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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

A FESTA DO ROSÁRIO DE POMBAL

Por: Verneck Abrantes

A Festa do Rosário de Pombal. 

Já se vive a Festa maior do religioso e profano pombalense, com o encerramento previsto para o segundo domingo de outubro.


A Igreja é um dos raros exemplos do barroco no sertão do nordeste, quase intocável na sua arquitetura original. Sua construção data de 24 de fevereiro de 1721. Uma Boa Festa para os filhos e amigos de Pombal.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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NAS SOMBRAS DA MISÉRIA

*Rangel Alves da Costa

Simbolizando a pobreza, alguém já escreveu que se trata de um permanente estado de sombras, sempre tendente à escuridão. Eis que o sol parece não brilhar sobre a miséria, as luzes são sempre sombrias, há algo como um embaçamento em tudo. Uma névoa triste encobre sua feição, há uma melancólica moldura de horizonte tempestuoso e uma paisagem anuviada pelas penumbras do sofrimento.

Mesmo sem nada para cozinhar ou assar, a miséria sempre parece mantendo aceso o fogo de chão. E de um fogo que vai soltando e espalhando fumaça, nublando os arredores, tornando ainda mais sombria a moradia e a própria existência. Não há fogo aceso nem fumaça, mas aquele aspecto de tempo fechado, fumacento, cinzento, vai tornando em espectro ainda maior aquele cenário de desalento. Charles Dickens descreve assim, em retratos escurecidos e tristes, aquela Londres de miseráveis e desesperançados.

Mesmo o sol incidindo em mil chamas e o tempo lá fora em brilho escaldante, tudo possui uma cor diferente após a porta e a janela. Ainda que porta e janela abertas, escancaradas, ultrapassar a soleira para dentro significa encontrar um mundo sem luz. Nas poucas dependências, o sofrimento envelhecido, o luto pela vida. As brumas sonolentas e cansadas avançam pelos cantos e depois se instalam pelos olhos dos sobrevivos. Uma tristeza sem fim nos olhares acostumados a pouco avistar esperança.

Ali certamente um lar, mas um lar diferente. Ali pessoas, viventes, moradores, mas uma gente diferente. Ali vidas, sonhos, esperanças, alegrias, tristezas, lutas, sofrimentos, contentamentos, realizações, angústias, mas tudo diferente. E por que diferente, se uma moradia, habitantes e vidas? Simplesmente por causa das carências, das faltas e necessidades que nunca permitem manhãs e dias mais ensolarados, que nunca consentem afirmar que há satisfação no viver.

Ali tudo luta, tudo suor, tudo sofrimento. Diferentemente do que ocorre em outras situações de vida, não há manhã, tarde ou noite, como marcos de fazeres diferentes na ambientação da miséria. Tendo o que fazer ou não, as horas apenas lembram as carências, o que falta, o que precisa ser encontrado. E falta o pão, falta a farinha, falta o açúcar, falta o fubá, falta o café, falta quase tudo. Mas há fome, há menino chorando, há panela vazia, há o tempo que passa e que vai atormentando cada vez mais.



Num canto um velho sofá trazido duma calçada da burguesia, noutro canto um banco ou tamborete, num canto da sala uma rede estendida, uma esteira pelo chão, uma velha mesa com jarro de flores de plástico por cima, velharias por todo lugar. O menino corre, um menino pede um pedaço de pão, um menino chora, um menino adormece na esteira do chão. Potes por cima de trempes, moringa com pouca água, um fogo de chão apagado, panelas sem serventia. E João, e José, e Maria, e Lúcia, e Pedro, e Salustiana, e Fabiano, e Sebastiana, e Miguel, e pessoas, e gente, e um povo no sofrimento da vida e no sacrifício da existência. Haverá luz de sol que entre para encher de brilho uma moradia assim?

Como dito, não há muita diferença entre o despertar e o adormecer, entre a manhã e a noite, entre o dia ou o mês, pois se não fossem as horas correndo para lembrar as necessidades tantas, até que se imaginaria um mundo de tanto faz, pois esquecido em si mesmo. Enquanto tudo se apressa lá fora, enquanto as outras pessoas olham para os relógios para não esquecer compromissos, ali somente o tempo de esperar o instante seguinte. É no instante seguinte que o sofrimento aumenta ou arrefece, pois é nele que está toda conquista. O pão que chega, o remédio doado, um pedaço disso ou daquilo que vai surgindo quando a porta se abre.

