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terça-feira, 11 de agosto de 2015

FIM DO CANGAÇO: AS ENTREGAS

Autor Luiz Ruben F. de A. Bonfim

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Livros que falam sobre "Cangaço" a demanda é grande, e principalmente, os colecionadores que compram até de dezenas ou mais para suas estantes. 

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CANGAÇO - ECOS NA LITERATURA E CINEMA NORDESTINO

Autora Vera Figueiredo Rocha

Para adquirir este livro entre em contato com o professor Pereira lá de Cajazeiras, no Estado da Paraíba, através deste e-mail:
 
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ou o via telefone (83) 9911 - 8286. 

Valor: 40,00 Reais já com o frete incluso.

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ETA SERTÃO CANGACEIRO!

Por Antonio Corrêa Sobrinho

Se considerarmos o sem número de bandoleiros que este sertão produziu, nas últimas décadas do século XIX até os anos 40 do século passado, chegaremos forçosamente à conclusão de que alguma coisa muito injusta aconteceu neste torrão nordestino, para levar tantos seres humanos ao desatino de viver ao arrepio da lei; o que nos leva a ter que admitir que essas pessoas, realmente, tiveram lá as suas razões. 

E é por isso que eu vou por aqui: responsabilizar perante as regras estabelecidas, sim, porquanto, vivemos num estado de direito; mas tenho perseguido o princípio cristão de que não devemos julgar.

Veio-me isso à mente, agora, quando colhia, de um exemplar do jornal paulista, “O Estado de São Paulo”, de 04.02.1907, uma nota de prisão, de um cangaceiro chamado João Martins de Oliveira, alcunha “Barra Nova”, o qual, ao ser interrogado, teceu comentários sobre outros cangaceiros, a exemplo do seu chefe, um tal de Cocada, que o jornal o tomou como célebre cangaceiro.

É isso.

Chegou ao Recife, sendo apresentado ao doutor Santos Moreira, chefe de polícia, o temível cangaceiro João Martins de Oliveira, vulgo “Barra Nova”, que no dia 9 de janeiro se apresentou em Umbuzeiro ao coronel Pessoa, sendo preso.

"Barra Nova", tipo antipático, de altura regular, solteiro e contando 40 anos de idade, sendo interrogado, declarou que apenas quatro meses e 20 dias esteve em companhia do célebre cangaceiro Cocada, que o obrigou a fazer parte da sua quadrilha, à qual ficou pertencendo desde 9 de janeiro do ano passado a 29 de maio do mesmo ano.


"Barra Nova" disse ainda que não conhece Antônio Silvino, não tendo na quadrilha de "Cocada" nenhum assassinato.

Esse cangaceiro, continuou "Barra Nova", cometia as suas façanhas para a arrecadação de dinheiro em sua companhia e na de "Nevoeiro", nunca tendo, entretanto, usado do rifle, ou melhor, morto a pessoa alguma. 

Declarou ainda "Barra Nova", que se diz agricultor, ter entrado para a quadrilha de "Cocada" no lugar Pintada, na serra do Piraná, na Paraíba, e o deixado na serra de Godogongó, no mesmo Estado.

O aludido cangaceiro fez ainda outras declarações, tendo sido ontem mesmo recolhido à Casa de Detenção.

Fonte: facebook


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LANÇAMENTO DO LIVRO LAMPIÃO E AS VOLANTES PARAIBANAS


Todos convidados para o lançamento do livro '' Lampião e as Volantes Paraibanas '' local: Livraria do Luiz.

Fonte: facebook
Página:
João Bezerra

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AFLAM na praça



Enviado pelo poeta, escritor e pesquisador do cangaço José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo

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FAZENDA LAGOA DO LINO


A tragédia começou no dia 13 de Outubro de 1933. O grupo de Azulão invade a fazenda Morrinhos de Zezé Almeida. Pediram dinheiro, como não foram atendidos, balearam Zezé; quando o filho deste, tentou socorrê-lo, foi assassinado. Também sangraram a punhal o vaqueiro Mariano.

De lá foram para as bandas de Mairi, município de Monte- Alegre, cruzando o rio Jacuípe, foram até a fazenda Carrancuda, onde pediram dinheiro e joias, como não foram atendidos, espancaram seu proprietário e estupraram suas filhas.

De lá foram para a Lagoa do Lino, e lá, se alojaram em uma roça de batatas e ordenaram que no dia seguinte, um morador da fazenda fosse deixar água e comida.


