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sábado, 21 de setembro de 2024

SEU RAIMUNDO JANUÁRIO ERA COMERCIANTE NO MERCADO PÚBLICO CENTRAL DE MOSSORÓ

 Por José Mendes Pereira


Não tenho muito que falar sobre seu Raimundo Januário, isto é, se era mossoroense, ou se chegara aqui e aqui ficou, se ainda é vivo, se não, o conheci muito, e sei que durante muitos anos foi comerciante no Mercado Público Central de Mossoró, vendendo cereais, enlatados e outras mercadorias. Era esposo de dona "Laís", que era professora na "Casa de Menores Mário Negócio".

Seu Raimundo Januário tinha uma cor clara, de estatura média, meio grosso, mas não tanto, e nesse período, suponho que ele já passava dos 50 anos. Residia no centro da cidade, à Rua Melo Franco, em frente à "Estação Ferroviária de Mossoró" que nos dias de hoje, funciona a "Estação das Artes Eliseu Ventania".

www.mossoroemfoco.com

Seu Raimundo Januário era um dos que fornecia mercadorias à "Casa de Menores Mário Negócio" mantida pelo o Governo Estadual com parceria do Governo Federal, administrada pelo -"SAM - Serviço de Assistência ao Menor", hoje é a "FEBEM".

Lembro-me que quando a vice-diretora me incumbia para fazer algumas comprinhas de mercadorias na sua mercearia, geralmente ele me perguntava: "- E como anda com as princesinhas?"

Princesinhas que ele se referia eram as mocinhas novinhas, porque eu ainda estava com pouco mais de 16 anos. Mas eu o respondia que os seus pais eram bravos.

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Ele sorria e me dizia que, no seu tempo, para se namorar, era  muito difícil, porque as mães não arredavam os pés um só instante das filhas quando elas estavam com namorados. Ficavam ali grudadas ao casal. Não rolavam beijos, só uma pegadinha de mãos e mais nada. E ai daquele que tentasse dar um abraço na namorada! O jovem já era considerado um canalha, e o pai da donzela já o rejeitava como futuro genro. E alguns deles chegaram até ser expulsos da casa da namorada.

Seu Raimundo Januário era uma excelente pessoa, gostava de prosear, de contar histórias sobre mocinhas novas no seu tempo, mas que nunca se aproveitou de nenhuma. Mantinha o respeito para não passar por gaiato, ou elemento desprestigiado pelos pais das suas namoradas. A sua esposa, dona Laís, que ainda está viva, também é uma grande figura humana.

Apenas quero registrar neste blog a passagem do comerciante Raimundo Januário em nosso planeta, já que o conheci na batalha pela vida. Mas ele não era desarranjado. Apesar da simplicidade que lhe acompanhava, era dono de muitos panos para as mangas.

Minhas simples histórias

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.

Se você gosta de ler histórias sobre “Cangaço” clique no link abaixo:

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LIVRO LAMPIÃO EM SERGIPE;

 Por Luiz F. de A. Bonfin

INTRODUÇÃO

Virgulino Ferreira da Silva, de alcunha Lampião, foi o cangaceiro mais conhecido do Brasil, sendo a partir de 1926, oficialmente, capitão do batalhão patriótico, e ainda, segundo a imprensa “uma revivescência cabocla de Átila”, ou “Lampeão o Átila sertanejo”, ou ainda, “O Imperador dos Sertões. Esse ano foi sem dúvida muito especial para consolidação de sua fama. Era o seu sétimo ano de banditismo sendo o quinto como chefe de bando.

Apresento neste trabalho a transcrição de matérias dos jornais publicadas no ano de 1926, em que Lampião, com seus companheiros de armas, foi protagonista das notícias ligadas a sua atuação nos estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Ceará.

