Por Valdir José Nogueira de Moura
Em meio a tantas paisagens urbanas, históricas e naturais, muitos lugares incríveis no município de São José do Belmonte continuam desconhecidos do grande público, seja pela dificuldade de acesso ou somente pela falta de informação, muitos atrativos em nosso município seguem inexplorados.
Panorama a partir da
PEDRA DE DÉ ARAÚJO.
A
famosa “Pedra de Dé Araújo” é um desses lugares.
No
entanto, informa-nos o historiador Rostand Medeiros, no seu prestigiado blog
“Tok de História”, que, ao norte da cidade pernambucana de São José do
Belmonte, em área de limites estaduais de Pernambuco, Paraíba e do Ceará,
existe no lado pernambucano, uma elevação natural, com altitudes que chegam a
mais de 1.000 metros e é conhecida como Serra do Catolé.
Escritores Rostand Medeiros, João de Sousa Lima e Juliana Pereira
Ele informa-nos,
também, que, em entrevista com o senhor Luiz Severino dos Santos, morador
nascido e criado naquela Serra, que as grutas existentes naquela elevação
natural foram utilizadas como esconderijo pelo bando de Sinhô Pereira e pelo
seu primo, Luiz Padre, ficando o local conhecido como o “Coito” dos Pereiras, existindo
ali também outra gruta que ficou conhecida como a PEDRA DE DÉ ARAÚJO.
“Dé Araújo – Um cangaceiro afamado – um soldado célebre”
De
acordo com o senhor Severino, a família de Luiz Padre era proprietária do Sítio
Catolé antes mesmo do início das “brigadas” contra os Carvalhos. Entre uma
pausa e outra da luta, Luiz Padre, Sinhô Pereira e o bando seguiam para a Serra
do Catolé, onde se refaziam para novos combates. Atesta Rostand que as
características de isolamento e as dificuldades naturais de acesso a Serra,
proporcionaram aos cangaceiros um verdadeiro local de descanso e apoio. A
permanência do grupo naquele local era sempre rápida e controlada. Temendo que
a polícia descobrisse aqueles esconderijos, todos os acessos eram vigiados,
ninguém entrava ou saia da Serra sem que Luiz Padre e Sinhô Pereira não soubessem.
A localização da Serra e do Sítio Catolé era de importância estratégica, pois
distava, somente, 18 quilômetros da fronteira cearense e a 3 da Paraíba,
mostrando que a partir daquele local estas fronteiras poderiam ser
ultrapassadas e outros locais de apoios e de combate poderiam ser alcançados.
Certo
dia, tendo ido o cangaceiro Dé Araújo encontrar com o companheiro Cícero Costa,
na Paraíba, foi o mesmo surpreendido por uma força policial composta de 12
praças, sob o comando de um cabo, na altura do Riacho de Santa Inez.
Conseguindo então furar o cerco, depois de levemente ferido, foi Dé Araújo se
refugiar em uma das inúmeras grutas existentes na Serra do Catolé. A partir de
então, o local ficou conhecido como PEDRA DE DÉ ARAÚJO.
PEDRA DE DÉ ARAÚJO - Serra do Catolé – São José do Belmonte
Natural
de Floresta, Dé Araújo, batizado como Manoel Cavalcanti de Araújo, era filho do
casal, João Antônio de Souza Araújo e Pacífica Benvinda Cavalcanti de
Albuquerque. Em 1919 seus familiares passaram a residir em um sítio na Serra do
Catolé. Nesse mesmo ano Manoel Cavalcanti de Araújo por motivos pessoais,
torna-se cangaceiro do bando de Sebastião Pereira e Luiz Padre.
Sinhô Pereira sentado e Luiz Padre.
Deixando o
bando, incorpora-se na Força Pública de Pernambuco, porém, torna-se desertor e
regressa ao bando de Sinhô Pereira, virando, então DÉ ARAÚJO. Com a desistência
de Sinhô Pereira, chefe supremo dos cangaceiros, oportunidade em que se retirou
para Goiás, Lampião assumiria o bando. Em outubro de 1922, Dé Araújo também
participou do grupo de cangaceiros que atacou a cidade de Belmonte, com o
objetivo de assassinar o coronel Gonzaga Ferraz. Tempos depois Dé Araújo
abandona o cangaço, sendo que no dia 1/12/1926, com outra identidade, agora era
o novo cidadão Rodrigo de Souza Nogueira, verificou Praça na Força Pública de
São Paulo, no 1º Regimento de Cavalaria.
Nessa
cidade, faleceu Dé Araújo aos 77 anos de idade no dia 29/4/1979. A sua história
foi contada magistralmente pelo historiador e Conselheiro do Cariri Cangaço,
Geraldo Ferraz, no livro “Dé Araújo – Um Cangaceiro Afamado, Um Soldado
Célebre”.
Personagem
da história do cangaceirismo dos sertões nordestinos, seu nome foi eternizado,
numa gruta da Serra do Catolé , a famosa PEDRA DE DÉ ARAÚJO.
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