*Rangel Alves da Costa
Os sites informativos já esmiuçaram o ocorrido, por isso mesmo não pretendo divagar sobre o covarde e brutal esfaqueamento do candidato Jair Bolsonaro. Sem partidarismos, afirmo apenas ter sido o reflexo desses tempos de guerra vividos no País. E guerras onde as trincheiras foram abertas pelos absurdos gestados nas instituições políticas e sociais. Talvez haja um buraco só, um túnel sem luz e sem perspectiva de salvação.
A partir do trágico episódio de hoje, o que particularmente me chamou atenção foram as idiotices surgidas nas redes sociais. Convenhamos, mas fato de tal gravidade não merece ser tratado como pilhéria, achincalhe, zombaria, e tudo o mais deplorável numa ação humana. E indago ainda: Que tempos são esses onde o sofrimento é tido como escárnio e gozação?
Deveras vergonhoso e revoltante como pessoas – até algumas que se mostram como engajadas, cultas e politizadas – de repente passam a agir como se estivessem perante uma brincadeira. Inconcebível como o partidarismo fanatizado torna as pessoas em fantoches, em insensíveis, em alucinados, em verdadeiros desnorteados. Difícil imaginar como pessoas em sã consciência possam chegar a níveis tão baixos.
Avistei postagens de facas de plástico, dessas pequenas de aniversário, passando a ideia de que o trágico episódio não passou de uma farsa e que a arma usada não poderia ter causado maiores consequências. Dão-se ao trabalho de pesquisar imagens no intuito de desacreditar um fato de gravidade de monta. Qual a motivação para se chegar a tal ponto de hipocrisia e de insensatez?
Também avistei postagens dizendo que a maquiagem foi tão malfeita que até se esqueceram do sangue. E ainda outra com uma tinta vermelha derramada, logicamente passando a ideia de que se houve sangramento assim aconteceu porque os apoiadores de Bolsonaro levavam tinta vermelha para ser usada na simulação. Quer dizer, tudo fazendo para desacreditar a realidade dos fatos, para negar a existência da violência contra o candidato, para dizer apenas que tudo não havia passado apenas de um grande circo.
E tem muito mais. A imbecilidade é tamanha que chegam a postar foto com Bolsonaro usando uma camisa amarela – da mesma usada durante o atentado – e ao lado de enfermeiras de um hospital. O que querem dizer com isso? Ora, que Bolsonaro sequer havia sido ferido, pois posando sorridente no hospital para onde havia sido levado. Tem cabimento uma coisa dessas? Mas pessoas chamam a si incumbência de divulgar aberrações desse tipo.
Em outra postagem, diz o insano que todo o episódio foi devidamente montado. E dá provas: diz que não houve sangramento, que o pano que encobriu a parte ferida sequer estava manchado, que o leito hospitalar era mentiroso, que os médicos não fizeram procedimento algum, vez que nem luvas usavam. O cúmulo do absurdo. Tão absurdo que não se pode imaginar ter sido criação de pessoa normal. Alguma coisa de errado há com quem age assim. Não há como pensar diferente.
E mais: que Bolsonaro se esfaqueou. Isso mesmo, que sequer houve agressão, pois o candidato, como estratégia eleitoral, cuidou de se esfaquear. Parece mentira, mas é verdade. As redes sociais, principalmente o Facebook, estão repletas de postagens assim, numa baixaria que não acaba mais. E o pior é que tem gente que comenta com mais absurdos, chegando mesmo a dizer que o candidato se esfaqueou para se se passar por vítima e assim chegar ao gosto popular.
Contudo, surge aqui outro problema. A maioria de tais insanos se declara petista, se diz eleitor petista, e acrescenta ódios e enfurecimentos às suas postagens. E desse modo, não há outra conclusão a se chegar senão aquela que diz ser o fanatismo a cegueira maior do ser humano. Difícil acreditar que o partidarismo ensandecido faça chegar a tal ponto. Mas a verdade é que o ódio a Bolsonaro aliado à paixão ao PT, infelizmente acaba gestado aquilo que Nélson Rodrigues já citou: A Revolução da Idiotice.
Escritor
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