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quinta-feira, 28 de junho de 2012

O Mistério

Por: Juarez Conrado - Jornalista
Foto:Lampiaoaceso.blogspot

É na verdade um mistério
Levado para o cemitério
O encontro programado
Será que Lampião iria
Falar na aposentadoria
Abandonando o cangaço?

Pessoalmente acredito
Que já se achando abatido
Deixaria o cangaço
Certamente o sucessor
Do sertão, governador
 Ganharia um abraço

Sendo assim comunicado
O seu então comandado
Que ganhara a promoção
Teria a responsabilidade
De mesmo em dificuldade
Manter no grupo, união

Mas na fria madrugada
Com a gruta já cercada
Acabou-se o vencedor
Morreu o grande bandido
Que desta vez foi vencido
Sem indicar sucessor.

Sessenta e dois anos depois de sua morte, uma pergunta permanece intrigando a quantos procuram conhecer os vários episódios que marcaram durante duas décadas, a vida de Virgulino Ferreira da Silva, a expressão máxima do banditismo nas Américas.


Por que Lampião, acostumado com a perseguição das volantes, deixou-se cercar tão facilmente na gruta do Angico, sem tempo de pegar, sequer, no seu inseparável fuzil?
Afastada a hipótese – absoluta – de ter sido envenenado pelo coiteiro Pedro de Cândido, como chegam a imaginar muitos dos que já escreveram sobre ele, inclino-me a aceitar a possibilidade – e não é uma afirmação do autor, mas, apenas, uma suposição – que o bandoleiro, após 22 anos de vida em meio às adversidades do nordeste brasileiro, já não desfrutava, apesar de contar, ainda, com apenas 40 anos, 1 mês e 24 dias de idade, de um estado de saúde que lhe permitisse manter a habilidade que lhe assegurou, como poderoso e temível senhor, o controle absoluto dos sertões de sete Estados da região.

Pedro de Cândido à esquerda

Decididamente, desde Janeiro de 1938, acometido de grave enfermidade que o obrigou a sair de circulação, razão dos rumores de que teria morrido vítima de tuberculose, Lampião já não se aventurava a incursões mais perigosas, limitando-se a uma área compreendida entre a Bahia, Sergipe e Alagoas, localizada numa mesma região.
Que andava ele às voltas com problemas de saúde, não há dúvida. Os depoimentos dos que o acoitavam nesse período são unânimes em relação a isso. Lampião já não tinha os reflexos que caracterizaram seu gênio de estrategista. Com um olho perdido, porque atingido por um galho de umburana, e com o outro, segundo o diagnóstico de oftalmologistas que examinaram sua cabeça em Maceió, afetado por glaucoma, não tinha uma boa visão. Aliado a isso, fatos outros, surgidos nos seus últimos meses de vida, levam-me a acreditar que Lampião, sentindo fugir-lhe as qualidades que o guindaram àquela posição no cangaço, tenha decidido a exemplo do que fez

Sinhô Pereira

Sinhô Pereira (seu primeiro e único chefe), retirar-se para o interior do país, passando o comando do grupo a um de seus companheiros mais chegados.
Sabido é por todos que sua presença em Angico tinha como objetivo importante reunião, para a qual foram convocados todos os subchefes do grupo.

Luiz Pedro e Zé Sereno

Luiz Pedro e Zé Sereno lá já se encontravam, restando Labareda e Corisco, que eram ansiosamente aguardados por Virgulino, com uma viagem programada para local que nem mesmo ou os cangaceiros mais íntimos conheciam. Acredito, sinceramente – essa, repito, é apenas a minha opinião pessoal - que tal reunião, por ele mesmo dita como de grande importância, iria marcar a sua retirada do cenário do qual, desde que nele surgiu, garoto ainda, foi sempre sua principal figura.

Os cangaceiros Labareda e Corisco

De outro modo, como se explicar a longa espera dos principais homens do bando, quando, contando com uma extensa rede de coiteiros, poderia facilmente com eles comunicar-se, como, aliás, era de praxe acontecer?
Alguma coisa de grande importância iria realmente ser discutida nesse encontro à margens do São Francisco. Mas a polícia alagoana, com sua fuzilaria, impediu que as intenções de Lampião fossem levadas a efeito.
De surpresa e arrasadoramente, cercou o local, liquidando o homem que iria presidi-la e cuja morte envolveu para sempre em indecifrável mistério a decisão que nela tornaria.

