Por João Filho de Paula Pessoa
Passarinho era um cangaceiro meio solitário, embora fizesse parte do Bando de
Corisco, muitas vezes andava e agia sozinho. Certa vez, em alto grau de
embriagues, tentou assaltar alguns mercadores viajantes que passavam próximo ao
povoado de Macambira/Ba, mas estes estavam armados e reagiram a tiros e
Passarinho, embora bêbado, conseguiu fugir, no desespero de sua fuga sequestrou
um jovem para lhe mostrar as melhores trilhas de saída.
O pai deste garoto,
José Cassiano ao saber do sequestro de seu filho empreendeu perseguição ao cangaceiro, em companhia de outro filho, rastejando seus passos. Ao encontrar
Passarinho travaram uma intensa luta corporal, tendo Passarinho lesionado José
Cassiano na perna à punhal, mas este juntamente com os filhos dominaram e
amarraram o Cangaceiro.
A orientação governamental da época era para matar o
cangaceiro e decapita-lo, pois não era crime matar cangaceiro, sendo que,
aquele dia específico era uma Sexta Feira da Paixão, uma Sexta Feira Santa, e a
religiosidade e tradição local não permitiram aquele ato de violência e morte
naquele dia.
Desta forma, José Cassiano e seus filhos prenderam Passarinho
amarrado numa casa de taipa local e mandaram avisar às autoridades, que no
outro dia foram pegar aquele cangaceiro, já sóbrio e envolvo à muitos curiosos
e o levaram preso e vivo à Salvador.
Nos Anos 50, após o fim do cangaço e a
anistia dos cangaceiros, Passarinho retornou ao local, especificamente à casa
de José Cassiano e seus filhos, a quem pediu desculpas pelo seu ato e agradeceu
por sua vida, por estes não terem lhe matado, pois tinham todos os motivos para
isto e a lei à seu lado, mas mesmo assim não fizeram e ele estava vivo graças
àquela família, podendo assim seguir sua vida em paz.
(João Filho de Paula Pessoa,
Fortaleza/Ce.) 30/12/2019
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