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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Que fim levou? -

Os óculos de Lampião


Por: Betina Moura

Cangaceiro os usava para esconder a cegueira em um dos olhos

          Nos primeiros dias de agosto de 1925, o bando de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião (1898-1938), fazia uma de suas muitas incursões pelo sertão pernambucano. Os cangaceiros foram surpreendidos por agentes do governo e começou um tiroteio. Um dos membros, Livino, o irmão mais novo de Lampião, foi atingido. O líder reagiu. No confronto, um soldado atirou em um cacto e a bala da escopeta fez com que um espinho fosse parar no olho direito de Lampião.

          Livino acabou morrendo. Lampião, levado à cidade de Triunfo, perto do campo de batalha, foi atendido por um médico que retirou o espinho, mas não conseguiu salvar o olho do cangaceiro.

Resultado:

          Ele ficou cego de um olho. “O bom humor o impedia de esconder o problema, e ele brincava dizendo que não adiantava nada ter dois olhos, "pois é preciso fechar um deles para atirar”. O pesquisador Antonio Amaury Correa de Araújo, autor de dez livros sobre a história do cangaço.

 
Antonio Amaury

         O incidente transformou o cangaceiro em canhoto, ao menos na hora de atirar, mas não atrapalhou sua fama de justiceiro. E o levou a usar óculos até o fim da vida. “Os óculos, que aparecem em quase todas as fotos, escondiam a deficiência de quem não a conhecia e protegiam os olhos do sol escaldante do sertão”, diz Antonio. Há notícia de pelo menos três óculos diferentes – sobre um deles há a história, nunca confirmada, de que os aros eram de ouro.

            Dois dos óculos de Lampião, simples, redondos, de aro comum, foram deixados por ele nas casas de pessoas que o abrigaram durante o chamado “ciclo de Pernambuco”, antes de os cangaceiros cruzarem o rio São Francisco em direção à Bahia, em agosto de 1928. Há cerca de oito anos foram doados por essas pessoas à Casa de Cultura de Serra Talhada, em Pernambuco, onde se encontram até hoje.

             Sobre os óculos que usava quando morreu, tudo indica que foram entregues para a polícia de Alagoas, que expôs as cabeças dos cangaceiros mortos após dizimar o grupo de Lampião numa emboscada na gruta do Angico, em Poço Redondo, Sergipe.

1 – Lampião, 2 – Quinta Feira, 3 – Maria Bonita, 4 – Luiz Pedro, 5 – Mergulhão,  6 – Alecrim, 7 - Enedina, 8 – Moeda, 9 – Elétrico, 10 – Colchete (2), 11 - Marcelo, segundo Alcindo Alves da Costa, escritor e pesquisador do cangaço.

              No ataque-supresa, 11 cangaceiros foram mortos – entre eles, Lampião e sua mulher, Maria Bonita. A própria polícia promoveu a rapinagem do tesouro do bando. Ficaram com eles jóias, dinheiro, perfumes e tudo o mais que tivesse valor – inclusive os óculos.


Blog. Aventuras na História


Maísa puxa peruca de Sílvio Santos e vídeo cai na net

 
Maísa

           A menina Maisa, apresentadora do programa Sábado Animado, do SBT, puxou a peruca do apresentador Silvio Santos no quadro Pergunte a Maisa, exibido aos domingos no canal. O vídeo caiu na rede nesta segunda-feira e ficou no topo do Top 5, do programa CQC, da Band.

Postado por Mary


Sílvio Santos

          No quadro, enquanto Silvio Santos conversava com um grupo de crianças, Maisa foi atrás dele e fez "chifrinhos" em sua cabeça com os dedos. Depois disso, puxou a peruca e se surpreendeu, começando a gritar: "é peruca" para a plateia.

           Sorridente, Silvio Santos levantou e saiu de perto de Maisa e das crianças, que deixaram o programa em seguida.


