar a paisagem do Nordeste, eliminando as secas, os xiquexiques, os mandacarus, as coroas-de-frade, as macambiras, os gravatás... 

Vera Ferreira defende a memória de seu avô porque se preocupa com a verdade dos fatos. Lampião é um bem imaterial da cultura do Nordeste. 

- Vera, você tem todos os motivos para se orgulhar do seu avô!

Fonte: facebook

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LAMPIÃO E SUA RAINHA MORRERAM AQUI.


Estar aqui é entender o antes e o depois da grande dimensão da grande guerra sertaneja, viver num desassossego danado, buscando entender como um mito da estória do cangaço tombou na madrugada fria de quinta feira, 28 de julho de 1938. 

Lampião antecipava qualquer atividade com suas orações sendo o "ofício da virgem da conceição que começava assim: agora, lábios meus, dizei e anunciai..." na mesma hora, Noratinho mira na nuca de Lampião a uma base de 10 metros, atirou, acertando-o na nuca, caindo o rei do cangaço neste lugar onde estou !!!!


Visita ao distrito de Nazaré do Pico - Município de Floresta/PE, berço da " elite " da polícia / Volante que conseguia impor o respeito ao grupo de Lampião na época do cangaço.


Vista a casa do tenente / volante João gomes de Lira onde, tive o privilégio de registrar este momento com seu flho Roberlvan A. De Lira. João Gomes nasceu na época em que "Os trovôes eram roucos de se ouvir" um autêntico Nazareno e esteve sob o comando do lendário Manoel Neto ou "Mané Fumaça" como era chamado por Lampião a quem devotava grande respeito como guerreiro das caatingas contra o cangaço!!!

Fonte: facebook

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CONTRA LAMPIÃO, ESTRATÉGIA EM ANGICOS (II)

Por Clerisvaldo B. Chagas, 18 de outubro de 2014 - Crônica Nº 1.284

Esse trabalho inédito, não pode ser copiado sem seguir as normas da ABNT e nem plágio no todo ou em parte. 
Contato com autor: clerisvaldobchagas@hotmail.com
Livro publicado em 2012.
 

Visto os quatro fatores determinantes do fim de Virgolino – na primeira parte deste trabalho – vamos à conclusão.

As três da madrugada as volantes estão ali no cimo do morro das Perdidas, no lugar Encruzilhada. Como foi dito, não há sentinelas. Não era preciso, pois já havia espias no morro das Imburanas. A noite chuvosa, frio de matar sapo e escuro de breu fazia os atalaias no outro morro, dormirem. Pedro de Cândido traça o plano de ataque e vai dizendo a quantidade de homens de que precisa. Divide as três volantes em quatro frentes que irão tapar as três rotas de fuga do bando. Ele mesmo conduz duas dessas parcelas, descendo a vereda das Perdidas. Vai sair abaixo do acampamento de Lampião e ali deixa a parcela comandada pelo sargento Aniceto no leito do riacho seco, cheio de pedras e de difícil acesso ao acampamento. Estava tapada a primeira saída. Pedro atravessa o riacho e, caminhando pelo sopé do morro das Imburanas, deixa outra parcela das volantes no flanco direito de Lampião. Estava tapada a segunda válvula de escape para o cimo do morro das Imburanas. Fica ali o aspirante Francisco Ferreira que divide essa parcela em duas, formando três frentes e tapando duas das três válvulas de escape do bando. A quarta frente está com o tenente João Bezerra que desce por último pela própria vereda do Morro das Pedidas, cortando a mais provável rota de fuga para o interior. Essa parcela está reforçada. Assim, dividida em quatro frentes, as volantes tapam as três válvulas de fuga.

Croqui (Clerisvaldo) adaptado de Frederico Bezerra Maciel.

