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sábado, 31 de janeiro de 2015

O MAIS NOVO LIVRO DO ESCRITOR GERALDO MAIA DO NASCIMENTO


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MOSSORÓ NA TRILHA DA HISTÓRIA

ANOTAÇÕES


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TIÃO E OS OUTROS

Por Rangel Alves da Costa*

Em uma parte do sertão, aquela mais distante e onde o progresso voraz ainda não pensou em passar, ainda há uma vida muito comum, costumeira, singela, até repetitiva demais.

Assim no homem como no bicho e também na terra. O sol resolve acender noite e dia e assim permanece por anos a fio. A terra seca e fica esturricada, tendo por cima apenas gravetos e espinhos.

As pedras tomam os espaços das plantas e ao redor passam a reinar os seres das grandes estiagens. O mandacaru permanece altaneiro com seus braços abertos em prece e até florando entre os espinhos.

O calango sertanejo vive em correria por cima da terra em brasa. Num passo e já está em cima da pedra balançando a cabeça de canto a outro. O preá se protege do sol dentro da loca e aproveita as sombras do entardecer para arriscar a vida catando e roendo o inexistente.

Mais adiante uma vereda nua, um caminho sem curva, uma mesmice sem igual. Dificilmente alguém passa caminhando com espingarda à mão em busca do alimento do dia. Também quase não há mais o que acertar.

Tal é a paisagem tão conhecida por Tião e todos os sertanejos que por ali sobrevivem. As moradias são pobres, pequenas para o grande número de pessoas em cada casa. E lá dentro e ao redor um quase nada para encontrar.


Tião se atormenta com a estiagem, fica em tempo de endoidar se lhe falta trabalho que garanta a compra de um fubá de milho ou quilo de farinha seca. Ele e a mulher podem suportar o ronco das tripas famintas, mas a filharada não.

Vive com a riqueza do homem da terra. Um pote sem água, uma moringa vazia, uma panela esperando milagre. Parede de barro com retrato de família, imagens de santos e torno de pendurar arreios e cordas.

Um quintal sem cerca, duas braçadas de lenha, um fogo de chão. Galinha ciscando desde muito não existe. Um varal estendido e duas roupinhas esquecidas no meio do tempo. Não há fruta de pomar nem ovos de capoeira.

Mais adiante, Severino pinica o fumo de rolo, recorta a palha seca de milho, embrulha o cigarro e depois passa a língua para fixar as dobras. Limpa a enxada, amola o facão, ou repete o mesmo de todo dia esperando que tais objetos logo tenham serventia.

Zulmira procura pelo quintal três ramos de arruda. É difícil encontrar, mas precisa ao menos dos galhos secos para o benzimento de Joaninha. A moça chegou chorosa e dizendo que sentia estar carregada por alguma coisa ruim. Nada dava certo em sua vida, então precisava que a rezadeira afastasse de vez o mau olhado.

Clemência se vira como pode para colocar alguma coisa no fogo. Conseguiu comprar um quilo de tripa e bucho na feirinha e precisa pinicar para juntar na frigideira com o restinho de banha de porco. Bom mesmo era se tivesse ovos para misturar, mas não tem. Mas a meninada dessa vez não vai comer a farinha sem mistura.

Numa casa faltou gás pro candeeiro, na outra não há mais um pingo de sal. Então a vizinhança acorre nesse momento de precisão. Do mesmo jeito quando a colheita é boa e o feijão de corda é dividido entre muita gente.

Tibério, conhecedor dos mistérios sertanejos, sabendo ler na folhagem se a chuva logo voltará, caminha olhando atentamente em busca de um bom sinal. O sopro do vento e o gemido da folha sinalizam esperança. É nuvem de chuva que se forma adiante e logo pode arribar até ali.

Mas nem vento nem folha se balançado. Está tudo parado, como se nada mais acontecesse ou existisse. Assim como o sertão se sente de vez em quando.

Poeta e cronista
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“O GLOBO” – 28/08/1930 - O “RAID” SANGUINÁRIO DE LAMPIÃO E SEUS COMPARSAS

Material do acervo do pesquisador Antonio Corrêa Sobrinho

Leiam, meus amigos, a matéria abaixo, o depoimento do Senhor Manoel do Nascimento, negociante da cidade de São Paulo, hoje Frei Paulo, no agreste sergipano, a respeito de Lampião.


Impressionante Narrativa da Sua Passagem Pelo Sertão de Sergipe.

Não há quem não conheça no Brasil, através de emocionantes narrativas, as terríveis aventuras de Lampião e terríveis aventuras de Lampião e seus comparsas na peregrinação sanguinária, que há muito vêm fazendo pelos sertões do nordeste brasileiro.