O Velho, o Menino e a Mulinha

Texto de:  Monteiro Lobato


Bom para professores e alunos
 

 
         O velho chamou o filho e disse:
         - Vá ao pasto, pegue a bestinha ruana e apronte-se para irmos à cidade, que quero vendê-la.
         O menino foi e trouxe a mula. Passou-lhe a raspadeira, escovou-a e partiram os dois a pé, puxando-a pelo cabresto. Queriam que ela chegasse descansada para melhor impressionar os compradores.
         De repente,
         - Essa é boa! - exclamou um viajante ao avistá-los. O animal vazio e o pobre velho a pé! Que despropósito! Será promessa, penitência ou caduquice?...
           E lá se foi, a rir.
         O velho achou que o viajante tinha razão e ordenou ao menino:
         - Puxa a mula, meu filho. Eu vou montado e assim tapo a boca do mundo
        Tapar a boca do mundo, que bobagem! O velho compreendeu isso logo adiante, ao passar por um bando de lavadeiras ocupadas em bater roupa num córrego.
         - Que graça! - exclamaram elas. O marmanjão montado com todo o sossego e o pobre menino a pé...Há cada pai malvado por esse mundo de Cristo...Credo!...
         O velho  danou e, sem dizer palavras, fez sinal ao filho para que subisse à garupa.
          - Quero só ver o que dizem agora...
         Viu logo. O Izé Biriba, estafeta do correio, cruzou com eles e exclamou:
          - Que idiotas! Querem vender o animal e montam os dois de uma vez... Assim, meu velho, o que chega à cidade não é mais a mulinha; é a sombra da mulinha...
          - Ele tem razão, meu filho, precisamos não judiar do animal. Eu apeio e você, que é levezinho, vai montado.
          Assim fizeram, e caminharam em paz um quilômetro, até o encontro dum sujeito que tirou o chapéu e saudou o pequeno respeitosamente:
          - Bom dia, príncipe!
          - Por que príncipe? - indagou o menino.
          - É boa! Porque só príncipes andam assim de lacaio à rédea...
          - Lacaio, eu? - esbravejou o velho. Que desaforo! Desce, desce, meu filho e carreguemos o burro às costas. Talvez isso contente o mundo...
          Nem assim. Um grupo de rapazes, vendo a estranha cavalgada, acudiu em tumulto, com vaias:
          Hu! Hu! Olha a trempe de três burros, dois de dois pés e um de quatro! Resta saber qual dos três é o mais burro...
          - Sou eu! - replicou o velho, arriando a carga. Sou eu, porque venho há uma hora fazendo não o que quero, mas o que quer o mundo. Daqui em diante, porém, farei o que me manda a consciência, pouco me importando que o mundo concorde ou não. Já vi que morre doido quem procura contentar toda gente...


COMPREENSÃOO DO TEXTO

1 -  Que animal o velho queria vender?

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2 - O que é que o viajante achou um despropósito?

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3 - Qual a reação do velho à fala do viajante?_______________________

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4 - Que estranharam as lavadeiras?______________________________

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5 - Qual a reação do velho à opinião das lavadeiras?_________________

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6 - Qual foi o comentário do Izé Biriba?___________________________

      ________________________________________________________

7 - Qual foi a reação do velho, após o comenta´rio do Izé Biriba?_______

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8 - E o sujeito do chapéu, que achou?_____________________________

9 - Qual foi a reação do velho às palavras do homem do chapéu?_______

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10 - E o grupo de rapazes, que achou da cena que viu?_______________

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11 - Como reagiu o velho à ironia dos rapazes?_____________________

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12 - Finalmente, qual foi a decisão tomada pelo velho?_______________

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13 - Qual a lição que o autor extrai da história?

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14 - O texto diz se o aninaml foi vendido ou não, se o menino e o velho chegaram à cidade, se foram puxando a mula ou se foram montados nela?

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     Faça uma boa leitura!


As sandálias do cangaço

Por: João de Sousa Lima


          Quando Lampião entrou em Custódia, Pernambuco, ele encomendou um terno ao alfaiate Valdevino, se encontrou com o soldado Capuxu e dele solicitou as armas e as munições do quartel, almoçou na casa de João Florêncio e encomendou algumas alpercatas ao senhor Antonio Cordeiro dos Santos, conhecido por Antonio Cota.

          Antonio Cota passou sua profissão aos filhos e netos e hoje o neto José Alves Cordeiro, conhecido por Dudinha Sapateiro é quem mantém a tradição.

          Eu sendo amigo de Dudinha, recebi em minha casa um presente desse excelenbte artesão do couro, uma réplica das alpercatas encomendada por Lampião.

           Dudinha Sapateiro mantém sua arte residindo hoje em Petrolina, na rua Castro Alves, número 300.

Para contato: 87-3864-2802


Este artigo pertence ao blog do escritor e pesquisador do cangaço:
"João de Sousa Lima

Fogo da Abóbora - 82 anos 

Por: Rubens Antonio

        A 07 de Janeiro de 1929 travou-se o combate de Abóbora, povoado de Juazeiro, BA, lembrado pela morte de Mergulhão, (foto) cujo nome real era Antonio Juvenal da Silva, mas que aparece citado também, na literatura sobre o Cangaço como Antônio Rosa. Da visita ao local pode colher alguns depoimentos e bater algumas fotos.

O cangaceiro Mergulhão

          Antecipando algo do material, observo que a povoação está muito mudada, em relação ao contexto de então, mas há muitos elementos reconhecíveis e outros identificáveis através de testemunha ainda viva dos eventos.