Extraído do livro:
Lampião Assaltos e Morte em Sergipe
Autor: Juarez Conrado
Páginas: 220 e 221
Aracaju - Sergipe - 2010 

Zé Vaqueiro foi justiçado pelos cangaceiros

Por: Juarez Conrado - Jornalista
Juarez Conrado, jornalista e escritor (Foto: Arquivo pessoal)

"Esta história já foi postada neste blog, mas agora com mais detalhes pelo mesmo autor."

Nesse período, Lampião, que empreenderia viagem para o agreste, notou a ausência de Novo Tempo, embora afastando de logo a possibilidade do mesmo ter morrido ou sido ferido, pois, em qualquer dos casos, os coiteiros já o teriam informado.

O cangaceiro Novo Tempo 

Novo Tempo, entretanto, apesar da gravidade do seu estado, lutava para deixar o local onde fora ferido, conseguindo chegar à Fazenda Paus Pretos, de Antonio Carvalho, localizada em Poço Redondo. Desmaiado, foi encontrado pelo jovem Francelino, filho de Zé Vaqueiro, que imediatamente, ao tomar conhecimento do fato, foi ao encontro do cangaceiro, em mais uma demonstração de respeito e fidelidade ao capitão Virgulino.


Com a ajuda do filho, esforçava-se pela recuperação do Novo Tempo, cujo estado de saúde, no entanto, mostrava-se cada dia pior. Diante de tal situação e temendo viessem os soldados descobri-lo aos seus cuidados, o coiteiro arquitetou um meio de livrar-se dele: matá-lo.
Sem que a mulher ou o filho soubesse do seu propósito, foi ao encontro do referido, e, nada dizendo, desfechou-lhe um tiro no ouvido.
De retorno à casa, declarou a Antonia, sua mulher, e a Fernandinho, seu filho, que iria levar uma picareta para cavar a sepultura de Novo Tempo, que não resistiu aos ferimentos  e morrera durante à noite.
Surpreendeu-se, porém, ao voltar ao local do crime: Novo tempo, cujo cadáver iria sepultar, lá não se encontrava, deixando-o bastante apreensivo.
Com um misto de pânico e remorso, voltou para casa. A inquietação, contudo, não lhe permitia conciliar o sono, tal o pressentimento do resgate do bandido pelos companheiros. Novo Tempo, realmente resistira ao tiro.
Depois de escapar por um riacho, para não deixar rastro, foi localizado por duas garotas, filhas de Zé Nicaço, que dele realmente cuidou. Sob a proteção de uma tolda e o uso de poderoso xarope com várias raízes, como era comum acontecer na medicina rural, ficou praticamente recuperado.
Nicaço, dias depois, foi solicitado por Novo Tempo, irmão da cangaceira Sila, Mergulhão e Marinheiro, para comunicar o acontecido a Zé Sereno, seu cunhado. No Poço dos Porcos, coito onde se encontravam os cangaceiros, foi recebida a notícia. Logo após, chegou o companheiro que julgavam morto.
Zé Sereno foi informado, por Novo Tempo, sobre tudo o que lhe tinha acontecido, inclusive a fuga empreendida por Zé Vaqueiro, após desfechar-lhe o tiro e sair apressadamente do local, certo de tê-lo liquidado.
Sabedor da infama traição, Zé Sereno (que era chefe do grupo que Novo Tempo participava), planejou, de imediato, terrível vingança: chamou quatro dos seus comandados, inclusive os irmãos Mergulhão, e Marinheiro, para irem à casa de Zé Vaqueiro. A ordem era que o judiassem bastante e matassem-no.
Partiram sem demora.
Ao encontrarem Zé Vaqueiro, este, cinicamente, procurou aparentar calmo ante a presença dos cangaceiros, porque imaginando o pior: sua traição e seu crime foram descobertos, o que significava morte bárbara e cruel.
Quando perguntado se tinha visto Novo Tempo, insistiu em negar qualquer fato que o relacionasse ao desaparecimento do bandido.
Um integrante do grupo, porém, irritado, e impaciente, o chamou de “nego descarado”, safado sem vergonha, fio de uma puta!, logo o desmascarando: Novo Tempo não morrera, estava em companhia dos demais cangaceiros lá no coito de Zé Sereno e contara tudo. Mesmo baleado no ouvido, sobrevivera milagrosamente, vendo, inclusive, o momento em que o coiteiro saiu apressadamente do local.
Nada mais lhe restava.
Deram início à vingança: Juriti, Sabiá, Mergulhão e Marinheiro  por eles amarrado, xingado e maltratado a bofetadas, chicotadas e pontapés. Obrigando a própria vítima a cortar xique-xique e mandacarus, fizeram com os espinhos desta vegetação uma cama na qual, depois de despido, Zé Vaqueiro foi jogado, morrendo pouco tempo depois.
A vingança estava incompleta, mesmo cumprida a ordem de Zé Sereno no que se referia à grande judiação recomendada.
Seu corpo inanimado e sangrando bastante em virtude dos espinhos que lhe dilaceram as carnes e, ainda jogado na cama feita pelos bandidos, foi transformado em verdadeira tocha com a fogueira provocada por um dos cangaceiros que jogou fósforos acesos nos gravetos.
Retornaram com a “alma lavada”, por ter vingado a traição do coiteiro infiel.  

