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sexta-feira, 27 de julho de 2012

Seu Pedro Leão - um mossoroense esquecido

Por: José Mendes Pereira
José Mendes Pereira

Quando eu crio uma pequena história com um dos nossos antepassados, não é no intuito de criticar ou desmoralizá-lo, e sim, fazer com que esta pessoa seja lembrada por muitos e muitos anos.

Nem todos  moradores de uma cidade  têm o privilégio de serem homenageados, pois as famas e os elogios são dirigidos aos famosos políticos e grandes empresários. Nem os artistas (não me refiro a cantores e atores), e sim, artesãos, escultores, escritores... não são vistos com bons olhos.

Se caminharmos nas ruas das nossas cidades, nas esquinas, não veremos  nomes daqueles pobres sofredores que muito contribuíram com o desenvolvimento das suas cidades. Infelizmente morreram para sempre, como:  carroceiro,  lavador de carros,  lavadeira de roupas,  enfermeira, agricultor, professor (coitado),  taxista, pedreiro etc...

Mas com certeza nós iremos encontrar os seguintes nomes:  Rua Presidente Kennedy, Avenida Bob Kennedy, Rua Luther King, Conjunto Ulrick Graff, Rua Crocrat de Sá (todos americanos), Rua Presidente Costa e Silva, Rua Tancredo Neves... e  mais outros e outros famosos que não caberão nesta página.

Esse desprezo aos pobres de Jó não é só em minha Mossoró, mas todas as cidades brasileiras só valorizam quem acumula riquezas e nasceu em berço de ouro. O pobre que quiser passar bem, a única solução é carregar a sua mãe na garupa, porque a glória é dada aos famosos. 

Hoje homenageio um grande comerciante dos anos remotos em Mossoró, que naqueles tempos era apenas arranjado, como diz o ditado. Infelizmente seu Pedro Leão faleceu, e o seu nome morreu para sempre. Nenhuma homenagem foi feita ao grande empresário Pedro Leão, pela Prefeitura Municipal de Mossoró.
            
Pedro Leão era um dos mais antigos comerciantes de Mossoró, no ramo "ferragens", estabelecido à Rua Coronel Gurgel, no centro da cidade. Adorava  tomar cerveja no bar do Pitias, localizado à Rua José de Alencar.    
           
Todos os dias, ao meio dia era de costume, pois assim que fechava a sua casa de ferragens, ia direto ao bar, onde lá uma porção de pessoas da sociedade costumava se encontrar. No bar, Pedro Leão tinha como se fosse cativo, logo na entrada, uma cadeira e uma mesa eram reservadas para o famoso comerciante.  
          
Naqueles tempos  não existia a proibição do uso de cigarros, charutos ou outra coisa parecida. E lá, Pedro Leão acendia o seu apreciado charuto. Uma cerveja ingerida, um charuto queimado.

Nunca deu mole a garçom nenhum, e não aceitava que ele fizesse a conta pelas garrafas de cervejas vazias, e sim, as tampas que ele as guardava em seu bolso do paletó. Pedro Leão temia que em um piscar de olhos, o garçom poderia colocar garrafas fazias em cima de sua mesa, que não faziam parte da sua despesa. Cada cerveja aberta, a tampa seria colocada no seu bolso, justamente para não ser enrolado por garçons oportunistas.  
     
Se o tira-gosto fosse rolinha assada, que era uma das suas preferências,  exigia que ela viesse para a mesa onde ele se sentara, acompanhada da  perna, mas cada uma delas, somente uma perna, também para não serem contadas, duas pernas, duas rolinhas.  
       
Esse era o seu medo, temendo que  tomasse goles a mais, e o garçom o enrolasse na hora do pagamento das despesas. Jamais tinha sido enrolado por nenhum deles. Mas por precaução, exigia isso. 
         
Certo dia Seu Pedro já se encontrava além de ébrio. Mas esperto, sentiu que alguém estava colocando tampas de garrafas no seu bolso. Realmente o garçom tentando enrolá-lo, quando passava por ele com pratos ou garrafas de cerveja para servir em outras mesas, colocava uma, duas..., tampas no seu bolso. Como ele era um homenzarrão, desabotoava o paletó, fazendo com que o bolso ficasse aberto. Isso facilitava muito para o garçom colocar tampas. Mas foi inútil.
         
Sentindo que já estava na hora de ir embora, Seu Pedro chamou o garçom para tirar a conta.

O garçom, esperto, mas na verdade era um verdadeiro bobalhão, não imaginava da  inteligente 
reação do  seu freguêz, o Pedro Leão. 
        
