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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Virgulino Ferreira da Silva (Lampião) - Parte I

 Virgulino Lampião e Maria Bonita à frente dos cangaceiros, fotografados em 1936

As únicas fotografias que mostram o verdadeiro Lampião e seus cangaceiros foram registradas pelo mascate (*) Benjamin Abraão em meados da década de 1930. Lampião, vaidoso, permitiu que o mascate registrasse as imagens que imortalizaram o bando nas estampas de jornais e revistas durante o Estado Novo. As fotografias foram disputadas pela imprensa da época e mobilizaram o público...

Padre Cícero e Benjamim Abraão

(*) Benjamin Abraão Botto (Zahlé, Líbano, c. 1890 — Serra Talhada, 10 de maio de 1938) foi um fotógrafo sírio-libanês-brasileiro, responsável pelo registro iconográfico do cangaço e de seu líder, Virgulino Ferreira da Silva – o Lampião. Abraão morreu assassinado durante o Estado Novo.

Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião (Serra Talhada, 4 de Junho de 1898(ver abaixo) — Poço Redondo, 28 de julho de 1938), foi um cangaceiro brasileiro.

Há grande controvérsia sobre a data de nascimento de Lampião. As mais citadas são: 7 de julho de 1897: data do Registro Civil. 4 de junho de 1898: É a data citada em sua Certidão de Batismo, uma das mais citadas na literatura de cordel. A data de seu Batismo é geralmente aceita por muitos devido ao costume das regiões do semiárido de se batizar as crianças primeiro e apenas registrá-las tempos depois, devido a um misto de religiosidade e desconfiança em relação ao poder civil constituído e a um "enquadramento administrativo" por parte deste.

- 12 de fevereiro de 1900, data dada segundo Antônio Américo de Medeiros pelo próprio Lampião em entrevista ao escritor cearense Leonardo Mota, em 1926, no Juazeiro do Norte.

A questão de sua data de nascimento torna-se ainda mais relevante no contexto em que se instituem datas comemorativas em seu nome, como o "Dia do Xaxado, projeto da Câmara Municipal de Serra Talhada que escolheu a data de 7 de julho, o que correspondente ao seu registro civil.

Nascido na cidade de Vila Bela, atual Serra Talhada, no semiárido do estado de Pernambuco e foi o terceiro filho de José Ferreira da Silva e Maria Lopes de Oliveira. O seu nascimento só foi registrado no dia 7 de agosto de 1900. Até os 21 anos de idade ele trabalhava como artesão, era alfabetizado e usava óculos para leitura, características bastante incomuns para a região sertaneja e pobre onde ele morava. Uma das versões a respeito de seu apelido é que ele modificou um fuzil, possibilitando-o a atirar mais rápido, sendo que o cano aquecia tanto que brilhava dando a aparência de um lampião. [carece de fontes]

Sua família travava uma disputa mortal com outras famílias locais até que seu pai foi morto em confronto com a polícia em 1919. Virgulino jurou vingança e, ao fazê-lo, provou ser um homem de atitudes violentas e rudes. Tornou-se um mito em termos de disciplina. Seus métodos de comando eram certas vezes melhores ou idênticos aos do Exército Brasileiro (EB) - que até hoje guarda em sigilo os registros a respeito das guerrilhas entre militares e o bando de Lampião. O bando chamava os militares do PM de "Macacos".

Na frente: Benjamim Abraão, Lampião e Maria Bonita

Durante os 19 anos seguintes (começou aos 21 anos), ele viajou com seu bando de cangaceiros, que nunca ultrapassava o número de 50 homens, todos com cavalos e trajados com roupas de couro, chapéus, sandálias, casacos, cintos de munição e calças para protegê-los dos arbustos com espinhos típicos da vegetação caatinga. Para proteger o "capitão", como Lampião era chamado, todos usavam sempre um poder bélico potente. Como não existiam contrabandos de armas para se adquirir, em sua maioria eram roubadas da polícia e unidades paramilitares. A espingarda Mauser e uma grande variedade de pistolas semi automáticas e revólveres também eram adquiridos durante confrontos. A arma mais utilizada era o rifle Winchester.