          Sabemos que o fogo se deu quando a volante chegou e os cangaceiros dançavam em uma casa, num forró.

          A causa do forró, na verdade, era alheia aos cangaceiros. Era festejo local pela construção de uma nova "armação" para a feira do povoado, que, na verdade, não passava de uma arranjo descontínuo e desordenado de casas mais esparsas.

           O cemitério local foi o sítio de maior destaque, onde morreram os dois policiais, soldados José Rodrigues e Manoel Nascimento.


Segundo a autópsia:


           "José Rodrigues, com um ferimento com orifício de entrada na região dorsal superior e orifício de saída sobre o mamillo direito; Manoel Nascimento com três tiros; um que penetrava entre a 6ª e a 7ª lombar, com destruição das anças intestinais e orifício de saída sobre a crista illiaca com fractura; outro na região anterior direita do torax e outro na região cervical esquerda."

         Na imagem acima vemos com o número "1" o sítio em que se situava o antigo cemitério. Ele foi eliminado com a reurbanização. As lápides foram retiradas, mas os restos ficaram no local. Aí, portanto, "sob a rua", é que estão os restos dos soldados.

          Em "2" temos o local das casas em que dançavam os cangaceiros.

        Em "3" estão algumas lajes rochosas bem baixas, mas que "apadrinharam" bem os cangaceiros durante o tiroteio.

         Em "4" está a sepultura, perdida, em um quintal de casa, uma propriedade particular, do cangaceiro Mergulhão. Segundo depoimentos do dono do terreno e de um outro senhor, havia apenas algumas pedras e uma cruz de madeira, que ficou velha e caiu, sem ser substituída.


Tira-gostos:


          "BUM! PÁ! PÁ! Foi papoco pá peste! E isso de que a puliça abriu a cova do cangacêru é mintira! Só tiraram os mininu da puliça mesmu e trabaiaru e colocaru di vorta... O cangacêru mexeram nele não! Ficou a cova lá fechadinha!""Aquele Calais! Êta cabra faladô! Mas nas ora dos papôco, mais dispois, ô cabra pra corrê! Faladô prezepêru... mas covarde que nem só ele mesmu!"

          "E no tiroteio que teve lá adipsois? Na curva? Foi anos depois... Eu ainda lembro da curva... O Azulão era uma peste muito bom de pontaria... Acertô bem na testa da burra... ô pontaria do cão!""Sabe o que eu achei ingraçado? Adispois de muitos anos, aqui, pra fazê esta rua nova, sabe quem trabaiô? o Bem-ti-vi... que foi também cangacêru... Trabaiô pra fazer a terraplenagi... Era muito sorridente... Simpático... Foi até lá.. Oiô a sepultura do Merguião... Falou nada não... Só ficou quietu oiano..."

          Os detalhes do evento consegui lá mesmo em Abóboras a partir do relatório do tenente Othoniel.

          Sobre as descrições dos cadáveres, a partir do exame do legista Anísio Teixeira.

Edilson dos Santos, proprietário do terreno, aponta a localização
da sepultura do cangaceiro Mergulhão.
 
         O esquema que fiz acima é uma indicação relativamente precisa... Posteriormente publicaremos outros depoimentos; Tomei dois, porque agregavam praticamente tudo o que os outros diziam...
 
          São o do senhor "Joãozinho", que presenciou o fogo... está quase cego, mas enxergando o suficiente para, acompanhado do filho, me conduzir e indicar o sítio do cemitério... e o Manoel, que é um jovem que herdou o terreno onde foi sepultado Mergulhão... 
 
 Rochedo em que Lampião e Ezequiel se apadrinharam para disparar contra a volante, que se encontrava no Povoado de Abóboras.  A posição da volante era aproximadamente a da caixa d'água vista ao longe, entrincheirada no antigo cemitério.
 
João Alves Guimarães apontando localização da entrada do antigo cemitério.
 As pedras diante dos seus pés são do antigo portal.
 
            A terraplenagem e a pavimentação foi feita somente com a retirada das lápides. Portanto, os restos dos sepultos ainda estão aí. Próximo à quina branca que se vê à esquerda estão sepultados os restos de um dos soldados mortos no tiroteio. Seguindo-se em frente, em direção à rua, encontram-se os restos do outro soldado.

Abraços!
Rubens Antonio é Professor e palestrante sobre História Geológica da Bahia, Antropologia, Geologia, Epistemologia, Metodologia do Trabalho Científico, História da Ciência.


CRÉDITOS: Artigo pescado na comunidade "Cangaço, discussão Técnica" de compadre Ronnyeri.
 
 
Foto de Mergulhão cortesia de Ivanildo Silveira.