No dia 14 de outubro de 1933, pela manhã, receberam a visita de duas volantes sobre o comando de Zé Rufino e o sargento Zé Fernandez. O resultado deste encontro, está aí... de bandeja!!!

Texto: Chagas Nascimento
Mossoró - Rio Grande do Norte

Fonte: facebook
Página: Geraldo Júnior

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Extraído do “O ESTADO DE S. PAULO”, edição de 11/01/1991

Por Antonio Corrêa Sobrinho

Extraí do “O ESTADO DE S. PAULO”, edição de 11/01/1991, esta crônica de Raquel de Queiroz, onde a notável escritora cearense, nas suas observações biográficas a respeito do famoso bandoleiro potiguar, Jesuíno Brilhante, faz comparações entre este e o cangaceiro propriamente dito, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. 


Na opinião do amigo, a análise da nossa grande escritora primou mais pela profundidade ou pela superficialidade na comparação feita dos pistoleiros? 

JÁ NÃO SE FAZEM MAIS BANDIDOS COMO ANTIGAMENTE
Por Raquel de Queiroz



Ando agora muito envolvida com pesquisa sobre o banditismo nordestino, na era de 60 e 70 do século passado. E a figura de outlaw que encheu essa década foi a de Jesuíno Alves de Melo, codinome Jesuíno Brilhante.

Foi ele o cangaceiro mais notório do século. Lampião só o excedeu em publicidade porque teve a lhe trombetear o nome e ajuda da mídia – imprensa, rádio, cinema. E Lampião era amoral, perverso, sem o sentimento de honra sertaneja, personificada por Jesuíno. Até mesmo Antônio Silvino, que completa o trio dos bandoleiros mais famosos do sertão, jamais se igualou ao Brilhante.

Se tivesse nascido nos EUA, há muito estaria no cinema, rivalizando com Billy The Kid. Tinha tudo para ser o caubói padrão de uma saga cinematográfica. Era bem nascido, pai fazendeiro, mãe Alencar, do Ceará. Branco, louro arruivado, bonito, musculoso e de Olhos Azuis! Satisfazendo o racismo latente do seu tempo, os biólogos só se referem à família dos Limões, adversaria dos Brilhante, como “os negros”, os “cabras”, os “pardos”. E os próprios Limões, filhos de escrava e pai forro, davam a um dos seus o apelido de “Negro Limão”. O nobre caubói, contudo, tinha os seus antecedentes criminais: seu tio José, o primeiro Brilhante, fora bandoleiro temido.

Assumindo o sobrenome digamos “histórico” do tio materno, Jesuíno dá mostra de que não se pejava das tropelias do parente, antes se considerava seu herdeiro e seguidor. Começou, aliás, sua carreira, com o chamado “motivo fútil”. O moleque José Limão (16 anos de idade) “respondeu mal” ao pai de Jesuíno, ao lhe fazer entrega de uma junta de boi que o velho Alves emprestara ao fazendeiro seu amo. Jesuíno castigou o atrevido com uma surra de relho. Os oito Limões tomaram vingança e surraram o caçula dos Alves; aí Jesuíno fez sua primeira morte, liquidando a faca o “cabra” Pedro Limão.

Os Limões se associaram à polícia e com isso perderam toda a simpatia da população. Principalmente porque as tropas de polícia se haviam tornado especialmente temidas e odiadas ao se empenharem na caça de recrutas para a guerra do Paraguai – os chamados “voluntários da corda”, pois que embarcavam amarrados. Um dos irmãos Brilhante foi apresado para a guerra (sob a chefia de um Limão, feito policial) e Jesuíno teve que o libertar, a mão armada. Como teve que libertar mais tarde o próprio pai, que fora preso na cadeia do Pombal, na Paraíba, em provocação ao filho. O velho jamais se envolvera nas guerras do Jesuíno. Mas o que lhe deu aureola de herói foi porque, durante a sua relativamente curta carreira, Jesuíno Brilhante jamais assaltou ou roubou. Apenas, durante a tremenda seca de 1877, que devastou o sertão por três anos, “requisitava” os comboios de gêneros mandados pelos governos aos seus prepostos (em cujas mãos grande parte dos socorros era desviada) e os distribuía às turbas de retirantes famintos que desciam pelas estradas. Era também o defensor das famílias: obrigava a casamento aos que se negavam a reparar a honra das donzelas, protegia senhoras sozinhas, viúvas, ou casadas com marido ausente.

