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segunda-feira, 14 de maio de 2012

A MORTE DO CANGACEIRO CHICO PEREIRA

Por Volney Liberato (*)
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Graças à mediocridade-plural.blogspot.com.br (Laélio Ferreira).
Currais Novos na vida de Chico Pereira

“Desde o dia em que um desconhecido foi morto pela polícia na estrada de Currais Novos, espalhou-se pelo sertão, vaga mas persistente, a suspeita de que ali morrera outro que não Chico Pereira”.
(Padre Pereira – Vingança, não!).


Derna do tempo d'eu menino”, quando a escritora pernambucana Aglae Lima de Oliveira respondia sobre “Lampião” no Programa J. Silvestre, na extinta TV Tupi, que eu começei a me interessar, a ler e a pesquisar sobre o cangaço – e isso já vão mais de 30 anos.

Tempos depois, ao passar pela BR 226, quase a entrada da cidade, deparei-me com um cruzeiro erguido para sinalizar o local onde morreu o cangaceiro paraibano Chico Pereira. Depois disso, ao visitar o Museu do Acari (onde funcionou a antiga Cadeia Pública), vi a foto do citado cruzeiro, com uma outra foto de Chico Pereira, aí comecei a nutrir a curiosidade de ler o livro “Vingança, não! - Depoimento sobre Chico Pereira e Cangaceiros do Nordeste”, 5ª ed. Rep's Gráfica e Editora – João Pessoa / PB – 2004, de F. Pereira Nóbrega (Padre Pereira), filho do cangaceiro Chico Pereira, que naquele quase amanhecer do dia 28 de outubro de 1928, pereceu macabramente, exatamente no KM 177 da hoje rodovia BR 226, próximo a cidade de Currais Novos, pelas mãos de uma escolta policial, que tinha no comando nada menos do que o famigerado então Tenente Joaquim de Moura.

A escolta era ainda composta pelo sargentos Luís Auspício e Feliciano Tertulino, sendo o “chofer” o sargento Genésio Cabral de Lima. O livro citado, na época, era difícil, pois até hoje só foram feitas cinco edições do mesmo, e é esta última que encontra-se em minhas mãos hoje, que me foi entregue pelas mãos de um companheiro também pesquisador, a quem agradeço que, dia 08 de Janeiro, colocou-lhe sobre a minha mesa, no Detran. Ali estava mais de 20 anos de espera, por aquele que, um dia, seria o delator da verdadeira história da morte do cangaceiro Chico Pereira, nos “aceros” de Currais Novos.

 Chico Pereira

A história se inicia quando Chico Pereira, paraibano de Sousa, já envolvido numa questão de vingança familiar e já andando debaixo da “canga”, é acusado – injustamente, segundo relatos da época – de ter, junto com um pequeno bando, assaltado uma propriedade, na Rajada, de Joaquim Paulino de Medeiros, o legendário coronel Quincó da Ramada. Chico foi preso na Paraíba e recambiado para a detenção de Natal, onde responderia juri no Acari.

No dia 28 de Outubro de 1928, a escolta que o recambiava algemado para o Acari, comandada pelo Tenente Joaquim de Moura, estanca a poucos quilómetros da entrada de Currais Novos, numa parte da estrada de terreno elevado, tirando-o da carroceria e o golpeando a coices de fuzil. Já no chão, ferido de morte, o Tenente Moura ordena ao sargento Genésio para precipitar o carro sobre o corpo de Chico Pereira, numa altura de alguns metros, o que fez com que o corpo fosse esmagado em algumas partes (cabeça e abdómen). 

Os participantes da escolta passaram então a ferirem-se mutuamente, para fazerem crer que realmente tinham sido vítimas do desastre que vitimou fatalmente somente o preso. Enquanto eram “atendidos” em Currais Novos, o corpo de Chico Pereira era levado para a Cadeia, na então Rua do Rosário (hoje Vivaldo Pereira), onde permaneceu exposto á visitação pública até a hora do seu sepultamento, que ocorreu lá pelas 21 horas, no Cemitério Público de Santana, em cova hoje não mais identificada.

A verdade é que Chico Pereira jamais havia posto os pés em Currais Novos, e quando o fez foi tão somente por alguns minutos, que separaram a sua vida da sua morte. Pisou no solo curraisnovense o tempo necessário para permanecer de pé e receber as coronhadas de fuzil que o vitimou e ser também vítima de um plano macabro, e por que não dizer “político”.

