Cada um de nós que estuda "cangaço" e principalmente quando se refere à empresa do capitão Lampião, tem a sua opinião, e não podemos desmerecer quando se trata de suposição. Mas quando é invencioníces, coisas que não aconteceram no cangaço e nem isoladamente com cangaceiros, todos os estudiosos deste tema, e aqueles que foram às caatingas para registrarem as verdades, têm obrigações de protestarem a falsa informação. A literatura lampiônica não tem espaço para acomodar assuntos mentirosos sobre ela.
Sobre o velho guerreiro Lampião, uns dizem que ele era herói, outros o classificam como bandido, outros como um simples covarde, e outros dizem o que bem querem, vão mais além do normal. Mas é assim mesmo, porque são opiniões. Todo estudo tem as suas crenças e as suas contrariedades. porque, enquanto um opina assim, assim,,. outro já se vira e contraria tudo de uma hora para outra.
Desde do ano de 2008, todos os dias que Deus me dá, pela manhã, bem cedinho, eu me arrumo com os meus equipamentos de pesquisa, e bem camuflado para não me verem, sigo os passos do capitão Lampião e seu admirado bando de cangaceiros, dentro dos cerrados sertanejos. Vez por outra, sou necessário recuar, porque eles são como abelhas quando perseguidas pelos seus predadores.
Há anos que sou patrocinado pelos pesquisadores, escritores e cineastas, que amigavelmente, diariamente, me entregam o material para eu segui-los. Mas ainda me falta tanto chão para percorrer e registrar o que os cangaceiros fazem dentro da mata, porque, o tempo não foi ainda suficiente para acompanhá-los por todos os lugares que eles vão. Também, a literatura lampiôncia é bastante vasta, e não é fácil segui-la tão rápida como se pensa.
Nessas minhas andanças seguindo os facínoras presenciei o começo das desavenças da família Ferreira com o senhor Zé Saturnino, ou vice-versa, mas ainda eu não descobri quem tem razão nesta briga de vizinhos. O Zé Saturnino diz que quem começou a desavença foram os Ferreiras, e a razão é sua. Já os Ferreiras também se acham vítimas de um homem que se fazia amigo da sua família, e de repente, sem menos eles esperarem, se transformou em um grande adversário.
Presenciei também uma certa parte de invasões que o capitão fez por este sertão nordestino. Mas vi também o Lampião sendo assassinado, juntamente com a sua rainha Maria Bonita e mais nove cangaceiros da sua empresa, mortes todas feitas pelas forças policiais do tenente João Bezerra da Silva, na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota do Angico, em Porto da Folha, atualmente Poço Redondo, no Estado de Sergipe.
Eu também não tenho como afirmar que o meu amigo de andanças nas caatingas, o capitão Lampião foi herói. Na minha humilde e não válida opinião, ele nunca foi herói, mas também não quero o chamar de bandido, para não ferir os seus familiares, e assim, o considero como um verdadeiro delinquente, doente mental, que não quis obedecer a lei por desejo próprio, que não respeitava as regras ou não fazia o dever de casa no momento certo, ou ainda não aceitava seguir as regras de um grupo social de homens. O capitão Lampião não obedecia a lei, porque sabia muito bem que ficavam impune todas as desordens praticadas por ele.
Pedra da
Emboscada, Fazenda Pedreira, Serra Talhada, Pernambuco.
Foi por trás
dessa pedra que Zé Saturnino se escondeu e meteu bala contra Lampião e os seus irmãos. O motivo seria uma desavença entre vizinhos, causado por duelo abortado
por Zé Saturnino, filho de pessoas que tinham muitas posses e que moravam
vizinho as terras de Lampião e família.
"Lembrando
ao leitor que o que eu escrevi não tem nenhum valor para a literatura
lampiônica, e nem contraria de forma alguma o que os cineastas gravaram, e
nem o que os escritores e pesquisadores já escreveram.
São apenas os meus pensamento sobre cangaço. Nada real neste meu humilde trabalho.
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