De uma caverna inexpugnável na serra do Cajueiro, que fora o reduto do tio José Brilhante, Jesuíno fez a sua fortaleza. De lá saía para as correrias e batalhas campais com a tropa e os inimigos. E só morreu, numa emboscada policial, guiada pelo último dos limões (ele já mata os outros todos) porque estava fora da “Casa de pedra”, a gruta cavada entre os penedos.

Sua saga deu até romances, e deu intermináveis cantorias no folclore do Nordeste. Seu crânio, exumado por um estudioso, foi dado de presente ao alienista Juliano Moreira, no Rio, e inexplicavelmente se sumiu. Lá no sertão se acredita que foi o próprio Jesuíno que veio buscar a sua caveira.

As imagens ilustram a publicação.

Fonte: facebook


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SUPERSTIÇÕES DE LAMPIÃO E CANGACEIROS

Do acervo do pesquisador Raul Meneleu Mascarenhas

Para se proteger de qualquer malefício, o cangaceiro, "legítimo sertanejo", estruturava sua vida cercado de tabus e superstições. Nós nordestinos sabemos desde pequenos as palavras conjuntas "faz-mal" que é uma forma de tabu, uma proibição bastante estrita que é preciso respeitar sob pena de provocar problemas físicos, como por exemplo chupar manga e beber leite, mas também as palavras conjuntas "faz-mal" tinham o poder de "cutucar" as forças do mal.


A renúncia de fazer algo "tabu" e a obediência aos "faz mal" a certos hábitos, a certos gestos cotidianos tem por finalidade atrair para si as forças benéficas. Dentre os "faz mal" instituídos por Lampião no seio do seu grupo, encontramos diversas referências em livros que dizem:

Cangaceiros não comiam tapioca. 

- Não sentavam numa pedra que serviu para amolar facas.

- Só passavam por baixo de uma árvore no seu lado direito. 

- Não saltavam por cima de muro, não passavam pelas barreiras de frente e sim de lado, levantando primeiro a perna direita. 

- Deviam sempre passar por cima de um muro como se passassem por cima do corpo de seu inimigo. 

- Não passavam por cima das barreiras e dos muros, e quando eram obrigados a fazê-lo tiravam antes o chapéu.

- O cangaceiro nunca passava debaixo de uma rede nem debaixo da corda de um animal amarrado. 

- Os cangaceiros não trocavam de roupa, evitavam tomar banho (conta-se que as "orações fortes", orações mágicas que Lampião trazia consigo, perderam seu efeito no dia de sua morte porque ele estabelecera seu acampamento no leito seco de um riacho e porque chovia: "Oração forte não pega dentro d'água"). 

- Não bebiam água de bruços, nem no côncavo das mãos. Quando não tinham cabaça ou recipiente para beber água, era o chapéu que fazia as vezes de recipiente. 

- Quando bebiam água, sempre jogavam um pouco nas costas. 

- Limpavam cuidadosamente os anéis que roubavam e depois assopravam neles para atrair sorte e dinheiro. 

- Quando carregavam seus fuzis, tomavam o cuidado de só introduzir um número ímpar de balas (nove), e no momento dos combates contam os tiros para que haja sempre um número ímpar no fuzil.

- Quando eram atacados de surpresa, cortavam as cordas das redes e levavam consigo ao fugir. Deixar uma rede suspensa é prenúncio de morte. 

- Quando estavam reunidos numa casa, instalavam suas redes de maneira que ficassem na mesma direção que as vigas. 

- Não dormiam com os pés voltados para uma igreja. - Não utilizavam objetos que tinham relação com o mar, nem os confeccionados com chifres de animais. - Havia dias da semana durante os quais não tinham direito de combater e outros que não são propícios às longas caminhadas ou a uma mudança. 

- Nunca se barbeavam na sexta-feira, a segunda-feira é consagrada às almas e a terça-feira era fonte de perigo. 

- Quando deixavam o seu acampamento, os cangaceiros nunca se esqueciam de depositar uma pequena quantidade de sal no solo para evitar perseguições. 

- Os tabus ligados ao sexo feminino, fonte de perigo, eram extremamente estritos. Não montavam em égua prenhe. Antes de subirem na sela, verificavam se esta não escondia roupas de mulheres. 
- Achavam, com efeito, que uma camisa, uma calça ou uma combinação de mulher, introduzidas sob a sela, as deixariam expostas a uma morte certa e imediata.