– Tire as tampas das garrafas do bolso seu Pedro, para que eu possa contá-las e fazer a conta da despesa. - Disse o esperto garçom, na certeza que iria sair no lucro.  
       
– Tampas hoje não, amigo! Hoje vamos fazer a conta pelas garrafas que estão sobre a mesa! – Disse ele usando a sua esperteza. 

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Antonio Silvino: O cangaço presente em Campina Grande


Nascido no dia 02 de Setembro de 1875, em Afogados da Ingazeira-PE, filho de Francisco Batista de Morais e Balbina Pereira de Morais, Manoel Batista de Morais, mais conhecido como "Né Batista", era irmão de Higino, Zeferino e Francisco Batista de Morais.

Foi a partir da morte do seu pai, conhecido como "Batistão do Pajeú" que, em companhia do irmão Zeferino, enveredou pelos caminhos do cangaço, no ano de 1896.

Movido pelo sentimento de vingança, mata Desidério, o assassino do seu pai, adota o nome de Antonio Silvino e se torna um dos mais temidos cangaceiros que precederam Lampião, liderando o bando do seu finado tio Silvino Ayres.

No auge da sua vida como bandoleiro, atuou em cidades do Compartimento da Borborema. Agiu em cidades como Fagundes, Esperança, Monteiro, Alagoa Grande e, tendo Campina Grande como centro das suas investidas, haja visto a presença de coiteiros na região e pela amizade que detinha com fazendeiros locais, dentre ele, o Coronel Eufrásio Câmara, adversário do prefeito Cristiano Lauritzen.

No ano de 1907, a sociedade de Campina Grande vivia a expectativa da chegada do trem da Great Western pela primeira vez, em meio a ansiedade gerada com a promessa de Antonio Silvino de tombar o trem no dia da sua inauguração. Silvino já havia arrancado trilhos, prendido funcionários e sequestrado engenheiros da companhia ao longo da implantação do sistema ferroviário no Estado da Paraíba. 

Segundo o 'fac-simile' da reportagem da chegada do trem em Campina Grande, publicado no Diário de Pernambuco em 06 de Outubro de 1907,"[...]No dia da inauguração da estrada de Campina, Antonio Silvino, esteve no Alto Branco, onde soltou diversas girândolas, naturalmente festejando aquelle dia. Nesse logar declarou que o trem de Campina correria sómente três vezes, o numero necessário para as moças da referida cidade conhecerem-no. Ainda esteve no Geraldo e no Areial de Alagoa Nova, a 15 kilometros de Campina Grande, roubando, trucidando, matando animais e comettendo os maiores desatinos. Ante-hontem, à noite, chegou em Campina Grande uma força federal que anda em perseguição do bandido."


Silvino é o segundo de pé, da esquerda p/direita

Na Paraíba teve no Major Joaquim Henriques seu principal perseguidor. Porém, fora preso em Pernambuco no ano de 1914, pelo delegado do município de Taquaritinga, o Alferes Teófanes Ferraz Torres. Nesta época, o governador do vizinho estado era o General Dantas Barreto, ex-Ministro da Guerra do governo Hermes da Fonseca.

Levado para cumprir pena, era o preso 1122, ocupando a cela 35 da antiga Casa de Detenção do Recife.

Dotando-se de comportamento exemplar, após 22 anos de pena, foi libertado em 1937 após receber um indulto do então presidente Getúlio Vargas.

Como homem livre, adota a residência da prima Teodolina Aires Cavalcanti, localizada na esquina da Rua João Pessoa com a Arrojado Lisboa, onde hoje se localiza uma agência de veículos, em frente à Praça Félix Araújo.

Em Campina Grande viveu de 1937 a 1944, quando enterrou sua alcunha, e dividia a vida caseira com a frequência à Igreja Congregacional da Rua 13 de Maio; embaixo do braço, não mais o rifle e, sim, a Bíblia Sagrada.


Manoel Batista de Moraes, ou melhor, Antonio Silvino faleceu por volta das 19:00hs do dia 28 de Julho de 1944, na casinha de taipa que lhe acolheu em Campina Grande, sete anos após sua saída da prisão.

O cangaceiro teve oito filhos gerados com várias mulheres. Sua última esposa lhe deu quatro filhos.

Antônio Silvino (de chapéu), em frente a Casa de Detenção Foto:Antonio Silvino, o cangaceiro o homem o mito/Reprodução

Foi enterrado no Cemitério do Monte Santo, de onde, dois anos e meio depois, seus restos mortais foram transferidos para outro local desconhecido no campo santo, pelo fato de ninguém nunca ter reclamado os ossos do bandoleiro.

