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terça-feira, 23 de janeiro de 2018

A IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA URBANA NA SUPERAÇÃO DA DICOTOMIA RURAL -URBANO

Por Saul Ramos* 

Alexander Vassilievitch Chayanov, Engenheiro Agrônomo, Economista e Sociólogo Russo, em 1920, escreveu um texto de caráter utópico futurista denominado ‘’ Viagem do meu irmão Alexei ao país da utopia camponesa’’. De um modo geral, a história se passa em uma realidade onde a dicotomia urbana x rural não mais existe. Chaynov era um esperançoso do estreitamento dos laços rurais e urbanos, já nessa época, ele detectava indiferenças nessas relações e sonhava com suas superações.

A dicotomia urbano-rural teve origem na divisão social do trabalho que determinou atividades econômicas e formas de análises distintas para esses espaços. Essa separação foi difundida pela Geografia e Sociologia, formando uma análise teórica clássica sobre os espaços. No entanto, essa concepção é obsoleta e falsa. Do ponto de vista das características do território, existe uma diferença, mas isso não significa uma oposição em relação a seus funcionamentos.

Os espaços rurais e urbanos se fundem de forma cada vez mais intensa, formando um novo arranjo social, político e econômico. Isso é percebido no avanço da malha urbana sobre os perímetros rurais e dos novos paradigmas de lazer e descanso. Várias pessoas das cidades procuram cada vez mais áreas rurais para passarem finais de semana ou para realizarem turismo rural, trilhas ecológicas e etc.

Várias pessoas, em inúmeros pequenos municípios, moram em zonas rurais e trabalham na zona urbana, o fenômeno também ocorre ao contrário, várias pessoas moram em cidades, mas trabalham e desenvolvem várias atividades econômicas no campo. Esse fenômeno vem cristalizando um complexo sistema que funciona de forma orgânica e interdependente entre os dois espaços.

Se partirmos do princípio que os dois espaços não se separam apenas se completam, essa dicotomia nociva não faz sentido algum. As cidades necessitam do campo para se alimentar, se vestir, entre outras inúmeras coisas, do mesmo jeito, o campo necessita da cidade para consumir e utilizar diversos produtos produzidos lá. O campo e a cidade se misturam realizando um sistema de trocas, dependência e equilíbrio.

Em meio desse problema, a agricultura urbana (AU) é um exemplo clássico de apoio para a superação dessa dicotomia e do pleno funcionamento do sistema campo/cidade. A prática vem avançando na malha urbana, seja em terrenos ociosos, seja em coberturas de prédios ou até mesmo em pequenas varandas de apartamentos e principalmente nas áreas periurbanas das cidades.

A AU surge como um enorme potencial não só para estreitar esses laços, mas também para transformar as cidades em produtoras de alimentos, gerando mais empregos, renda e sustentabilidade. Nada mais é que a exploração agrícola em pequenas áreas urbanas ou periurbanas com o intuito de superar a carência alimentar e também gerar lucros com a venda dos excedentes.

Essa atividade também traz uma maior sustentabilidade para as cidades deixando-as mais verdes, reaproveitando resíduos urbanos e melhorando o clima. Do ponto de vista econômico, a atividade gera empregos e rendas,se tornando algo importante nos dias de hoje, uma vez que o desemprego cresce cada vez mais nas cidades.

De acordo com os dados da Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 54% da população mundial vivem nas cidades. Essa porcentagem tende a aumentar para 66% até 2050, totalizando 2,5 mil milhões de pessoas(1). Diante desse quadro, novas alternativas precisam ser elaboradas para alcançar sustentabilidade ambiental, empregos e renda nas cidades. Já está mais que claro que as cidades também terão que produzir alimentos para alimentar seus moradores.

A agricultura urbana já é uma realidade em várias cidades importantes em muitos países, contribuindo em diversos aspectos para suas populações. Existem estudos que estimam que a agricultura urbana vem empregando cerca de 800 milhões de pessoas em todo o mundo. Na Ásia, cidades importantes desse continente ganham destaques, Shangai, na China, na capital Vietnamita, Ho Chi Minh, eem Cagayan de Oro nas Filipinas (2).Na África, destacamos países como: Lomé, Tanzânia e Senegal, Namíbia, África do Sul entre outras. Na América Latina, temos  México, Cuba. Argentina e Haiti. A AU vem modificando a vida de milhares de pessoas nestes países, desde o combate a fome ao desemprego, além de promover uma maior integração entre campo e cidade.