- Às vésperas de uma mudança evitam relações sexuais. 
- Depois de manter uma relação sexual não devem viajar durante três dias. 

Bem antes da entrada das mulheres no cangaço, o próprio Lampião impunha aos seus companheiros todo um ritual cheio de proibições sexuais. Assim, era perigoso ter relações sexuais nas sextas-feiras, "dia da morte de Jesus", e na véspera de combates quem tivesse cometido o "pecado da carne" devia imergir nas águas purificadoras do São Francisco, depois das dez horas da noite, com a cabeça protegida por um chapéu de palha. A introdução das mulheres no grupo foi considerada por muitos cangaceiros como a origem da fragilização de Lampião e que deveria levá-lo inexoravelmente à morte. 

Os cangaceiros estruturam suas vidas em torno de rituais mágico-religiosos específicos, mas se protegiam igualmente com inúmeros amuletos, como as figas, os patuás e, principalmente, as "orações fortes", orações faladas ou escritas em pedaços de papel que se colocam em saquinhos. As orações fortes mais antigas são a Oração Preciosa, a Oração Poderosa e a Oração Reservada, que permitem, graças aos segredos que encerram, vencer a adversidade e defender-se contra as forças do mal. Mas existem várias outras: a Oração do Rio Jordão, a Oração de Santa Catarina, a Oração de São Jorge, a Oração do Anjo Custódio ou Oração das Doze Palavras Ditas e Retornadas, o Creio-em-Cruz, a Força-do-Credo, o Credo às Avessas, o Rosário de Santa Rita, a Oração da Cabra Preta, a Oração da Pedra Cristalina, a Oração das Estrelas, a Oração do Sonho de Santa Helena etc. 

Essas orações só deviam ser pronunciadas em momentos de grande desespero ou perigos. Elas então conferiam proteção ao corpo e à alma dos que as formulavam. Em sua obra Crendices do Nordeste, Gonçalves Fernandes transcreveu as orações fortes que vaqueiros do sertão lhe transmitiram. Dentre elas contam-se: a Oração de Santa Catarina, que permitia à pessoa defender-se de seus inimigos; a Oração de São Jorge, que facultava fortificar-se, proteger-se, sem, contudo, "fechar o corpo" de uma pessoa que previamente não tivesse "sido trancado". 

A maioria dessas orações devia ser dita segundo um ritual específico; algumas deviam ser pronunciadas com os olhos fechados, outras não podiam ser interrompidas, pois a interrupção lhes subtrairia toda a força. Duas orações muito apreciadas no sertão são o Credo e o Salve Rainha, que nunca podem ser recitadas de forma fragmentada. É uma obrigação recomeçá-las em caso de erro de pronúncia. Porém existe uma exceção. Às vezes, com efeito, a pessoa se detém em certos trechos de frases ou em certas palavras quando essas orações são pronunciadas no contexto de uma consulta mágica ou quando constituem uma defesa mágica, como é o caso de "nos mostrai" no Salve Rainha ou de "jaz morto, sepultado" no Credo.

Algumas orações, como a da Cabra Preta ou a do Credo às Avessas, deviam ser recitadas sem interrupção e sem se enganar, com o pé direito sobre o pé esquerdo. Os mestres do Catimbó explicam que nessa posição, com os braços estendidos na horizontal, o homem dá a imagem de um pássaro, uma impressão de voo, de elevação. Apoiando-se somente a uma perna, ele se torna mais leve e dá mais força à sua prece. Essas orações são um tipo de pacto. 

A Oração das Estrelas, por exemplo, só terá poder se for recitada deitado, com o olhar dirigido para as estrelas, longe de testemunhas que possam interromper o laço invisível que se estabelece entre o indivíduo e as forças sobrenaturais. 

O Creio-em-Cruz pronuncia-se benzendo-se continuamente. É uma fórmula mágica contra os fantasmas para se obter proteção e apoio. A Força-do-Credo é uma oração para os momentos de desespero. Ela abala até os anjos do Paraíso. O Credo às Avessas é uma oração perigosa, recurso supremo nas situações trágicas. Tanto mais eficaz quanto mais raramente utilizada. 

Dentre essas orações defensivas e protetoras que são as "orações fortes", destacam-se fórmulas de encantamento escritas em papel ou em pergaminho, geralmente reservadas para uma única pessoa, que se encarrega de trazê-las sempre consigo, sob a pena de ver escapar o seu poder. Escondidas debaixo da roupa, elas permitem repelir as agressões dos inimigos e protegem contra efeitos diabólicos pela simples ação "catalítica" de sua presença, segundo Luís da Câmara Cascudo". Recomenda-se evitar a exposição dessas fórmulas a olhos estranhos; elas perdem o seu poder pela mera força do olhar de outrem. 