Seu local de sepultamento, hoje, possui um marco com uma placa de cimento, erguido pelo historiador João Dantas que junto ao pesquisador Olavo Rodrigues intentam a implantação de uma placa de bronze em referência ao cangaceiro.

Foi enterrado no Cemitério do Monte Santo, de onde, dois anos e meio depois, seus restos mortais foram transferidos para outro local desconhecido no campo santo, pelo fato de ninguém nunca ter reclamado os ossos do bandoleiro.

Seu local de sepultamento, hoje, possui um marco com uma placa de cimento, erguido pelo historiador João Dantas que junto ao pesquisador Olavo Rodrigues intentam a implantação de uma placa de bronze em referência ao cangaceiro.

 Prof. Mário Vinicius Carneiro ao lado do marco erguido sob o local onde fora sepultado Antônio Silvino o Cemitério do Monte Santo

"Antonio Silvino é um dos principais cangaceiros, morreu e está enterrado em Campina Grande, mas praticamente não existe referência de sua passagem por essa cidade" (pesquisador Olavo Rodrigues para o Diário da Borborema, em matéria do jornalista Severino Lopes).

Teodulina Cavalcante (Prima) - Fonte (*)

Casa de Teodolina Cavalcante, era localizada na Rua Arrojado Lisboa, em Campina Grande

Fontes Pesquisadas:
Diário da Borborema (http://www.diariodaborborema.com.br/2010/08/01/cotidiano2_0.php)
Diário de Pernambuco (http://www.diariodepernambuco.com.br/2010/08/01/brasil2_0.asp)
Jornal O Norte (http://www.jornalonorte.com.br/2010/08/01/diaadia5_2.php) 
Blog Lampião Aceso (http://lampiaoaceso.blogspot.com/2009/11/um-cangaceiro-na-detencao.html)

Vitrine do Cariri (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B4nio_Silvino)
Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B4nio_Silvino)
(*) BARBOSA, Severino. "Antonio Silvino: O Rifle de Ouro - Vidas, Combates, Prisão e Morte do 
Mais Famoso Cangaceiro do Sertão". 2ª Edição - CEPE, Recife. 1979.

Agradecimentos ao professor Mario Vinicius Carneiro Medeiros pela foto do túmulo de Antônio Silvino

Lampião, garoto propaganda


Nesta foto, ver-se Virgulino Ferreira da Silva, o rei Lampião,  em pose, como se fosse "garoto propaganda", com uma garrafa de cerveja na mão. Suponho que o seu intuito era mesmo apresentar  a marca da cerveja diante da câmera fotográfica. Mas ainda não se sabe qual era a marca desta cerveja que Lampião segura em uma das mãos. 

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CANGACEIRO ANTONIO SILVINO X PRESIDENTE GETÚLIO

Por: Ivanildo Alves Silveira

O Cangaceiro Antonio Silvino, após a sua prisão, no final de novembro de 1914 na cidade de Taquaritinga/PE, foi transferido para a Casa de Detenção do Recife (Vide foto, logo abaixo), onde, após julgamentos pelos crimes praticados, o judiciário aplicou-lhe uma pena total de TRINTA E NOVE ANOS E QUATRO MESES DE RECLUSÃO.

FOTO: Cortesia do escritor e pesquisador, Dr. Sérgio Augusto Souza Dantas.
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Após cumprir mais de 23 anos de prisão, o velho cangaceiro, incentivado por amigos do cárcere, dirigiu uma "CARTA", ao Presidente Getúlio Vargas solicitando o " INDULTO ", haja vista que, no seu entendimento, já era demasiado o tempo de recolhimento à prisão, pois, achava que já tinha pago pelos seus crimes.
Em 04 de fevereiro de 1937, SILVINO recebera a grande notícia: O Presidente havia lhe concedido o "INDULTO", a que tanto almejava.

Casa de Detenção do Recife (Fonte: Wilkipédia), onde SILVINO cumpriu pena.

No dia 17 de fevereiro de 1937, o juiz titular da Primeira Vara de Recife, expediu o "ALVARÁ DE SOLTURA" em favor do grande bandoleiro. Pagara pelos seus crimes um total de 23 anos, 02 meses e 18 dias de detenção, na velha cadeia. (Vide FOTO, abaixo - Soltura de Silvino).

FOTO: Cortesia do escritor e pesquisador, Dr. Sérgio Augusto de Souza Dantas.

Ao sair da solitária, SILVINO estava velho. Os cabelos brancos envelhecidos pelo tempo. Morrera ali, o "governador do sertão". O ex-cangaceiro voltara a ser um homem, como qualquer outro.
Com pouco tempo, percebera que estava sem emprego, sem dinheiro e sem um pedaço de terra para que pudesse retirar seu sustento.
Orientado por familiares e amigos, ainda no primeiro semestre de 1938, se dirigiu ao Rio de Janeiro, a fim de conseguir uma audiência com o Presidente GETÚLIO VARGAS, a quem solicitaria um EMPREGO. (Vide FOTO INÉDITA DO ENCONTRO, logo abaixo).