Manhã e noite, tudo a mesma coisa. A luta desperta ainda na madrugada. Não há compromisso de trabalho, não há relógio de ponto no emprego, não há condução com hora marcada, mas há sempre algo para ser feito. E a primeira é a prece, a invocação ao sagrado por um dia com menos sofrimento e alguma conquista boa. Os pedidos são poucos, também simples e humildes como o próprio povo. Depois abrir a porta dos fundos, olhar para os sinais do céu e procurar reconfortar a alma desalentada desde aquele momento. Joga uma cuia d’água numa planta, ajeita o varal que caiu, imagina como seria bom se ali existisse uma goiabeira ou um mamoeiro para colher uma fruta, e depois retorna para dentro de casa. Dali a mulher não sai, pois não há feira nem compra a fazer, mas o homem logo estará ultrapassando a porta da frente. Vai em busca do pão do dia. Mas onde e como? Tal incerteza angustia e faz sofrer ainda mais.

O homem sai e esquece a porta aberta. Mas tanto faz. Lá dentro a mesma sombra dos dias fechados, sem sol. Reinventando sempre a sobrevivência, a mulher cata um grão perdido, procura restos de nada. Nada encontra. A lenha num canto, o fogo apagado, nenhum barulho de panela. Mas aos poucos é como se a fumaça escurecida fosse avançando pelos arredores. Então as sombras aumentam e tudo ainda fica mais triste. Apenas as cores da miséria na sua moldura viva.
  
Escritor
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JOASEIRO DO PADRE CÍCERO - IMAGENS DO PATRIARCA DE JUAZEIRO EM VIDA

https://www.youtube.com/watch?v=MTlikz4C2Ik&feature=youtu.be

Antes de fundar a famosa 'ABA -FILMES', Adhemar Bezerra de Albuquerque, produzia um documentário do padre Cícero, Juazeiro do Norte e seus feitos no Cariri cearense, em 1925, já que a fundação da ABA-FILMES se deu em 1926.

"Entre os primeiros filmes, de sucesso nacional, feitas no Cariri, consta o filme ´Joaseiro do Padre Cícero´, produzido em 1925 por Adhemar Bezerra de Albuquerque (que fundou, em 1926 a empresa ABA-filmes). A câmara provavelmente foi dirigida pelo fotógrafo e cineasta sírio-libanês Benjamin Abraão que, nesta época, residia em Juazeiro do Norte e manteve contato com os laboratórios e estúdios das capitais do Nordeste."

Publicado em 6 de outubro de 2015

Entre os primeiros filmes, de sucesso nacional, feitas no Cariri, consta o filme ´Joaseiro do Padre Cícero´, produzido em 1925 por Adhemar Bezerra de Albuquerque (que fundou, em 1926 a empresa ABA-filmes). A câmara provavelmente foi dirigida pelo fotógrafo e cineasta sírio-libanês Benjamin Abraão que, nesta época, residia em Juazeiro do Norte e manteve contato com os laboratórios e estúdios das capitais do Nordeste.

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ASCRIM - EDITAL DE CONVOCAÇÃO DA ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA-AGO Nº 01/2016 – ELEIÇÕES PARA DIRETORIA EXECUTIVA E CONSELHO FISCAL DA ASCRIM DO BIÊNIO 2017-2018


I. O Presidente da Diretoria Executiva da ASSOCIAÇÃO DOS ESCRITORES MOSSOROENSES-ASCRIM, FRANCISCO JOSÉ DA SILVA NETO, no cumprimento das atribuições que lhe conferem o INCISO I DO ART. 36 do Estatuto Social da ASCRIM, convoca os associados regulares inscritos para se reunirem em Assembleia Geral Ordinária (AGO) Nº 01/2016, a se instalar, sob sua presidência, NO DIA 27 DE OUTUBRO DE 2016, (QUINTA-FEIRA), ÀS 16:00H, em primeira chamada com a presença de metade de seus membros mais um e, em segunda chamada, após 20(vinte) minutos, com qualquer número de “ASSOCIADOS REGULARES INSCRITOS”, no Auditório da Biblioteca Municipal “Ney Pontes Duarte”, sito à Praça da Redenção Jornalista Dorian Jorge Freire, em Mossoró, conforme o Estatuto da ASCRIM, OBEDECIDO A SEGUINTE ORDEM DO DIA:

1-Apreciação e aprovação do relatório de atividades da gestão 2014/2016. (CUMPRIMENTO DO ART. 45 DO ESTATUTO A ASCRIM).

2- Apreciação e aprovação das contas dos exercícios 2014/2016, mediante parecer do Conselho Fiscal, COM MANIFESTA PUBLICAÇÃO ANTECIPADA PELA DISPENSA NA FORMA DA LEI. (cumprimento do art. 45 do estatuto).