O Brasil também tem grande destaque. Cidades como Rio de Janeiro, Belém e Minas Gerais  possuem excelentes iniciativas por parte dos governos municipais e de suas populações. No entanto, um estudo feito em 2006 por uma parceria da FAO, Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas (REDE), o Promoção do Desenvolvimento Sostenible, (IPES) e o Ministério do desenvolvimento social (MDS), verificou a presença da AU em 11 regiões metropolitanas; (Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Brasília (DF) e Goiânia (GO),Belém (PA), Fortaleza (CE), Recife (PE) e Salvador (BA). Concluindo assim, que a AU é praticada em todas as regiões do Brasil (3).

A AU é um exemplo mais que concreto da integração campo/cidade, seu avanço vem apenas confirmando ainda mais isso. A produção de alimentos nas cidades não traz apenas uma integração do ponto de vista econômico, também traz um forte laço dos aspectos sociais e culturais do campo e da cidade. A falsa dicotomia entre os dois espaços também gerou estigmas negativos entre seus moradores, muitas pessoas das cidades consideram os camponeses como ‘’atrasados’’, já os camponeses, muitas vezes, costumam tratar as pessoas das cidades com desconfiança. A entrada da agricultura na cidade ajuda a acabar com essas concepções.

Uma quebra do reducionismo clássico da dicotomia urbano/rural é demonstrada em vários fatos publicados em estudos atuais, seriam muitos para descrevê-los aqui. Enfatizamos a AU por ser cada vez mais crescente e por trazer de forma direta a principal atividade econômica do campo que é a agricultura. Com ela, também são apresentados aspectos culturais dos camponeses e suas formas de trabalho, isso vem contribuindo para a quebra dos preconceitos.

É necessário entender  que estamos diante de um novo arranjo social entre campo e cidade, que embora esses espaços preservem suas características próprias, não significa que sejam antagônicos ou um submisso ao outro. Esses espaços se complementam em seus funcionamentos, as novas tendências provam cada vez mais esse fato. A AU é um bom exemplo disso e suas contribuições para a quebra desse reducionismo é enorme.

*Saul Ramos de Oliveira é Engenheiro Agrônomo, e Mestrando em Horticultura Tropical, Ambos pela UFCG.

REFERÊNCIAS

[1] Centro Regional de Informações das Nações Unidas (UNRIC). Relatório da ONU mostra população mundial cada vez mais urbanizada, mais de metade vive em zonas urbanizadas ao que se podem juntar 2,5 mil milhões em 2050. Disponível em:http://www.unric.org/pt/actualidade/31537-relatorio-da-onu-mostra-populacao-mundial-cada-vez-mais-urbanizada-mais-de-metade-vive-em-zonas-urbanizadas-ao-que-se-podem-juntar-25-mil-milhoes-em-2050.

[2] CRIBB, A. Y.
SANDRA LUCIA DE SOUZA PINTO CRIBB, UNIPLI; ANDRE YVES CRIBB, CTAA.Agricultura urbana: alternativa para aliviar a fome e para a educação ambiental.In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA RURAL, 47., 2009, Porto Alegre. Desenvolvimento rural e sistemas agroalimentares: os agronegócios no contexto de integração das nações: anais. Brasília, DF: SOBER, 2009. 1 CD-ROM. Ref. trabalho 359. 2010 

[3] SANTANDREU, Alain ; LOVO, Ivana Cristina. Panorama da agricultura urbana e periurbana no Brasil e diretrizes políticas para sua promoção. Belo Horizonte: FAO/MDS/SESAN/DPSD, 2007.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso

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JÂNIO, LOT E OS JUMENTOS DE MARCIONÍLIO