Cada qual dos noticiaristas tem apresentado sob aspectos diferentes narrativas cada qual mais sanguinária e audaciosa do terrível bandoleiro e sua gente.

Agora, o Sr. Manoel do Nascimento, negociante estabelecido com armazém de secos e molhados na cidade de São Paulo, no sertão de Sergipe, chegado ao Rio há cerca de oito dias, procurou O GLOBO, para narrar o que foi a passagem por aquele Estado, de Lampião e seu bando sinistro.

Inicialmente, disse-nos o Sr. Nascimento, há cerca de 17 meses que o sertão de sua terra natal vem sendo visitado pela destruidora horda de bandidos chefiada por Virgulino Ferreira, o Lampião.

O saque praticado por essa gente é completo naquelas regiões. Dinheiro, joias, mantimentos, montadas, armas e até a honra dos lares, tudo é levado pelos terríveis facínoras, de roldão. A polícia sai ao seu encalce, o bando desaparece e volta três, quatro meses depois; mais sanguinário e sedento de vingança pelo fato de ter a população recorrido à polícia.

Entre os assaltos praticados por Lampião salienta-se o que praticara às cidades sergipanas de Capela e Nossa Senhora das Dores, distante da capital três ou quaro horas.

Súbita e inesperadamente, apareceu o bando naquelas localidades e forçou os elementos de maior destaque, como o prefeito e outros a angariar dinheiro na importância de cerca de 7:000$000, para depois, à noite, assistirem ainda em companhia daquelas mesmas pessoas uma sessão cinematográfica.

Depois destes acontecimentos, o interior do Estado de Sergipe tem passado por horríveis vexames. Em São Paulo, onde resido, todos vivem apavorados. É que Lampião já percorreu toda a zona algodoeira e já obteve dos fazendeiros entrega de dinheiro e boas montadas.

O regime “lampionesco” é simples: ou dar ou morrer. Nessas condições, no Estado da Bahia, limites com o de Sergipe, têm eles praticados mortes bárbaras, incêndios, desonras. 

No dia 28 de julho, Lampião entrou no povoado Mucambo, município de São Paulo, em Sergipe, quando se realizava a feira e tomou mais de 7:000$000 e 18 muares. Nessa aventura era o grupo de 16 bandidos e dois guias.

Ele tem dito que possui grande desejo de visitar a cidade de São Paulo, onde sou estabelecido. Sou de opinião, porém, que ele lá não entra, pois, não há sertanejos tão unidos como os daquela cidade. Tem havido ocasiões que o destacamento local só possui cinco praças e quando correm boatos da aproximação dos bandidos, formam em momento 40 a 50 civis, sendo na maioria reservistas do Exército, uns com fuzis e outros com rifles e muita munição.

Para não mostrar covardia, Lampião, sendo sabedor dos preparativos bélicos naquela cidade, retira-se das suas imediações, dizendo apenas:


"- Quando o povo estiver chupando bombons eu apareço. Já estou acostumado a brincar com 200 homens".

Fez cartas e bilhetes aos fazendeiros pedindo dois ou mais contos e caso não receba o dinheiro ele promete incendiar as casas e matar o gado. Alguns, amedrontados, dão, outros, no entanto, como o Sr. José Ribeiro Doria, mandam-lhe dizer que o esperarão à bala. Lampião costuma passar três e quatro meses no mato. Quando ele chega a uma cidade ou povoado, bebe bastante e a seguir cada membro do grupo sai arranjando dinheiro sob ameaça de morte. Quem não tem dinheiro dá joias ou armas de fogo e munição, que assim eles o exigem.

Lampião faz o contrário dos seus companheiros. Manda a autoridade do lugar angariar dinheiro por meio de subscrição.

Todos do sinistro grupo têm muito dinheiro, sendo que Lampião possui uma grande bolsa de couro, na qual encerra muitas notas de 1:000$ e 500$, parecendo ter já centenas de contos, além de ouro, anéis com pedras preciosas e outros objetos.

Todos andam bem municiados e armados, com fuzis e mosquetões dos usados pelo Exército. Também carregam medicamentos para curar ferimentos que porventura recebam em combates.

O seu traje comum é roupa mescla, chapéu de couro quebrado na frente, alpercata de cangaceiro e todos usam meias de seda com enfeites.

A primeira vez que Lampião entrou em Sergipe possuía apenas sete homens, a segunda já voltou com dez e atualmente o grupo está dividido em três colunas nas seguintes condições: Lampião, com 16 homens; Corisco, com seis, e Antônio de Engrácia, com 10 homens. Os grupos, porém, tendem sempre a aumentar.

Era uma necessidade, declarou-nos o Sr. Manoel do Nascimento, e uma medida excepcional, se o governo desse um prêmio de grande valor, a quem exterminasse esse terrível grupo de bandidos. Eles têm causado graves prejuízos aos governos estaduais, municipais e federal. Quando eles entram num povoado em dia de feira, ninguém paga imposto.