Essas "orações fortes" pertencem à categoria das orações ocultas. São orações escritas que não se pronunciam. Na verdade, somente o ato de escrevê-las é que lhes confere o poder sobrenatural de "fechar o corpo". As "orações fortes" deviam ser copiadas pelo próprio cangaceiro ou por um dos seus próximos. Algumas das que Lampião trazia consigo tinham sido previamente oferecidas ao seu irmão Livino, como a Oração do Salvador do Mundo e a Oração das Treze Palavras Ditas e Retornadas. 

Na Oração de Santo Agostinho o nome de Livino figura cinco vezes, assim como o de Sebastião Lopes Bezerra, que provavelmente a oferecera a Livino. A Oração da Beata Catarina teria sido oferecida por Livino a Lampião. Parece que com a morte de seu irmão, em 1926, Lampião teria conservado suas "orações fortes", levando-as consigo até o fim. 

Luís da Câmara Cascudo faz referência à Oração do Rio Jordão e à Oração de Fiança dos ex-cangaceiros. Alguns dizem que, se Rio Preto e Antônio Silvino foram capturados e se Jesuíno Brilhante e Lampião morreram, foi porque perderam o saquinho que continha essas orações infalíveis que, desde a primeira década do século XIX, os cangaceiros e os bandidos do sertão, assim como os cantadores do Nordeste, levavam consigo, era, segundo o autor, um talismã. 

Quando morreu, Lampião trazia ao redor do pescoço sete "orações fortes" encerradas em saquinhos: a Oração do Salvador do Mundo, a Oração das Treze Palavras Ditas e Retornadas, a Oração de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Oração da Virgem das Virgens Prodigiosas, a Oração da Beata Catarina, a Oração de Santo Agostinho e a Oração da Pedra Cristalina. 

Sob seu pé direito, que tinha sido ferido, Lampião usava uma palmilha "pé-de-anjo" que permitia anular magicamente os efeitos negativos de sua ferida, considerada talvez uma "abertura" de seu corpo. A esse respeito o sertanejo Chiquinho Rodrigues, proprietário de uma loja em Serra Talhada, entrevistado em 1981, afirmou que o corpo de Lampião se abriu em Angico porque ele não teve tempo de se calçar. Lampião, que era crente, trazia no pescoço o crucifixo que roubara da baronesa de Água Branca em 1922. O cangaceiro que traz amuletos consigo estaria imunizado contra males exteriores. 

No entanto, aquele que não está de acordo com as boas disposições mágicas, que está em estado de impureza porque não observou os tabus estabelecidos por Lampião ou, mais amplamente, pela tradição, poderia ter o corpo "ruim", "aberto", apesar da presença dos amuletos. Além das "orações fortes" ou outras proteções mágicas que o cangaceiro trouxesse consigo, outras deveriam penetrar o corpo, como é o caso das hóstias consagradas. Os cangaceiros pagavam as mulheres que frequentavam as igrejas para que roubassem hóstias consagradas e lhes entregassem. Conta-se que as "bruxas", durante cerimônias mágicas, tinham o poder de tornar os cangaceiros imortais e de imunizá-los contra as facadas ou as balas de fuzil quando benzem um caixão. 

Encerrada a cerimônia, ela fazia rasgar a peça de pano por uma coruja, por cima da cabeça do cangaceiro. Diz-se que o célebre cangaceiro Pinto Madeira tinha uma hóstia consagrada na parte esquerda do tronco e que só se conseguiu matá-lo quando ela foi retirada. Contam que o cangaceiro Balão também tinha uma hóstia consagrada debaixo da pele. Quando ele estava morrendo, sua família teve de retirar a hóstia do corpo para que ele pudesse se "livrar", pois caso contrário ficaria agonizando sem morrer nunca — foi, pelo menos, o que teriam afirmado os membros da família de Balão.

Segundo Aglae Lima de Oliveira, Lampião colocou uma hóstia consagrada impregnada de seu sangue em um dos saquinhos que continham "orações fortes", mas não a teria introduzido em seu corpo". Na entrevista que concedeu ao jornal O Ceará em 23 de março de 1926, Lampião declarou que nenhuma força policial lhe "abriria o corpo": "Tenho conseguido escapar à perseguição que me movem os governos, brigando como louco e correndo como veado quando vejo que não posso resistir disto sou muito vigilante e confio sempre desconfiado de modo que, dificilmente me pegarão de corpo aberto". 