 Extraído do livro:
"Lampião Assaltos e Morte em Sergipe"
Paginas: 80 e 81
Publicado em Aracaju - Sergipe
Ano de publicação: 2010  

A traição da cangaceira Lídia


Segundo os pesquisadores do cangaço, a Lídia, companheira do cangaceiro Zé Baiano, não levou sorte em razão da sua traição à Pantera Negra.

Lídia era a mais bela de todas as mulheres do cangaço. Mas de olho no pássaro humano, o Bem-te-vi, conseguiu levá-lo até o matagal para satisfazer os seus desejos sexuais.

Mas ela não sabia que o Coqueiro humano havia lhe seguido, enquanto ela procurava um cantinho para transar com o Bem-te-vi.

Inconformado de ter sido rejeitado pela cangaceira, Coqueiro resolveu contar a traição da Lídia ao Zé Baiano.

Logo gerou um clima não muito bom no coito, porque Lampião mandou que o cangaceiro Gato atirasse no delator.

Lídia foi morta a pauladas pelo seu companheiro Zé Baiano.   

Veja o que disse o escritor Arquimedes Marques.
Fonte:

“Por sua vez, o cangaceiro Bem-te-vi logo no início da conversa, de um pulo, tratou de fugir na escuridão, mato adentro em desabalada carreira para nunca mais se ter notícias dele.”

O penúltimo cangaceiro a dexar o cangaço do nordeste brasileiro

Por: Antônio Vicelmo - Repórter

O ex-cangaceiro Moreno

 Moreno, que era pernambucano, mas passou a infância e adolescência na cidade cearense de Brejo Santo, deixou o Cangaço em 1940, dois anos depois da morte de Lampião. Fugiu do Nordeste de pé, deixando um filho com um padre, que somente foi identificado em 2005. Ele é policial e mora no Rio de Janeiro. A beira da morte, o casal de cangaceiros resolveu contar para os filhos, que nasceram em Minas Gerais, a verdadeira história de suas vidas.


Moreno e Durvina foram localizados pelo cineasta cearense Wolney Oliveira, que estava produzindo o documentário "Lampião, o Governador do Sertão".




Wolney Olivera

Uma das filhas do casal, Neli, ajudou o cineasta - a chave foi um filho que Durvina e Moreno deixaram com um padre, em Tacaratu, no sertão pernambucano, enquanto fugiam.

Neli Gonçalves e João Souto, filhos de Morena e Durvinha, na foto com o Presidente da SBEC Ângelo Osmiro