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.829

Lembro-me bem quando era adolescente. O nosso empregado Marcionílio indagou a meu pai, quem eram os candidatos à presidência da república. E o meu pai – que havia colecionado fascículos sobre Jânio e mandara encaderná-los em capa dura – respondeu normalmente, querendo, porém, conquistar alguns votos para o homem: “São dois candidatos, Marcionílio, Jânio Quadros e o marechal Lot”. O empregado analfabeto rejeitou o segundo nome na hora: “Lote? Lote que eu conheço, Seu Manezinho, é lote de jumentos!”. O resultado é que o lote de jumentos de Marcionílio perdeu. Como intelectual e prometendo limpar o Brasil dos ladrões, cujo símbolo de campanha era uma vassoura, o Jânio vitorioso decepcionou.

LOT DE JUMENTOS. FOTO: (NÃO IDENTIFICADA)

Podemos transportar a problemática para o século XXI, principalmente sobre eleições municipais. Desde o candidato desconhecido dos difíceis tempos das comunicações até agora, com ajuda do rádio, televisão e as redes sociais, o nó das más intenções continua o mesmo. Culpa-se o analfabeto que vota em troca de alguns “peixes”, mas o letrado também vira bajulador em troca de um carguinho qualquer. Quando não acontece a indicação é porque o prazer sexual de bajular está mesmo na cara sem-vergonha. Quem sofre de fato com tudo isso, são os membros da sociedade (analfabetos ou não) dignos, conscientes, carimbados pela própria Natureza sobre o verdadeiro papel que se deve exercer como minúsculo e decente cidadão da Terra e da Pátria.
Nem só a honestidade faz um bom prefeito. É preciso ser um ótimo administrador. Dizia o meu velho que “o excelente administrador é como cavalo bom, mora longe um do outro”. O sem estudo no cargo de gestor quase sempre é um palerma. O letrado é míope das letras, só enxerga as cifras negras. Se o fraco não faz, o forte não quer fazer. E as cidades brasileiras, principalmente as do interior vão acumulando mazelas sobre mazelas, inferno da populaça e paraíso dos modernos coronéis. Assim o Brasil vai afundando cada vez mais onde existem muitas ratoeiras, porém, poucas são robustas bastantes para segurar os ratos.
Continuamos vendados. Sem quiromancia, sem cartomancia, sem esperanças, guerreamos ladeados por lotes e Minervas.


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A CATIVANTE ILICITUDE

*Rangel Alves da Costa

Muito se combate a filantropia eleitoral. Argumenta-se que as atividades filantrópicas desenvolvidas por candidatos nada têm de altruísmo humanitário, vez que sempre objetivando angariamento de votos. Num gesto que a muitos seria apenas um ato de bondade, sempre o ocultamento de objetivos menos nobres, ao menos para o eleitor cativado pela esmola eleitoreira. Nesta seara, configurariam abuso de poder econômico se realizadas em período próximo ao pleito, ou mesmo no ano eleitoral, como ocorre agora.
O mesmo se diga com relação à promoção pessoal dos pretensos candidatos. E logicamente que muitos procuram se promover a todo custo, mas principalmente pela ação perante comunidades carentes e barracos caindo aos pedaços. Chegam em festim, alardeiam mundos e fundos, concedem dádivas, pagam contas, distribuem benesses, porém nada mais que buscando assegurar os votos daqueles beneficiados. Do mesmo modo, se os recursos utilizados ferirem o princípio da isonomia, depreende-se haver abuso de poder econômico. A ação benemérita e a promoção seriam ilícitas, ilegais aos olhos da justiça eleitoral.
Como observado, a legislação eleitoral procura inibir ou não permitir que pretensos candidatos utilizem o poder econômico para angariar votos. E em muitas situações, principalmente nas regiões mais distantes e de flagrante empobrecimento, isto se dá através da distribuição de alimentos, remédios, materiais de construção, água, etc. Em ano eleitoral ou nas proximidades do pleito, seria impensável que pleiteantes agissem de modo a - sob a aparência de estarem simplesmente ajudando pessoas necessitadas - mercantilizar a vontade do eleitor.
Contudo, o que fazer quando se está diante da ausência dos poderes que deveriam suprir as necessidades básicas da população carente e perante aqueles que procuram colocar, por exemplo, comida no prato e água na cisterna? O que fazer quando a pessoa pobre, que seja eleitora ou não, deixa suas preocupações de lado e vai correr atrás, verdadeiramente esmolando, quando sabe que um candidato, parlamentar ou liderança política, chegou em visita? O que fazer quando a carência e a desvalia de tudo são tão alarmantes que deixariam envergonhadas a moralidade, a legalidade, a própria justiça?
É uma questão deveras melindrosa, principalmente se for considerado que a pobreza não pode ser ainda mais penalizada pela lei eleitoral, que ao invés de combater todas as ilicitudes, apenas elege focos de atuação. Neste sentido, tenha-se que a lei nem sempre pune com a perda de mandado aqueles que flagrantemente abusaram do poder econômico, ainda que denunciados e processados. Mas impede que candidatos prestem favores às classes mais desfavorecidas. Há casos em que mesmo o amontoado de provas verossímeis sobre abuso do poder econômico não são suficientes para mudar o resultado de um pleito. Aos olhos da justiça não houve crime. Então será crime dar o pão, pagar a conta, fornecer um botijão de águas, um saco de cimento?