No dia 28 do mês findo, quando Lampião com o seu bando saiu de Mucambo, foi à “Feira do Pão”, no Estado da Bahia. O guia que os conduziu até lá, declarou que mal eles pisaram em terra baiana, foram cometendo toda a sorte de perversidades com os habitantes indefesos. Penetrando numa casa onde estava uma senhora esperando a hora para dar à luz, Lampião entrou no quarto, cortou a mão de uma velha que lá se encontrava e a seguir, deu bolos em homens e crianças. Há cerca de quatro meses, no sertão da Bahia, matou Manoel Sabino e três filhos deste. Aquele com uma punhalada na boca, arrancando-lhe a seguir os olhos com um ferro.

Era tal o ódio do chefe dos bandidos por este homem, que levou na sua tocaia 41 dias. Quando o pôde pegar a seu jeito, matou-o e aos filhos.

Acha o Sr. Manoel do Nascimento que Lampião não tem nada de valentia. Ele é muito malvado, apenas.

Quando qualquer “caibra” entra para o seu grupo, recebe-o assim:

- De queda de rede e de barriga cheia, você não morre.

A todos ele diz que só tem medo de tropa do Exército.

No dia 21 de Abril do corrente ano, um sargento do destacamento da cidade de São Paulo, quando soube que Lampião havia entrado no povoado Saco do Ribeiro, município de Itabaiana, convidou-o pelo telefone a que fosse àquela cidade que o estava esperando. Ele respondeu que tinha 10 “meninos bons” e lá iria. Mas é tão covarde que cortou caminho e desapareceu por outro lado.

Ultimamente a polícia anda no encalço do grupo de Corisco, já tendo lhe dado dois combates. Num desses combates, esse bandido deixou toda a cavalhada que levava.

Ao que nos disse o Sr. Nascimento, a polícia de Sergipe não tem poupado sacrifícios para dar caça a esse grupo de bandidos.

Lampião deixando Mucambo cantava as seguintes quadras:

“Itabaiana está de luto
São Paulo de sentimento
Mucambo de porta aberta
Lampião pisando dentro.

Bebi cachaça não gostei
Namorei na Bahia não me casei
Namoro em Sergipe
Não sei se me casarei.”

Esteve ele em casa de um sertanejo pobre e lhe pediu 1:000$000. O homem só tinha 90$000 e ele recebeu-os. Vendo um oratório com santos, Lampião e os companheiros rezaram e pediram a Deus que se tinham cometido alguns pecados que os perdoasse.

Na cidade de São Paulo, quando corre o boato de que os bandidos andam perto, as mulheres são acometidas de ataques, o comércio fecha e os homens vão para as trincheiras improvisadas para a defesa da cidade.

Num município de Sergipe enlouqueceram um homem e uma moça, quando souberam que Lampião se aproximava do lugar.

Quando o chefe dos bandidos escreve uma carta a qualquer autoridade, assina:

- “Do seu superior – Lampião.”

Na cidade de Canas, o lavrador José Gonzaga Leite, no começo de Agosto corrente, depois de ter sido obrigado a dar dinheiro, joias e outros objetos, como não quisesse entregar animais para montaria, foi brutalmente espancado e ferido com nove punhaladas.

Aí está como nos narrou entristecido toda esta história, o Sr. Manoel Nascimento, por ver que o sertão do nordeste brasileiro está completamente abandonado pelo governo da República.

http://acervo.oglobo.globo.com/?service=compartilhamento&id=MKk0hgw%2Fueh3yvXxYE4Ng38Y%2BUotfnvG4p7lWDyPmzhSUQJHvK4H%2F7p9rqx%2FbULqTLJX1HGxE5g%3D&origem=amz

Fonte: facebook

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LAMPIÃO EM PAULO AFONSO: EM MARÇO SERÁ LANÇADO A SEGUNDA EDIÇÃO

Por João de Sousa Lima

LAMPIÃO EM PAULO AFONSO  foi o primeiro livro do Escritor João de Sousa Lima. desde 2003 que a obra encontra-se esgotada e agora em março de 2013 sai a segunda edição ampliada.

O livro narra as passagens dos cangaceiros desde a entrada de Lampião na Bahia, passando pelo Raso da Catarina. O Livro também retrata a entrada dos Índios Pankararé para o cangaço, onde homens e mulheres deixaram sua tribo para viverem a saga Lampiônica.


Depois de 10 anos de espera por parte de alguns pesquisadores e escritores o livro finalmente encontra-se no prelo e o lançamento está previsto para a segunda quinzena de março de 2013.