A primeira providência de Wolney foi trazer o casal de volta às suas origens: Paulo Afonso, na Bahia, onde nasceu Durvina, e Brejo Santo, no Ceará, onde estão os parentes de Moreno.
A volta ao passado foi acompanhada pelo Diário do Nordeste. Ele foi recebido como herói, em Brejo Santo, de onde saiu em 1930, com vários crimes nas costas. Moreno foi recepcionado com festa. Concedeu entrevistas às emissoras de rádio e abraçou sobrinhos e amigos de infância. A mesma recepção festiva aconteceu com Durvina, em Paulo Afonso, sua terra natal, também acompanhada pelo Diário do Nordeste.
Em Brejo Santo, na conversa com os parentes, entre risos, lágrimas e versos improvisados, reviveu a sua adolescência sofrida marcada por um ardente desejo de ser soldado de Polícia. O destino, entretanto, lhe foi cruel. Terminou levando uma surra da Polícia de Brejo Santo, sob a acusação injusta de ter roubado um carneiro. Quando saiu da cadeia, matou o homem que o denunciou e que era o verdadeiro ladrão do carneiro.
A partir daí virou uma fera. Matou e castrou alguns dos seus perseguidores. Ele nega estes crimes, dizendo que não assassinou ninguém em Brejo Santo. Mas, a própria família confirma as atrocidades praticadas por Moreno que, com 19 anos, fugiu para a Paraíba. Em Cajazeiras, matou mais um. Fugiu para Alagoas, onde já chegou com a fama de valente.

Cangaceiro

Tentou a profissão de barbeiro. Foi contratado por um proprietário rural para defender uma fazenda do ataque dos cangaceiros. Terminou se integrando ao grupo de Virgínio, cunhado de Lampião, de quem se tornou amigo. Dirigiu o seu próprio grupo. Participou de todos os tiroteios entre cangaceiros e policiais na década de 30.
Nas suas contas, matou cerca de 21 homens. Os historiadores dizem que este número é muito maior. "Ele dirigiu o seu próprio grupo e foi um dos cangaceiros mais cruéis", garante o escritor Magérbio Lucena. Moreno justificava: "Estava ali para matar e morrer, não tinha alternativa". E complementava: "Só atirava, quando o inimigo estava na mira do meu mosquetão".
Antônio Vicelmo
Repórter 

Delegado Archimedes contra o Mata Sete

Por: Rangel Alves da Costa(*)
Archimedes Marques

Na noite do último dia 02 de junho de 2012, estive participando do lançamento do livro “Lampião Contra o Mata Sete”, do delegado Archimedes Marques, na capital sergipana.
Evento bastante esperado, acabou confirmando as melhores expectativas pelo grande número de afeiçoados pelas coisas nordestinas, as lides cangaceiras de outros tempos, que ali compareceram para prestigiar o autor. E também saborear comidas típicas do ciclo junino. Voltei com o belo exemplar debaixo do braço e muito agradecido pelo que pude presenciar. Numa roda à parte dos convidados estava a nata pesquisadora, entusiasta e escritora sobre a saga do cangaço. Pessoas que acompanham eventos cangacistas onde eles ocorram.
Mesmo adoentado, Alcino Alves Costa, escritor sertanejo de renome nacional, proseava com o também escritor João de Sousa Lima, um pauloafonsino que leva a vida nos passos de Maria Bonita e do Capitão. E para surpresa maior ali também estava o verdadeiro mecenas da literatura nordestina, o Francisco Pereira Lima, mais conhecido como Prof. Pereira.

Archimedes Marques autografa sua obra para João de Sousa Lima

Professor Pereira se faz presente ao Lançamento

Aliás, diz o cartão de visitas do Prof. Pereira que o mesmo é especialista em livros do cangaço, movimentos messiânicos, coronelismo e temas afins. Mas é muito mais, pois responsável pela publicação e reedição de importantes obras sobre tais temas, e que somente através dele puderam chegar ao conhecimento dos pesquisadores e novos leitores. Pois bem, enquanto Alcino, João de Sousa Lima e Prof. Pereira proseavam sobre as trilhas lampeônicas e outras trilhas da história, o delegado e escritor Archimedes Marques autografava livros mais adiante. Aproximei-me com exemplar à mão e logo o mesmo repetia sobre o meu nome também estar constando nas referências bibliográficas, através de artigos e crônicas que subsidiaram a obra.
Contudo, a par da gratidão pelo reconhecimento, o que ouvi ao pé do ouvido só vinha confirmar algo que eu já havia pensado desde o dia que o pesquisador falou-me sobre o lançamento do livro. E confessou-me Archimedes que chegou ao local temendo que um oficial de justiça aparecesse a qualquer instante com uma ordem judicial suspendendo o lançamento da obra. Tinha fundamento a preocupação do escritor, pois o seu livro é praticamente uma contestação, um contraponto a outro livro proibido pela justiça de ser lançado em Sergipe. De autoria do advogado e juiz aposentado Pedro de Morais, o livro “Lampião, o Mata Sete”, até hoje continua sendo objeto de apreciação recursal, vez que um juiz de primeiro grau impediu o seu lançamento.
Acatando ação promovida por familiares de Lampião e Maria Bonita, o livro “Lampião, o Mata Sete” foi proibido de ser lançado. O magistrado de primeiro grau proibiu que o seu teor chegasse ao conhecimento do público por ferir a honra, a imagem, a dignidade, enfim, os direitos da personalidade de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. E tudo porque o livro proibido insinua e tenta provar que o Rei do Cangaço era gay, homossexual. E também que o mesmo não podia gerar filhos e que Maria Bonita o traía com um cangaceiro do próprio bando. E este mesmo seria também o amante de Lampião. Luís Pedro, eis o nome do cangaceiro. Enfim, a história estaria desandada e a família Ferreira desfigurada.

