Por José Mendes Pereira
"O homem que afirmou ter matado o cangaceiro Luiz Pedro e participou da chacina aos cangaceiros na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota do Angico, em terras da cidade de Poço Redondo, no Estado de Sergipe, foi Euclides Marques da Silva, o Manoel Marques da Silva, ou Antônio Jacó, ou ainda Mané Véio, que faleceu em 09 de janeiro de 2003, com 92 anos de idade, na cidade goiana de Pires do Rio na companhia da sua terceira esposa, lá de goiana, dona Nori Alves Marques da Silva.
Mas eu como simples estudante do cangaço e jamais algum dia serei autoridade no que diz respeito ao tema, por falta de conhecimentos profundos, e não querendo menospresar o que disse o ilustre volante Mané Véio, que foi uma grande peça no que diz respeito ao ataque aos cangaceiros na Grota do Angico, fico meio confuso, devido as informações sedidas pelos cangaceiros Balão e Vila Nova aos jornais posteriormente.
As informações dadas sobre a morte do cangaceiro Luiz Pedro do Retiro ou Cordeiro, são bastantes enfeitadas pelos que forneceram entrevistas a alguns repórteres, pesquisadores e escritores do cangaço, e são eles: o famoso caçador de cangaceiros Mané Véio, um homem de grande coragem, segundo afirmam os pesquisadores (este disse ter o matado. Guilherme Alves o cangaceiro Balão e Iziano Ferreira Lima, o cangaceiro Vila Nova. Lógico que não me refiro aos estudiosos do cangaço, e sim, aos depoentes, vez que os estudiosos informam o que os seus depoentes falam.
O escritor Alcino Alves Costa teve grande motivo para escrever o livro “Lampião Além da Versão" em segundo título, "Mentiras e Mistérios de Angico”, quando diz que o que aconteceu na Grota do Angico não foi o que informaram os depoentes, tanto cangaceiros como policiais, que fizeram parte da chacina aos cangaceiros da “Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia, de propriedade do afamado, perverso e sanguinário Virgolino Ferreira da Silva o rei e capitão Lampião.
Claro que em relação a cangaço eu sou apenas um metido, que vivo lendo o que os depoentes disseram aos pesquisadores..., mas tento confirmar que, o cangaceiro Luiz Pedro foi mesmo assassinado pelas balas disparadas e direcionadas pelas volantes policiais, através da metralhadora que tentava eliminar vida por vida de cangaceiros.
As informações desses três elementos que se dispuseram falar aos entrevistadores como aconteceu a morte do cangaceiro Luiz Pedro, todas são diferentes, e assim, não se tem o autor da morte do afamado cangaceiro e compadre de Lampião e Maria Bonita.
Em 1973, Guilherme Alves alcunhado no mundo do crime por "Balão" cedeu entrevista à Revista Realidade, e para mim, não sei se estou certo, "Balão" foi o cangaceiro que mais fantasiou as suas respostas. É claro que cada um deles queria levar a sardinha para o seu prato, mas não era necessária tanta fantasia.
Clique no link e faça uma leitura:
http://lampiaoaceso.blogspot.com/2009/08/cangaceiro-balao-sensacional-entrevista.html
O cangaceiro "Balão" falou o seguinte: "Luiz Pedro ainda gritou: "- Vamos pegar o dinheiro e o ouro na barraca de Lampião! Não conseguiu. Caiu atingido por uma rajada. Corri até ele, peguei seu mosquetão e, com Zé Sereno, consegui furar o cerco. Tive a impressão de que a metralhadora enguiçou no momento exato. Para mim foi Deus".
Ora! Qual é o homem que tem coragem de ver um sujeito cair atingido por balas e de imediatamente ele vai ao seu encontro, para recolher uma arma ou outra coisa do morto, sabendo que quem atirou ainda está por ali? Ele já tinha o seu mosquetão, e para que mais outro? E além do mais, foi apanhá-lo no meio do fogo. Meio duvidoso o que afirmou ele. Pelo dizer do "cangaceiro Balão" quem matou o facínora Luiz Pedro foi uma rajada de balas por uma metralhadora.
Já o cangaceiro Vila Nova disse o que segue:
"No dia 14 de novembro de 1938, Iziano Ferreira Lima, o afamado cangaceiro VILA NOVA, afirmou ao “Jornal A Noite”, que estava na Grota do Angico no momento do ataque das volantes ao grupo de Lampião, na madrugada de 28 de julho de 1938. Vejam o que ele fala:
"Escapei pela misericórdia de Deus, afirma. Vi quando o CHEFE (o chefe que ele se refere é Lampião) caiu se estrebuchando pelas forças do tenente Ferreira. Meu padrinho Luiz Pedro caiu ferido nos meus pés. Pediu que o matasse, logo. O que fiz, foi apanhar o seu mosquetão e fugir para as bandas do riacho, onde o fogo era menor".
"Uma dúvida que tenho, e tenho certeza que todos estudiosos do cangaço têm, e gostariam de perguntar: O cangaceiro Luiz Pedro estava com dois mosquetões? Porque Balão disse que levou o seu Mosquetão. E o cangaceiro Vila Nova também afirma ter levado a arma do Luiz Pedro".
Continua Vila Nova: "Depois da fuga, fui me esconder na Fazenda Cuiabá, onde me encontrei com ZÉ SERENO e outros que puderam fugir do cerco. Ali soubemos que junto com o capitão, tinha morrido mais 11 cabras, inclusive D. Maria Bonita”.
Ele diz que morreram 11 cabras. Na verdade foram nove cangaceiros e duas mulheres. O que ele afirma sobre o total de cangaceiros que morreu está correto, mas foram 12 mortos lá na Grota do Angico. 9 cangaceiros, 2 mulheres e um volante de nome Adrião Pedro da Silva.
Está registrado na literatura do cangaço que quem assassinou o cangaceiro Luiz Pedro foi o volante Mané Veio, ele afirma que saiu perseguindo o cangaceiro Luiz Pedro, que ia meio avexado, caminhando rápido, e ele ao seu encalce, até que chegou em um determinado lugar e disparou sua arma, fechando o cangaceiro.
Mas vejam bem: Durou muito para que o volante assassinasse o cangaceiro, e por que o cangaceiro Balão, o Vila Nova informaram aos pesquisadores que o Luiz Pedro foi assassinado ali, no meio dos outros?
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