Por Rangel Alves
da Costa*
A mente humana
continua às sombras da exta compreensão das ciências. Os estudos desenvolvidos
apenas se aproximam de seus labirintos, apenas sondam suas feições, apenas
adentram em seus labirintos, mas não conseguem conhecer nem explicar as raízes
de suas manifestações.
O próprio
indivíduo, que se diz dono de sua consciência, não conhece nem consegue domar a
plenitude de sua mente. Acha que agindo racionalmente estará conformando a
mente com sua força de ação, porém os resultados nem sempre são os desejados.
Por que assim acontece? Talvez a mente se situe numa esfera exterior ao próprio
homem, ainda que no seu organismo.
A verdade é
que a mente humana continua um enigma não desvendado pela ciência. As ciências
que cuidam da mente, como a Psicologia, a Neurofisiologia e até a Filosofia,
ainda não chegaram a nenhum consenso acerca do que seja mente. Impõe-se como
elemento tão subjetivo que, para uma compreensão aproximada, se vale até mesmo
das explicações mais intrincadas.
É consenso
entre muitos estudiosos que ciências, por mais que desenvolvam estudos
específicos acerca da mente, dificilmente chegarão a compreender a força mental
enquanto emanação própria em cada indivíduo. Seria preciso saber, por exemplo,
se a impulsividade humana possui mais poder de ação que a própria mente, se a
intencionalidade humana foge dos limites da mente para agir pela simples emoção
ou compulsividade.
Haveria de se
dizer que há uma razão ou motivação em cada ação humana, e que tal comando vem
da mente. Mas quando a ação do homem não parece condizente com correta atitude
mental? Neste caso, a mente não deve ser vista como o local onde está
armazenada a consciência ou onde se produz o pensamento, o conhecimento e a
distinção dos elementos, mas tão somente como um distúrbio. Então surgiria
outro problema para saber por que o estado mental se desvirtua para se
transformar numa perigosa arma.
Contudo,
muitos outros problemas ainda permanecem sem explicações. Da mente surgem
ideias, emoções, sentimentos, intencionalidades, e tais aspectos, por possuírem
características de invisibilidade, carecem de exatidão em meio às ciências.
Como explicar as ideias e suas repentinas transformações? O cérebro do homem
deste se aparta para agir sozinho? O cientista, perante um cérebro se lança na
análise das células nervosas, mas não das ideias contidas na mente. Não se mede
emoções e não se quantifica desejos. Assim afirmam os pesquisadores.
O problema
está na observação dos fenômenos mentais. Não parece uma tarefa fácil mensurar
a disposição ou indisposição de um indivíduo. E assim porque o que o sujeito
sente, experimenta mentalmente, somente ele para conhecer a sua extensão. Mas
ainda assim não há conhece com exatidão. Assim porque o funcionamento da mente
é inacessível. Como afirmado, ela parece agir por um comando próprio que impede
o sujeito de conduzi-la racionalmente.
Algumas
perguntas devem ser feitas sobre a mente humana, e ainda assim com respostas
limitadas. O que leva a uma mente que num instante está envolta em romantismo e
no momento seguinte já estará impulsionando a prática de um mal? Como a mente
desperta, ou se revela na sua normalidade, após um grave desvio de conduta?
Como se comporta a mente daquele que não consegue domar seus instintos ou
deseja mudar suas atitudes e não pode?
Como estaria
funcionando a mente do personagem de Kafka em a Metamorfose? O bicho
nauseabundo de Kafka continuou com a mente humana, com as sensações humanas,
com a mesma identidade pessoal, ao menos interiormente. Mas era outro. Um ser
querendo se transformar e outro ser se impondo.
Tudo difícil
demais de ser explicado. Talvez seja porque a mente se nega a ser conhecida. E
ela deve possuir suas razões.
Poeta e
cronista
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