Caipira de Poço Redondo Alcino Costa e João de Sousa Lima no Lançamento

 Neli Conceição presente ao Lançamento de Archimedes Marques

Logicamente que os cangaceirólogos, os pesquisadores do cangaço e grande parte da população nordestina ficaram revoltados com as aleivosias gratuitas, as calúnias e difamações levadas a efeito, sem qualquer fundamento de verdade, contra um dos símbolos maiores da história nordestina e brasileira. Ferir simplesmente por ferir a honra pessoal e familiar daqueles dois, com único objetivo de atrair holofotes, seria algo inaceitável diante da seriedade em que se assenta a história do cangaço.
E lembro como hoje o instante que um amigo de Archimedes chegava ao meu escritório, em nome dele, para xerocar o livro proibido. O autor, amigo do meu pai Alcino Alves Costa, dedicou-lhe o livro antes mesmo de ocorrer a sanção judicial. E o livro estava comigo. E a partir daquele instante Archimedes começou a traçar as linhas da resposta que daria ao embusteiro e mentiroso sobre a vida do rei dos cangaceiros.
Daí ter nascido o “Lampião Contra o Mata Sete”, como confrontação e contestação a tudo aquilo que levianamente fora exposto no “Lampião, o Mata Sete”. E as respostas são apresentadas como se fossem teses derrubando os argumentos apresentados no livro proibido. Quer dizer, as presunções e suposições mentirosas dão lugar a fatos com força de veracidade e fere de morte o invencionismo maldoso e leviano.
E tais teses, apresentadas em capítulos, são: A Origem do Mata Sete e a resposta de Lampião; O porquê da luta de Lampião Contra o Mata Sete; Uma “Malaca” nas orelhas do Mata Sete; Oleone como coiteiro do Mata Sete; O Mata Sete insulta a História, ultrapassa direitos e indigna muita gente; O Mata Sete contra a família Ferreira; O Mata Sete e o “Menino Sapeca”; O Mata Sete e o “Lampião Apaixonado”; O Mata Sete e o suposto “Lampião Eunuco”; O Mata Sete contra os supostos “homossexuais” Virgulino E Zé Saturnino;  O Mata Sete apela ao cangaceiro Volta Seca: O Mata Sete e a misteriosa Tese da Universidade de Sorbonne; O Mata Sete e os seus “armados e amados” policiais volantes; O Mata Sete em proteção às autoridades sergipanas; O Mata Sete e “as travessuras de Maria do Capitão”; A guerreira Maria Bonita transforma paradigmas  e muda o cangaço construindo eterno amor por Lampião; O cabra-macho Lampião se livrando da máscara do Mata Sete; As demais trapalhadas do Mata Sete; Será o fim do mata Sete?
Noutra oportunidade certamente faremos uma análise mais aprofundada sobre o conteúdo e as teses apresentadas pelo delegado Archimedes, autoridade da história que doravante pode se reconhecido como aquele que desmascarou de vez a mentira e jogou-a nos porões do esquecimento.
 