Não faço afirmações nem análise, apenas coloco à disposição dos pesquisadores e estudiosos, os fatos como eles foram divulgados na época em que aconteceram. Faço somente a atualização dos nomes das cidades na época relacionada ao ano de 1926: Vila Bela, hoje Serra Talhada-PE, Paulo Afonso, atual Mata Grande-AL, Meirim, atual Ibimirim-PE, Leopoldina, atual Parnamirim-PE, povoado Nazaré ou Carqueja, atual Nazaré do Pico, Floresta-PE, Alagoa de Baixo, atual Sertania-PE.

A iconografia deste trabalho está restrita ao ano de 1926, com algumas exceções para enriquecer as transcrições que seguem em ordem cronológica, mas, os jornais não cumprem nenhuma prioridade geográfica, sendo o critério utilizado na pesquisa, o tratamento jornalístico por cada órgão noticioso, mês a mês. Observem que a imprensa apresenta o nome Lampeão sempre grafado com “e”, mas, em novembro de 1926 o Jornal Pequeno grafou com “i”, foi um fato isolado e mesmo depois vemos sempre a palavra escrita com “e”, Lampeão.

As matérias mostram a efervescência política do momento, com discussões e opiniões, cartas de leitores, com denúncias que retratam a genuína preocupação dos habitantes daquelas paragens, para que os jornais divulguem os tormentos passados, nas diversas localidades de ação dos cangaceiros, instigando o poder público, cobrando uma ação mais efetiva. Fica claro também a preocupação do estado na luta contra o banditismo, apresentando os telegramas trocados pelas autoridades, as justificativas pela demora em conter o bando de Lampeão ....

A imprensa oposicionista denuncia o governador de Pernambuco que proíbe a divulgação dos telegramas informando a atuação dos cangaceiros no interior do estado.

As primeiras medidas tomadas pelo governador Estácio Coimbra ao assumir o governo de Pernambuco, conjuntamente com o governador de Alagoas, senhor Costa Rego, foi ordenar a prisão dos proprietários sertanejos que protegiam o bando de Lampião, isto em dezembro de 1926.

Um ano em que o próprio congresso nacional sediado na época, no Rio de Janeiro, que era a capital do Brasil, através de seu representante se dedicou nas sessões legislativas para tratar do  legalismo em que Lampião foi levado, através das articulações do padre Cícero, prefeito de Juazeiro do Norte, e Floro Bartolomeu deputado federal pelo Ceará, na luta do governo de Artur Bernardes contra o movimento tenentista e sua coluna denominada de Prestes e Miguel Costa.

A imprensa fala sempre das correrias do bando de Lampião e que ele não enfrenta a polícia.

Veja o que o Dr. Atualpa Barbosa Lima, então um conhecido político cearense, que esteve na região do Cariri responde ao redator do Correio do Ceará, sobre essa questão. Segundo o Dr. o irmão de Lampeão teria lhe dito “primeiro porque não tem interesse em matar soldados, pois o governo tem muitos para substituir os que morrem, segundo porque gastam inutilmente a sua munição, terceiro porque se desviam dos seus fins, que é para matar e roubar a quem tem dinheiro e joias, quarto porque arrisca a pele sem proveito. Brigamos, em último caso, quando não há meio de escapulir, aliás, o segredo de nossa vitória está em que sabemos brigar e fugir na ocasião precisa.

Achamos sempre melhor correr, do que brigar, e quem sabe correr raramente morre”. Nessa entrevista o Dr Atualpa faz declarações de fatos que ainda não foram confirmados.

Para aqueles que duvidam da liderança de Lampião com seus cabras, leiam neste trabalho o trecho do jornal quando o caixeiro da Standard Oil Company fez o pedido para que o cabra de Lampião devolvesse a sua aliança de casamento.

Em outubro de 1926 aparece a notícia de “Lampeão, o Bonelli Brasileiro”, talvez a primeira tentativa de publicação de um livro sobre Lampião. Ao que parece não foi publicado.