O "corpo fechado" é o resultado de um processo mágico de imunização total do corpo contra toda forma de agressão: o corpo torna-se impenetrável às facadas ou às balas, como uma couraça, escapa ao perigo das águas estagnadas ou em movimento, ao fogo e também às maldições e aos malefícios. A crença no corpo fechado permeia toda a cultura do sertão. 

O fechamento do corpo era, antigamente, uma das razões principais do recurso à magia em todo o Nordeste do Brasil e em particular no Catimbó. Ele só pode ser feito por um feiticeiro, quer se trate do mestre no Catimbó do litoral do Nordeste ou do curandeiro, ou bruxo, do sertão. O curandeiro ou bruxo pode, ao mesmo tempo, curar os males, fechar o corpo, praticar a magia negra, elaborar ataques mágicos contra um indivíduo, tornando-o surdo, mudo ou cego graças ao preparo à base de ervas ou de plantas, transferir o mal para objetos... Todo esse processo mágico funciona segundo um esquema de malefício à distância. 

Superstições são, por definição, não fundamentadas em verificação de qualquer espécie. Elas podem estar baseadas em tradições populares, normalmente relacionadas com o pensamento mágico. Os cangaceiros assim como parte da população do sertão nordestino à época, supersticiosos acreditavam que certas ações (voluntárias ou não) tais como rezas, curas, conjuros, feitiços, maldições ou outros rituais, poderiam influenciar de maneira transcendental as suas vidas. Até hoje, encontramos pessoas assim.


MATERIAL DA PESQUISA: Forte repetição ipsis litteris do livro Lampião, senhor do sertão : vidas e mortes de um cangaceiro  Por Elise Grunspan-Jasmin e diversos outros livros de autores da literatura do cangaço.

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LIVROS DO GERALDO MAIA DO NASCIMENTO


ATENÇÃO: Novo livro do cangaço publicado: 

AMANTES GUERREIRAS: A Presença da Mulher no Cangaço, de Geraldo Maia do Nascimento, Natal-RN: Editora do Sebo Vermelho, 2015, 132 páginas. O pesquisador do cangaço, Geraldo Maia do Nascimento, também conhecido por GMaia, nascido em Natal e radicado em Mossoró, relança o Livro: AMANTES GUERREIRAS:..., agora em 2ª Edição, com o conteúdo ampliado, ou seja, com 132 páginas. O Autor faz uma compilação de quase 100 nomes de cangaceiras. O livro pode ser adquirido com o Professor Francisco Pereira Lima, em Cajazeiras-PB ou no Sebo Vermelho, em Natal-RN. - Carlos Alberto

No dia 17 de Agosto o professor Pereira estará  com esse excelente livro à disposição dos amigos, ao preço de R$ 35,00 
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MOSSORÓ NA TRILHA DA HISTÓRIA

ANOTAÇÕES


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Cariri Cangaço Piranhas 2015 Balanço geral do evento.

Por Rostand Medeiros

Até recentemente talvez muitos não imaginassem que um tema como o fenômeno de banditismo do Cangaço, sempre tão controverso, tão espinhoso, que produz tantas discussões apaixonadas, que mexe com tantas emoções (muitas delas terrivelmente dolorosas), conseguisse reunir pessoas em um evento onde ocorressem interessantes debates e instrutivas visitas aos locais onde aconteceram os fatos.

Mas este evento existe, já acontece há seis anos e é um grande sucesso. Estou comentando sobre o Cariri Cangaço, que recentemente encerrou mais uma edição em Piranhas, Alagoas. E eu estive lá!

Noite de Abertura do Cariri Cangaço Piranhas 2015. Aqui apoiando a homenagem criada pelo amigo Ivanildo Silveira (vestido a caráter) na entrega de Placas de Honra ao Mérito pelos relevantes serviços prestados a cultura nordestina a várias personalidades do universo da pesquisa e estudo do cangaço. Receberam a honraria: Manoel Severo (na foto, de paletó), curador do Cariri Cangaço; os pesquisadores; de Barro (CE), Sousa Neto; de Paulo Afonso (BA), Luiz Ruben; de Cajazeiras (PB), Professor Francisco Pereira e de Nazaré do Pico (PE), Netinho Flor.

