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terça-feira, 18 de junho de 2024

O FOGO DA MARCELINA

  Por Dr. Epitácio de Andrade Filho

Localizado na comunidade rural São Francisco, em Catolé do Rocha, no Sertão paraibano, o serrote da Marcelina foi palco de um dos combates mais cruéis do cangaço dos Brilhantes contra os Limões. 

Cruzeiro da comunidade São Francisco 

Serrote da Marcelina

“Como a ‘força’ não conhecia a região, contava com o apoio dos Limões na perseguição aos Brilhantes”.

Narra Alício Gomes Arruda Barreto (1901-1965), em seu raríssimo livro “Solos de Avena” que, por volta da segunda metade da década de 70 do século XIX, estavam os Brilhantes entrincheirados numas pedras, quando a ‘força’ apareceu no caminho próximo ao sítio Colina na estrada que liga Catolé do Rocha a Patu/RN. Jesuíno Brilhante foi o primeiro que atirou, derrubando um dos soldados da vanguarda. A ‘força de linha’, quando recebeu os tiros recuou e tentou cercar a emboscada dos Brilhantes, que conheciam essa estratégia. Eles revidaram com uma descarga e fugiram para outro lugar de onde procuraram dar tiros certeiros. Depois, correram para bem longe. Por adotar essa tática de guerrilha, os Brilhantes sempre levavam vantagens nos embates. Depois dessa escaramuça, “o governo tomou em consideração e as diligências engrossaram”. Jesuíno Brilhante cercou os Limões que restavam, numa casa velha no sopé do serrote da Marcelina. Depois de renhida luta, acabaram-se as munições do inimigo e Jesuíno, conhecendo de quem se tratava, gritou: “O que tentar sair morre na bala”. Mandou cobrir de lenha a velha casa pelos feirantes que passavam e ateou fogo. Dentro de pouco tempo as chamas invadiram totalmente o casebre e os “miseráveis” morriam gritando com as dores das queimaduras. Pedro Limão ainda saiu se queimando, quando foi alvejado e caiu morto. A casa foi incinerada e os cadáveres reduzidos a carvão. Assim havia concluído sua jura assinalada com cruzes nos bacamartes dos brilhantes. Estava terminada a tarefa.

Acreditou Jesuíno Brilhante (1844-1879), “o grande leão sertanejo”, assim alcunhado por Barreto. Esta narrativa foi ratificada pelo depoimento do senhor José Firmo Limão, no ano de 2012, aos 99 anos. Seu José era filho de Maria Francisca da Conceição, sobrinha de Preto Limão, único sobrevivente do ‘Fogo da Marcelina’ e comandante da diligência que matou Jesuíno Brilhante, no Serrote da Tropa, na zona rural de São José de Brejo do Cruz/PB. José Firmo Limão sendo entrevistado no São Francisco pelo pesquisador Epitácio

José Firmo Limão sendo entrevistado no São Francisco pelo pesquisador Epitácio Andrade.

Enviado pelo autor.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O FOGO DA MARCELINA

 Por Dr. Epitácio de Andrade Filho

Localizado na comunidade rural São Francisco, em Catolé do Rocha, no Sertão paraibano, o serrote da Marcelina foi palco de um dos combates mais cruéis do cangaço dos Brilhantes contra os Limões. 

Cruzeiro da comunidade São Francisco 

Serrote da Marcelina

“Como a ‘força’ não conhecia a região, contava com o apoio dos Limões na perseguição aos Brilhantes”.

