Cangaço foi um fenômeno ocorrido no nordeste brasileiro de meados do século XIX ao início
do século XX. O cangaço tem suas
origens em questões sociais e fundiárias do Nordeste
brasileiro, caracterizando se por ações violentas
de grupos ou indivíduos isolados: assaltavam
fazendas, sequestravam coronéis (grandes
fazendeiros) e saqueavam comboios e armazéns. Não tinham moradia fixa: viviam perambulando pelo sertão, praticando tais crimes, fugindo e se escondendo.
Os cangaceiros conheciam a caatinga e o
território nordestino muito bem, e por isso era tão difícil
serem capturados pelas autoridades. Estavam
sempre preparados
para enfrentar todo o tipo de situação. Conheciam as plantas medicinais, as fontes de água, locais com alimento, rotas de fuga e lugares de difícil acesso.
Consta que o primeiro cangaceiro teria sido o "Cabeleira" (José Gomes), líder nascido
em Glória do Goitá - cidade da zona da mata pernambucana - em 1751, que aterrorizou a região, inclusive, Recife. Mas foi somente no final do século XIX que o cangaço ganhou força e prestígio, principalmente com "Antônio
Silvino”, "Lampião" e "Corisco O
cangaceiro mais famoso foi Virgulino
Ferreira da Silva, o Lampião, denominado
Senhor do Sertão" e também "O Rei do Cangaço". Atuou durante as décadas de 20 e
30 em praticamente todos os estados do Nordeste brasileiro.
O Nordeste sempre teve uma forte presença na cultura brasileira em todos
os ramos da arte, e no cinema não poderia ser diferente. Se os americanos possuem seus westerns
imortalizados pela figura do cowboy, o Nordeste do Brasil
possui os cangaceiros, tema que há muito tempo faz parte do cenário cinematográfico brasileiro, tendo se tornado um gênero bastante singular no cinema nacional, conhecido como a "versão tropical do western
americano".O cangaço foi retratado no cinema brasileiro em várias épocas e de diversas formas. Desde a década de 20 a temática fascina cineastas e espectadores. Até o momento, há cerca de 50 filmes sobre o assunto, entre curtas, médias e longas-metragens, documentários e ficções.
OS PRIMÓRDIOS-
1925 - Filho sem Mãe - Tancredo SEABRA. (Filme
Desaparecido)-
1926 - Sangue de Irmão - Jota Soares. (Filme
Desaparecido)-
1927 - Lampião: o Banditismo no Nordeste - Autor
Desconhecido. (Filme Desaparecido)-
1930 - Lampião, a Fera do Nordeste - Guilherme Gáudio. (Filme
Desaparecido)-
1936 - Lampião, o Rei do Cangaço - Benjamin Abrahão Lampião, o Rei
do Cangaço é, certamente, o filme mais importante desse
período e um dos mais significativos para o gênero, sendo um documento chave para a compreensão antropológica do cangaço
e um registro histórico no cinema brasileiro.
“NORDESTERN”-
1950 - Lampião, o Rei do Cangaço - Fouad Anderaos. (Filme
Desaparecido)-
1953 - O Cangaceiro - Lima Barreto.-
1960 - A Morte Comanda o Cangaço - Carlos Coimbra.-
1962 - Três Cabras de Lampião - Aurélio Teixeira.-
1962 - Nordeste Sangrento - Wilson Silva.-
1962 - Lampião, o Rei do Cangaço - Carlos Coimbra.-
1963 - O Cabeleira - Milton Amaral. (Filme
Desaparecido)-
1965 - Entre o Amor e o Cangaço - Aurélio Teixeira. (Filme
Desaparecido)-
1966 - Riacho do Sangue - Fernando de Barros.-
1967 - Cangaceiros de Lampião - Carlos Coimbra.-
1968 - Maria Bonita, Rainha do Cangaço - Miguel Borges.
(Filme Desaparecido)
1969 - O Cangaceiro Sanguinário - Osvaldo de Oliveira. (Boca
do Lixo)-
1969 - O Cangaceiro sem Deus - Osvaldo de Oliveira. (Boca do
Lixo)-
1969 - Meu Nome é Lampião - Mozael Silveira.-
1969 - Corisco, o Diabo Loiro - Carlos Coimbra.-
1969 - Quelé do Pajeú - Anselmo Duarte. (Filme
Desaparecido)-
1970 - A Vingança dos Doze - Marcos Faria.-
1971 - Faustão - Eduardo Coutinho.-
1971 - O Último Cangaceiro - Carlos Mergulhão. (Filme
Desaparecido)-
1972 - Jesuíno Brilhante, o Cangaceiro - William
Cobbett.-
1974 - O Leão do Norte - Carlos Del Pino. (Filme
Desaparecido)-
1978 - Os Cangaceiros do Vale da Morte - Apollo
Monteiro. (Filme Desaparecido)-
1980 - O Cangaceiro do Diabo - Tião Valadares.