Rifle Winchester

Lampião foi acusado de atacar pequenas fazendas e cidades em sete estados além de roubo de gado, sequestros, assassinatos, torturas, mutilações, estupros e saques. No nordeste do Brasil, sua história é contada diferente de todos os outros Estados do País. Lá, Lampião é conhecido como o Robin Hood do sertão brasileiro, que roubava de fazendeiros, políticos e coronéis da época do coronelismo brasileiro para dar aos pobres miseráveis, que passavam fome e lutavam para sustentar famílias com inúmeros filhos.

Era devoto de Padre Cícero e respeitava as suas crenças e conselhos. Os dois se encontraram uma única vez, no ano de 1926, em Juazeiro do Norte.

Maria Bonita

Sua namorada, Maria Gomes de Oliveira, conhecida como Maria Bonita, juntou-se ao bando em 1930 e, assim como as demais mulheres do grupo, vestiam-se como cangaceiros e participou de muitas das ações do bando. Virgulino e Maria Bonita tiveram uma filha, 


Expedita Ferreira, nascida em 13 de setembro de 1932. Há ainda a informação controversa de que eles tiveram mais dois filhos: os gêmeos Ananias e Arlindo Gomes de Oliveira, mas nunca foi comprovada a verdade dos fatos, além de outros dois natimortos.

- 15 de julho de 1895 – Nasceu Antônio Ferreira da Silva, cangaceiro Antônio Ferreira, filho de Maria Lopes de Oliveira, dona Maria Jacoza, com Venâncio Nogueira, seu patrão. Venâncio compra e dar o sitio Passagem das Pedras, no riacho São Domingos, em Serra Talhada - PE. José Ferreira da Silva, conhecido como Zé Ferreira, natural da fazenda Carro Quebrado, em Triunfo - PE e apaixonado por Maria Jacoza, resolve viver com ela casando com a mesma e assumindo o filho.

- 7 de novembro de 1896 – Nasceu Levino Ferreira da Silva, o cangaceiro Vassoura, primeiro filho de Zé Ferreira com Maria Jacoza.

- 7 de julho de 1897 – Nasceu Lampião, no sítio Passagem das Pedras, em Serra Talhada - PE.

Valdi de Moura Ribeiro o nascimento de Maria Bonita foi em 10 de janeiro de 1910 e não na data acima citada.


- 1916 – Zé Caboclo, morador de Zé Saturnino é preso pelo inspetor Manoel Lopes em decorrência de roubo de bode e logo depois Domingos Rodrigues acusa os irmãos Ferreira de roubo de bode tento os mesmo que pagar alta quantia. Depois foi encontrado dois chocalhos de Zé Saturnino nas vacas dos Ferreiras. Zé Saturnino então pega três chocalhos dos Ferreiras e coloca em vacas suas. 

O jovem Virgulino pega um burro de Zé Saturnino e manda ele ir busca em sua casa e por conta disso Zé Saturnino começou a chamar os Ferreiras de ladrão. Virgulino então mata 9 criações de Zé Saturnino. Por conta do desaforo Zé Saturnino foi falar com Zé Ferreira, pai de Lampião, e proibi os irmãos Ferreiras de olhar a criação em campo. 

Os Ferreiras foram juntar o gado e foram emboscados por Zé Saturnino na Lagoa da Água Branca, na fazenda Pedreira sendo nesta ocasião Antônio Ferreira ferido. Zé Ferreira, humilde agricultor foi em Serra Talhada - PE participar o assunto ao coronel Antônio Timóteo de Lima que nada fez por ser pertencente a corrente politica da família Nogueira. Como a questão estava grande o senhor Quelé do Cipó, parente de Zé Saturnino procurou fazer um acordo com Zé Ferreira e os filhos, mas Zé Saturnino não quis acordo.

- 5 de agosto de 1917 – Nasce o povoado de Nazaré do Pico, distrito de Floresta - PE.

- 1917 – Zé Ferreira, homem calmo e sensato, vende sua terra e vai morar na fazenda Poço do Negro, próximo ao povoado de Nazaré do Pico, em Floresta - PE.

- 10 de fevereiro de 1918 – Zé Saturnino vai até Nazaré buscar um dinheiro, quebrando um acordo feito e é emboscado por Lampião e Domingos Paulo, primo dele. No outro dia Zé Saturnino cerca a fazenda Poço do Negro com 15 homens e é baleado o cabra Zé Guedes, de Zé Saturnino.