O Cariri Cangaço teve sua primeira edição realizada em 2009, no Ceará, sendo uma ação do Instituto Cariri do Brasil. A frente desta luta pela nossa história está Manoel Severo, que com sua força, energia e seus sonhos, consegue com sucesso realizar este evento em várias cidades nordestinas.

Mesmo sendo o Cangaço um fenômeno que existiu exclusivamente no Nordeste do país, durante os dias 25 e 28 de julho eu tive a grata oportunidade de me reunir com pessoas vindas de 16 estados do Brasil. Eram pesquisadores, escritores, professores, estudantes universitários, artistas, documentaristas, cineastas e curiosos.

Junto com os amigos Ivanildo Silveira (RN) e Kiko Monteiro (SE)

Durante os quatro dias do evento aconteceram palestras com os temas “Piranhas e suas histórias”, “Um Estudo Multidisciplinar sobre o Cangaceirismo”, “Uma Viagem Fotográfica pelo Cangaço”, “A Vingança de Corisco no Palco dos Inocentes”, “Arqueologia do Cangaço”, entre outros.

A maioria das palestras ocorreu em Piranhas, principalmente no moderno Centro Cultural Miguel Arcanjo. No local também ocorreram apresentações do Grupo Musical Armorial e do Teatro do Cordel da Rabeca, este último com o espetáculo “O Amor de Filipe e Maria e a Peleja de Zerramo e Lampião”.

Com Sousa Neto (CE) e Kiko Monteiro (SE)

Em relação à bela cidade alagoana de Piranhas, conhecida como “Lapinha do Sertão”, é indiscutível que ela recebeu a todos de braços abertos e com extrema atenção. Uma parte da organização esteve sob a competente batuta do empresário Celso Rodrigues e de Patrícia Brasil, sua distinta esposa e secretária de cultura e turismo do município de Piranhas. Além deles inúmeras pessoas da região trabalharam arduamente para que os debates e as apresentações sobre a história dos cangaceiros e de suas vítimas fossem democratizados de maneira ímpar.

Com o Dr. Lamartine (BA) e sua esposa

Já sobre as visitas é inegável que todas foram extremamente interessantes. Mas, pessoalmente, adorei a visita realizada no local do Combate de Maranduba. E a razão foi está ao lado do Dr. Lamartine de Andrade Lima.

Aí vou ter que fazer uma paradinha para comentar que este tranquilo alagoano de nascimento, que mora em Salvador a muitos anos, possui entre seus títulos e realizações o fato de ser um orgulhoso Oficial Superior Médico da Marinha do Brasil, ter realizado o Curso Superior da Escola de Guerra Naval, ser detentor da Medalha do Mérito Almirante Tamandaré, da Medalha Militar de Prata, da Medalha de Ouro do Memorial da Medicina Brasileira, ser Professor Honorário da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, Professor-Assistente de Medicina Legal da Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública, Assistente Voluntário de Medicina Legal da Universidade Federal da Bahia, Perito Médico-Legal do Instituto “Nina Rodrigues”, além de ser um dos mais respeitados estudiosos do cangaço no Brasil. Ligado intelectualmente ao mestre Estácio Luiz Valente de Lima – criador do Museu do Cangaço e cientista que escreveu o “Mundo estranho dos Cangaceiros” – livro clássico sobre o tema, o Dr. Lamartine também realizou criteriosos estudos sobre o assunto, baseados em persistente pesquisa e na convivência que teve com inúmeros cangaceiros, presos em Salvador, e acompanhados pelo Dr. Estácio.

Dr. Lamartine reconhecendo as velhas munições

Apesar de todo o seu vasto currículo e de toda sua sabedoria, pessoalmente a mais importante situação que percebo no contato com o Dr. Lamartine é a sua extrema simplicidade e sua inegável vontade de dividir o conhecimento.

Após a realização da visita ao local onde existe uma cruz que marca o ponto principal do Combate de Maranduba, eu e o amigo Kiko Monteiro seguimos para a Capela de Santa Luzia, padroeira da comunidade, com a intenção de esperar o amigo Ivanildo Silveira e seguirmos viagem. Mas ali encontramos o Dr. Lamartine em animada palestra com dois agricultores da região. Debatiam sobre um local denominado “Fogo dos Homens”, onde presumivelmente ocorreu um desdobramento do Combate de Maranduba.