O advogado de Chico Pereira, em Natal, era ninguém menos do que João Café Filho, o criador de dezenas de sindicatos na capital, e que por isso ganhou a pecha de “comunista”. Era plano de Café Filho acompanhar a escolta, de seu carro, de Natal ao Acari, para assim ter certeza da integridade física do seu constituído. Mas, uma pessoa do seu relacionamento, alertou-o: “Se a polícia vai mesmo matar Chico Pereira, pelo caminho, não vai deixar testemunhas sem farda. Na certa você morrerá também”. Café então retornou para Natal.

 
Chico Pereira

No dia seguinte, lá pelas 10 horas da manhã, recebe telegrama narrando-lhe o “desastre” e a morte “acidental” do seu constituído. O Tenente Moura era “pau-mandado”, como se dizia, do governo do estado, que tinha Juvanal Lamartine no poder. O coronel Quincó era gente grande no dinheiro e na política regional, influente nas eleições de voto de cabresto e possuidor de curral eleitoral nutrido. Por isso, gente grada aos interesses da burguesia instalada no comando do poder estadual.

Mas, se a morte de Chico Pereira se deu, involuntariamente, em Currais Novos, a do Tenente Joaquim de Moura, por ironia do destino, também. Anos mais tarde, já nos anos 40, o já então Coronel Joaquim de Moura vem a Currais Novos, sob pretexto de participar de uma festa numa fazenda avizinhada á cidade. Mas o verdadeiro motivo da estada do coronel Moura em Currais Novos, segundo me relatou o saudoso Euzébio Hipólito de Azevedo, carnaubense, octogenário, que conheceu o Coronel Joaquim de Moura de perto e privou de sua amizade, que o motivo da sua vinda a Currais Novos era para se “acertar” com uma certa mulher – casada – oriunda de uma família “importante” do município, que havia tido um caso com ele na capital.

Como o coronel apaixonou-se pela tal mulher, veio disposto a tudo, até ameaçando matar o marido dela, caso ela não aceitasse juntar-se a ele. Pela tarde, o coronel Moura sente-se mal e é acometido de um ataque cardíaco, vindo a falecer. Contou-me ainda Euzébio que, seu corpo foi vestido com a farda da Polícia - mandada buscar em Natal ás pressas - numa casa de esquina, que depois pertenceu a Severino Maroca, na atual Rua Dix-Sept Rosado (hoje residência de Maria José Mamede Galvão). O destino fatal uniu as duas personagens: Chico Pereira e Joaquim de Moura. Vítima e algoz, ambos finando-se em Currais Novos, em épocas diferentes, numa cidade em que ambos não tinham a menor relação.

O capítulo que trata da morte de Chico Pereira, em Currais Novos, é intitulado “O Morto que Ninguém Chora”, e é escrito de uma forma, digamos, poética, dada a verve do autor, que não conhecia Currais Novos, mas a descreveu tão bem, como resultante dos depoimentos, que mais parecia um curraisnovense contemporâneo dos fatos, descrevendo a vida e os costumes da nossa comuna, naquele distante e fatídico 1928.


Quem passa diariamente por aquele trecho da Maniçoba, talvez não perceba esta capelinha lá existente, a esquerda da Rodovia BR 226, sentido Currais Novos-Natal. Foi o exato local que o cangaceiro Chico Pereira foi assassinado quando vinha responder júri no Acari. E o pior é que Chico Pereira morreu inocente, pois nenhum crime seu foi constatado pela justiça norte-riograndense.

Nazarezinho, Situado no sítio Jacu, município dRuínas do casarão pertencente a Chico Pereira de Nazarezinho, Situado no sítio Jacu, município de Nazarezinho, encontra-se, infelizmente em ruínas.

(*) Volney Liberato é filho de Currais Novos, Seridó - RN. Bacharel em Administração pós-graduado pela UFRN; repórter pela Oficina de Jornalismo "Genival Rabelo"; pesquisador do cangaço, história regional e cultura popular.

Extraído do blog do professor e pesquisador do cagaço:
 Honório de Medeiros

São Domingos, Vale do Catimbau (Buíque - PE)


O dia seguinte é imprevisível quando o objetivo é pesquisar pessoas. Já tínhamos conversado sobre a história do cangaço com ex-tenentes que fizeram parte da volante, para quem Lampião era um sádico assassino.