3- Eleição da Diretoria Executiva e do Conselho Fiscal da ASCRIM, BIÊNIO 2017/2018, NO DIA 27.10.2016, conduzido pela COMISSÃO ELEITORAL DA ASCRIM-CEA, com obediência ao artigo 46 do Estatuto da ASCRIM. (em cumprimento ao disposto no PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 24,  NA FORMA IN FINE DO ART. 47).

3.1. RELAÇÃO completa dos CARGOS que deverão constar nas CHAPAS CANDIDATAS PARA INSCRIÇÃO:

3.1.1. DIRETORIA EXECUTIVA DA ASCRIM/CARGOS DE: PRESIDENTE EXECUTIVO, VICE-PRESIDENTE EXECUTIVO, 1º E 2º SECRETÁRIOS, 1º E 2º TESOUREIROS, DIRETOR DE COMUNICAÇÃO E RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS, DIRETOR DE ACERVOS, DIRETOR DE ASSUNTOS ARTÍSTICOS, DIRETOR DE CERIMONIAL E DE EVENTOS, DIRETOR DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS, DIRETOR DE ASSUNTOS JURÍDICOS.(disposto no Art.28)

3.1.2. CONSELHO FISCAL DA ASCRIM/CARGOS DE: PRESIDENTE, VICE-PRESIDENTE, SECRETÁRIO E SUPLENTE. .(disposto no Art.44).
4. Inscrição das  chapas candidatas, que deverá ocorrer na SALA DAS ENTIDADES CULTURAIS DA BIBLIOTECA MUNICIPAL NEY PONTES DUARTE, ENTREGA CONTRA RECIBO À CEA, NAS QUINTAS-FEIRAS, AS 10HS, OU, ALTERNATIVAMENTE  VIA EMAIL DIRETO PRA O ENDEREÇO ELETRONICO DA ASCRIM asescritm@hotmail.comDESTINATÁRIO ESPECÍFICO:CEA, oriundo do email de contato dos ASSOCIADOS QUE COMPÕEM A CHAPA CANDIDATA, com a discriminação completa dos cargos a serem disputados, até 15 (QUINZE) dias antes das eleições, OU SEJA, ATÉ O DIA 12.10.2016, CONFORME PARÁGRAFO TERCEIRO DO ART. 47(em cumprimento ao disposto no ART 49),

4.1- Somente poderão integrar as chapas candidatas, os associados REGULARES INSCRITOS (FUNDADORES, ATIVOS E TITULARES) que comprovem a matrícula e a frequência regular nas atividades culturais da ASCRIM, estejam quites com suas obrigações sociais e financeiras, e NÃO RESPONDAM PROCESSO ADMINISTRATIVO, (disposto nos artigos 13 a 17, do Estatuto da ASCRIM).

4.2. CUMPRIMENTO DO PRAZO DE HOMOLOGAÇAO DO REGISTRO DE INSCRIÇÃO DAS CHAPAS E PUBLICAÇÃO DAS CHAPAS CANDIDATAS HOMOLOGADAS, ATÉ 10 DIAS ANTES DAS ELEIÇÕES, OU SEJA ATÉ O DIA 17.10.2016.(em cumprimento ao disposto no Art. 49)

5- SE HOUVER APENAS UMA CHAPA INSCRITA  A  ELEIÇÃO SE DARÁ POR ACLAMAÇÃO NA FORMA ESTATUTÁRIA.

6- O REGULAMENTO GERAL DAS ELEIÇÕES DA ASCRIM SERÁ DISPONIBILIZADO PELA COMISSÃO ELEITORAL DA ASCRIM-CEA, AOS ASSOCIADOS INTERESSADOS QUE A SOLICITAREM, TEMPESTIVAMENTE, VIA EMAIL asescritm@hotmail.com(em cumprimento ao disposto no artigo 46, do Estatuto da ASCRIM).

II. As deliberações serão tomadas por maioria simples de votos dos associados presentes com direito de votar e só poderão tratar sobre os assuntos constantes neste edital de convocação.

III. A Assembleia Geral Ordinária-AGO Nº 01/2016, podem comparecer convidados e familiares dos associados, privados contudo, de voz e voto, que confirmarem presença até cinco(5)dias antes da supramencionada AGO Nº 01/2016..

TERMOS EM QUE EXPEDE-SE, REGISTRE-SE E CUMPRA-SE O PRESENTE EDITAL AGO Nº 002, PODENDO O MESMO SER RETRANSMITIDO POR TODOS OS MEIOS DISPONÍVEIS AOS CONVOCADOS.