(*)Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com


NOTA CARIRI CANGAÇO: Para adquirir a obra do confrade Archimedes, entrar em contato com o email do autor: archimedes-marques@bol.com.br

Vem aí o V FESMUZA


No ano do centenário de nascimento do Rei do Baião, vem aí o V FESMUZA - Festival de Músicas Gonzagueanas, que acontecerá no dia 18 de agosto de 2012 na Fazenda Cidade; em São João do Rio do Peixe, Paraíba. O Regulamento, inscrições e maiores informações, já podem ser adquiridas clicando no endereço abaixo:


http://www.portalcaldeiraopolitico.net/noticia.php?mostrar=noticiacompleta&id=7f49e60aa9


Cortesia do envio: Kydelmir Dantas - Mossoró

http://cariricangaco.blogspot.com

Recado de Napoleão !

Napoleão Tavares Neves

 Anteriormente, já ouvira falar em Aroldo Ferreira Leão, através do nosso amigo comum, Agliberto Bezerra, ambos agregados ao serviço público estadual da Bahia. Através de conversas esparsas, soube ser ele percuciente pesquisador do Cangaço, além de inspirado poeta já de mil estrofes nascidas da sua inspiração sertaneja! Somente isto. Pelo meu inicial entendimento, era ele uma futura estrela da literatura cangaceira que despontava no horizonte do controvertido tema. Tudo bem.

No ano de 2010, um certo dia, recebi em minha residência, em Barbalha, a visita de Aroldo Ferreira Leão que, estando na Estância – Balneário do Caldas, desceu até a cidade para conhecer-me. Veio com a esposa e filha e conversamos a tarde toda. Quanto mais se conversava, mais havia o que se conversar. De logo, vi tratar-se de um exímio comunicador: simpático, comunicativo, extremamente versátil, sabendo na ponta da língua estrofes variadas do cancioneiro popular sertanejo e fatos detalhados da turbulenta cena cangaceira dos sertões. De logo, senti estar ali um notável pesquisador do sempre momentoso tema Cangaço.Após prolongada conversa, no aperto de mão de despedida, veio o que eu não esperava: “O senhor vai prefaciar o meu livro sobre o Cangaço!”

Mesmo surpreso com o convite, puz-me à disposição do visitante para prefaciar o seu futuro livro. O tempo foi passando, passando e eis que agora, em junho de 2.012, recebi das mãos do amigo comum, Agliberto Bezerra, o “boneco” do livro: “LAMPIÃO: UM ESTUDO DE BUSCAS E ESSÊNCIAS”. De logo, comecei a folhear a grossa e densa brochura e em cada página virada, uma surpresa com muita admiração da minha parte!

Inicialmente, pincei alguns capítulos ligados ao nosso Cariri, tais como: A morte de Gonzaga, em Belmonte, A morte de Sabino Gomes e outros mais chegados a nós do Sul do Ceará. Com surpresa, notei a verdade histórica “merejando” dos textos escritos pelo arguto autor. Pensei comigo mesmo: esta obra deveria ser prefaciada por Frederico Pernambucano de Melo, ou Ariano Suassuna ou Pedro Nunes Filho... mas, não poderei furtar-me ao atencioso convite do competente autor e eis-me aqui a elaborar o prefácio pedido.

Aroldo Leão ao lado do inesquecível Ten. João Gomes de Lira

De início, logo no capítulo de abertura do suculento livro, fiquei realmente surpreso com a beleza do texto “O SERTÃO, O SILÊNCIO DOS INSTANTES!”.

 Que beleza! Dir-se-ai Euclides da Cunha Redivivo, ou Guimarães Rosa Nordestino. Que primor literário, que vivo colorido vernacular! Do autor eu já esperava muito, mas, não tanto! O livro é bom, é intuitivo, é didático, é brilhante! O texto é extremamente rico em metáforas! O vernáculo é primoroso, às vezes condoreiro e até gongórico! A fauna e a flora do sertão foram postadas em cada frase! Os usos e costumes sertanejos parece saltarem de cada capítulo! O vernáculo é escorreito, castiço mesmo!