Interessante também a entrevista do professor Lourenço Filho, importante figura nacional, sobre o lançamento de seu livro “Juazeiro do Padre Cícero”, onde ele aborda as relações do padre com o cangaço.

Acrescentei uma matéria de setembro de 1933, para enriquecer um fato relevante acontecido em 1926. Trata-se da entrevista feita com Pedro de Albuquerque Uchoa, “ajudante de inspetor agrícola no Juazeiro”, sobre sua participação no episódio da lavratura da patente de capitão do batalhão patriótico do Juazeiro a Lampião e de tenente ao seu irmão Antônio Ferreira.

Estive na capital de São Paulo cerca de 10 vezes, tendo sido hóspede do mestre Antonio Amaury. Nas nossas longas conversas sobre o cangaço, fiz-lhe inúmeras perguntas e ele me respondeu todas. Certa vez perguntei ao mestre quem estava com o padre Cícero e Lampião quando este recebeu a patente de capitão do batalhão patriótico do Juazeiro do Norte. Eis a resposta: - eu entrevistei João Ferreira, irmão de Lampião testemunha ocular do fato, que estava acompanhado de sua esposa Joaninha, ele já um homem feito, com 22 anos de idade. Sobre os presentes no local ele me falou que recordava que estavam presentes no recinto no momento em que Pedro de Albuquerque Uchoa escrevia as patentes: ‘além de Lampião e Padre Cícero, Benjamim Abrahão, meu irmão Antônio Ferreira, Sabino, Luiz Pedro’, e lembrou-se que João Ferreira pouco depois cita Zabelê, além de uma quantidade não contada de outros cangaceiros no recinto.

A data da morte de Antônio Ferreira, sempre me causou dúvidas, pois pesquisadores escreviam que foi em janeiro de 1927, mas, nas minhas pesquisas a imprensa informava que o fato ocorreu entre 10 e 15 de dezembro de 1926. Vejam na matéria do Jornal do Recife de quinta-feira, 16 de dezembro de 1926: “Corre com insistência, aliás, com algum fundamento, pelo sertão, que o célebre bandoleiro Antônio Ferreira, irmão e ‘lugar tenente’ do bando chefiado por Lampião foi morto em dia da semana passada, nas imediações do lugar Poço do Ferro, do município de Tacaratú.” Esse jornal publicou com detalhes, inclusive o acidente com Luiz Pedro. Já o Diário de Pernambuco do dia 18 de dezembro publica que foi uma luta travada com a polícia no município de Floresta, dias depois, essa mesmo jornal repete a versão do Jornal de Recife.

Nesses anos todos de pesquisa em jornais e outros documentos, observei que nunca foi consenso  a quantidade de cangaceiros divulgada pela imprensa ao longo do ano de1926, que variava entre 49 e 200 homens.

Surpreendeu-me a diferença dada a fatos como a batalha de Serra Grande, e o sequestro praticado por Lampião, do representante da Souza Cruz e Standard Oil Company, ocorridos na mesma semana. A batalha foi pouco explorada e divulgada, no entanto, o sequestro foi muito bem documentado, com entrevistas e matérias de vários jornais.

Alguns fatos que foram publicados no período proposto por esse trabalho não foram destacados, embora tenham a mesma importância dos que foram aqui lembrados.

Boa leitura

Luiz Ruben F. de A. Bonfim

Economista e Turismólogo - Pesquisador de Cangaço e Ferrovia

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O CANGAÇO PELA PERSPECTIVA FEMININA

 Por Tuíca do Cordel

Se tinha algo que dava um prazer intenso a Lampião, além de apunhalar seus rivais ou os “macacos”, como os cangaceiros chamavam os policiais no sertão nordestino dos anos 30, era “cobrir uma fêmea”, o que, no linguajar deles, significava estuprar uma mulher enquanto ela chorava. Isso quando não era o caso de aplicarem uma “gera”, nome conhecido na região por estupro coletivo. Lampião, o chefe, era o primeiro da fila. Para ele e seu bando, o estupro ocorria porque “as mulheres queriam”. E após a morte de seus maridos, as cangaceiras ficavam à disposição de qualquer um que as quisessem.