Narra Alício Gomes Arruda Barreto (1901-1965), em seu raríssimo livro “Solos de Avena” que, por volta da segunda metade da década de 70 do século XIX, estavam os Brilhantes entrincheirados numas pedras, quando a ‘força’ apareceu no caminho próximo ao sítio Colina na estrada que liga Catolé do Rocha a Patu/RN. Jesuíno Brilhante foi o primeiro que atirou, derrubando um dos soldados da vanguarda. A ‘força de linha’, quando recebeu os tiros recuou e tentou cercar a emboscada dos Brilhantes, que conheciam essa estratégia. Eles revidaram com uma descarga e fugiram para outro lugar de onde procuraram dar tiros certeiros. Depois, correram para bem longe. Por adotar essa tática de guerrilha, os Brilhantes sempre levavam vantagens nos embates. Depois dessa escaramuça, “o governo tomou em consideração e as diligências engrossaram”. Jesuíno Brilhante cercou os Limões que restavam, numa casa velha no sopé do serrote da Marcelina. Depois de renhida luta, acabaram-se as munições do inimigo e Jesuíno, conhecendo de quem se tratava, gritou: “O que tentar sair morre na bala”. Mandou cobrir de lenha a velha casa pelos feirantes que passavam e ateou fogo. Dentro de pouco tempo as chamas invadiram totalmente o casebre e os “miseráveis” morriam gritando com as dores das queimaduras. Pedro Limão ainda saiu se queimando, quando foi alvejado e caiu morto. A casa foi incinerada e os cadáveres reduzidos a carvão. Assim havia concluído sua jura assinalada com cruzes nos bacamartes dos brilhantes. Estava terminada a tarefa.

Acreditou Jesuíno Brilhante (1844-1879), “o grande leão sertanejo”, assim alcunhado por Barreto. Esta narrativa foi ratificada pelo depoimento do senhor José Firmo Limão, no ano de 2012, aos 99 anos. Seu José era filho de Maria Francisca da Conceição, sobrinha de Preto Limão, único sobrevivente do ‘Fogo da Marcelina’ e comandante da diligência que matou Jesuíno Brilhante, no Serrote da Tropa, na zona rural de São José de Brejo do Cruz/PB. José Firmo Limão sendo entrevistado no São Francisco pelo pesquisador Epitácio

José Firmo Limão sendo entrevistado no São Francisco pelo pesquisador Epitácio Andrade.

Enviado pelo autor.

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MANIFESTAÇÕES SOCIOCULTURAIS INSPIRADAS NO CANGAÇO POTIGUAR

Por Dr. Epitácio de Andrade Filho

O cangaço é uma forma de banditismo social, um fenômeno ocorrido no Nordeste brasileiro no final do século XIX e XX, que teve sua gênese em questões sociais e também fundiárias, caracterizando-se por atitudes e acontecimentos violentos de grupos ou mesmo de indivíduos isolados.

Originalmente publicado na Inglaterra em 1969, com tradução no Brasil em 1973, “Bandidos”, do historiador britânico Eric Hobsbawn, delimitou um novo campo de estudo na história: o banditismo social.

Essa forma de protesto anterior à tomada de consciência dos métodos de propaganda e agitação política se estabeleceu em diversas partes do mundo.

Reportando-se aos cangaceiros brasileiros, Hobsbawn afirmou que seus feitos espetaculares deram origem a mitos e lendas. Nesse sentido, cita Lampião que chegou a ser mundialmente conhecido graças às canções, histórias e filmes que inspirou.

Sócio fundador da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC), o professor Severino Vicente justifica a publicação de seu livro “Folclore e Cultura Popular nas Práticas Pedagógicas”, ocorrida em 2010, como forma de atualizar os conhecimentos dessas áreas frente ao mundo globalizado e assim, salvaguardar nosso pertencimento neste importante campo de reconhecimento sociocultural. No capítulo “Cultura, Espetáculo e Mídia”, o folclorista define espetáculo como “tudo que chama a atenção, atrai, prende o olhar, impressiona vivamente, ostentoso, muita vida, um show. São coisas dos tempos modernos”. O escritor faz referência ao evento “Mossoró Cidade Junina” (Onde está inserido o espetáculo “Chuva de Bala”, que encena no palco real dos acontecimentos a resistência dos mossoroenses ao bando de Lampião em 1927) para exemplificar o novo momento das festas populares.

Após esta breve introdução sobre a interface cangaço/cultura, passar-se-á às epopeias dos chefes de bando cangaceiro no Rio Grande do Norte que inspiraram manifestações socioculturais.

Em solos potiguares, pelo menos 4 grandes líderes cangaceiros protagonizaram façanhas, sagas, marchas e tragédias.

