Por Sousa Neto
A ausência do
estado e o diminuto contingente de agentes da lei favoreciam essas ações.
Luiz Gonzaga
Gomes Ferraz havia se destacado na região do Pajeú como próspero comerciante.
Era alheio a
guerra travada entre as influentes famílias Pereira e Carvalho por questões
politicas naquela e em outras províncias da região.
Até comentavam
o interesse de Gonzaga de ingressar na politica por anseio de algumas outras
famílias amigas, mas Gonzaga Ferraz era mesmo um grande empreendedor.
Em março de
1922 o principal protetor de Sebastião Pereira e Luiz Padre, “Major” Zé Inácio
do Barro devido à austera perseguição do Governador do Ceará Justiniano de
Serpa, seguiu os mesmos passos de Luiz Padre rumo ao estado de Goiás onde se
homiziaram.
Ficara ainda
Sebastião Pereira (Sinhô Pereira) com os mesmos planos já frustrado uma vez.
Sem o auxilio
do Major Zé Inácio e do coronel Antônio Pereira em declínio financeiro,
mantenedores do bando, Sinhô Pereira se obriga a pedir ajuda a outros parentes
mais abastados, fazendeiros amigos e comerciantes afortunados.
Manter um
grupo armado naqueles tempos não era tarefa das mais fáceis.
No mês de maio
daquele mesmo ano um comboio conduzindo mercadorias para Luiz Gonzaga foi
interceptado pelo bando de Sinhô que saqueou todos os artigos.
Sinhô Pereira
já era avesso a Gonzaga por esse lhe negar ajuda financeira por varias vezes,
inclusive recebeu certo dia como resposta da esposa de Gonzaga Dona Martina,
“que se quisesse dinheiro, que fosse trabalhar como o seu esposo”.
Havia,
entretanto um destacamento do Ceará sob o comando do Tenente Peregrino
Montenegro, homem versado pelas barbáries cometidas em busca de arrancar
qualquer informação a cerca do major Zé Inácio e seus asseclas, ultrapassando
inclusive as fronteiras de seu estado para saciar o seu desejo e alcançar os
seus intentos.
Nas cercanias
do vilarejo de Belmonte havia a fazenda Cristóvão, pertencente a Crispim
Pereira de Araújo, conhecido como Yoio Maroto, casado no seu primeiro
matrimonio com Maria Océlia Pereira, irmã de Luiz Padre. Ao ficar viúvo casa-se
com a prima da primeira esposa por nome Francisca Pereira Neves e por ocasião
do falecimento de Francisca, casa-se pela terceira vez com a cunhada de nome
Generosa.
Yoio Maroto
era amigo e duas vezes compadre de Gonzaga aonde o respeito era reciproco.
Por ocasião da
passagem do tenente Montenegro na vila de Belmonte ficou sabendo por Gonzaga
Ferraz das tropelias do bando de Sinhô Pereira naquela região e da amizade e
parentesco entre o chefe cangaceiro e Yoio Maroto e rumou sem demora a fazenda
Cristóvão.
Ao chegar, ao
finalzinho da tarde o perverso oficial já mostra a que veio e começa o seu
interrogatório, como de costume a base de boas chicotadas nos criados da
fazenda que acudiam pelo nome de Zé Maniçoba e Zé Preto.
Foi uma noite
de terror para a honrada família que ouviam palavrões dos mais alarmantes por
parte da soldadesca embriagada que humilharam Yoio Maroto por algumas vezes.
O ex-
cangaceiro Cajueiro disse a Dr. Amaury que a sua mãe só não morreu por um milagre
de Deus...
Continua...
Fonte:
facebook
Página: Comunidade
(Cangaço)
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