COMÉDIAS-
1955 - O Primo do Cangaceiro - Mário Brasini.-
1961 - Os Três Cangaceiros - Victor Lima.-
1963 - O Lamparina - Glauco Mirko Laurelli.-
1969 - Deu a Louca no Cangaço - Nelson Teixeira Mendes/Fauzi
Mansur. (Filme Desaparecido)-
1977 - Pedro Bó, o Caçador de Cangaceiros - Mozael
Silveira.-
1983 - O Cangaceiro Trapalhão - Daniel Filho.
PORNOCHANCHADAS
1974 - As Cangaceiras Eróticas - Roberto Mauro.
(Pornochanchada)-
1976 - A Ilha das Cangaceiras Virgens - Roberto Mauro.
(Pornochanchada)-
1976 - Kung-fu contra as Bonecas - Adriano Stuart.
(Pornochanchada)-
DOCUMENTÁRIOS-
1959 - Lampião (o Rei do Cangaço) - Al Ghiu.-
1964 - Memória do Cangaço - Paulo Gil Soares.-
1975 - O Último Dia de Lampião - Maurice Capovilla.
(Docudrama)-
1976 - A Mulher no Cangaço - Hermano Penna.
(Docudrama)-
1977 - No Raso da Catarina - Hermano Penna. (Docudrama)
(FilmeDesaparecido)-
1982 - A Musa do Cangaço - José Umberto Dias. (Curta)
CINEMA NOVO O CANGAÇO DE GLAUBER ROCHA
1964 - Deus e o Diabo na Terra do Sol - Glauber Rocha.-
1969 - O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro - Glauber
Rocha.
CINEMA RETOMADA (releituras)
1994 – A Cidade de 4 Torres – Alberto Sales. Curta que faz referencia a
derrota de Lampião em Mossoró, a 13 de junho de 1927.
1996 - Corisco e Dadá - Rosemberg Cariry.
1997 - Baile Perfumado - Paulo Caldas/Lírio Ferreira.
1997 - O Cangaceiro - Aníbal Massaíni Neto O filme foi gravado no
Vargem Grande do Sul,
povoado de Pão de Açúcar, interior do estado de
município de Poção no São Paulo.
a paisagem da
cidade se parecia muito
com a nordestina FICHA TÉCNICA
Título Original: O Cangaceiro - Diretor: Lima Barreto
Gênero: Aventura -
Elenco: Alberto Ruschel, Marisa Prado, Milton
Tempo de Duração: 110min.
Ribeiro, Vanja Orico, Ricardo Campos, Galileu
Ano de Lançamento (Brasil): 1997Garcia, João Batista Giotto
Direção: Anibal Massaini Neto
Produção: Aníbal Massaini Netto
Argumento: Lima Barreto
Roteiro: Lima Barreto, Raquel de Queiroz
Roteiro: Antônio Carlos Fontoura(diálogos)
Adaptação: Galileu Garcia, Anthony Foutz e Carlos Fotografia: Chick Fowle
CoimbraTrilha Sonora: Gabriel Migliori
Produção: Anibal Massaini Neto Duração: 105 min.
Produtor Associado: Alexandre Adamiu Ano: 1953
Direção de Produção: Ary Fernandes País: Brasil
Co-produção: Cinearte Produções Cinematográficas e Gênero: Drama
Ramona Constellacion e Film Company Cor: Preto e Branco
Vicente Salvia Distribuidora: Columbia Pictures
Sonografia: Juarez Dagoberto da CostaEstúdio: Companhia Cinematográfica Vera Cruz
Fotografia: Cláudio Portiolli Direção Artística: Carybé
Maquiagem: Victor Merinow Montagem: Luiz Elias
BIBLIOGRAFIA:
·
CAETANO, Maria do Rosário. Cangaço: o Nordestern do cinema brasileiro. Brasília: Avatar Soluções Gráficas, 2005.
GOMES, Paulo Emílio Sales. Cinema: Trajetória e subdesenvolvimento. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.
MIRANDA, Luiz Felipe e RAMOS, Fernão
- Enciclopédia do Cinema
·
OLIVEIRA, Adriano Messias de. O
cangaço no Brasileiro. São Paulo: Senac, 2004.cinema
brasileiro dos anos 90:
um certo olhar sobre nossa identidade cultural. Belo Horizonte: UFMG, 2001 (História, Dissertação de mestrado).
QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Os
cangaceiros. São Paulo: Duas Cidades, 1977.
SOUZA, Marcelo Dídimo. O Cangaço
no Cinema Brasileiro. São Paulo: UNICAMP, 2007 (Instituto de Artes, Tese de doutorado em Multimeios).
:VIANA, Nildo Jornal Opção, 19 jul. 2006.
Disponível em: 28/06/2010.
Enviado pelo escritor, poeta e pesquisador do cangaço:
Kydelmir Dantas
http://blogdomendesemendes.blogspot.com