MOSSORÓ(RN), 02 DE OUTUBRO DE 2016

FRANCISCO JOSÉ DA SILVA NETO
- PRESIDENTE DA ASCRIM –

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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CANGAÇO NO PIAUÍ


Mais um livro do escritor e fundador da SBEC -  (Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço) Paulo Gastão.


Entre em contato com o autor através deste e-mail:

paulomgastao@hotmail.com


Peça logo o seu para não ficar sem ele: Livros sobre cangaço se demorar adquiri-los ficará sem eles, porque são arrebatados pelos colecionadores.

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LAMPIÃO ERA FROUXO

Por William Rosson Editor de Cultura
Resultado de imagem para fotos de Lampião

Um livro muito estragado é o início de tudo. O professor da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN) José Romero Cardoso de Araújo, paraibano da gema, estava em João Pessoa quando recebeu de um amigo, Zacarias Sitônio, um exemplai desgastado pelo uso do livro de "Lampião - Sua História". O livro foi escrito em 1926 por Érico de Almeida, um antigo jornalista que atuou durante oito anos no jornal paraibano "O Norte".

O tempo havia estragado o livro e era praticamente impossível conseguir os originais. Por isso, Romero como estudioso e crítico do movimento do cangaço, resolveu resgatá-lo e, com o apoio da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), conseguiu colocar novamente no mercado a biografia do cangaceiro mais famosos do país.

"..."

Essa biografia foi solicitada, sob encomenda, pelo então presidente do Estado da Paraíba, Dor João Suassuna, um dos grandes integrantes da campanha contra o banditismo rural. O deputado e chefe político da cidade de Princesa, coronel José Pereira de Lima, bancou  os custos. Érico de Almeida seria a pessoa mais indicada por sua habilidade em escrever e colher os dados. Ao ser designado para escrever o livro, Érico viajou para localidades como Pajeú e Navio em Pernambuco - "estudando lugares e convivendo com o que há de pior".

Érico dissera em "Lampião - Sua História" o verdadeiro perfil do rei do cangaço. Lampião não era herói coisa nenhuma e, dessa forma, acaba de vez com a polêmica que vem rendendo debates e discussões ao longo de todos estes anos. Com o apoio do bando, sua ação era ofensiva. Ele era bandido na forma literal da palavra, diz o professor Romero, que diz ter como defender sua tese.

Calculista - Segundo o autor do livro, Lampião era um bandido frio e muito calculista. "Ele não consentia os seus comparsas exporem-se, somente atacando quando antevê probabilidade de vitória", conta o trecho sobre o perfil do cangaceiro. A julgar por um dos episódios relatados na biografia, Lampião era tão calculista que às vezes parecia covarde. Talvez seja fácil entender, já que na invasão de Mossoró um ano depois da obra ser lançada, ele sequer entrou na cidade, enviando somente seus representantes e um bilhete - que virou relíquia em exposição no Museu Municipal Lauro da Escóssia.

Romero se preocupou em republicar o livro pela ortografia da época. Almeida consegue deixar bem claro a vida de Lampião e o que o fez entrar no cangaço, a princípio num grupo comandado por Sinhô Pereira, até algumas invasões em alguns Estados do Nordeste. "Esta é apenas uma biografia parcial. Lampião sequer imaginava em invadir Mossoró. Talvez ele imaginasse o quando a cidade era desenvolvida naquela época, não se atreveria nem em chegar perto", relata o professor da UERN. 

O livro termina com uma notícia de última hora de que Lampião teria sido pego numa emboscada e estava gravemente ferido. Não seria um ferimento mortal, mas a arapuca preparada por Liberato Correia rendeu-lhe uma promoção pelo Governo de Pernambuco. Junto com o rei do cangaço dez cangaceiros também estavam feridos. mesmo assim, ninguém sabia onde estava escondido o bandido.

Leia trecho da obra de Érico de Almeida

O bandido cuja frieza de temperamento ressalta a primeira vista, limita-se a responder laconicamente a alguma pergunta que lhe dirigem, considerando-se o o maior cangaceiro  em tática de guerra, não consentindo os seus comparsas exporem-se, somente atacando quando antevê probabilidade de victória. 

Prefere as emboscadas, não aceitando a luta em campo, raso, ainda que seja insignificante o número de inimigos a enfrentar, a não ser nos casos extremos, para tentar fuga.