Jesuíno Brilhante, que ficou conhecido através da obra de seus biógrafos como “Robin Hood do Sertão”. Segundo estes atuou na grande seca de 1877, “saqueando comboios de víveres para distribuí-los com retirantes flagelados”, sendo este um dos cenários do filme “Jesuíno Brilhante, o Cangaceiro”(1972), de William Cobbett, o primeiro longa-metragem rodado integralmente no Rio Grande do Norte. Sob influência do neorrealismo italiano, a obra foi produzida com poucos recursos e contou com ator-atriz âncora nos papéis principais, entre eles, Nery Vitor e Vanja Orico (Musa do ciclo do cangaço no cinema nacional) e atores amadores, recrutados nas locações, (no semiárido). A direção de fotografia ficou a cargo do cineasta Carlos Tourinho.

Numa iniciativa inovadora para diversificar os equipamentos de turismo histórico-cultural no município, foi construído o pórtico “Patu-Terra de Jesuíno Brilhante”.

A Morte de Jesuíno Brilhante, ocorrida no ano de 1879, em São José de Brejo do Cruz/PB foi tema de documentário, produzido em 2004 e editado em 2005.

O “Auto de Jesuíno “Brilhante” foi um espetáculo teatral apresentado em algumas edições da Feira da Cultura de Patu, na primeira década do século XXI. A propósito da Feira da Cultura, afirma-se que sua idealização e realização das 6 primeiras edições ocorreram no período de 1983 a 1988, durante a gestão do prefeito Epitácio de Andrade.

A atuação no cangaço de Chico Pereira deu inspiração ao padre Pereira Nóbrega para publicar em 1961 a célebre obra “Vingança Não”, prefaciada por Raquel de Queirós. Chico Pereira foi barbaramente assassinado em Currais Novos e no local da morte familiares ergueram um memorial alusivo a seu martírio.

A marcha de Lampião que culminou com a expulsão imposta pela resistência dos mossoroenses em 13 de junho de 1927 tem motivado a realização anual do espetáculo teatral “Chuva de Bala no País de Mossoró”. Sem dúvidas, a maior manifestação sociocultural inspirada pelo cangaço no Rio Grande do Norte.

Com menor notoriedade, porém não menos relevante historicamente, o enfrentamento ao bando do cangaceiro Antônio Silvino na invasão à zona rural de Ouro Branco (em 1901, pertencente a Caicó) ficou imortalizado na tela “Cangaço no Seridó” e no livro “O Fogo da Pedreira- Saga de Antônio Silvino em Caicó, lançado pelo escritor Orlando Rodrigues em 2001.

Livros, pinturas, filmes, monumentos, memoriais e espetáculos teatrais são manifestações socioculturais inspiradas no cangaço potiguar que têm fomentado o turismo e o desenvolvimento sustentável do Estado do Rio Grande do Norte.

 https://www.facebook.com/groups/1573578786302762/?multi_permalinks=3708297612830858&notif_id=1718721606895864&notif_t=feedback_reaction_generic_tagged&ref=notif

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AMIGOS,

Por Antônio Corrêa Sobrinho

Apresento mais uma consolidação de textos antigos relacionados ao cangaço. Desta feita, O CANGAÇO DE LUIZ PADRE E SINHÔ PEREIRA NOS JORNAIS DE ÉPOCA. Na verdade, um retrabalho, uma vez que eu já tinha compilado a respeito e o livro fazia parte integrante dos meus trabalhos virtuais. O que fiz agora foi revisá-lo, oportunidade em que anexei outros artigos e formulei uma outra apresentação, esta que trago abaixo.

Trata-se de impressos publicados na imprensa nacional, há 100 anos, sobre os acontecimentos relacionados aos célebres cangaceiros Luiz Padre e Sebastião Pereira, o Sinhô Pereira.

E-book (PDF) disponibilizado no meu site www.antoniocorreasobrinho.com , pelo preço simbólico de 5 reais.

Aos que gostariam de obter o livro impresso em papel, recomendo adquirir o e-book e procurar tirar cópias.

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APRESENTAÇÃO

Entre o cangaço de Manoel Batista de Morais, o ANTÔNIO SILVINO e o de Virgulino Ferreira da Silva, o LAMPIÃO, o banditismo no sertão nordestino foi protagonizado pelos cangaceiros Luiz Pereira da Silva Jacobina, o LUIZ PADRE, e Sebastião Pereira e Silva, o SINHÔ PEREIRA.