Para adquirir o contato é diretamente com o próprio autor através dos seguintes contatos: joaoarquivo44@bol.com.br - 75-8807-4138 ou 9101-2501 - www.joaodesousalima.com

Na foto o segundo é Ozeias Gomes de Oliveira, irmão de Maria Bonita, o autor e Biri (sobrinho de Maria Bonita).
 O autor e a irmã da cangaceira Moça.
 Vicente (sobrinho de Pedro de Cândido) o homem que levou a máquina de costura a pedido de Lampião para o coito de Angico. (Ainda é vivo e reside em Poço Redondo).
João e o irmão do cangaceiro Açúcar  (Brejo do Burgo).
João e Raimundo (irmão do cangaceiro Lavandeira). povoado Juá.
Rita (estuprada por Sabiá) e o autor.
O cangaceiro Alecrim e João.
 João e o neto da coiteira Generosa Gomes de Sá.
 João e sobrinhos de Maria Bonita.
O autor e o volante Júlio.
João e Coquinho (primo de Arvoredo)- Brejo do Burgo.
O autor e o filho do  coiteiro que prendeu o cangaceiro Passarinho

João de Sousa Lima é escritor, pesquisador, autor de 09 livros. Membro da Academia de Letras de Paulo Afonso e da SBEC - Sociedade Brasileira de estudos do Cangaço. Telefones para contato: 75-8807-4138 9101-2501 email: joaoarquivo44@bol.com.br joao.sousalima@bol.com.br

http://www.joaodesousalima.com/2012/11/lampiao-em-paulo-afonso-em-marco-sera.html?spref=fb

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AS REVOLUÇÕES DE UM ANTIGO CANGACEIRO

Material do acervo do pesquisador Geziel Moura

Fonte: facebook
Página: Geziel Moura‎

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“O GLOBO” – 07/11/1958 - PARTE V

Acervo do pesquisador Antonio Corrêa Sobrinho

ASSIM FALOU VOLTA-SECA... - COMO SE FORJA UM CANGACEIRO

A FERA HUMANA

Lampião Era Mau e Perverso Como Ninguém. Mas Demonstrava Possuir Sentimentos Humanos – Espírito Profundamente Religioso – Ascendência Dos Capuchinhos Sobre o Rei do Cangaço – O Caso de Sabiá

CHAMAVA-SE Virgulino Ferreira o homem que foi por muito tempo o “rei do cangaço”. Era um homem alto, muito alto mesmo, talvez o maior do bando, do qual o menor era eu. Magro, mas de compleição forte, e de raça branca, apesar de queimadíssimo pelo sol. Sua pele era muito escura, mas os cabelos negros e lisos atestavam sua origem racial. Era cego de um olho, e depois de muito matutar para descobrir qual dos dois seria, cheguei á conclusão que devia ser o direito, pois ele dizia sempre que “sua pontaria já estava feita eternamente”. Como era canhoto, devia ser mesmo o direito. Notava-se que ele não enxergava desse olho, porque lhe encobria a pupila uma pele branca, uma belida. Às vezes usava óculos, e aí está um detalhe curioso. É que em todas as fotografias ele aparece de óculos, mas na realidade, poucas vezes o vi assim. Seus óculos não tinham grau, eram usados para “descansar a vista”, coisa muito comum no bando. Era mesmo elegante o uso deles, razão pela qual, na hora das fotografias, ninguém aparecia sem óculos. A rigor, mesmo, ninguém no bando usava óculos de grau. Lampião, apesar de só ter um olho, dizia sempre: “Eu só tenho um olho, mas enxergo por dez” ...

VALENTE COMO FERA

ERA homem de uma resistência espantosa, capaz de andar um mês sem parar, alimentando-se mal e bebendo pouca água, o que lhe valeu a alcunha de “alpercata mais ligeira do sertão”. Era esquisitíssimo e vaidoso, gostando de usar muitos anéis (aliás, como todos nós), e seu equipamento era todo enfeitado de libras. Era mal-humorado, mas às vezes ria para nós e até contava casos engraçados. Tinha a noção do que era ser chefe, e tanto estava alegre como ficava furioso um segundo após. Quando estava zangado, era o diabo em figura de gente, pois era mau até onde a maldade pode ir. Era homem valente e posso afirmar que nunca vi outro igual. Não tinha medo de nada, nem de ninguém.

Na sua esquisitice, às vezes gostava de ser caridoso e proteger infelizes, sem contar que se julgava justiceiro. “O homem mais justo do mundo”. Essa parte de bondade, eu penso ser remanescente de sua antiga vida, quando ainda nem sonhava em ser cangaceiro. Ele mesmo se cansou de contar a sua vida, e quando o fazia não podia esconder o ódio de que ficava possuído. Pelo que ele contava, seus dados biográficos são os que passo a narrar.