Quando do cerco da cas do sargento Clementino Furtado, de quem é inimigo fidagal, em Santa Cruz, do município de Trunfo, o bandido que estava acompanhado de 45 facínoras, não consentiu seu irmão Levino penetrar no interior da mesma, onde se encontrava aquele inferior com quatro companheiros apenas.

No mais aceso da peleja, travou ele com o irmão, que o taxava de covarde, o seguinte diálogo:

- De que serve você entrar e morrer?!

- Você que ser beato, retrucou Levino, compre um rosário e se entregue ao governo. Eu não entendo cangaceiro assim...

Tréplica Lampião:

- Eu é que não entendo cangaceiro como você... você morrendo aqui, inda  nós matando esse povo todo, não dá para compensar o prejuízo.

E segurando no braço de Levino, que teimava em avançar, sentencia-lhe conselheira:

- Você veve pouco e, Kelé (Clementino) não tem medo de caretas.

Neste comenos intervem na conversa o outro irmão, o Antonio Ferreira:

- É Exaro. Se Kelé tivesse medo de caretas já teria se entregado com seis horas de fogo. Mas, parou, para não gastar munição. O cabra que ali entrar se acaba como sabão na mão de lavandeira...

Ainda tagarelaram, eis senão quando aparece um troço de soldados do destacamento de Triunfo, fazendo fugir Lampião e toda a caterva, apesar dos protestos de Levino, que preferia combater.

Fonte: Jornal "Gazeta do Oeste"
Cidade: Mossoró-Rn
Data: 18 de outubro de 1998
Ano: ?
Número: ?
Digitado e ilustrado por José Mendes Pereira

Este jornal foi a mim presenteado pelo pesquisador do cangaço e sócio da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço Francisco das Nascimento (Chagas Nascimento). Desculpem-me alguma falha na digitação, sou um pouco cego. 

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COISAS RUINS, NÃO ACONTECENDO COM A GENTE, TUDO É FÁCIL DE SE RESOLVER COM PACIÊNCIA

Por José Mendes Pereira

Ainda hoje, muitos condenam fortemente o Virgolino Ferreira da Silva o capitão Lampião, por tudo ruim que ele praticou, mas só sabem falar do que ele fez contra "A ou B", que na verdade, ninguém é só ruim, algo interessante e importante na vida ele fez em favor de alguém. 

Se analisarmos cuidadosamente o que ele passou, sofreu, foi humilhado, desrespeitado, afastado de suas amizades do tempo de jovem, obrigado a se refugiar nas caatingas do Nordeste, odiado por todos, quando todos tinham direito a um teto com dignidade e ele não, veremos que suas vinganças, não foram certas, mas tinham um motivo para se vingar.

Nós que não passamos por isso (graças) condenamos o Lampião que, matou, que roubou, que estuprou, que cortou orelha, língua, capou..., mas, é porque o sofrimento que ele passou, não passou pela nossa pele. Protestar e condenar alguém por seus péssimos atos, é muito fácil, desde que não seja com a gente. 

Lógico que não é certo nenhum de nós fazer justiça com as próprias mãos, mas, primeiro, a gente deve se perguntar? Se o que aconteceu contra Lampião, se fosse comigo, será que eu suportaria sem tentar vingança? 

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ARGEMIRO LIBERATO DE ALENCAR

Por José Romero de Araújo Cardoso

FIGURA ILUSTRE - Argemiro Liberato de Alencar. Filho de Ana Cardoso de Alencar e Félix Antônio Liberato de Alencar, foi vereador em Pombal/PB, presidente da Câmara Municipal e forte candidato a prefeito, mas os adversários da sua época o denunciaram como sonegador de impostos. Sem direito a defesa, foi morar no Estado do Ceará a convite do seu parente Major José Ignácio de Sousa, senhor absoluto da Fazenda Trapiá, localizada no Barro. Não retornou mais a Pombal, pois comprou terras em Caraúbas, no Estado do Rio Grande do Norte, mais precisamente na Comunidade Rural do Jordão e lá faleceu em 1928, deixando viúva a Sra. Maria Malfada com uma unica filha de nome Raimunda Dalila. Há pouco tempo sua neta Terezinha de Alencar Gurgel esteve em Pombal a fim de manter contato com familiares. A neta de Argemiro Liberato de Alencar foi a Pombal na companhia do primo José Romero Araújo Cardoso e da neta Aislane Gurgel. Argemiro Liberato de Alencar teve quatro casamentos, deixando um porção de filhos entre os quais Sandoval, José, Maricô, Laura, Nina, Amelia, entre outros...Fez parte de uma família de onze irmãos destacando-se Zé Liberato, Francisco, Elpídio, Joaquim Pedro, Deocleciano, Facunda, Filadelphia, Amelia, Dandão, Serafim e outro que não me lembro o nome. Argemiro Liberato de Alencar exerceu o ofício de almocreve, transportando durante muito tempo algodão, peles e couros para serem negociados com os Fernandes, dos quais aproximou-se bastante. Nina, filha de Argemiro Liberato de Alencar, era afilhada do Coronel Rodolfo Fernandes. A célebre carta da qual faz referência Raul Fernandes em A  Marcha de Lampião - Assalto a Mossoró, avisando Rodolfo Fernandes dos objetivos bandoleiros de atacar Mossoró no ano de 1927 foi escrita e endereçada por Argemiro Liberato de Alencar ao bravo chefe do executivo da Capital do Oeste Potiguar.(Ignácio Tavares de Araújo).