Sim, a lei diz que é crime um candidato chegar numa comunidade pobre ou numa povoação predominantemente carente e distribua cestas de alimentos. Também é crime puxar do bolso dinheiro e fornecer para pagamento de conta de luz, de água, da padaria ou da mercearia, ou mesmo para comprar um botijão de gás. A lei também não permite que o pretenso candidato forneça uma carrada de água para que o gado e o homem sedentos bebam do tanque ou da cisterna. A lei, agindo com as cegas da justiça, estará punindo muito mais a pobreza do que o candidato. Este leva o processo adiante, elege-se, assume e termina o mandato. E a pobreza, pode esperar?
Não tenho conhecimento se algum julgador eleitoral já foi buscar elementos de convicção bem à porta do barraco, dentro do casebre, nos fundos da casinhola, na despensa e na cozinha, por dentro da panela vazia sob o fogão de lenha, no rente carcomido da madeira da mesa. Não sei se o julgador eleitoral carrega na sua pena aquela outra pena, a da comiseração, que escreve por linhas tortas na vida de um povo inteiro. Que se julgue o crime, que impeça candidaturas, que tire o mandato daqueles que cometeram abusos. Mas qual o vulto de uma cesta de alimentos perante a dinheirama toda que corre solta e que a justiça, muitas vezes, vergonhosamente dilui ou simplesmente não quer enxergar?
Não se defende, aqui, a legalidade do ilícito nem a interpretação distorcida da lei, de modo a minimizar o cometimento de ilegalidades. O que está ilegal, contudo, é deixar de avistar a realidade social em nome da norma proibitiva. O que está errado, e completamente errado, é deixar que a frieza da norma se sobreponha à fome, à sede, à carência, à desvalia de tudo. Que a firmeza da lei recaia primeiro sobre as eleições forjadas em milhões, sobre os abusos milionários cometidos, e não apenas sobre uma cesta básica concedida.
A lei tem de sair do código e caminhar pelas ruas, tem de abdicar de seu trono e conhecer o mundo real, tem de guardar sua toga e ir conhecer o quanto sofre uma família inteira desde o amanhecer ao anoitecer, e tudo por falta de tudo. Não há pão para a criança que chora, não há remédio para quem sente dor, não há esperança de futuro para quem deseja somente viver. O alento que chega é - e quase sempre - através do candidato e sua cativante ilicitude.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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VINTE ANOS DE VIVÎNCIA NO CANGAÇO DE LAMPIÃO

Por Antonio Corrêa Sobrinho

VINTE anos, o tempo arredondado do cangaço de Virgulino Ferreira da Silva, Lampião.

240 meses, 87.600 dias, 2.102.400 horas, portanto.