- 1919 – Nazaré do Pico é invadida por Jacinto Alves de Carvalho e Lampião defende o povoado. Zé Alves Nogueira, tio de Zé Saturnino é emboscado por Lampião e seu padrinho João Flor corre em socorro pensando que era Jacinto novamente atacando o povoado. 

Descobre que era Lampião e bate boca com ele começando a rixa dele com a família do povoado. Levino Ferreira da Silva dá um tiro no canto da rua e Odilon Flor, filho de João Flor revida quase atingindo Lampião na cabeça. Começa o tiroteio e Levino é ferido e vai até a casa de Chico Euzébio  onde é preso e levado para Floresta. Levino é solto e os Ferreiras vão embora para Alagoas.

- 1920 - Lampião junta-se com o cangaceiro Antônio Matilde e atacam por diversas vezes a fazenda Pedreira, de Zé Saturnino. Dos cabras que acompanhavam Lampião podemos destacar os cangaceiros Antônio Ferreira, Levino Ferreira, Antônio Rosa, Baião, Manoel Tubiba, Cajazeira, Baliza, Zé Benedito, Olímpio Benedito e Manoel Benedito. Zé Saturnino vendo seu gado e sua fazenda invadida procurou seu tio, o famoso cangaceiro Cassimiro Honório que trouxe vários cabras para defesa da fazenda do sobrinho onde travaram alguns combates com o bando de Lampião, tendo ele voltado para Alagoas. Entre os cabras de Zé Saturnino podemos citar Nego Tibúrcio, Zé Guedes, Zé Caboclo, Vicente Moreira, Batoque e o famoso Marcula.

- Maio de 1920 – Em Alagoas, Ze Ferreira manda o filho João Ferreira comprar remédio para um sobrinho doente. O delegado Amarílio prende ele e espera pelos irmãos que no outro dia vão buscá-lo, sendo emboscado pelo delegado. Maria Jacoza, mãe de Lampião, fica preocupada e resolve ir embora da região. Na fazenda Engenho de Luiz Fragoso ela fica doente e Zé Ferreira vai comprar remédio e quando volta Maria Jacoza já está morta. Dezoito dias depois Zé Ferreira, pai de Lampião, é morto pelo tenente 

Tenente Zé Lucena

José Lucena de Albuquerque Maranhão e os Ferreiras resolvem entrar de vez na vida do cangaço.

- 1921- Os Ferreiras entram no grupo dos Porcinos e matam o viajante Arthur Pinto. O tenente Zé Lucena vai até Poço Branco - AL, onde trava tiroteio com o grupo, saindo morto o cangaceiro Gafanhaque. Nesse ano os Ferreiras e os Porcinos matam ainda 6 irmãos da família Quirino, de Júlio Batista.


- Junho de 1921 – Os Ferreiras entram no grupo de Sebastião Pereira da Silva, vulgo Sinhô Pereira, cangaceiro famoso de Serra Talhada - PE.

- 8 de agosto de 1921 – Combate na centenária fazenda Carnaúba, e Serra Talhada - PE, entre Sinhô Pereira e o capitão Zé Caetano, sendo morto o cangaceiro Luiz Macário e vitória da força volante.

- Setembro de 1921 – Combate na fazenda Feijão entre Sinhô Pereira e tenente João Marques de Sá. Vitoria dos cangaceiros sem morte nenhuma.

- Outubro de 1921 – O bando de Sinhô Pereira e Lampião vão para o estado do Ceará, onde travam combate na fazenda Mandassaia, não sofrendo nenhuma baixa em ambas as partes. Quatro dias depois travam combate na vila de Coité, morrendo um soldado e saindo dois bandidos feridos. Depois houve outro combate onde foi morto o cangaceiro Pitombeira, e saiu ferido o cangaceiro Lavandeira e dois soldados.

Baroneza de Água Branca

- 23 de junho de 1922 – Lampião faz um assalto à Baronesa de Água Branca, da cidade de Água Branca - AL, roubando aí grande quantia de dinheiro, e sendo a primeira vez comandante de um grupo próprio.

- 18 de julho de 1922 – Combate em Poço da Areia - AL, contra a força de 120 soldados, do tenente Medeiros e parte da família Quirino, saindo morto o sargento Agapto, e dois soldados contra 20 cangaceiros de Lampião. Neste combate saiu gravemente ferido o cangaceiro Fiapo I sendo morto por Lampião depois.