Roubos, furtos, sequestros, assassinatos, estupros e outros crimes perpetrados por esses quatro bandoleiros e seus asseclas foram noticiados pela imprensa nacional de época, embora SILVINO e LAMPIÃO, principalmente este último, tenham ocupado mais páginas de jornais.

Porém, ao contrário de ANTÔNIO SILVINO e de VIRGULINO LAMPIÃO, que desde sempre foram objeto de estudo dos mais variados, e suas façanhas contadas fartamente por historiadores, artistas, literatos, bem como, seus nomes tornados palavras adjetivas e até mesmo adverbiais, LUIZ PADRE e SINHÔ PEREIRA em tempo algum de suas vidas e trajetórias delituosas chamaram a atenção efetiva dos pesquisadores do cangaço.

O que, além de seus nomes, se sabe dos cangaceiros que formaram os grupos de SINHÔ PEREIRA e LUIZ PADRE? E a respeito dos militares que lhes combateram? Que maiores informações e esclarecimentos temos dos ataques feitos por esses dois bandoleiros, a pessoas, propriedades, povoados, vilas?

É matéria que parece não fazer parte da “grade curricular” da história do Cangaço; como se irrelevantes, na composição deste banditismo imperante no passado, os terríveis acontecimentos causadores de sérios prejuízos às populações principalmente as do sertão pernambucano e paraibano, envolvendo os temerosos SINHÔ PEREIRA e LUIZ PADRE; estes que, sob certo olhar, a meu ver fomentaram o cangaço mais intenso, abrangente e de consequências nefastas, o de LAMPIÃO. Eu diria até que LAMPIÃO, ao se integrar e, posteriormente, herdar a chefia do grupo facinoroso destes seus comandantes, quando os tais deixaram a perigosa luta, chamou para si o ódio e todo uma gama de ressentimentos (se não diretamente, indiretamente ou reflexivamente sim) nutrido pela família Carvalho, contra o clã dos Pereira, de SEBASTIÃO e LUIZ PADRE. Aversão recíproca esta, rixa nascida há muitos anos, perpetuada que fora por recorrentes desentendimentos, conflitos pontuais, justamente no meio da qual LAMPIÃO assentou-se e fez carreira. Estamos falando das tradicionais e poderosas famílias, raízes do Cariri, em perene conflito, desentendimentos maximizados e agravados pela busca constante pelo poder político nesta, sem dúvida, das mais ricas e fecundas porções do sertão nordestino. Guerra esta, segundo consta, uma das causas que levaram SINHÔ PEREIRA e LUIZ PADRE ao mundo do cangaço.

Naturalmente que existem trabalhos versando sobre os celerados primos, parentes do barão do Pajeú, filhos de Vila Bela, a hoje Serra Talhada, do sertão pernambucano, a exemplo da obra de Nertan Oliveira, editada em 1975, intitulada SINHÔ PEREIRA, O COMANDANTE DE LAMPIÃO.

Mas, geralmente, é retratado assim, SINHÔ PEREIRA, como descreve o título do retromencionado livro, como um ilustrador da saga lampiônica, ao mesmo tempo, como um personagem a ser enaltecido (sobre isto até podemos imaginar), a começar pelo desinteresse da pesquisa pela sua violenta e sanguinária vida cangaceira. E mais, como o cangaceiro que, no auge da luta armada, em respeito ao apelo do grande, famoso e respeitável taumaturgo, o líder religioso e político cearense, padre Cícero Romão Batista, e abandona o cangaço. Ainda, o homem que chefiou LAMPIÃO, deu-lhe este apelido; ensinou ao iniciante e futuro rei do cangaço, táticas e estratégias de guerra; a atemorizar, aterrorizar, extorquir populações; como negociar com poderosos; como adquirir armas e munições etc.

E sobre LUIZ PADRE eu já ia esquecendo. Com esta alcunha a sugerir religiosidade, paz, espiritualidade, na verdade, foi o mais violento da célebre dupla. Muito pouco temos a respeito deste bandoleiro e de seus muitos crimes.

A imprensa em geral, por sua vez, desde os tempos que LUIZ PADRE e SINHÔ PEREIRA abandonaram o cangaço e os holofotes do jornalismo se voltaram para as tenebrosas e espetaculares proezas de VIRGULINO LAMPIÃO, andou na mesma toada dos pesquisadores, ou seja, calou-se em relação ao marcante cangaço situado entre os praticados por ANTÔNIO SILVINO e VIRGULINO LAMPIÃO.

