Por Aderbal Nogueira
Seguidores
sexta-feira, 25 de março de 2022
CANGAÇO - LAMPIÃO ERA BOM E SUA CABROEIRA ERA BOA
MORENO E DURVINHA ANTIGOS CANGACEIROS DO BANDO DE LAMPIÃO (ENTREVISTA)
Por Cangaçologia
https://www.youtube.com/watch?v=e9bcJ7laPSkMoreno e Durvinha antigos integrantes do bando de Lampião em entrevista ao Programa Câmera Aberta da TV UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Moreno e Durvinha na época da gravação dessa entrevista era o último casal de cangaceiros, ainda vivo. Moreno e Durvinha foram integrantes das hostes cangaceira de Lampião durante o período do Cangaço e permaneceram na lida até o ano de 1940 quando decidiram abandonar a vida das armas e partir rumo a região sudeste do país onde, após caminharem durante noventa dias até chegar ao estado de Minas Gerais, onde finalmente se estabeleceram e constituíram família, vivendo a partir de então uma nova vida e dessa vez longe das armas. No novo estado assumiram novas identidades, Moreno (Antônio Ignácio da Silva) passou a se chamar José Antônio Souto e Durvinha (Durvalina Gomes de Sá) passou a se chamar Jovina Maria da Conceição. Ao deixarem sua terra natal deixaram para trás seu pequeno filho recém nascido (Inacinho), o qual foi criado pelo Padre Frederico da cidade Pernambucana de Tacaratu. Moreno e Durvinha mantiveram suas vidas passadas em sigilo e permaneceram escondidos durante sessenta e cinco anos. Somente no ano de 2005 o segredo que juraram guardar para sempre foi revelado e pais e filhos puderam novamente se reencontrarem. A história do casal cangaceiro Moreno e Durvinha é uma das histórias mais fascinantes de todo o período do cangaço, uma história que se alongou por décadas até finalmente todos (as) terem conhecimento sobre suas existências e suas histórias. Essa filmagem foi a mim gentilmente cedida por Neli Maria da Conceição filha do casal Moreno e Durvinha e à ela todo o meu carinho e agradecimento, pois sem essa atitude jamais teríamos conhecimento dessa e de tantas outras histórias desse célebre casal cangaceiro. Acessem o link abaixo e venham todos (as) fazerem parte do Grupo de estudos "O CANGAÇO". https://www.facebook.com/groups/ocang... Geraldo Antônio de Souza Júnior
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
AGUARDANDO PELOS PÁSSAROS
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de março de 2022
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.679
Tive que deixar outros afazeres e correr para à novidade. Cedo ainda no domingo passado quando o bando de espanta-boiadas passou em alarido, dessa vez foi diferente. O bando não apenas passou. Voltou rápido por algumas vezes repetindo a algazarra nos céus. Oque eles estariam tentando dizer? Era uma festa e tanta. Acostumado com os sinais do Sertão, na flora, na fauna, nos astros... Notava a mensagem de intensa alegria dos também chamados quero-quero. Resolvi aguardar para saber da notícia boa anunciada, ou para mim ou para todos. E o certo, amigo, é que todo o alarido dessas aves, era o anúncio do início do outono naquele mesmo dia.
Já na quarta-feira à tarde, após excelentes pés d’água – três ou quatro com pequenos intervalos – e com direito à trovões, o bando passou novamente no alarido normal de saudação à chuva. Lembro-me então da frase do Gonzagão: “Deus é bom, o homem é mau!”. Depois do grosso, veio uma chuvadinha que durou à tarde inteira, a temperatura dos 36, 37 caiu para 27 graus centígrados e o tempo deu ares de inverno com todas as características. Como os climas do mundo estão se transformando, difícil uma resposta da Natureza sobre regiões específicas do globo. Será que teremos um período chuvoso antecipado? Dizia o padre Cícero Romão Batista: “Choveu, plantou”. Embora aqui no Sertão estejamos comendo feijão verde em pleno mês de março, o produto é oriundo de regiões outras de irrigação. Geralmente o feijão-de-corda vai antecipando o inverno, matando a fome e revolucionando a carestia das feiras interioranas.
Ensolarado foi o dia da quinta-feira seguinte, parecendo nada ter acontecido. Apenas uma Natureza calma agradecida pela chuvarada da quarta. E com tanta coisa acontecendo também tive uma boa no campo literário. Os pássaros estavam certos. Vamos continuar torcendo para que tenhamos um ano de fartura no campo e que esta fartura reflita na cidade, como sempre. Por enquanto vemos o caminhão-pipa encostado. Perde o dono de ganhar dinheiro, mas ganha o povo com as bênçãos do céu. Vamos continuar aguardando os desígnios de Deus e a volta alegre e contagiante dos pássaros que ornamentam o mundo.
NATUREZA VERDE EM TORNO DE SANTANA DO IPANEMA (FOTO: B. CHAGAS).
É SERVIDO?
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de março de 2022
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2678
O serviço de ordenha no Sertão ainda obedece ao ritual dos nossos antepassados, de modo geral. Algumas fazendas se modernizaram, porém, o pequeno produtor continua no antigo sacrifício e romantismo repaginando. O empregado, vaqueiro, morador ou o próprio dono da fazenda, levanta-se ainda com o escuro para se dirigir ao curral. Caso seja tempo de chuvas, o sacrifício dobra dentro do lamaçal com esterco. Seu equipamento é um banquinho ou tamborete, um pedaço de corda, um balde curto e um balde grande. Amarra as patas traseiras da rês, puxa nas tetas com técnica, enche o balde curto e vai despejando no balde maior. Quase sempre fica à frente das patas traseiras. A corda evita surpresas e a posição também, embora já tenhamos visto mulheres estrangeiras ordenhando por trás da vaca.
O chamado tirador de leite profissional, tem que ser bom na munheca para dá conta de dezenas de vacas. É um empregado diferenciado e que sabe todos os truques da vaca em lactação. Outra coisa que sabemos é que tudo é leite das vacas que comem no mesmo pasto, usam da mesma ração, bebem da mesma água, mas algumas têm o leite muito mais saboroso dos que as suas parceiras de cercado. Esse tema faz lembrar uma página do livro “Lampião em Alagoas”, quando numa certa manhã, já no claro do dia, passa o bando de Corisco e Dadá e vê minha tia Doroteia, ordenhando, sentada no banquinho e saia rodada. O chefe do bando passa direto sem mexer com ninguém, aponta para Doroteia e diz: “Veja ali aquela dona, parece uma princesa!”.
Quando íamos ao curral de ordenha, levávamos sempre os nossos copos para a bebericagem do leite quentinho do peito da vaca. Uma delícia e que nada acontecia aos outros, mas a mim a diarreia era certeira após alguns poucos minutos. Mas é muito bom quando o vaqueiro diz: “Vou arranjar o leite mais saboroso de todos para você”, aponta com o dedo e diz o nome da vaca. E para quem é da capital e pensa que leite verdadeiro vem da caixinha, precisa visitar um curral de gado bem sertanejo na hora da ordenha. Faça como nós. Veja o leite espumante, quentinho na hora...
Você também pode levar um tamborete e aguardar a sua vez, sentado.
Hummm!... Uma delícia!...
É servido?
FAZENDA (FOTO: PINTEREST)