Ainda que todas as suas ações criminosas juntas tenham lhe tomado, hipotética e exageradamente, 10 anos de sua vida, ou seja, 43.800 dias (uma ação de 24 horas a cada dois dias), incluindo, nesta conta, o dia, a hora e o minuto de sua morte, como viveu, o que fez este mítico cangaceiro, além do que se faz necessária ou costumeiramente nas horas que compuseram os outros alternados dez anos de sua existência, nada sabemos e, muito provavelmente, jamais saberemos.

Perceberam os amigos o quanto pouco sabemos deste lendário cangaceiro?

Fico aqui a imaginar o quão interessante seria uma biografia de Lampião escrita pelo próprio Lampião, ou ditada, e, aí, vislumbro uma possibilidade que se apresentou tão claramente, para o homem que ganhou a sua confiança, que lhe filmou - o turco Abraão B. Boto.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1427429550719250&set=a.290440857751464.65539.100003566571696&type=3&theater

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ANTONIO SILVINO


Conta-se que Antonio Silvino e alguns cabras chegaram à fazenda Lágea Formosa, no município de São Rafael-Rn, do Cel. Luiz Martins de Oliveira Barros e exigiram ajuda. O Cel. juntou o solicitado e entregando ao cangaceiro, pediu que não molestasse a sua família, pois sua esposa estava prestes a dar à luz.
           
Antonio Silvino recebeu a quantia e partiu dali, dizendo: “-Eu não poderia atacar um homem tão bom para os pobres como o Senhor, Coronel”. 
           
Conta-se ainda que certo dia, Antonio Silvino estava arranchado bem perto de uma estrada, e lá vinha um senhor montado em um jumento que carregava uns caçuás. E antes que o homem passasse, ele o interrompeu perguntando:
           
 - Para onde o sinhô vai? 

- Vou à feira senhor, fazer compras.

- E quanto leva im seu bôço?
            
- Levo vinte mil réis.- Poiz mi dê!
            
O homem já sabendo que estava diante do cangaceiro Antonio Silvino, não recusou, passou-lhe o dinheiro e puxando as rédeas do animal, dirigiu-se voltando para casa.
            
- O sinhô disse qui ia fazê feira. Pur qui vai vortá?
            
- Eu ia Senhor, mas o dinheiro o senhor me pediu?
            
Antonio Silvino enfiou a mão no bolso, tirou o que era do homem, mais outro do seu, e lhe deu dizendo:
          
- Agora vá à cidade e compri o dobro de alimentos pra seus fios...  

Informação: Eu não tenho a fonte, mas existe em um site, só que quando eu tentei pegar a fonte, como a internet estava muito lenta, cansou-me, findei desistindo de registrar a fonte deste material.

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*NOTA DE APOIO AOS SERVIDORES EXONERADOS DA UERN*. *GILTON SAMPAIO DE SOUZA* PROFESSOR DA UERN

Por Gilson Sampaio de Souza

*Nota de apoio aos servidores exonerados da UERN*

A exoneração de mais de 80 servidores da UERN e, em especial, dos servidores Marília Cavalcante, Bário (Francisco Simplício), Dona Toinha e Alexandre Canuto, do Campus de Pau dos Ferros, no Diário Oficial do Estado do RN, hoje, 18/01/2018, nos faz ver, ainda mais, que, nesse país, em cada "crise" são sempre os menores os únicos punidos. *Por que os deputados que aprovaram uma Lei inconstitucional também não foram punidos?* Eles interferiram na vida de dezenas e dezenas de pessoas, prometendo o que não poderiam fazer. E hoje a Assembleia sai impune dessa história. Pessoas que dedicaram uma vida inteira à instituição são escolhidas para serem punidas, mas os responsáveis pela Lei inconstitucional nada sofrem.

Estou triste também pelas perdas materiais e simbólicas que esses servidores terão em suas vidas e pela forma desumana com que as pessoas têm sido tratadas nesse país.

Que esses servidores possam seguir suas vidas de cabeças erguidas.

Aproveito para reafirmar que elas terão, em mim, sempre, o reconhecimento do trabalho prestado com seriedade e dedicação a esse Campus.

Como servidor, ex-diretor e amigo, sou testemunha da qualidade desses profissionais e do amor de cada um pela UERN.