O objetivo deste O CANGAÇO DE LUIZ PADRE E SINHÔ PEREIRA NOS JORNAIS DE ÉPOCA é, primeiro, facilitar o acesso do leitor ao noticiário e às opiniões que vieram a lume na imprensa contemporânea à atuação bandoleira de SINHÔ PEREIRA e LUIZ PADRE. E, depois, convidar você, leitor, a conhecer o que os jornais disseram, naquela época, a respeito dos acontecimentos envolvendo estes dois personagens imortais da história do banditismo brasileiro.

São textos elaborados há cem anos, os que formam esta coletânea, vale aqui de logo mencionar, portanto praticamente inéditos, pois só foram lidos quando os jornais circularam, e, desde então, apenas por raros pesquisadores, frequentadores de acervos.

Servi-me, para tanto, dos jornais DIÁRIO DE PERNAMBUCO (PE), A PROVÍNCIA (PE), JORNAL DO RECIFE (PE), A NOITE (RJ), A ÉPOCA (RJ), CORREIO PAULISTANO (SP), O NORTE (PB), O PAIZ (RJ), GAZETA DE NOTÍCIAS (RJ), O IMPARCIAL (RJ), A RAZÃO (RJ), A ORDEM (CE) e o JORNAL DO BRASIL (RJ).

Dizer que, no final da coleção, anexei um texto de 1971, “VOLTA AO SERTÃO DO PAJEÚ ANTIGO BANDIDO QUE FOI CHEFE DE LAMPIÃO”. Aconteceu que o ex-cangaceiro SINHÔ PEREIRA, aos 75 anos de idade, retornou ao Cariri para rever a sua família, e o Diário de Pernambuco o entrevistou. Vale a pena lê-lo.

Os impressos estão agrupados cronologicamente, ou seja, de acordo com as respectivas datas de publicação. É um e-book (PDF) o presente trabalho, composto de pouco mais de cem páginas, e que não carece de índice remissivo.

Concluo agradecendo à Biblioteca Nacional, pela disponibilização do seu acervo digital, e ao meu filho Thiago Corrêa, pela feitura da capa e diagramação do livro.

https://www.facebook.com/groups/179428208932798/user/100003566571696

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COMER SAL A PULSO

Por Antônio Corrêa Sobrinho

O célebre cangaceiro ANTONIO SILVINO, que, como sabemos, atuou anos antes do seu êmulo, mais famoso ainda, Virgulino Ferreira da Silva, o LAMPIÃO, teve a sua história de ter forçado outrem, a fim de discipliná-lo, a comer quantidade excessiva de sal de cozinha. Façanha, sem comprovação, trazida a público pelo jornal carioca, O GLOBO, na edição de 23.10.1930.

Se realmente essa história aconteceu, não sabemos; mas, pelo menos, existe uma publicação a respeito em jornal, e de grande circulação.

Eis:

“Brincadeira de homem... – Um precursor de Lampião

Antônio Silvino fazia-se respeitado de seus satélites. Disciplinava-os. Sabia assegurar a conveniente distância que deve existir entre comandantes e comandados. Jamais permitiu atrocidades que não houvesse, em pessoa, determinado.

Chegara ele com a sua récua a uma fazenda. À hora do improvisado almoço, um cabra, o Tempestade, se deu ao luxo de reclamar:

- “Ô arroz ensosso de todos os diabos!”

Um relâmpago de cólera fulgiu nos olhos de Silvino, que, findo o repasto, foi falar à mulher do fazendeiro:

- “Dona, a senhora tem sal em casa?”

- “Tenho, seu capitão. Eu vi aquele homem não gostar... Vossenhoria me desculpe, me perdoe o arroz sair ensosso! foi coisa do avexame, do aperreio do preparo...”

- “Nhóra não, não é por isso não: eu quero é saber se a senhora me pode vender meio litro do seu sal.”

- “Posso lhe ceder; vender, não! O capitão leve o sal que não lhe custa nada e é dado de gosto!”