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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O RESGATE DE LAMPIÃO

Por Gutemberg Liberato de Andrade

Vou expor neste Cordel
tudo sobre a operação
resultante do resgate
do famoso Lampião
que estava subjugado
a um terrível Dragão.

Participaram da ação
espíritos abnegados
que seguindo suas metas
com os devidos cuidados
e trabalhando correto
eles não foram flagrados.

Eu usei neste relato
dois livros muito importantes
que relatam com detalhes
como foram os instantes
do resgate de Ferreira
e dos seus participantes.

O livro Reforma Íntima
sem Mistério é o tema
escrito por Wanderley
de Oliveira no esquema
pelo espírito de Ernane
que vive noutro sistema.

Maria Modesto Cravo,
que está noutra dimensão,
psicografou um livro
que relata a missão
que recebeu de Jesus
pra resgatar Lampião.

Foi Wanderley de Oliveira
usado pra  receber
o livro sobre “Os Dragões”
e dar logo a conhecer
todos assuntos escritos
que nele estão a conter.

Divididos em capítulos
estes livros certamente
muito facilitarão
este estudo decorrente
desta que participou
sempre na linha de frente.

O Virgulino Ferreira
O famoso Lampião
quando do seu desencarne
foi levado pela mão
para um umbral escuro
destinado à escravidão.

Nas regiões abismais
onde impera o sofrimento,
Virgulino padeceu
naquele lugar nojento
as piores amarguras
neste seu padecimento.

Muitos anos se passaram
e Lampião no tormento
passando por privação
nesse cárcere visguento
e sem poder escapar
dum local tão fedorento.

Ouvia-se a todo instante
os lamentos e estertores,
Ferreira, Rei do Cangaço,
sempre gemendo de dores
não sabia o que fazer
com os seus obsessores.

Nos planos inferiores
impera o vampirismo
e como não há reação
levam ao fundo do abismo
sugando-lhe toda a energia,
saturando o psiquismo.

Por ser muito destemido
muito tempo demorou
nas regiões abissais
pelos males que causou
e através do sofrimento
ele muito resgatou.

Nessas zonas de horror
tinham urros estridentes,
o mal cheiro sufocante
sempre perturbando as mentes
dos espíritos que estavam
nessas regiões tão quentes.

Aves estranhas voando
em rodopios rasantes,
um forte odor e trovões
e raios a todo instante
cortando a escuridão
sobre névoas fumegantes.

Esse velho bandoleiro
se encontrava num local
submerso em podre lama
num extenso lodaçal
sofrendo pelo que fez
na sua vida carnal.

Com bastante sacrifício
Ferreira foi resgatado
por Bezerra e Barsanulfo
e Matias ter ajudado
tendo a sua mãe Modesta
sempre ajudando a seu lado.

E Ferreira padecendo
sob um forte lamaçal,
magérrimo e sem vestes,
um trapo humano total,
balbuciando sons estranhos
naquela zona infernal.

Nesta triste condição
muitos anos se passaram,
mas com a graça divina
os irmãos o resgataram
e no Hospital da Esperança
eles o recuperaram.

E por ter adquirido
muito, naquela aspereza,
do viver nas fundas trevas
num lugar de impureza
Ferreira logo integrou
o Esquadrão junto a defesa.

Dado o seu comportamento
e por todos ser bem visto,
Ferreira já resgatado
de acordo com o previsto,
ficou logo conhecido:
“O Cangaceiro de Cristo”.

Junto ao Hospital Esperança
Ferreira está trabalhando
para cumprir as missões
e a defesa executando
dos irmãos que estão internos
e os que estão se tratando.

Sua força é empregada
para o serviço do bem,
pois penetra facilmente
nos locais onde ninguém
consegue desenvolver
uma ajuda para alguém.