Quero registrar, ainda, que, entre os demitidos do CAMEAM/UERN, está uma das servidoras mais competentes e dedicadas à UERN com quem já trabalhei e/ou convivi nesses 30 anos que tenho de CAMEAM. O nome dessa profissional se chama *Marília Cavalcante de Freitas.* Ela é símbolo de integridade e competência, e ela é singular na seriedade e dedicação à Instituição. Não conheço duas Marílias no serviço público.

Pau dos Ferros/RN, 18 de janeiro de 2018
*Gilton Sampaio de Souza*
Professor da UERN

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso

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A TRAGÉDIA JAMAIS VISTA NA UERN E NUNCA SERÁ ESQUECIDA.

 Por Hermes Alves de Oliveira

Estimados/as Amigos/as:

A tragédia jamais vista na UERN e nunca será esquecida. Trabalhei trinta e oito anos na FURRN depois UERN, nos idos anos 70/80 passamos por muitas crises e de até seis meses sem receber salários. A época, chegamos a humilhante situação de no comércio não ter crédito para compras quando afirmávamos trabalhar na FURRN, o cadastro era negado "na bucha" e "na cara" como falamos nosso bom vocabulário nordestinês. Essa semana sentimos agravante humilhação para com 86 colegas de quase três décadas dedicadas a instituição serem jogados na lata do lixo como produtos usados e sem valia ou podres. Quase trinta trabalhando equivale a um terço de suas vidas chegando à porta da aposentadoria agora vão ter que recomeçar com poucas chances dada competitividade no campo de trabalho. Uma justiça que não é justa, pois, falhou quando não barrou as contratações lá na publicação de seus ingressos na instituição. Foram muitas tentativas para anular esses contratos, como não conseguiram inicialmente agora não é justa essa determinação do STF – Supremo Tribunal Federal que em nome da lei pedia a cabeças desses servidores e servidoras por se encontrarem em desacordo com a Constituição Federal. Ora!, quantas outras aberrações vimos e assistimos ocorrendo no país sem a devida observação legal da justiça para com os políticos, magistrados e outras categorias de baixa patente percebendo salários acima do teto que a CONSTITUIÇÃO FEDERAL NÃO PERMITE! Ex-presidentes, deputados federais, senadores e o escambau se aposentam com UM MANDATO SÓ, emanados pelo voto, sem a devida carteira assinada, pois, não é profissão e sim cargo público que lá deviam está para elaborarem projetos visando o crescimento do país e viabilizar melhoria de vida da nação e o povo que os elegeram. Boa leitura nobre leitor/a.

Hermes Alves de Oliveira (58 anos), é sindicalista, natural de Mossoró/RN, Técnico-Administrativo aposentado pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, admitido em 1º de agosto de 1976. Por vinte anos dedicou seus serviços no então Instituto de Letras e Arte - ILA, hoje FALA – Faculdade de Letras e Artes, onde ocupou o cargo de Secretário da FALA por quatro anos. É sócio fundador da antiga AFFURRN – Associação dos Funcionários da FURRN (hoje SINTAUERN) onde ocupou o cargo de tesoureiro na gestão 1985/1988. Em 1997 integrou equipe da Assessoria de planejamento da UERN (1997/1998), passou pela Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (03 anos), e foi Membro (suplente) do Conselho Curador da FUERN – Fundação Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (2008/2010). Integrou o CMAS – Conselho Municipal de Assistência Social (como suplente na primeira gestão em 1996/2000) e assumiu a titularidade (2000/2002) e posteriormente o CMS – Conselho Municipal de Saúde (2003/2006). Foi editor e apresentador do Programa Trabalho e Cidadania pela extinta FM Alternativa (96,5) no período de 2001/2006. De 18/07/2012 a 09/09/2014 foi suplente no CMAS – Conselho Municipal de Assistência Social, representando a Sociedade Civil pelo SINAI. Por treze anos (2001/2014) trabalhou na Faculdade de Direito da UERN, lotado no Departamento de Direito e depois na Secretaria da Faculdade que, completados 38 anos de contribuição a IES, aposentou-se em setembro de 2014. É funcionário da DATANORTE (ex-COHAB) desde outubro de 1981. Milita nos movimentos social e sindical desde 1980, onde ocupou vários cargos como diretor do SINAI – Sindicato dos Servidores Públicos da Administração Direta e Indireta do RN na Regional do Médio Oeste em Mossoró, no período de julho/1995 a novembro de 2016. Em 23/11/2016 tomou posse no Conselho de Representantes Sindical do SINAI para mandato no triênio 2016/2019.