Faltava o outro lado, a história de quem seguia os passos de um ídolo, de um Robin-Hood bem brasileiro, como um ex-cangaceiro. Quando soubemos que existia um vivo e lúcido em São Domingos, a 180 km de Serra Talhada, mudamos o roteiro. O cangaceiro Candeeiro hoje é Seu Né, um pacato pai de família dono de um boteco em São Domingos, lugarejo perdido no sertão pernambucano.

Candeeiro viveu os dois últimos anos do bando, curando ferida de bala com pimenta malagueta e fumo de corda. Presenciou seu fim, a Batalha do Angico, quando foram arrancadas as cabeças de 11 cangaceiros, entre elas a de Lampião e Maria Bonita, posteriormente expostas em praça pública. Sádico, não? 

 

A "casa do cangaceiro" foi uma aconchegante estada. Dona Lindinalva, sua mulher, nos acolheu como filhos. Nunca comemos tanto e tão bem, experimentando pratos regionais como xerém, queijo de manteiga, feijão de corda, farinha de queijo e um irresistível bolo de mandioca com côco.

Mais exótico que estar na casa de um cangaceiro foi o nosso programa da noite: forró no cemitério!

 

Durante um passeio à tarde, para fazer a digestão de tanta comida, conhecemos Seu Pindaíba da Sanfona, pedreiro e coveiro do vilarejo. Ele deu uma palhinha e ficou combinado um forrozinho à noite, que aconteceu ao lado do cemitério, sob o estrelado céu do sertão.

 

Mais uma alteração na rota foi feita quando soubemos que nacidade ao lado está o segundo maior sítio arqueológico do País, com 400 mil hectares: o Vale do Catimbau.


Numa caminhada de três horas cruzamos pinturas rupestres de 6.000 anos, formações de arenito e a vegetação que delimita o fim do sertão e o início do agreste, compondo uma das mais extasiantes paisagens já vistas pelo trio.

"Isso não é nada" - disse nosso guia - "para conhecer bem é preciso ficar 90 dias no mínimo". Ficamos mais um, dormindo numa casa no alto da serra, com uma vista privilegiada do Vale.

A comitiva Trilha Brasil volta a seu roteiro original, percorrendo as festas juninas, iniciada em Caruaru, a capital do forró. 


Dix-huit Rosado ‘chega’ aos 100 anos com exposição


"Quem não faz um pouco mais por sua terra, não fará nada pela terra de ninguém"
(Dix-huit Rosado Maia)

A Prefeitura de Mossoró promove agora à noite a “Solenidade de Abertura da Exposição Celebrativa ao Centenário de Nascimento do Ex-Prefeito Jerônimo Dix-huit Rosado Maia”. Ele nasceu em Mossoró no dia 21 de maio de 1912.


O evento tem a presença da governadora e ex-adversária Rosalba Ciarlini (DEM), além de outros políticos dos mais diversos matizes, no Memorial da Resistência, Centro da cidade.

Deputado estadual constituinte, deputado federal (dois mandatos), senador da República (um mandato), Dix-huit foi o político que governou Mossoró por mais tempo. Foram quase 14 anos em três mandatos. Foi eleito pela primeira vez à prefeitura em 1972, depois em 1982 (com mandato de seis anos) e por último em 1992, quando faleceu no exercício do cargo no dia 22 de outubro de 1996.


Assumiu em seu lugar, no dia seguinte, a sobrinha e vice-prefeita dissidente Sandra Rosado (Hoje deputada federal pelo PSB, mas à época no PMDB).

Depois de Dix-huit, quem mais administrou Mossoró foi Rosalba Ciarlini (DEM), hoje governadora do Estado, casada com o sobrinho e ex-deputado estadual (quatro mandatos) Carlos Augusto de Souza Rosado (DEM). Ela foi eleita em 1988, 1996 e reeleita em 2000 (graças ao instituto da reeleição, uma faculdade até poucos meses inexistente na legislação brasileira). Foram 12 anos na gestão municipal.


Antes dela, coube ao padre Luís Ferreira da Cunha Mota, o “Padre Mota”, o 3º maior período de administração como prefeito do município. Ele ficou por quase nove anos e três meses. Assumiu interinamente no dia 18 de janeiro de 1936, com a renúncia inesperada do prefeito Duarte Filho.

Foi eleito em março do ano seguinte, mas com o golpe político de Getúlio Vargas, implantando a ditadura do chamado “Estado Novo”, foi destituído. Mas logo em seguida foi nomeado pelo interventor estadual Rafael Fernandes, ficando até 3 de abril de 1945 – quando renunciou ao cargo.