- “Nhóra não, não é pra carregar não. É um ensinamento que eu quero dar naquele cabrocha que falou do arroz. Me vá ver meio litro, por bondade!”

Atendido, Silvino pediu uma bacia, derramou dentro o sal, dissolveu-o com uma porção d’água, e voltando ao terreiro, onde o Tempestade esgaravatava a dentadura, obrigou-o, de punhal à mão, a beber toda aquela água horrivelmente salgada:

- “Isso é pra você, seu bruto, perder o costume de botar defeito no que lhe dão, de graça! Engula! Ou engole, ou morre! Comeu ensosso, beba salgado que é pra carga não ficar torta... Cabra sem criação!”

Daí a pouco, o Tempestade padecia sob a ação do purgante mais que enérgico...

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LAMPIÃO, MARIA BONITA E O CANGAÇO...

 Por Antônio Corrêa Sobrinho

APRESENTAÇÃO

Jornais e revistas brasileiros, a respeito do CANGAÇO, o banditismo que imperou nos sertões nordestino, do final do século 19 até meados do século 20, capitaneado, nas décadas de 1920 e 1930, pelo mais célebre de todos os cangaceiros que já existiram, o pernambucano do vale do Pajeú, Virgulino Ferreira da Silva, o LAMPIÃO, e, lustrado romanticamente, digamos assim, pela cangaceira baiana, MARIA BONITA, companheira deste famanaz bandoleiro – trouxeram, em profusão, ao público leitor, não raro em grandes e sensacionais reportagens, notícias, informes e relatos das ocorrências relacionadas à este período de sofrimento e dor porque passaram as populações sertanejas.

Jornais e revistas que, concomitantemente, também divulgaram vasta literatura sobre este fenômeno social, mais das vezes pela pena de grandes escritores, na forma de crônicas, poesias, opiniões, crítica literária, entrevistas, etc.

Cangaço, onde história, literatura e outras expressões, andam juntas, de mãos dadas, simbioticamente ajustadas, formando um todo, de saberes, ideias, percepções, de interpretações, conceitos; cangaço que foi, de um certo ponto de vista, o último dos grandes “gritos” que se ouviu no Sertão.

Resolvi, neste 2019, transcurso de 100 anos que Lampião iniciou a sua ilíada de fugas, correrias, lutas e práticas criminosas, pelas terras áridas do Nordeste, resgatar, para os dias atuais, das páginas da nossa imprensa, alguns artigos, não meramente noticiosos, mas aqueles que trazem no âmago certa literatura, alguns dos quais de cunho eminentemente literário, versando justamente sobre cangaço, Lampião e Maria Bonita.

E sobre literatura, permitam-me esta divagação: Que as notícias dos fatos e acontecimentos produzidos por este banditismo, permaneçam nas páginas da imprensa, eis que não há nenhum prejuízo para elas, uma vez que foram e continuam sendo reproduzidas nas inúmeras obras a respeito deste fascinante tema.

Porém, quanto aos artigos literários, não posso concordar que fiquem sepultos, inertes, como a décadas estão, jazendo num esquecimento que dá pena; muitos dos quais, relíquias, ricos de substância e beleza, verdadeiros quadros produzidos com pinceis de sabedoria, de eloquência, e cores nascidas das palavras, quando harmônica e esteticamente arrumadas. Literatura. São construções quase que existências vivas, ávidas por interlocução, empatia, desejosas por motivar, ensinar - ainda que escritas ligeiramente, em artigos curtos, para leitura rápida, como as produzidas principalmente nos jornais. Não, deixarmos tais esquecidas como estão, desprestigia e desrespeita seus autores e priva as gerações futuras de valiosos conteúdos, elementos essenciais, constitutivos do conhecimento sobre o cangaço.

Uma outra coisa: A respeito destes textos, que ora apresento, esclareço que, no que diz respeito à fidelidade factual, a verdade dos fatos, eles não devem ser vistos de forma absoluta como algo essencialmente histórico, pois isto é próprio da história, enquanto narrativa das ocorrências passadas, a “ciência humana que estuda o desenvolvimento do homem no tempo”, muito embora a literatura seja uma transmissora de conhecimento, de informação, e instrumento, mesmo, no processo de edificação e de formatação da própria história.

Não confundir, portanto, literatura e história.