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso

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CABARÉ DO CANGACEIRO MORENO

Do acervo do Devanier Lopes

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A HISTÓRIA DE LAMPIÃO - Imagens reais e fortes


https://www.youtube.com/watch?v=nlocl4AwDMw&feature=youtu.be
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A HISTÓRIA DE LAMPIÃO - Assista no youtube https://youtu.be/nlocl4AwDMw. Se inscreva em nosso canal e receba mais vídeos http://www.youtube.com/c/AlmeidaJuniorLocutor
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Publicado em 20 de jan de 2018

Conheça a história do rei do cangaço Virgulino Ferreira o Lampião
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SEU GALDINO E A ONÇA PINTADA DA GRUTA

Por José Mendes Pereira

Nesse dia, seu Galdino acordou meio doente. À noite anterior, havia tomado uma porção de vinho, comemorando os cinquenta anos do seu casamento.

Dona Dionísia, sua velha e estimada esposa, permanecia ao redor da cama, para lhe dar apoio se ele precisasse. Apenas, algumas vezes, havia saído do seu redor, quando seu Galdino solicitava algo que lhe melhorasse a ressaca. Dizia ele que o vinho só lhe trouxera uma infeliz ressaca; rins doídos, o corpo estava como se tivesse levado uma surra de chicote. As pernas pareciam que tinham perdido os movimentos. Um enjoo terrível, e uma vontade de provocar. E vez por outra, passava uma tontura, deixando-o sem condições de permanecer em pé.

Nesse dia, suas vacas foram mungidas pelo vaqueiro do Lili Duarte, que já havia tomado conhecimento, que seu Galdino se encontrava enfermo.

Como de rotina, recebera a visita do seu Leodoro, um grande homem da sua amizade, principalmente, para contar as suas aventuras. E ao vê-lo naquelas condições, seu Leodoro aconselhou-o que fosse até à cidade para consultar o médico, e aferir a sua pressão; e não era bom ficar ali recolhido, já que tinha médicos gratuitos para este fim.

Ali, deitado, reclamava do maldito vinho que o deixara naquelas condições, e até dizia que nunca mais colocaria uma gota daquele embriagador.

- É, compadre, dizia seu Leodoro, nós na idade que estamos, não devemos brincar com a saúde, porque é um passo para a morte. Passou dos sessenta, tudo fica difícil para uma recuperação.

- Eu sei, eu sei, compadre Leodoro, que bom que eu estivesse ainda começando a vida, campeando gado nos tabuleiros...

- E ainda, compadre Galdino, vendo aquelas onças nos serrados..., aliás, hoje quase não se ver mais as bichinhas passeando pelos campos.

- Exatamente! Estão acabando com as bichinhas..., e hoje, ao clarear do dia, quando eu me acordava, lembrei-me de uma ninhada de filhotes de onça que eu vi quando ainda era jovem. Naquele tempo, eu apenas sonhava em ser dono de uma boa fazenda, e os pouquinhos bichinhos que eu já possuía, eu os criava nas terras do meu pai Galdino Borba(GATO Mend(ONÇA). Mas como Deus não desampara ninguém, hoje eu tenho esta, e excelente fazenda, e muito o agradeço.

- Eu não sei compadre Galdino, porque tem pessoas que desfazem de Deus, usando certas brincadeiras com ele. E tudo ele dá para nós.

- É um verdadeiro imbecil, aquele que diz coisas contra Deus...

- Verdade, compadre! – Atalhou seu Leodoro.