Zé Baiano, cangaceiro do bando, gostava de marcar mulheres com ferros para boi com as iniciais do seu nome na face, genitália, nádega ou panturrilha. Se a mulher estivesse de cabelo ou vestido curto, era castigada pelo cabra. Criar os próprios filhos também era outro direito negado a elas. Dadá, estuprada quando tinha 12 anos por Corisco, nome proeminente do cangaço, classificava essa dor como “a maior do mundo”.

Relatos como esses, que revelam o terror que foi a vida das mulheres que entraram para o cangaço - e também daquelas que tinham a infelicidade de cruzar com o bando de Lampião -, ganharam visibilidade em Maria Bonita: sexo, violência e mulheres no cangaço, livro recém-lançado da jornalista Adriana Negreiros.


Maria Bonita - A Rainha do Cangaço em trajes de festa: cabelos ao estilo das melindrosas, dedos tomados por anéis e uma profusão de colares no pescoço.

A obra busca tirar das sombras uma rotina de opressão e violência a que eram submetidas cangaceiras como Maria Bonita, Dadá, Durvinha, Otília e outras dezenas de mulheres que foram raptadas com extrema violência pelos cangaceiros. Ou que decidiram seguir o bando por conta própria, sonhando com uma vida de riqueza, folia e aventuras que fazia parte do imaginário popular sobre o cangaço. Mas aquela era uma “vida miserável”, diria Dadá.

Pesquisar sobre o cangaço, conta Adriana, foi se deparar com violências absurdas que mais parecem saídas de filmes de terror. Várias das mulheres que entraram para o cangaço, aproximadamente 40 e muitas delas à força, viviam uma rotina de ameaça constante de morte tanto por parte de seus companheiros quanto da polícia, além dos estupros que sofriam.

“Os cangaceiros se julgavam no direito de fazer com elas o que bem entendessem, inclusive matá-las. No bando de Lampião, elas eram vistas como propriedade privada de seus homens”, explica a autora. Era uma “vida desgraçada”, como relatou Otília, uma das inúmeras mulheres que foram obrigadas a entrar à força para o cangaço. Ou entravam ou morriam na bala.

Transgressora? Sim - Fascinada pelo cangaço desde menina, Adriana costumava ouvir da avó materna a história sobre como, em 1927, a cidade de Mossoró (RN), onde ela nasceu, se organizou em trincheiras e botou para correr na bala os cangaceiros.

Mas, diferentemente da literatura sobre o período, contada pela perspectiva masculina, Adriana optou por escrever sobre o cangaço do ponto de vista feminino, um recorte raro na historiografia sobre o período, uma escolha que ela definiu como “política e feminista”.

“Nas narrativas sobre o cangaço, de forma geral, só há homens. De bandoleiros a soldados, passando por políticos e jornalistas, os personagens são todos do sexo masculino. O principal objetivo do livro é jogar luzes sobre as narrativas das mulheres, que são historicamente silenciadas – no cangaço e em qualquer outro episódio”.

A escolha da jornalista em escrever um livro sobre Maria Bonita foi embasada por seu pioneirismo e importância: ela foi a primeira mulher a entrar para o cangaço - e por vontade própria. Após sua chegada, Lampião daria passe livre para outras mulheres.

Para Adriana, Maria Bonita tinha um comportamento transgressor: uma mulher do sertão dos anos 1930, machista e opressor, que teve coragem de largar o marido e dar uma banana para a moral e bons costumes para cair nos braços do homem que amava, um fora da lei, ainda por cima. Seu bom-humor com “risada de rapariga”, como definiria a cangaceira Durvinha, era criticado por outras mulheres do bando.