Questionam pesquisadores: por que não havia vigias no morro das Perdidas? Porque não precisava. Já havia os guardas no Morro das Imburanas. E por que eles não viram o movimento das tropas? Já foi dito. Noite gelada, chuvosa e muito escura, todos dormem. Outros falam em cachorros de A ou B. Ora, cachorro dorme também. Numa madrugada daquela os cachorros estão dormindo nos lugares mais quentes que acharam. E por que não morreram muito mais cangaceiros? Porque as tropas não esperaram o primeiro tiro/sinal do tenente. Os homens do aspirante que chegaram bem perto do coito não se contiveram e atiraram antes da hora. Mas não encontraram nenhum cachorro depois, mistério, dizem. Que mistério que nada! Cachorro corre até com foguete quanto mais com um intenso tiroteio de guerra, inclusive com metralhadoras. A não ser que fosse o cachorro do super-homem! E como a maioria do bando escapou se as três rotas de fuga estavam obstruídas? Graças ao escuro, a neblina e a fumaça. Muitos colocavam os cabelos dentro do chapéu e diziam: “companheiros, companheiros”. Os outros subiam os barrancos por onde desse para subir, de qualquer maneira, aterrorizados. Mas o sargento Aniceto não participou do início, onde estava ele e sua parcela? Já foi esclarecido. Aniceto pegou a parte mais difícil de chegar ao núcleo do acampamento. Subia com dificuldade pelas pedras do riacho. A precipitação dos homens do aspirante não permitiu a chegada de Aniceto para combater de imediato por igual.

Esta foi a estratégia do “general” Pedro de Cândido, marcado para morrer com seu irmão Durval, mas depois transformado em cabo de polícia.


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LANÇAMENTO DO CD CLUBE DA OUTRA ESQUINA, EM CANDEIAS


Dia 22 de outubro de 2014, será lançado o CD Clube da Outra Esquina, no Restaurante Paesano, no bairro de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes, PE. O espaço reúne amigos que costumam celebrar a vida diante da comida, da música e da literatura.

O Clube da Outra Esquina nasceu de forma despretensiosa, do encontro de amigos músicos e poetas que se reúnem às quartas-feiras, na cantina italiana Paesano, bairro de Candeias. 


Tudo começou no dia 22 de outubro de 2013, sempre à noite, quando a turma passou a se encontrar para tocar canções autorais, e algumas menos conhecidas pelo grande público de compositores consagrados. 

O Clube do Outra Esquina nasce dessa brincadeira espontânea, da vontade de fortalecer a amizade de um grupo de artistas e de se fazer uma música mais sofisticada, tudo isso em Candeias, bairro carente de ações culturais por parte do poder público.


É a reunião de amigos diante da comida, da música e da energia desses encontros que surge a ideia de se fazer um CD que mostrasse a produção musical dos participantes do Clube. Para a surpresa do grupo, todos tinham criações musicais acabadas, e outras em fase de conclusão, o que facilitou a feitura do CD Clube da Outra Esquina.


Foi fundamental para realização do projeto a vontade de duas pessoas queridas, o Alemão mais brasileiro de todos: Stephan Hitzelberger, que veio para o Brasil devido à Bossa Nova. Dono do estúdio Via Brasil, onde as várias produções independentes tomaram som e cor e, Mirco Folli, italiano, dono do Restaurante Paesano, que teve a brilhante ideia de propor a produção desse trabalho tão diferente, na forma de construí-lo, bem como em sua linguagem estético-musical.

O CD Clube da Outra Esquina reúne artistas como Epitácio Vilar, Adriana B, Salim Alves, Mozart Siqueira, Lysias Enio, Stephan Hitzelberger, Geraldo Maia, Adriano Marcena, Zeh Rocha, Marcelo Pimentel, Laís Ribeiro e Sandi Maia que também assina a produção musical. 

Lançamento do CD O Clube da Outra Esquina.
Local: Restaurante Paesano, em Candeias.
Data: 22/10/2014 (Quarta-feira).
Horário: 20h.
Fone: 81-84224311.

Fonte: Assessoria de imprensa do Projeto Cultural Clube da Outra Esquina.

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Janelas Killers

Por Vilma Maciel
Aurineide Aguiar, Vilma Maciel e Manoel Severo em Angico

Os sonhos do homem simples dos sertões,certamente não alcançam voos tão altos, mas planeiam quase sempre no esplendor da vastidão das terras, na boa colheita, no criatório de gado e na garantia de sua sobrevivência. Como surgiu o Cangaço em meio a sonhos tão singelos e humanos? É ledo engano argumentar que os cangaceiros eram deserdados da vida, os sem terra, o que resultava àquela vida de crime e terror sertanejo. Antes de tudo, devemos ver o cangaço como um movimento estimulado e mantido por grupos de latifundiários, com exceção é claro de muitos fazendeiros honrados, mas não podemos camuflar o nefasto coronelismo e seu poder dominante.

O fenômeno do cangaço foi um sintoma de ferida que corroía a sociedade. O sertanejo se viu vitima do acúmulo de injustiças sofridas nas garras dos mais poderosos: O estado de submissão em que viviam, perseguições e as terríveis mágoas pessoais. Num contexto onde prevalecia, predominava ou defendiam um código de honra particular. Matar por vingança significava ter poder ser corajoso.