- Sim, compadre - continuava seu Galdino apoiando-se na cama, como se quisesse se levantar - voltando à conversa da ninhada de filhotes de onça pintada que eu a encontrei..., eu tinha saído cedo de casa, na intenção de vistoriar os meus pouquinhos bichinhos, porque o inverno tinha sido escasso..., e logo, teria que voltar, porque eu precisava ir até à cidade para apanhar um dinheiro de um fazendeiro que havia me solicitado a pegada de uma novilha amojada. Segui a pé, e já no final da Baixa Grande, local que o senhor conhece muito bem, eu peguei outra vereda. Esta, facilitava mais a minha caminhada. Lá mais adiante, deparei-me com uma gruta que eu nunca tinha visto. Fui olhando para um lado, vi uma boca grande, formada por pedras, e percebi que dava espaço para se entrar nela. Com um pouco de receio, findei entrando na gruta. O senhor quer saber o que tinha lá dentro dela?

- Quero sim senhor! – Exigiu seu Leodoro.

- Três filhotes de onça.

- Três filhotes de onça?! Novinhos, compadre Galdino!?

- Bem novinhos! Lentamente, eu fui me aproximando deles, mas todos ficaram ali me olhando e arrepiados. Quando eu peguei um deles para alisá-lo, o diabo da mãe vinha entrando na gruta, e de pressa, eu o soltei. Eu não tinha como me salvar daquela onça. Mas eu precisava de criar um meio para me livrar dela. Ou eu tentava uma maneira de me defender dela, ou ela iria me devorar ali mesmo. 


A minha sorte, foi que ela veio e se deitou para dar de mamar aos filhotes, e nem percebeu que eu estava ali, num lugar apertado. Ela ficou deitada de costas para mim. E ali, as horas foram se passando, e eu só me lembrava de que ela poderia me ver e me atacar, porque eu não tinha nenhuma chance de sair dali. Ela tomava a passagem para fora. Sabe o que eu fiz, compadre Leodoro?

- Não sei não senhor! Estou aguardando que me diga o que o senhor fez para sair de lar.

- Eu sabendo que onças têm medo de fogo, silenciosamente, peguei os meus papelinhos de cigarros, e os coloquei sobre a calda da onça que estava bem pertinho de mim. Como ela nem se mexeu, toquei fogo nos papelinhos, que de repente, foram queimando uns aos outros, atingindo o rabo da danada. Sentindo a quentura do fogo no rabo, ela deu um esturro tão grande, e saiu de buraco a fora, numa velocidade pra mais de cem quilômetros por hora. Eu vendo que ela havia desaparecido dali, peguei as três oncinhas e caminhei às pressas com elas, em direção a minha casa. E adeus, mamãe onça! Nunca mais ela viu os seus filhotes.

- E o que o senhor fez com os gatinhos da onça, compadre Galdino?

- Havia chegado um circo em Mossoró, e assim que eu soube, selei o meu jumento, coloquei os caçoas, e em seguida, os gatinhos da onça dentro, e fui tentar vendê-los ao dono do circo. Mas eu passei por um sufoco dos piores. A danada da onça que eu nem esperava, quando cheguei já bem próximo de Mossoró, ela me alcançou, e tinha hora que ela partia pra cima de mim com gosto de gás. Para vencê-la, de cima do jumento mesmo, dei-lhe umas boas lapadas de chicote nos seus olhos, aí ela ficou sem tino, resolveu voltar.

- E o que era que ela queria, comadre Galdino?

- Era os seus filhotes, homem!

- E como foi que a onça soube que o senhor estava levando os seus filhotes nos caçoas?

- Compadre, eu acho que foi através do seu faro, que ela descobriu que eu levava os levava. Só sei que os vendi, e bem vendidos. E o dinheiro das oncinhas, está aqui. Empreguei-o nesta propriedade.

- As horas estão se passando, compadre, e eu tenho que ir embora, tenho que cuidar dos meus afazeres..., mas cuida da sua saúde. Não vá ficar aí sem procurar um médico, compadre.

E ao sair, lá fora, seu Leodoro Gusmão caminhava dizendo consigo mesmo:

"- O danado do meu compadre não tem jeito não! É morrendo e mentindo, é morrendo e mentindo! Mas que bicho mentiroso!".

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