O casal de cangaceiros Pancada e Maria Jovina; as cangaceiras Nenê, Maria Jovina e Durvinha; e Maria Gomes de Oliveira, que entraria para a história como Maria Bonita.

Feminista? Não - Considerar Maria Bonita feminista seria um exagero: se por um lado ela exalava empoderamento, por outro reproduzia o machismo violento do cangaço. Apesar de a cangaceira ter intervindo em raras ocasiões para que Lampião não violentasse mulheres, ela não defendia as próprias companheiras quando eram condenadas à morte por adultério. Adriana relata que a Rainha do Sertão tinha por hábito, por exemplo, arrancar brincos de mulheres inimigas à força, rasgando-lhes os lóbulos.


Quando recebeu a pena de morte por ter traído seu marido no bando, Lídia tentou clamar por sua vida para a primeira-dama do cangaço, que lavou as mãos. “As mulheres também agiam de forma machista, não se apoiavam e até incentivavam a execução de suas colegas quando cometiam adultério”, diz Adriana que, no entanto, defende que Maria Bonita não era uma sádica. “Não há relatos de que ela tenha cometido assassinatos ou participado de torturas.”

Para algumas das cangaceiras, entrar para aquela vida sofrida e penosa era uma aventura e a possibilidade de outra existência que não fosse o marasmo dos dias quentes e tediosos do sertão. Os cangaceiros eram vistos por muitos como heróis, homens que protegiam os sertanejos da violência da polícia, além de bem-sucedidos por ostentar muito ouro.

Era comum, afirma a autora, ver mulheres suspirando por Lampião. “Entrar para o cangaço representava, para muitos sertanejos e sertanejas, a única possibilidade de uma vida outra que não a sina de viver enfrentando a miséria e a seca.”

Maria Bonita só depois da morte - O livro mostra que Maria só se tornou Bonita após sua morte. No bando de Lampião, ela era apenas Maria de Déa (uma referência à sua mãe) ou Maria do capitão. Há duas principais versões para a criação do apelido.

A primeira teria sido uma criação de jornalistas do Rio de Janeiro e a segunda, uma “homenagem” dos soldados que participaram da emboscada feita a ela em 28 de julho de 1938, na grota do Angico, em Sergipe, que resultou em sua morte, na de Lampião e de boa parte do bando. As cabeças decepadas foram expostas ao público em excursões fúnebres por cidades alagoanas.

Adriana Negreiros

“Retratada pelas fontes oficiais como criminosa e perigosa, afinal, era preciso justificar sua morte e decapitação, a figura de Maria Bonita logo seria apropriada pela indústria do entretenimento, mas com uma roupagem romântica. Daí a origem do mito da mulher guerreira, da Joana D’arc da caatinga”, diz Adriana.

E, diferentemente de como a cangaceira foi retratada na minissérie Lampião e Maria Bonita, exibida pela Globo em 1982, em que Maria Bonita duela de arma em punho com a polícia em uma das cenas, seu dia a dia do sertão era outro. Cangaceiras não atiravam, com exceção de Dadá, e suas funções no bando se reservavam mesmo a satisfazer a selvageria sexual dos maridos e cuidar dos afazeres domésticos em meio a mandacarus e a aridez daquela vida.

(Da revista Trip)

http://luzdefifo.blogspot.com/2019/02/o-cangaco-pela-perspectiva-feminina.html

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SURGE SINHÔ, O MAIOR DOS PEREIRAS, NO CANGAÇO

 Por Manoel Severo Barbosa

Aderbal Nogueira, Manoel Severo e Dr. Sérgio Dantas

O ano é 1915 quando vamos encontrar Né Dadu, retornando da cidade de Triunfo após ser absolvido de crime de morte de João Jovino. Naqueles dias uma volante se formava para capturar um dos maiores desafetos da família Carvalho. Sob o comando do Tenente Teófanes Ferraz Torres e contando ainda com os Carvalho: Antonio e José da Umburana e João Lucas das Piranhas, atacam São Francisco, mas não encontram Né Dadu, espancando fortemente uma negra de nome Antonia Verônica, governanta do lugar, conhecida por “Mãe Preta” e prendem o mais novo dos filhos de D. Constança, irmão de Né Dadu: Sebastião Pereira, então com 16 anos.