VIDA DE V.O.C.E. (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa*
Rangel Alves da Costa

A VIDA DE V.O.C.E

Estou autorizado a escrever somente as iniciais do nome verdadeiro, por isso mesmo cito apenas V.O.C.E.

Talvez V.O.C.E. fossem as primeiras letras do nome de Vânia Oliveira Castro Espinheira, de Vanderlei Olímpio Carvalho Estrela ou de Vera Ondina Castelo Esteles. Mas a verdade é que vou escrever sobre V.O.C.E. sem saber o nome exato.

Digo de antemão que V.O.C.E. está grafado assim não porque esteja nos tribunais com processo correndo em segredo de justiça, que seja menor acusado da prática de alguma infração ou que seja pessoa tão perigosa que as autoridades não querem fazer conhecer seu nome completo. Pelo contrário, V.O.C.E. é pessoa honesta e honrada, ao menos para V.O.C.E.

Quanto a isso não confie nos outros não, pois sua fama não é lá das melhores perante aqueles que dizem ser seus amigos. Daí logo perceber que não pode nem deve confiar em certas pessoas que estão ao seu lado se fingindo de amigas e boazinhas, mas que no fundo não pensam noutra coisa senão lhe dar uma rasteira.

Feito o alerta, então passaremos a tratar sobre a sua vida, sobre quem é V.O.C.E. Se depois do que for biografado surgir alguma semelhança com você, então talvez tenha sido mera coincidência. Mas disse talvez porque essa pessoa, esse V.O.C.E., também pode ser você. E não duvido que não, pois apenas sei o que fez e o que faz, porém nunca vi o seu rosto. Nem precisava, pois o rosto de uma pessoa muda a cada instante perante aquele que vê.

V.O.C.E. nasceu em família pobre, com muitas problemas de sobrevivência. Teve dificuldades para começar a estudar e sempre esteve matriculado em escola pública. Seguia a pé para o estudo e também para o trabalho, quando conseguiu um emprego numa fábrica. Daí em diante, se esforçando sempre e tentando vencer os desafios surgidos, foi conseguindo um lugar ao sol.

Ora, mas isso não quer dizer nada, pois tudo mundo que sobe na vida conta a mesma história. Ninguém, principalmente se for político, abre a boca pra dizer que nasceu rico, que nunca lhe faltou nada, que sempre viveu na esbórnia. Tem que ter nascido pobre, ter comido o pão que o diabo amassou, senão não tem graça nenhuma que os outros saibam de sua vida.

Pois bem, para o bem ou para o mal, é este parte do percurso da vida de V.O.C.E. Após esses primeiros passos difíceis na vida, já adentrando completamente na fase adulta, então é que tudo se torna um labirinto.

O problema maior é que V.O.C.E. sempre procurou estabelecer retalhos sobre a sua vida. Quer dizer, aquilo que lhe eleva, se traduz em grandes atos e atitudes, passa uma ideia de dignidade e moralidade acima de tudo, é mostrado como se fosse sua característica principal.

E todo mundo sabe que não é, principalmente V.O.C.E. Ao esconder tantas verdades abjetas, desmoralizantes e vergonhosas, V.O.C.E. acha que vai viver sempre na frente do palco que idealizou. Ora, ninguém consegue esconder o passado nem as ações presentes, e tanto o ontem como o hoje testemunham de sua normalidade negativa. E o que seria normalidade negativa.

Esta é precisamente aquilo que todo mundo é e faz tudo para não ser ou demonstrar. E todo normal negativo, igualmente a V.O.C.E., não tem nada de santo, de honestidade acima de tudo, de moral exacerbada. É também chegado a uma inverdade, gosta de fofoca, de falar mal da vida dos outros, pouco está se importando com o próximo, tanto faz como tanto fez muitas coisas da vida.

Uma coisa é certa: em V.O.C.E. moram duas pessoas distintas, dois lados no mesmo ser. Um que sofre por não querer ser e viver como é, mostrando ao mundo as forças e as fraquezas humanas; e outro que está presente em cima daquilo que pensa que é. Este se sustentará naquilo que não é até ser destruído por aquilo que é. Se conseguir, se a vaidade e o egoísmo deixarem.

Diante de tanta contradição, talvez V.O.C.E. não exista. E se existir pode ser qualquer um, até eu ou você.


Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
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