O MÓVEL

NASCEU em Vila Bela ou Matinha de Água Branca, no estado de Pernambuco. Desde pouca idade era tropeiro, e carregava peles de cabra e criações, transportando-as de Matinha de Água Branca para Delmiro Gouveia, em Alagoas. Seu pai possuía umas terras e, quando ele tinha dezesseis anos de idade, soldados comandados pelo então sargento Lucena, mataram-no o pai. Havia uma briga em torno de terras e esse militar decidiu resolver o caso pelo caminho da força.

Ao saber da morte do pai, Virgulino enfureceu-se, pois gênio ruim a gente traz do berço. Os parentes, porém, aconselharam-no a dar parte às autoridades, e ele, julgando ser a medida mais certa, assim fez. Mas a volante retornou á fazenda e, tal qual da primeira vez que Lampião lá não estava, destruiu tudo e matou-lhe a mãe. Os soldados ainda dessa vez foram comandados pelo sargento Lucena.

Um homem do gênio de Lampião não podia conformar-se com o assassínio do pai e da mãe. Calculo o que não passou pela sua cabeça quando se consumou o segundo crime. Mas Lampião de uma coisa se convenceu: não era mais possível ficar naquelas terras, pois os soldados voltariam e então seria a sua vez de morrer. Esses pensamentos, juntamente com o ódio que passou a ter do mundo, foram os incentivos para que ingressasse no cangaço.

Quando comunicou o fato a família, encontrou quem o quisesse seguir: Ezequiel, Antônio Ferreira e Virgínio, este mais conhecido como “Esperança”. Ezequiel era o seu irmão mais novo, Antônio, o mais velho, e Virgínio, seu cunhado, casado com uma de suas irmãs. O cangaço começou com os três e aos poucos foi aumentando, até que se tornou o mais poderoso bando que já cruzou as caatingas nordestinas. Como veremos adiante, os dois irmãos morreram antes de Lampião, em combate, e, Virgínio foi dos últimos a ser trucidado pela volante. Quando Antônio morreu, eu ainda não era do bando, mas me contaram que Lampião não chorou, só deixou crescer o cavanhaque, por um ano, em sinal de protesto. Foi assim que eu o vi pela primeira vez. Já quando Ezequiel morreu, o choque que ele teve foi fortíssimo. Desse dia em diante Lampião ordenou que não se poupasse mais a vida de “macaco” algum. Se fosse soldado, tinha que morrer, e creio que, com raríssimas exceções, soldado que não fugiu, morreu mesmo... Pouco depois da morte de Ezequiel, o bando dizimou a tropa inteira de um tal tenente Alceno, sendo que este não morreu porque fugiu. Dizem que quando ele chegou à primeira cidade, estava abobalhado e dizia: “Acabaram com a minha força... Não deixaram um homem vivo...” Só restou mesmo ele para contar a história.

O CORONEL MORREU NA CAMA

A TÍTULO de curiosidade, vale a pena dizer que Lampião jamais conseguiu pegar o sargento Lucena. Nem quero pensar o que faria se conseguisse... Lucena morreu coronel e chegou a ser prefeito de Maceió. Sua morte, por incrível que pareça, foi numa cama macia... O castigo do céu parece não ter funcionado desta vez. E dizer que esse homem contribuiu com a sua maldade para que tanto crime fosse praticado! Sem o sargento Lucena, talvez não existisse Lampião, e sem este, eu ainda era capaz de estar em Goloso com minha roça e a família de seu Danilo. Não teria levado a vida que levei, sem contar a que vivo agora. Mas, apesar de tudo, por minha parte, já perdoei o coronel Lucena...

UM OU MIL

PELO que mais tarde pude deduzir, Lampião teve várias fases em sua vida. É possível que, de início, quando não era ainda cangaceiro, fosse um homem pacato e bom. Eu não o conheci nessa época, e os que o conheceram, como seus irmãos e o cunhado, não comentavam essa fato, que, aliás, para eles, não tinha muita importância, pois se modificação houve, atingiu-os também. O fato é que, dando crédito ao que se diz de Lampião, ele foi ficando pior com o correr do tempo, e à medida que aconteciam coisas em sua vida. Um fato, porém, posso garantir: já o encontrei mau e perverso como poucos. Era a maldade tranquila, sem alarde, aliada a uma audácia surpreendente. Gostava muito de dizer: “Se tem que matar, mata logo. Pra mim tanto faz matar um como mil. É a mesma coisa”.

De fato, ele era assim. Também não era muito de mandar matar, só o fazendo quando estava indisposto. Regra geral, ele mesmo eliminava a pessoa que devia morrer.