Sinhô Pereira, sentado e Luiz Padre, de pé

A represália dos Pereira veio logo em seguida, quando é morto José da Umburana em emboscada de Vicente de Marina, o morticínio continua, desta feita mais um Pereira tomba, Né Dadu morre em 16 de outubro de 1916, vítima de covarde traição de um ex-cabra dos Carvalho, Zé Rodrigues, Zé Grande ou simplesmente “Zé Palmeira” que o matou com seu próprio rifle no lugar Poço do Amolar, na fazenda Serrinha. Esse caboclo Zé Palmeira havia se aproximado de Né Dadu após ardilosa trama traçada pelos próprios Carvalho, simulando o rompimento do referido cabra com a família inimiga. Apesar de Atento e desconfiado Né Dadu acabou sendo ludibriado pelo audacioso golpe e acabaria sendo vítima fatal do mesmo.

A morte do irmão empurrou definitivamente o mais jovem da família para o mundo do crime, nascia ali aquele que seria o mais valente de todos os cangaceiros, segundo o próprio Virgulino Ferreira: Sebastião Pereira, vulgo Sinhô Pereira.
  

 Sinhô Pereira década de 70 - 
O seu tamanho era enorme, imagine o tamanho da natureza deste homem

Partindo na sanha da formação de seu grupo, Sebastião Pereira partiu em busca do Coronel Zé Inácio, do Barro, conhecido coiteiro e protetor de bandidos, dali saiu com um grupo de 20 cabras, tendo como seu lugar tenente seu primo, Luiz Padre, rumo a Vila Bela, no Vale do Pajeú.

Invadindo São Francisco, depredou e queimou a loja de Antonio da Umburana e tomou a pequena vila, partindo dali para as fazendas dos Carvalho, Umburanas e Piranhas, depredando, queimando, matando animais, destruindo cercas, arrasando tudo. Os Carvalhos diante de tanta fúria se retiraram para a cidade, finalizando assim a primeira grande investida do grande cangaceiro.

Sobre a eterna peleja entre os clãs vamos ter o episódio da invasão à fazenda Piranhas, narrado por inquérito na própria delegacia de Vila Bela, como segue: “... no dia 1º corrente apresentaram-se voluntariamente a prizão os indivíduos José Alves de Barros e José de tal conhecido por José Caboclo e Francisco Alves de Barros, Cincinato Nunes de Barros, Antonio Carvalho de Barros, conhecido por Antonio da Umburana, Antonio Alves Frazão, José André, Feliciano de tal, João Ferreira, Francisco Porphirio, Antonio Teixeira, Antonio Pedro da Costa Neto, Antonio Pequeno, José Flor e João Tapia todos denunciados neste município como incursos no artigo 294 por terem morto ao cangaceiro Paixão na ocasião em que os mesmos se defendiam do ataque feito a fazenda Piranhas pelo grupo chefiado por Sebastião Pereira e Luiz Padre dos qual fazia parte o referido Paixão (Informe ao Chefe de Polícia pelo delegado de Vila Bela, 5/9/17).

Algum tempo depois Sebastião Pereira mataria o assassino de seu irmão Né Dadu, o indivíduo Palmeira na localidade de Viçosa em Alagoas, tendo Luiz Padre sangrado o matador de seu pai Padre Pereira, Luis de França, em São João do Barro Vermelho. Em outra oportunidade na localidade de Queixada, sob a proteção do Coronel Pedro da Luz, acabou encontrando Antonio da Umburana que foi sangrado, esquartejado e queimado, assim se configurava a vingança dos primos, Sebastião e Luis Padre.

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