- Agosto de 1922 – Devido aos pedidos da família, o cangaceiro Sinhô Pereira vai embora para fazenda Preá, no Ceará, com destino ao Estado de Goias, para juntar-se ao primo e ex-cangaceiro Luiz Padre.

- 20 de outubro de 1922 – Invasão de São José do Belmonte -PE, onde é morto o rico comerciante e chefe politico, 

Luiz Gonzaga Lopes Ferraz

coronel Luiz Gonzaga Lopes Ferraz, parente da família nazarena. Lampião não tinha nenhum inimizade com o coronel, mas atacou a cidade e matou o comerciante a pedido de Toyo Maroto, parente de Sinhô Pereira e inimigo politico de Gonzaga. Depois disso, a viúva vai embora do Estado.

- 31 de julho de 1923 – De surpresa, Lampião entra em Nazaré do Pico e vai até o casamento de sua prima e ex-amor de infância, Maria Licor Ferreira e Enoque Menezes, com o intuito de acabar o casamento, sendo repelido pelo padre Kerlhe que pede para ir embora e deixar o casamento acontecer. Ele decide ir embora mas deixa a ordem para ninguém no povoado dançar.

- 1 de agosto de 1923 – Combate na Praça de Nazaré entre Lampião e a força do sargento Sinhozinho Alencar, com a ajuda dos civis nazarenos João Flor, Euclides Flor, Manoel Flor, Davi Gomes Jurubeba, Pedro Gomes de Lira e Zé Saturnino, com 6 homens. Lampião vai embora. Depois desse ocorrido João Flor consegue alistar sua família na Força Volante de Combate ao Banditismo de Pernambuco, por influência aos irmãos Pessoa de Queiroz. Tem início a Força de Nazaré, a mais ferrenha perseguidora de Lampião.

- 12 de agosto de 1923 – Combate na fazenda Enforcado, na Serra do Pico, em Floresta - PE, entre o grupo de Lampião e os nazarenos. Saiu ferido o bandido Miguel Piloto e os nazarenos Pedro Gomes de Lira, Olímpio Jurubeba e Adão Thomaz Nogueira.

- 5 de janeiro de 1924 - Lampião invade a cidade de Santa Cruz da Baixa Verde - PE em busca de matar o seu ex-amigo Clementino Quelé. Nesse combate Lampião incendiou 3 casas e foi repelido pela força policial comandada pelo tenente Pedro Malta. Nesse combate morreram Pedro Quelé e Alexandre Cruz, ficando ferido Deposiano Alves Feitosa.

- 11 de janeiro de 1924 - Lampião ataca novamente Santa Cruz da Baixa Verde - PE. Foi repelido por Clementino Quelé que depois entrou na polícia.

- Janeiro de 1924 - Lampião ataca o povoado de Tupanaci, em Mirandiba - PE, onde na ocasião encontrava-se um pequeno grupo de cangaceiros comandados por Tibúrcio Severino dos Santos, vulgo Nego Tibúrcio, ex-cabra de Zé Saturnino e odiado por Lampião. Lampião então entra em combate e mata Tibúrcio e seus cabras, partindo o cangaceiro em vários pedaços e jogando o corpo no meio da rua.

- Março de 1924 - Combate de Lampião na Serra do Catolé, em São José do Belmonte - PE. Lampião é gravemente ferido no pé, sendo cuidado pelo Dr. José Cordeiro e pelo Dr. Severino Diniz, da cidade de Triunfo - PE. A pedido do padre Kerlhe ele pensou em se entregar para a policia mas depois voltou atrás e continuou no cangaço.

- 27 de julho de 1924 - Lampião manda um subgrupo com 84 cabras tendo o comando dos cangaceiros Antônio Ferreira, Levino Ferreira, Sabino Gomes, Paizinho, Meia Noite e o fazendeiro Chico Pereira atacar e saquear a cidade de Sousa - PB. Tudo na cidade virou alvo de saque, os cangaceiros roubaram o comércio, residências, tendo a cidade um prejuízo incalculável. O principal alvo era o coronel Otávio Mariz, desafeto de Chico Pereira que fugiu. O juiz Dr. Archimedes Soutto Mayor foi humilhado em Praça pública pelo bando. O destacamento local era comandado pelo tenente Salgado, que nada pode fazer. Depois desse ataque o 


José Pereira de Lima

coronel Zé Pereira, de Princesa Isabel - PB, nunca mais deu proteção ao cangaceiro.