Era esquisitíssimo, como já disse. Nas sextas-feiras não falava com ninguém, nem mesmo com Maria Bonita. Ficava solitário, com o cano do fuzil voltado para o chão, afastado de tudo e de todos, meditando, ora balbuciando, ora olhando o céu... Ai de quem falasse com ele nessa hora... Não comia, nem bebia nesse dia da semana. Nunca pude saber a razão dessa solidão, mas tenho cá minhas desconfianças que devia teu um fundo religioso.

Sim, pois Lampião era muito religioso... Peço aos leitores que não se riam, mas Lampião, apesar de sua crueldade, estava sempre pensando na religião. Não admitia que se falasse mal dos padres, pois, para ele, os sacerdotes eram santos. Os frades capuchinhos que viviam pelo sertão tinham grande ascendência moral sobre ele, e eu, até hoje, tenho a impressão de que, se não o tivessem matado, ele se teria regenerado e apresentado às autoridades pela mão de um padre qualquer, pois os “cabras” que o acompanharam até o fim me contavam que dia a dia mais se afervorava o seu espírito religioso. Aliás, existe um ditado em minha terra que diz: “Quanto mais religioso, mais perigoso...”

MANIAS DE LAMPIÃO

FORA das sextas-feiras, porém, ele gostava de se dirigir aos seus comandados, e até pilheriava. Quando nos ouvia falar mal da vida (é claro que comedidamente), ele dizia: “Meus filhos, vocês estão num tempo mole. Um combate hoje, um amanhã... Antigamente é que era duro. Vocês calcular que em Serra Grandes, Serra do Nã e Serrote Pelado a coisa foi feia de lascar. Em Serra Grande, então, basta dizer que eram seiscentos soldados bem contados e só regressaram cinquenta... Mas hoje a coisa está mole...”

Nessas “fases boas”, o capitão Virgulino era até alegre. Gostava de cantar e tocava bem sanfona, aliás, tocava melhor do que cantava.

Lampião tinha também suas manias. Não gostava de mulher com cabelo curto e punia “o crime” com uma dúzia de bolos. Vestido curto também era punido com uma dúzia de bolos, sem contar que ainda era chamada de “sem-vergonha”. E ele fez escola com isso, pois um dos “cabras”, José Baiano, preferia marcar com um ferro em brasa que trazia as suas iniciais, as mulheres que estivessem na “infração”. Se era cabelo curto, José Baiano marcava o rosto da infeliz; se era vestido curto, a marca era feita na barriga da perna. Contarei adiante como José Baiano fazia as mulheres de gado e as marcava com o seu ferro em brasa, especialmente confeccionado para essas ocasiões. Aliás, Lampião achou tão eficiente o “sistema” de José Baiano , que acabou com os bolos e passou a entregar todos os casos ao JB.

CAÇA AO SABIÁ

ALÉM de religioso, Lampião tinha-se na conta de homem decente. Gostava de mostrar isso quando se tratava de mulheres violentadas. Ele podia admitir as crueldades de José Baiano, mas nunca admitiu que um “cabra” violasse uma mulher e continuasse vivo. O amor era livre, mas o amor correspondido, nunca o amor forçado, amor de violência...

Vou, aliás, encerrar este capítulo contando um fato desses, que se deu com o bando em Lagoa do Rancho, no interior da Bahia. O bando estava acampado nesse local, quando, após alguns dias, estourou um escândalo: o dono da fazenda onde estávamos queixou-se a Lampião de que um de seus “cabras” havia estuprado sua filha. Lampião, seguido pelo bando, foi ver a filha do fazendeiro, e o quadro a que assistimos era triste: a mocinha (pouco mais de treze anos), horrorizada, chorava e estava num estado lamentável. O autor do ato bárbaro fora Sabiá, um rapaz forte, com seus dezoito anos, mais ou menos, e novo no bando.

Praticado o atentado, Sabiá, provavelmente caindo em si, fugira para o mato a uns quinhentos metros da fazenda, quando muito. Lampião, depois de ver o estado em que ficou a filha do fazendeiro, falou secamente: “Volta-Seca e Gavião... Vão buscar Sabiá!”

Eu e Gavião saímos à procura de Sabiá, e fomos encontra-lo entrincheirado atrás de uma pedra grande. Não quis fugir para longe, e estava apavorado. Quando nos aproximamos, ele gritou: “Não avencem mais um passo que abro a cabeça dos dois a bala!” Olhei para Gavião e certifiquei-me de que faria mesmo o que prometera, mas felei-lhe: “Sabiá... O capitão quer lhe falar, e nos mandou buscar você”. A resposta não tardou: “pois eu não vou e vocês não se aproximem. Se o capitão quer falar comigo, que venha ele mesmo me buscar.”