Literatura é a grande reveladora de sentimentos e de emoções. É estilo, estética, ritmo, beleza textual, manuseio escorreito e fogoso da língua. Literatura, de fato, mais do que a história e qualquer outra ciência, é quem verdadeiramente nos conduz ao interior de nós mesmos, às complexas e profundas dimensões da nossa mente, da nossa alma; é ela que nos faz perguntar, responder, duvidar; nos faz assistir mais de perto ao outro; enxergar o outro em nós, como se diante do espelho.

Sobre a literatura, esta magistral ferramenta da expressão humana, diz o escritor e jornalista José Castelo: “Vivemos imersos em um grande mar que chamamos de realidade, mas que a literatura desmascara isso – que não passa de ilusão. A realidade é apenas um pacto que fazemos entre nós para suportar o real. A realidade é norma, é contrato, é repetição, ela é o conhecido e o previsível. O real, ao contrário, é instabilidade, surpresa, desassossego. O real é o estranho. A literatura tem o poder de interrogar, interferir e desestabilizar a existência. É nas frestas do real, como uma erva daninha, que a literatura nasce. A literatura não é um divertimentoo; tampouco é um saber especializado. Ela é um instrumento, precário e sutil, de interrogar a vida. Desloca nossas certezas, transformando-as em incertezas. Em vez de nos oferecer respostas, nos faz novas perguntas – desagradáveis e perturbadoras.”

Que os textos enfeixados neste e-book, compilação que fiz com gosto, elaborada com a pretensão única de trazer ao público dos nossos dias, um conjunto de expressões, pareceres e sentimentos, leve-nos pela empatia para mais perto de Maria Bonita e de Virgulino Lampião; faça-nos entender e compreender o cangaço, os seus símbolos, as suas representações, os seus significados – pelo olhar de grandes literatos, extraordinários pensadores, escritores de escol, romancistas consagrados, grandes cronistas, escritores que, em relação a esses seus trabalhos, foram lidos apenas por alguns leitores, quando da edição dos diários e periódicos; para, depois, serem degustados apenas por um ou outro frequentador de acervos.

Pelo olhar de um Rubem Braga, de um Graciliano Ramos, Coelho Neto, José Ferreira Lima, José Lins do Rego, Alceu Amoroso Lima, Austregésilo de Athayde, Tristão de Athayde, Aurélio Buarque de Holanda, José Ferreira Lima, Rachel de Queiroz, Antônio Callado, Roberto Lyra, João do Norte (Gustavo Barroso), Manuel Bastos Tigre, Cypriano Lage Hermeto Lima, Mucio Leão, Luís Luna, Affonso Romano de Sant’Anna Costa Rego, Rangel Alves da Costa, Alberto Frederico Lins, Archimedes Marques, Leonardo Motta, Joel Silveira, Prado Ribeiro, João Ribeiro, Zozimo Lima, Humberto de Campos, Medeiros e Albuquerque, Robério dos Santos, Freire Ribeiro, Nelson Maia Machado, Afonso Arinos, João Ribeiro, e tantos outros, em pseudônimos, anônimos.

São mais de trezentas composições, 551 páginas, extraídas dos mais importantes jornais e revistas do país, todas por mim digitalizadas, com tão somente a necessária atualização ortográfica, distribuídas em ordem cronológica de publicação, desde 1925, conforme Sumário a seguir, com seus respectivos títulos, nomes dos autores, dos jornais e revistas, e datas em que vieram à luz.

Encerro, informando que a parte maior do material desta coleção colhi na hemeroteca digital da Biblioteca Nacional, e o restante, nos acervos virtuais dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e o Estado de S. Paulo, além dos jornais sergipanos disponibilizados no site da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

Um obrigado especial ao meu filho Thiago Correa, pelo tanto que me ajudou nesta construção.

