Antonio Vilela
de Souza (*)
Arte: de http://espacoecologiconoar.com.br/
Quando se fala no
cangaço vem logo na mente das pessoas o sertão nordestino e a figura lendária
de Lampião. Porém, o cangaço é muito mais do que sertão e Lampião. É agreste, é
Paizinho Baio - o homem que atuou com seu pequeno grupo no agreste meridional
de Pernambuco, em especial nas cidades de Garanhuns, Correntes, Brejão, Bom
Conselho, São João e São Bento do Una, levando o terror por mais de 20 anos a
esse pequeno mundo. Foi assassinado em 1939 pelo delegado Raimundo Urquisa. A
cidade de Brejão era o polo do cangaço no agreste meridional de Pernambuco.
Além de Paizinho, “o Lampião do agreste”, teve os sanguinários Capitão Américo
e Vicentão, que foi o responsável pela chacina conhecida como hecatombe de
Garanhuns, fato esse, acontecido no dia 14 de janeiro de 1917, onde 13
inocentes foram trucidados pelo rifle deste sicário e seu bando de
aproximadamente 300 homens. Já o capitão Américo agia mais como um justiceiro
vingador. Quando em junho de 1935 Lampião tem suas ações no agreste de
Pernambuco, manda um bilhete ao povo de Brejão pedindo a importância de 20
contos de réis recebe o ultimato dos cangaceiros Capitão Américo e Paizinho
Baio: “Se você for homem, venha buscar.” Lampião como sabia da fama dos
cangaceiros e do povo de Brejão, não ataca a cidade, distante 25 km de
Garanhuns. Outro cangaceiro independente do agreste que teve atuação no
município de Correntes e divisa com Alagoas foi o Pinga-fogo. AÇÕES DE LAMPIÃO
NO AGRESTE PERNAMBUCANO A notícia da aproximação de Lampião à região no final
de maio de 1935, causou um verdadeiro pandemônio na população de Garanhuns, ele
esteve em Mimoso, a poucos quilômetros de Garanhuns, passou e tomou rumo
desconhecido. Com medo do possível ataque de Lampião, muitos habitantes da
terra de Simoa Gomes deixaram a cidade. No dia 20 de maio, passou pelos sítios
Minador, a poucos quilômetros de Garanhuns, Pedra e Buíque. No dia 2 de julho,
ataca Santo Antonio do Tará. Em sua trajetória de sangue, no dia 12 de julho
aparece na localidade de Santo Antonio, no município de Bom Conselho. Como um
raio destruidor, Lampião aparece na manhã do dia 19 de julho na localidade de
Azevém. Já na madrugada do dia 20 ataca o sítio Queimada do André, onde o bando
mata o Sr. José Gomes Bezerra. Em seguida segue para Serrinha do Catimbau
(Paranatama), onde o bando é recebido à bala. A resistência ao bando é feita
por João Cacheado, inspetor de quarteirão e seu auxiliar Oséias Correia. Nesta ocasião,
Maria Bonita e Maria Ema foram baleadas e o cachorro Dourado morreu crivado de
balas. O bando que invadiu Serrinha era composto pelos cangaceiros: Virgulino
Ferreira da Silva (Lampião), Fortaleza, Cabo Velho, Medalha, Maçarico ou
Juriti, Gato, Moita Braba, além de Maria Bonita e Maria Ema. Estes foram os
cangaceiros processados pela invasão de Serrinha, conforme o Processo nº. 795
da comarca de Garanhuns, estado de Pernambuco. Portanto, Mossoró e Serrinha
foram os locais que botaram o rei pra correr, ambos com prejuízo para a horda
do rei do cangaço. Em Mossoró, Colchete e Jararaca tombaram sem vida. Em
Serrinha, Maria Bonita e Maria Ema saíram feridas e o cachorro de Lampião,
Dourado, morto crivado de balas. (*)
Antonio Vilela é natural de Garanhuns-PE, professor de
História, pesquisador e escritor do cangaço, escreveu o livro "O Incrível
Mundo do Cangaço". Membro da SBEC.
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