Achei muita ousadia, mas não tentei captura-lo. Seria loucura, pois estando num ponto ideal para defender-se, matar-nos-ia facilmente. Olhei para Gavião e retornamos à fazenda. Lampião, quando nos viu sozinhos, perguntou intrigado: “Cadê ele? Fugiu? – Não, senhor, respondi. “Sabiá está entrincheirado ali embaixo, atrás de uma pedra”. – “Por que não trouxeram ele”? Retornou Lampião. – “Porque ele nos mata. Nós dissemos pra ele se entregar porque o capitão queria falar com ele. Mas ele disse que o senhor vá buscar ele, se quiser”.

Foi a conta! A testa de Lampião franziu-se, os lábios se comprimiram e, trilhando os dentes, falou: - “Cachorro, pois vou buscar essa cão...” E mandou que eu e Gavião o guiássemos até o local onde Sabiá se encontrava.

Sabiá estava ainda no mesmo lugar, como se nos esperasse. Quando já estávamos a uma boa distância, distância esta aconselhada pela prudência, eu e Gavião paramos, mas Lampião continuou andando no mesmo passo, sem se abalar e sem dar a menor importância a nós dois. Sabiá, ao vê-lo cada vez mais próximo, berrou: “Pare, capitão, que eu atiro... Pare! Pare!” Lampião só parou a uns cinco metros da pedra. Segurava o fuzil com as duas mãos, na posição de soldado que se prepara para uma carga de baioneta. Eu e Gavião, à distância, estávamos admirados com o que víamos e, por mim, digo que julguei ter chegado o fim de Lampião, pois Sabiá era um rapaz valente.

VOCÊ NÃO ATIRA EM NINGUÉM

- “Não avance nem mais um passo, capitão, que eu atiro! Ninguém vai me pegar!”, dizia Sabiá.

Lampião olhou-o por um momento e, de repente, falou: “Você não atira em ninguém, menino”. E avançou. Avançou resoluto, com Sabiá fazendo pontaria para ele. A todo instante eu esperava o estampido assassino do fuzil de Sabiá, mas o tiro não saiu. Frente a frente com Sabiá, Lampião gritou: “Atira, cachorro! Atira!” E Sabiá não atirou... Pelo contrário, arriou o fuzil. Foi seu fim, pois Lampião, rápido, deu a coronha de seu fuzil na cara do rapaz, que rolou pelo chão, ensanguentado.

Eu e Gavião aproximamo-nos depressa do local e Lampião mandou que o levássemos a fazenda. Desarmei Sabiá e, eu de um lado e Gavião do outro, levamo-lo de volta, enquanto Lampião ia a frente, a passos rápidos. Sabiá estava tonto, com a boca arrebentada e todos os dentes da frente quebrados. Sangrava muito e vinha amparado por mim e Gavião.

Na fazenda, todos se acercaram de nós. Eu sabia que a coisa ia ter um trágico, pois Lampião estava furioso. Foi feito um círculo de gente e, no meio dele, Sabiá, ladeado por mim e Gavião, com Lampião na frente, que olhava sem afastar por um segundo sequer os olhos de Sabiá. Olhava-o com ódio, sem dizer nada, e o silêncio era completo, pois ninguém ousava falar. Sabiá mal se aguentava em pé. Estava vencido. Vencido e convencido. Lampião, então, pôs-se a falar:

- Vais morrer porque não prestas, cão. É por causa dessas coisas que falam mal da gente por aí. Mas eu te dou um exemplo, pra todos saberem que o bando de Lampião tem vergonha.

FUZILADO

E, APONTANDO para dois empregados da fazenda, ordenou: “Vocês dois aí, cavem um buraco para enterrar esse cabra”. Os homens obedeceram e, de enxada em punho, puseram-se a abrir a cova. Sabiá não falava, e tenho até a impressão de que não compreendia o que se passava. Depois de alguns minutos, a cova pronta, isto é, dada como pronta por Lampião, apesar de não ter mais de dois palmos de profundidade, mandou ele, que os dois homens parassem e, apanhando uma “Berbere”, apontou para a cara de Sabiá, que nem moveu a cabeça. Quem estava atrás de Sabiá correu para se abrigar. Lampião fez a pontaria e gritou: “Vai-te pros infernos, cão!” E deu no gatilho! Sabiá caiu morto, mas Lampião continuou a atirar. Houve quem contasse quinze tiros... Aquela expressão: “Vai-te pros infernos!” era muito comum a Lampião, quando matava alguém naquelas condições. Saciada sua fúria assassina, Lampião ordenou aos dois empregados que abriram a cova: “Joga este peste aí! Cachorro se enterra de qualquer jeito!”