Arte da Caribé

As circunstâncias sociais criavam homens violentos.Daí poderíamos ver as possibilidades desta formação de personalidades dos cangaceiros e criminosos como uma fusão da sociedade sertaneja e seu biótipo. Lampião foi o expoente máximo do cangaço,não querendo dizer com isso que foi o seu criador. O movimento já existia muito antes; os grupos de Jesuíno Brilhante, Antônio Silvino, Adolfo Meia Noite, Sinhô Pereira, mentor maior de Virgolino e outros. Vale salientar que Virgolino Ferreira da Silva nunca foi um líder de rebeliões, movimentos de sertanejos revoltados ou líder de guerrilhas políticas.

O que podemos conjeturar é que ele se tornou líder de seu próprio grupo e formou outras lideranças com seus subgrupos. O que ocorreu com aquele homem até então um simples trabalhador, almocreve e cheio de sonhos, para se tornar o Rei Do Cangaço? Passando a se transformar num mito no imaginário popular? A personalidade de Lampião estava povoada de paradoxos: Simples, explosiva, às vezes amável, às vezes sonhador, isso se explica porque até o fim de sua vida viveu com sua amada Maria Bonita, intrépido. Só um homem que consegui sobreviver na perigosa liderança da resistência por tantos anos, como ele ,poderemos atribuir a força deste sonho e projeto de vida. No seu caso projeto de sobrevivência. Virgolino tornou-se fora da lei, não pode voltar a vida pacata. 

Antônio Vilela, Ângelo Osmiro, Vilma Maciel e Kiko Monteiro no Cariri Cangaço em Crato

Reconhecemos nele um homem valente. Em vez de fugir das ofensas, desafetos e perseguições, assumiu seu "EU" deixou de ser expectador passivo das próprias misérias e passou a resistir com unhas e dentes , com a força descomunal do seu lado explosivo de sua personalidade. Assumiu a liderança com extrema habilidade. Os conflitos inatingíveis, assumia com coragem, nos bastidores da sua mente, gerenciou o seu EU , e, passou a ser líder de si mesmo, para ter suporte de liderança e encorajar seu grupo.

A nossa inteligência se acha encarcerada quando aceitamos passivamente algo negativo, que nos fere a alma. Com Lampião não foi diferente: Segundo John Kennedy,"O conformismo é o carcereiro da liberdade, o inimigo do crescimento". Façamos uma comparação levando em conta as causas que o levaram a torna-se fora da lei: A perda da tranquilidade almejada por todo sertanejo, a paz da família em perigo. A perda dessa tranquilidade roubou-lhe a alegria, mas produziu algumas JANELAS KILLERS na sua memória: segundo Augusto Cury no seu livro Inteligência Multifocal-Cultrix. SR, 1998.
 

Artesanato Mestre Noza, Juazeiro do Norte-Ce

"Janelas Killers são zonas de conflito intensas cravadas no inconsciente que bloqueia o prazer. Conformismo para ele era a morte. As desavenças co a família Pereira, o conflito co José Saturnino, depois com os Nazarenos e com a polícia. Tudo isso contaminou o delicado solo do seu inconsciente. A resposta ferrenha de sua mente foi a luta, a força dos combates e as atrocidades de seu crimes e o terror sertanejo. Para o homem agir com coerência, principalmente na sociedade atual, precisamos controlar os traumas.

"Só o conhecimento sobre si mesmo e o amor pela espécie humana libertam o Homo Sapiens das suas loucuras." Augusto Cury, sabemos que a violência dos cangaceiros e volantes advinha do próprio meio social. Entre as varias explicações para esse fenômeno, tentei expor algumas, cabe aos nobres colegas fazer suas próprias conclusões.

Vilma Maciel
Pesquisadora, escritora
Juazeiro do Norte, Ceará

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TÚMULO DOS EX-CANGACEIROS MORENO E DURVINHA


Túmulo dos ex-cangaceiros Moreno e Durvinha, doado pelo prefeito de Belo Horizonte Dr. Márcio Lacerda. 



Esse é o primeiro ano que o casal está junto. Estarei lá, como sempre, no dia 02/11, para visitá-los e receber as visitas.

Fonte: facebook

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FREI DAMIÃO DE BOZZANO


RARIDADE. 
Foto do Frei Damião de Bozzano quando de sua chegada ao Brasil no ano de 1936, na cidade de Gravatá, no Estado de Pernambuco.

Fonte: facebook
Página: Antonio Vilela

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