Continua...Quinta Feira

LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE


Autor: Archimedes Marques


Preço: R$ 50,00
BANCO DO BRASIL
Agência: 3088-0
Conta: 33384.0

Em nome de Elane Lima
Marques (Minha esposa).
E-mail

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

TATU PELINTRA

Por: Clerisvaldo B. Chagas, Crônica Nº 865

Clerisvaldo B. Chagas

Quem pesquisa sobre cangaço, sabe muito bem que um cidadão intelectual escrevia versos, como se fosse um cangaceiro denominado Zabelê. Uma das estrofes, esfacelada, é mais ou menos assim:

“O tatu morre cavando
A cobra véve enroscada
(...) A coruja dando pios
(...) Os macaco se coçando
Na curva da encruzilhada”.


A sequência não é essa, mas não importa no momento. O que queremos mesmo dizer é que o tatu não faz buraco. Estava enganado o poeta e o povo quando afirma esse ditado popular: “Quem nasceu para tatu morre cavando”. O nativo do sertão nordestino sabe distinguir muito bem um tatu de um peba sem esse negócio de tatupeba. Ora! Peba é peba! Tatu é tatu! Um nosso ex-fiel empregado, natural da Ribeira do Capiá, Alagoas, nascido e criado nas caatingas, dizia que tatu não cava, quem cava é o peba. Certa vez fizemos uma pesquisa entre caçadores de várias regiões do Brasil. Todos disseram que a melhor caça era o tatu. Ser o campeão do melhor sabor foi um dos motivos que levou o bicho à extinção. O tatu é mais estreito, escuro e vertical. O peba é galego e chato, sua carne só é boa com pimenta, acompanhada de aguardente. Ah Marinês!“Seu Malaquias preparou/ cinco pebas na pimenta...”.

Bola vai e bola vem, escolheram o tatu-bola para mascote do Brasil na Copa. O cabra perguntou na televisão como seria o nome do bicho. Ora, respondemos como o menino perguntado sobre o que queria ser quando crescesse e, ele respondeu: grande! O nome do danado é tatu, rapaz, para que mais apelido! Bem, o símbolo brasileiro na copa, para nós seria a onça pintada, pelo menos em termos de animais, ninguém desbanca a força máxima brasileira. Fiquei meio cabreiro com a escolha do tatu, bicho feio da “goimara”!Acontece, porém, que tudo no desenho fica bonito. Deram uma caprichada da gota serena no tatuzinho que o dasipodídeo, de repente pareceu melhor do que o Zé Carioca. Ficamos contentes, sim, com o amigo frajola que veio até nós, cheio de alegria e cumplicidade. Fazer o quê?! Deixe Zé Tatu se engrandecer! Quem sabe se o fraco, gelado e indeciso técnico da Seleção Brasileira não o convoca para resolver os seus problemas de gols. Olhando de perto, se o Ganso está em alta e o Pato está melhorando, por que não completar o trio com o TATU PELINTRA?

Qualquer site ou blog (menos pornografia) pode reproduzir nossas crônicas, das segundas às sextas. É bastante comunicar ao autor através do e-mail: “Clerisvaldobchagas@hotmail.com” (para acompanhamento): e não deixar de utilizar as normas, assim como o blog do Mendesemendes e o sednemmendes.



LIVRO - A OUTRA FACE DO CANGAÇO - VIDA E MORTE DE UM PRAÇA


Autor: Antonio Vilela de Souza


PARA AQUISIÇÃO DO EXCELENTE LIVRO: 
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Ivanildo Alves da Silveira
Natal-Rn
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OS GURIS AQUI DA RUA (Crônica)


Por: Rangel Alves da Costa(*)
Rangel Alves da Costa

OS GURIS AQUI DA RUA

Minha meninice foi interiorana, lastreada nas brincadeiras matutas do tudo-um-pouco. Um pouco de vaqueiro e fazendeiro de ponta de vaca, um pouco de craque de bola de meia, um pouco de mestre no arremesso de bola de gude, um pouco de cavaleiro de cavalo de pau. E tudo na perfeita harmonia entre a idade e a insaciabilidade lúdica.