Mas a coisa não acabara ainda. Lampião virou-se para mim e Gavião e disse: - Vocês dois são os culpados, pois eu mandei vocês vigiarem Sabiá. Eu sabia que esse rapaz era malucão”. Enquanto falava, segurava ameaçadoramente sua “Berbere”, e eu senti que ele pretendia matar-nos. Mas eu não morreria como Sabiá, pus logo a mão no parabélum e respondi: - “Nós estávamos tomando conta dele, mas ele fugiu. Que é que podíamos fazer? O fazendeiro, pai da moça, talvez horrorizado com o que assistiu, veio em nossa defesa dizendo que, de fato, ninguém deu pela coisa, pois Sabiá agira premeditadamente... “Todo mundo foi enganado, seu capitão... disse o fazendeiro.

Parecia que já tinha passado o ódio de Lampião, pois ele deu as coisas e afastou-se. Eu respirei aliviado. Sabia muito bem o que significava a sua frase: “Tanto faz matar um como mil”. Ele não parece ter ficado zangado comigo, pois no dia seguinte já me dava ordens. Aliás, a morte de Sabiá foi dramática, mas não foi a única motivada por estupro. Outros “cabras” encontraram o mesmo fim, uns nas mãos de Lampião diretamente, e outros nem essa chance tiveram, pois Virgulino mandou que outros os exterminassem.

Próximo capítulo: A Justiça de Lampião.

CONTINUA...

Fonte: facebook
Página: Antônio Corrêa Sobrinho

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LAMPIÃO: A profecia de Antônio Conselheiro

Por Raul Meneleu Mascarenhas

Virgulino Ferreira, o maior bandoleiro nordestino, e porque não dizer, guerrilheiro e estrategista, onde até mesmo guerrilheiros da história brasileira moderna, digamos assim, incentivaram seus comandados a lerem sobre Lampião, como foi o caso do líder guerrilheiro Carlos Marighella, que lutou contra a ditadura implantada em 1964 no Brasil. (Marighella - O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo - Mário Magalhães - pág. 396)

Um dos livros indicados por Joaquim Câmara Ferreira, líder dirigente do Partido Comunista Brasileiro, ao famoso guerrilheiro Marighella, era o livro "As táticas de guerra dos cangaceiros" de Christina Matta Machado. 



Marighella admirava o homem que tinha lutado em seis estados nordestinos e que as táticas de colunas móveis, elaboradas por Lampião, tinha resistido por quase 20 anos."

"Temos que ser como Lampião", repetia o guerrilheiro.

Até mesmo a organização de esquerda Internacional Socialista, tentou por sobre Lampião a ótica da guerrilha. (A Era dos Extremos pág. 85 - Eric Hobsbawn)

Virgulino Ferreira, o Lampião, foi visto muito antes de nascer, pelos profetas que pregavam no sertão. Seu destino na história já estava traçado. Lampião foi visto em sonhos por Antônio Conselheiro, onde evocou uma profecia anunciando para depois de sua morte a vinda de um guerreiro que se caracterizaria pela sua extrema piedade, mas também pelo furor e sucesso, e que zombaria das forças governamentais.

Em seu livro "Lampião, senhor do sertão : vidas e mortes de um cangaceiro", Elise Grunspan-Jasmin registra na pág. 76 que o major Optato Gueiros, tinha contratado, na Bahia, um velho de mais de 60 anos, muito alto e forte ainda, que andou algum tempo com as Forças Volantes, na região de Canudos, o qual tinha sido um dos generais de Antônio Conselheiro, conhecido por Pedrão. Este usou a "mesma tática de Lampião contra as tropas atacantes, dai a demora da conquista do bastião do Conselheiro. [...]" 

O mesmo fanático de Canudos citou uma "profecia" de António Conselheiro, que julgava ele, referir-se a Lampião, a qual declarava que dentro de 50 anos, haveria de surgir nos sertões dos Estados do Nordeste, um homem que, apesar de ser religioso, seria cangaceiro e daria o que fazer a muitos governos.

Para o ex-jagunço de Antônio Conselheiro, Pedrão, não tinha dúvida de que essa profecia se referia a Lampião, porque "justamente ele encarnava a figura do cangaceiro piedoso, cristão, respeitando a tradição católica". 

E realmente Lampião em qualquer lugar que estivesse, no mato, tirava do bornal a imagem. improvisava um altar e passava a rezar e em algumas vezes, até o dia inteiro, no exercício piedoso de suas orações. Por isso concluiu o jagunço Pedrão: "... é que, o cangaceiro religioso de que falava o Conselheiro. só poderia ser Lampião".

E foi assim que nasceu Lampião, debaixo de numerosas profecias ligadas ao seu nascimento que anunciaram sua vida de maldades, bondades, de religiosidades e de seu estranho destino. Em versos de cordel citados nas feiras, o destino de Lampião era o de ser bandido e que até mesmo a parteira que "o pegou" tinha profetizado que ele seria lembrado por seus feitos, por gerações e gerações.


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