Cada tema é exaustivamente debatido, documentado, tudo com as fortes nuances da verdade histórica. A riqueza iconográfica salta aos olhos de cada leitor. O potencial bibliográfico é extremamente abrangente. No livro há cerca de 203 fotos de informantes e entrevistados! Da saída de Lampião das tórridas terras do Pajeú e regiões vizinhas, o inspirado autor diz o seguinte:

"No dia vinte e três, Lampião, rês que desfez em si os augúrios e arrepios da dexcomunhão, na região do Navio, pernoita no lugar Ponta Fina, com Ponto fino e mais sete cabras. Estava, sem sobras nem dobras, vivenciando as obras do extermínio do bandidismo no Sertão pernambucano. No cano do fuzil confiava, fiava suas ações e deserções, porções de senões a invadi-lo e aturdi-lo sistematicamente. Visivelmente fragilizado, não se entregava a dissuasões, suava, sugava o aroma do abandono, sumia, surgia, em locais os mais variados, antigo balaio baio. Maio o impulsionava para Alagoas, entre mágoas e vagas, nódoas e chagas.”.

Sintam os leitores como, vez por outra, o poeta emana em cada frase buscando libertar-se do casulo do Cangaço!  Afinal, gostei do livro e o recomendo à leitura de todos os pesquisadores e poetas, curiosos e historiadores. Assim, de parabéns está o competente autor e a literatura cangaceira que incorpora agora mais um profundo conhecedor dos seus ricos e tortuosos meandros, vez por outra navegando nas asas da poesia. 

Napoleão Neves - Médico, Memorialista, Escritor - Barbalha
Conselheiro Cariri Cangaço

NOTA CARIRI CANGAÇO: É sempre um prazer compatilhar com a família Cariri Cangaço as pérolas de Napoleão. Antes mesmo de postar seu prefácio da obra de Aroldo Leão, recebemos do Mestre o simpático email, que transcrevemos a seguir: Prezado Severo, abraços. Recebi para prefaciar um magnífico livro cangaceiro, vindo de Juazeiro da Bahia: "Lampião, Buscas e Essências" do grande poeta e pesquisador Aroldo Ferreira Leão. É um livro para marcar e ficar, extremamente documentado e com 203 fotos de informantes e entrevistados. Pesei o seu 'boneco' hoje e deu 1kg e meio de peso. Veja que trabalheira para o autor e para mim.

http://cariricangaco.blogspot.com

Sebastião Pereira da Silva - O Sinhô Pereira

Por: Nertan Macedo
Sinhô Pereira - Foi primero e  único patrão de Lampião
Conheci Sinhô Pereira em Julho de 1975. Não está enrugado, não está trôpego  porém. Postura de soldado, postura de combatente.


Tem um quê de Graciliano Ramos. Os cabelos brancos são ralos e finos. A barba, pouca espessa, que lhe emoldura o rosto bronzeado e severo, faz com que eu me recorde de um dos últimos retratos, em vida, de


Charles Maurras, o velho escritor monárquico francês, quando deixou o cárcere no pós-guerra, para morrer em liberdade. Ali está Sinhô Pereira, sombra, fantasma, reminiscência do sertão antigo.
Há mais de meio século, longe dos seus e do seu amado Pajeú selvagem, entocado naqueles ermos de Minas Gerais.


Não me desilude. É educado, simples, agradável no trato. Fala lenta, pausadamente. Correto, na linguagem. Quase não gesticula. Converso com ele horas a fio. Almoço na sua mesa, limpa, sóbria, acolhedora. Suas maneiras ilhanas, seu tipo lazarino, o modo de narrar os acontecimentos passados causam-me viva impressão.


O homem que ensinou e comandou Lampião teve berço. Vê-se que não era um bandoleiro comum, de vocação. O destino lhe reservava o papel “de rifle vingador” dos seus. Nada de exibicionismo, nenhuma bravata. Conta o seu passado de lutas com uma clama naturalidade. Em Goiás e Minas, Sinhô não é Sinhô. Mudou de nome, mais de uma vez. Para viver em paz. No local onde vive, não é Sinhô Pereira: é “Seu Chico Maranhão”, ou “Seu Francisco Araíjo”. Quando abandonou Pernambuco, foi também Chico Piauí. Sebastião já desapareceu há muito, muito tempo.

http://cangacoarte.blogspot.com/

Segundo informações do pesquisador e colecionador do cangaço,

 Dr. Ivanildo Silveira, João de Sousa Lima e Alcindo Alves da Costa

Segundo Dr. Ivanildo Alves da Silveira, Sinhô Pereira faleceu numa manhã no dia 21-08-1979 , em Lagoa Grande, Estado de Minas Gerais, deixando para trás uma vida e uma história marcadas de angústia, dores e vontade de viver feliz com sua família e amigos.