Hoje, quando tudo isso me vem à mente apenas como saudade boa, eis que tenho de reviver as meninices contagiantes a partir de cada anoitecer. E não mais lá no meu sertão, em Nossa Senhora da Conceição de Poço Redondo onde nasci, mas na capital sergipana, onde forçadamente moro desde muito. Meu lugar é lá, e hei de retornar!


Bateu o sino da Capela de São João Batista - que por sinal fica logo no outro trecho -, as bocas são limpas apressadamente, os farelos de pão ainda continuam nas camisetas, os chinelos são colocados nos pés apressadamente, e sem nem olhar para a família eles vão abrindo as portas e ganhando o mundo da rua, da própria rua onde moram. Eis a meninada pronta para a festa da noite.

E não demora muito e começo a ouvir a barulhada lá fora. Como o portão do meu recanto de trabalho – ao lado de minha residência - dá diretamente na calçada da rua, e a partir das sete da noite é onde me recolho para escrever e organizar minha vida literária e profissional, impossível não ouvir a criançada lá fora, correndo, brincando, e muitas vezes chegando até diante do portão para o diálogo maravilhoso da meninice.

Sentando, escrevendo, e ouvindo “corra pra buscar a bola seu frangueiro!”, “aqui, aqui, passe logo essa bola seu perna de pau”, “olhe pra onde chuta, não tá vendo o muro da casa não, é?”. Enquanto tento encontrar a métrica da poesia ouço “corra atrás do gato, corra senão ele se esconde debaixo do carro!”, “vá, segure ele com cuidado que vou amarrar uma fita no rabo desse bichano”, “solte agora que o bichinho tá miando demais”.

E ainda ouço coisas desse tipo: “você me empresta sua bola que eu vou buscar a espada luminosa”, “vá pedir a bomba de encher bola senão a gente não pode fazer hoje o campeonato”, “eu que não vou tirar meu chinelo pra fazer a trave”, “quem chutar forte demais e a bola for até lá o outro trecho da rua vai ter de ir buscar e ficar uma partida de fora”, “o gol não valeu não porque a trave tava fora do lugar”.

Fico só ouvindo. Tento a todo custo fingir que não ouço nenhuma voz de criança, nenhum barulho de bola, de correria, gritaria e risadaria de menino, mas não tem jeito. Com o portão aberto, cada palavra ou som vem entrando e chega bem pertinho do meu ouvido para dizer que lá fora está acontecendo o momento mágico da vida de cada um, o instante da brincadeira infantil, a mais perfeita ordem na desordem própria dessa maravilhosa e encantadora idade.


Mas vou escrevendo, continuo criando, rimando um verso, tecendo um parágrafo, dando vida ou morte a um personagem, colocando alguém na garupa do destino. E acontece sempre que de repente paro e vou até o portão presenciar a brincadeira da noite. Outras vezes estiro a cadeira espreguiçadeira num dos cantos após o portão e fico sentado só observando os acontecimentos lá fora.

E são momentos de alegria e de entristecimento. Alegria pelo prazer de presenciar a gurizada festeira, sem pensar em nada na vida senão na sua diversão de todo dia, no seu afazer prazeroso da criancice. Na bola, no chute, na correria, no grito, no gesto de contentamento, enxergo toda a síntese da idade. E entristecimento por relembrar que um dia fui assim também, fui menino brincalhão, festeiro maior embaixo da lua imensa do meu sertão.

E de vez em quando me pego lacrimejando, me vejo de olhos fechados numa desesperada viagem. Jogo fora a roupa da idade, do tempo de agora, do peso dos dias e da vida, e descalço vou pulando espinhos em direção à vereda da árvore do passarinho. Mas não para mexer no ninho, mas para cortar um pedaço de pau e fazer um cavalo alazão. E com ele viajar pelos céus do meu sertão. E que saudade meu Deus!

Tudo aqui escrito teve por pano de fundo a melodia lá fora. Não ouço barulho. Apenas a voz da idade, o eco da infância em sua plenitude maior, no seu momento mágico da brincadeira. Agora vou até o portão e caminhar um pouco pela calçada, seguir até lá. Levarei no olhar a saudade de ontem, mas também alegria no coração pelo momento de agora.



(*)Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com