O tempo estava chuvoso, do jeito que os agricultores nordestinos gostam, mas isso não impediu que o Dr. Lamartine convidasse os agricultores, o amigo Kiko e eu, para visitarmos o dito local que ficava a cerca de dois quilômetros de distância. Seguimos no seu carro e logo desabou o maior toró, mas mesmo assim o Mestre nem se importou.

Esperamos um tempo a chuva aplacar, enquanto o Dr. Lamartine dava uma verdadeira aula sobre os caminhos naturais das chuvas no sertão, analisando empiricamente a direção das gotas, a velocidade do vento e outras condicionantes.



Pouco tempo depois a chuva diminuiu e podemos chegar ao local do “Fogo dos Homens”. E aí eu tive a grata oportunidade de ter uma aula com alguém que sabe ensinar e sabe o que está falando!

O Dr. Lamartine seguiu pelo campo protegido por uma sombrinha e escutava com paciência e interesse os relatos dos agricultores. Eles informaram que ao longo dos anos, quando aravam a terra neste local, sempre encontravam cápsulas deflagradas. Ele questionou os locais onde mais eles encontravam estes restos de munições de fuzis, os pontos onde existiram árvores mais antigas e resistentes que serviram para a defesa dos cangaceiros, ou policiais. Seguia visitando os marcos indicados por aqueles homens simples, sempre ouvindo mais que perguntando.

Junto ao Mestre Lamartine e seus informantes. Uma grande aula!

Ao final, na parte mais elevada do local, a partir das informações recebidas daqueles simples nordestinos, o Dr. Lamartine fez uma memorização muito acurada do que foi publicado sobre o Combate de Maranduba, realizou sucinta análise do uso militar do terreno em que nós encontrávamos, dos pontos existentes para uma defesa satisfatória, dos possíveis pontos de disparos, dos locais favoráveis a emboscadas, rotas de fuga e etc.

Foto Kiko Monteiro

Em mais de uma hora naquele local eu tive uma intensa e profunda aula sobre táticas de combate e a arte da guerra como jamais tive em toda minha vida.

Aprendendo mais com dois Mestres – Antônio Amaury Corrêa de Araújo ( de SP, sentado á minha direita) e o Dr. Lamartine (a minha esquerda) 

Como diz meu amigo Sousa Neto, “Uma coisa é ler sobre um combate, a outra é está no local onde tudo ocorreu e assim conseguir um melhor entendimento dos fatos”. E eu complemento – E muito melhor é está em um local desses ao lado de um Mestre como o Dr. Lamartine de Andrade Lima.


Voltando a Semana Cariri Cangaço 2015. Este evento também contou com a participação do estado de Sergipe, através da inauguração do Memorial Alcino Alves Costa, no município de Poço Redondo. O sergipano Alcino Costa (já falecido) foi um escritor, pesquisador e memorialista que conviveu com inúmeros cangaceiros e vítimas deste fenômeno, a quem tive o privilégio e a honra de conhecer em 2010.


Não podemos olvidar que este encontro foi realizado em parceria com a SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, do Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará e o Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço.

Com o amigo Raul Meneleu Mascarenhas (SE)

Paralelo a Semana Cariri Cangaço 2015 ocorreu mais uma edição da Missa do Cangaço, na Grota do Angico, local da morte de Lampião e Maria Bonita em 1938. A Grota do Angico fica localizada na divisa dos municípios de Poço Redondo e Canindé do São Francisco, já a missa tem o objetivo de homenagear o aniversário de morte de Lampião, Maria Bonita e nove outros membros do seu bando, bem como também de preservar e manter viva a história do Cangaço. 

Junto com Vera Ferreira (SE), neta de Lampião e Maria Bonita

Este evento foi promovido pela jornalista Vera Ferreira, neta deste famoso casal de cangaceiros. Pessoalmente foi um momento muito positivo me reencontrar com Vera Ferreira, a quem não via já fazia um bom tempo e a quem tanto eu admiro!

Como está descrito no blog do Cariri Cangaço ( http://cariricangaco.blogspot.com.br/ ) – “A cada edição o numero de expectadores e convidados especiais só aumenta, em cada sede, em cada cidade, mais do que um evento, mais que uma reunião de escritores e pesquisadores, mais que um responsável conjunto de palestras, painéis debate histórico, mais do qualquer coisa, traduzimos nosso Cariri Cangaço como um espetacular encontro de amigos”.

Pescado no Site do autor

http://lampiaoaceso.blogspot.com
http://blogdomendesemendes.blogspot.com