Antônio Corrêa Sobrinho

 https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?multi_permalinks=2458124111063185%2C2457543277787935%2C2457547121120884%2C2457056244503305%2C2456916131183983%2C2456299974578932%2C2456283144580615%2C2456073221268274%2C2455515047990758%2C2454895218052741&notif_id=1718367908835822&notif_t=group_highlights&ref=notif

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LAMPIÃO O ATAQUE E A RESISTÊNCIA DE MOSSORÓ

 No Rastro do Cangaço

https://www.youtube.com/watch?v=1EQ2hKHQDtY&ab_channel=NoRastroDoCanga%C3%A7o

Lampião, o rei do cangaço fazia tempo que planejava encarar o desafio de invadir Mossoró. Seria a maior tentativa de assalto do bando de cangaceiros. Virgulino Ferreira tinha 53 cangaceiros no seu bando. Não imaginava, porém, que iria enfrentar pelo menos 150 homens armados na defesa da cidade. No ataque, Lampião perdeu importantes cabras de seu bando. Colchete teve parte do crânio esfacelado por balas e Jararaca, depois de capturado, foi praticamente enterrado vivo. Em menos de uma hora após o início da luta, o capitão do Sertão sentiu que dominar a cidade seria praticamente impossível.
Temas relacionados:

Sertão Nordestino, Lampião e Maria Bonita, Grota do Angico, Contos do cangaço no sertão, Cangaço Lampiônico, Cangaceiros de Lampião, cabras de Lampião, História Nordestina, Literatura do Sertão Brasileiro, Crime de castração, história do eunuco, Lampião a raposa das caatingas, o governador do sertão, lampião mata inocente, crimes de Lampião, Lampião herói ou bandido, Volantes Policiais no cangaço, volante policial Nazarenos, Volante Zé Rufino, Volante Mané Neto, Padre Cícero, Rota do cangaço, cangaceiro Corisco, cangaceiro Moreno, Cangaceiro Zé Baiano, cangaceiro Gato, histórias e contos, filmes completos, canais de cangaço, A morte do cangaceiro Corisco.

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UM FORTE ABRAÇO!

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84 ANOS DE ALCINO

Autor Manoel Belarmino


No dezessete de junho,
No mês extraordinário,
exatos oitenta e quatro anos
Não sei dizer qual horário
Nasceu aqui um bom menino
Parabéns, Mestre Alcino
Pelo seu aniversário!.
É assim o que sentimos
Quando vivemos Alcino
Que nos campos caantingueiros
Construiu o seu destino
Livremente como as aves
Parabéns, Alcino Alves
Por sempre viver menino.
Viver menino porque
A história não envelhece
O poema não fica velho
E nunca se desvanece
Alcino é sempre feliz
Pois quem assim fincou raiz
Nunca mais desaparece.
Alcino cravou as raízes
Nestas terras caipireiras
No Sertão do São Francisco
Dos vaqueiros, das rendeiras,
Do cangaço e do romeiro,
Alcino é o grande Vaqueiro
Das Memórias Caatingueiras...
Alcino se fez sertão
Na “Esperança do Menino”,
No chão do “Menino Deus”
E no “Galo de Campino”
Escolas de a meninada,
Nesta nossa terra amada,
Construir o seu destino.
Na “Garça Branca da Serra”,
No “Canarinho do Amor”,
“Nuvens Brancas do Sertão”
E “Morrendo de Amor”
Alcino mostra em poesia,
Em versos de cantoria,
O “Sertanejo de Valor”
Com a mais pura inspiração
Que um caipira nordestino
Do Sertão do São Francisco
Possa ter em seu destino,
A Lua do Céu do sertão,
Num enlace , em comunhão,
Presenteou o mestre Alcino.
Inspiração de poeta
E romancista escritor,
Da história do Cangaço
É grande pesquisador
E da música sertaneja
Com letras de amor e peleja
Também é compositor.
Aqui no Poço Redondo
Escreveu com maestria
A saga de seu povo;
A vida no dia a dia;
A nossa história viva,
O sertão que nos cativa,
Nossa luta e valentia.
Um homem de alma boa
E de grande coração
Que conseguiu abrigar
Com muito amor e paixão
No seu coração vivente
De maneira consciente
Todo esse imenso sertão.
Alcino desde menino
Sempre teve graça e glória.
Homens assim nunca morrem;
Ficam vivos na memória.
Para sempre vai viver
Pois nunca se viu morrer
Um bom Vaqueiro da História.
Alcino Alves Costa vive
Sempre, sempre, na memória
Do povo, de nossa gente,
Nas lutas e na glória.
Parabéns por mais um ano
Que neste e no outro plano
Sempre é o Vaqueiro da História

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