Outros “cabras” do seu bando
também foram resgatados
e estando ao lado do “Chefe”
sempre são orientados
para empregar seu trabalho
em prol dos necessitados.

Todas as missões difíceis
quem resolve é Lampião
pois a sua grande força
após sua remissão
é empregada com destreza
na defesa do irmão.

O Dragão é um espírito
de uma casta inferior
que vive na nossa orbe
implantando o terror
com seu ódio milenar
que sempre está a impor.

Os Dragões têm por princípio
destruir a humanidade
influindo na cultura
usando muita maldade
sempre atacando a família
sem dó e nem piedade.

Os livros aqui citados
relatam muitas ações
praticadas por Ferreira
em certas ocasiões
em defesa dos espíritos
dos ataques dos Dragões.

Escrevi este Cordel
com base em psicografia
procurando demonstrar
que Jesus sempre confia
nos irmãos que muitas vezes
do caminho se desvia.

Ao findar este trabalho
de cunho espiritual,
relatei todos os fatos
de um modo natural,
não criei nem retirei
o que li no original.

Você que leu estes versos
deste irmão que se ergue
por meio de um regaste
a sua missão prossegue,
aceite neste momento
o abraço do Gutemberg.

O RESGATE DE LAMPIÃO. Gutemberg Liberato de Andrade ALACE - Cadeira 20 - FONTE: http://academia-alace.blogspot.com.br/2016/10/o-resgate-de-lampiao.html


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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AMO O CORDEL


Boa tarde! Amo o Cordel e hoje me deparei com o texto que o trás, como fonte de pesquisa. Achei interessante e estou postando para vocês como um caminho, também, para entender o Cangaço! Umburana de Cheiro.

Cordel e cangaço (Pernambucano de Mello): O CORDEL COMO FONTE DE PESQUISA. 
É comum se encontrar textos dizendo que o cordel desenvolveu-se no Nordeste Brasileiro como veículo condutor de notícias, informações, as quais eram passadas em sessões informais de leitura dos folhetos ou nos encontros de violeiros.

Outro dia, vi até na revista “BRASIL: almanaque de cultura popular”, que é distribuída nos vôos da TAM, uma matéria assinada por Mariana Albanese, na qual autora referia-se ao cordel como “uma literatura popular, com características genuinamente brasileiras”, e prosseguia: "Meio de comunicação de massa, o 'jornal do sertão' faz a crônica de sua época e ainda hoje se destaca em feiras e mercados de cidades como Juazeiro do Norte, Recife e Campina Grande".(Nº 89, agosto de 2006).

Hoje, porém, quero destacar o cordel, não apenas como meio de comunicação, mas como fonte de pesquisa histórica e sociológica.
Terminei de ler o livro “GUERREIROS DO SOL: violência e banditismo no Nordeste do Brasil”, de Frederico Pernambucano de Mello, e chamou-me a atenção o quanto o cordel é utilizado pelo autor no desenvolvimento do seu trabalho, aliás, um belo trabalho. Cada capítulo tem como epígrafe uma estrofe do tipo:

Rio Preto foi quem disse
E, como disse, não nega,
Leva faca, leva chumbo,
Morre solto e não se entrega.

(verso de pabulagem bradado em combate pelo famoso cangaceiro da segunda metade do século XIX, cf. Luís da Câmara Cascudo, Flor de romances trágicos, 1966.

Como ninguém ignora
Na minha pátria natal
Ser cangaceiro é coisa
Mais comum e natural;
Por isso herdei de meu pai
Esse costume brutal...

(Francisco das Chagas Batista, A história de Antonio Silvino, s.d.).

Mas a obra não se limita a usar a poesia popular nas epígrafes. Um exemplo bom disso encontrei nas páginas 65 a 67, nas quais a obra trata da figura do valentão, homem que não era tido como fora da lei, mas que, segundo o autor, “enganchava a granadeira e, viajando léguas e mais léguas, ia desafrontar um amigo, parente ou mesmo um estranho que tivesse sofrido algum constrangimento ou humilhação”.

Para dar uma idéia do sentimento do povo sertanejo em relação aos valentões Frederico Pernambucano De Mello lança mão dos versos do poeta Manuel Clementino Leite, antigo versejador do sertão paraibano, do século XIX. O trecho do livro é o seguinte:

Clementino aponta a origem histórica do valentão através de uma ilustre ascendência bíblica; estrema-a do cangaceiro, a seu ver, uma figura moralmente menor; sustenta que a probidade não se mostrava nele incompatível com a vida de questões; caindo finalmente num justificável casuísmo, em que aponta os grandes do seu tempo e, por certo, da sua admiração de sertanejo e de poeta:

Desde o princípio do mundo
Que há homem valentão
Um Golias, um Davi,
Carlos Magno, um Roldão
Um Oliveira, um Joab,
Um Josué, um Sansão.