Informação ao leitor: 

"A fonte pesquisada não tem o dia, mês e ano em que Nertan Macedo fez  esta entrevista com o ex-cangaceiro Sinhô Pereira".

NOSSA SENHORA DA VELA APAGADA (Crônica)


Por: Rangel Alves da Costa(*)
Rangel Alves da Costa

NOSSA SENHORA DA VELA APAGADA

Falei sobre Nossa Senhora da Vela Apagada porque também existe uma Nossa Senhora da Vela Acesa. Sou devoto das duas e de todas as Nossas Senhoras que possam existir.

Há tempo certo atrás desconhecia totalmente tanto a da vela acesa como a da vela apagada. Contudo, depois que adquiri um oratório e o coloquei por cima de um móvel, bem guarnecido por algumas belíssimas imagens sacras, estas duas santas, numa só santidade, passaram a fazer parte do meu cotidiano religioso.


Eis que acostumei ter sempre uma vela acesa ao lado do oratório, logicamente bem protegida contra algum incidente que provoque incêndio. E pela necessidade de ela estar sempre acesa, então optei por utilizar velas de sete dias. Uma vez acesa, somente depois desses dias para renovar a chama.

Contudo, pessoas conhecidas chegam diante do meu oratório e logo procuram também acender uma vela, só que dessas menores, comuns, que sempre tenho à disposição numa espécie de armário envidraçado ao lado do pequeno templo.

E quando as pessoas se aproximam, em tom de brincadeira, vou logo perguntando se veio acender uma vela para Nossa Senhora da Vela Apagada. Tal fato virou costume e tradição, ditado normal que todo mundo acostumou a repetir: Vim acender uma vela pra Nossa Senhora da Vela Apagada!

Lembram da vela apagada, acendem a chama, e depois começam a orar para Nossa Senhora da Vela Acesa. Não que exista uma imagem representativa de uma ou outra santa, apenas a vela acesa ou apagada, mas certamente há uma intencionalidade tão forte que pressuponho a mais pura afirmação da fé.

Ora, à primeira vista, uma vela apagada, ou apenas um restinho de vela, ou ainda somente o local de colocá-la, não possui nenhuma significação especial. Contudo, basta lembrar o fato de que o pensamento na vela apagada logo desperta a necessidade de acendê-la na intenção de Nossa Senhora, então logo se conclui da força significativa que possui essa vela ainda inexistente ou abrandada.


A vela apagada chega à mente como uma necessidade espiritual, algo de fé que precisa ser providenciado. Lembrar que naquele local existe uma vela e que precisa ser acesa para que sua prece, sua oração ou seu pedido seja atendido, caracteriza-se como devotamento e reconhecimento da importância até daquela chama que falta e precisa ser acesa.

Mas há que se considerar que o fato de a vela estar apagada ou acesa não implica em pensar em luz e escuridão, em treva e fulgor, em obscuridade e clareza. Não se concebe assim porque a chama apagada está na presença de uma Nossa Senhora, do mesmo modo quando está acesa. Há que se considerar, isto sim, que uma Nossa Senhora espera a presença do devoto para fazer-se luz conjuntamente; enquanto que a outra Nossa Senhora confirma a luz do devotamento.

Compreender a importância de Nossa Senhora da Vela Apagada seria também entender o significado profundo que possui uma vela que ainda não foi acesa. E para que os cristãos, devotos, beatos e demais religiosos precisam de velas? Ora, basta a sua visão ou imaginação para afirmá-la como luz, como instrumento de aproximação da santidade, como chama clareando o encontro com a divindade.

Ainda que esteja apagada, a vela logo é luz aos olhos de todos. Daí a importância de Nossa Senhora da Vela Apagada, que nada mais é do que essa ideia de chama, esse brilho poderoso adormecido, onde alguém é convidado a acendê-lo para chamar outra santa para a benção da fé. Para invocar Nossa Senhora da Vela Acesa.

Como observado, o que começou como verdadeira brincadeira logo se transformou em crença absoluta. Ao menos para mim e aqueles que compartilham do meu oratório. E assim também é com a religião, a fé e a inabalável crença que possuímos na força da santidade. Tudo existe, mas cabe a cada um, dentro do seu pensamento e do seu coração, confirmar sua existência.


(*)Poeta e cronista
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