Eu não chamo valentão
A cangaceiro vagabundo
Que quer ser um Deus na terra
Um primeiro sem segundo
Que vive a cometer crimes
E ofender todo mundo.

Tenho visto valentão
Ter sossego e viver quieto
Morando dentro da rua
Comprando e pagando reto
Trabalhar, juntar fazenda
Deixar herança pr’os neto.

Só se esconde o valentão
Que vive com o pé na lama
José Antonio do Fechado
Morreu em cima da cama
Brigou, matou muita gente,
Morreu mas ficou a fama.

Eu três homens valentões
No Pajeí conheci:
Quidute, Joaquim Ferreira,
E José Félix Mari
Mora dentro de Afogados
Tem grande negócio ali.

Mais adiante, nas páginas 178 a 180, o autor, já dissertando sobre os cangaceiros, fala do grupo dos Guabiraba, e mais uma vez busca apoio na poesia popular:

Ainda no meado do século [XIX], passaram a atuar os Guabiraba, sob a chefia dos irmãos Cirino, Jovino e joão, e do cuhado destes, Manuel Rodrigues. “Naturais da vila de Afogados da Ingazeira, ao pé da serra da Baixa Verde, no sertão pernambucano, fizeram-se bandidos nas escolas do Pajeú de Flores, onde praticaram tantos crimes que foram obrigados a fugir para Teixeira, na Paraíba”, eis o retrato que nos fornece Gustavo Barroso [...]. Em sua faina de poeta a seu modo historiador, Leandro Gomes de Barros pinta o gupo de Cirino com traços bem carregados;

Os Guabiraba eram um grupo
De três irmãos e um cunhado,
Todos assassinos por índole,
Cada qual o mais malvado
Aquele sertão inculto
Tinha essas feras criado.

A audácia do bando transparece clara nestes versos, pedaços de um antigo ABC de autor tão inculto quanto inteligente, com que se obtém uma reconstituição bem mais precisa da situação descrita, particularmente do clima épico em que se feriam as disputas que envolviam cangaceiros:

Agora estou me lembrando
Do tempo dos Guabiraba...
O capitão Zé Augusto
Cercou a serra e as aba,
Encontrou os cangaceiros
Quase Fagunde se acaba!

Cercou a serra e as aba
Com trinta soldado junto,
Falou para os cangaceiros:
São pouco! Apareça muito!
Tomou a boca da furna
Trouxe carga de defunto.

Deram fogo duas horas,
Bala na serra zoando,
Com a distância de três léguas
Todo o povo apreciando
E o povo todo dizendo:
Fagunde tá se acabando!

Enéas foi dos primeiro
Como o mais influído...
O capitão disse a ele:
Cabra, não seja atrevido,
Receba beijo de bala
No mole do pé do ouvido!

Foi um beijo envenenado
Como besouro estrangeiro
A bala beijou na fonte
Já se viu tiro certeiro
E isso serviu de exemplo
Pro resto dos cangaceiro...

Guerreava o capitão
Com dezoito cangaceiro!
Passando bala por bala,
Como troco de dinheiro,
Matou dois, baleou três,
O resto depois correro...

Homes bem afazendado
Viu toda sua riqueza
Descer de águas abaixo,
Contra a sua natureza,
Por causa do cangaceiro
Foi reduzido à pobreza.

Mandou o chefe da turba
Retirar os baleado,
Que o sague regava o chão
Como em matança de gado
E disse, devagarinho:
Os macaco tão danado!

Nada se pode fazer!
Guardemos para o futuro...
A noite está que nem breu,
Ninguém enxerga no escuro,
Pode ser que em outro “baile”
A gente atire seguro.

É isso. Dá gosto ver o cordel registrando os fatos, comentando os movimentos políticos, descrevendo os fatos pitorescos da nossa história. Parabéns a Frederico Pernambucano de Mello, que soube ir buscar nessa fonte matéria prima para o seu trabalho.

E o melhor é que, basta ir a uma feira de muitas cidades do Nordeste, para ver que o cordel continua lá fazendo esse mesmo trabalho, e com temas atuais. Na Internet também tem aparecido muita coisa. Mundo Cordel é um espaço que está sempre à disposição para colaborar.

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