O resultado foi positivo, e SILVINO conseguira um EMPREGO comissionado, e passou a trabalhar na construção da estrada Rio de Janeiro - Salvador.
Algum tempo depois, ao ser entrevistado por um repórter do jornal "A Noite", sobre o trágico fim de LAMPIÃO, SILVINO disparou:

"Não me causou admiração, porque a vida é incerta, mas a morte é certa. Logo, Lampião tinha que desaparecer mais hoje ou mais amanhã. Acredito que os homens tinham sido pegados dormindo, mas fico espantado, de ver como caíram tão facilmente na ratoeira, porque Lampião era prevenido de verdade " (Rocha, pg. 159).
O repórter indagou-lhe, mais incisivo:
"Estará resolvido, SILVINO, o problema da extinção do banditismo??"
Ao que respondeu, o velho cangaceiro:
"Isto não acaba assim. O rifle não conserta nada. Morreu Lampião. Outros 'Lampiões' aparecerão! E o mundo por aqui continuará girando, até que a Justiça bata as portas do sertão! É de Justiça que o sertão precisa" ( Rocha, pg 160 ).
O velho ANTONIO SILVINO terminou os seus últimos dias, na casa da prima TEODULINA, na cidade de Campina Grande/PB, (Vide FOTO, abaixo), tendo falecido na manhã do dia 28 de julho de 1944, em consequência de .." glomérulo nefrite crônica - Uremia - conforme atestado firmado pelo Dr. Bezerra de Carvalho, deixando oito filhos naturais. " (Dantas, pg 261).


Está enterrado no cemitério MONTE SANTO, na cidade de Campina Grande/PB.
Vejam, logo abaixo, FOTO do monumento, no local da sepultura em que ANTONIO SILVINO foi enterrado.

FOTO: Cortesia de Kiko Monteiro (Blog - Lampião aceso).

Um abraço a todos.
IVANILDO ALVES SILVEIRA
Colecionador do cangaço
Membro da SBEC
Natal/RN

Cantiga de mar/amar (Poesia)

Por: Rangel Alves da Costa(*)
Rangel Alves da Costa

Cantiga de mar/amar


Fiz uma cantiga
pra cantar no mar
cantar a cantiga
quando eu navegar
triste vela aberta
vento a desfraldar
cantando a cantiga
querendo chorar
lágrima marinheira
no sol a secar
um porto adiante
para mais cantar
verso de regresso
tanto apaixonar
o amor espera
pra ouvir o cantar

amor já voltei
venha me abraçar
cantar a cantiga
que aprendi no mar
um verso diferente
ao te abraçar
rimando somente
palavras de amar

amor voltei
venha me abraçar
leve o meu barco
para o seu mar
singrar o teu corpo
quero navegar
sereia me beija
quero o teu cantar...


Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com

Depois da derradeira hora - “Ritos de Passagem” foi lançado em Feira de Santana


Novo longa-metragem em animação do diretor Chico Liberato, baseado em dois personagens que compõem o imaginário do sertão nordestino, foi lançado na Celebração das Culturas dos Sertões.

O cineasta e ilustrador Chico Liberato, responsável pelo primeiro longa-metragem em animação feito na Bahia (e o terceiro no Brasil), “Boi Aruá” – inspirado na literatura de cordel em 1983 -, lança seu novo longa-metragem de animação, “Ritos de Passagem”, no dia 8 de maio, às 19h, no Centro de Cultura Amélio Amorim, em Feira de Santana. O filme foi realizado a partir do Edital de Apoio à Produção de Obras Audiovisuais de Longa-Metragem, edição 2008, do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) e da Secretaria da Fazenda (Sefaz).


A animação narra o encontro do líder espiritual Antonio Conselheiro com o cangaceiro Lampião, rebatizados, respectivamente, como o Santo e o Guerreiro. A história retrata os acontecimentos trágicos do sertão do final do séc. XIX e início do séc. XX e começa a ser contada no momento em que os dois personagens morrem e entram na Barca de Caronte, que remete à mitologia grega, na qual as almas atravessam o perigoso rio da morte, o Aqueronte, às margens do inferno. “Através da lembrança de seus ritos de passagem – nascimento, batismo, transição da juventude para a idade adulta, morte e transcendência – os personagens vivem um processo de auto-análise e refletem sobre os acontecimentos que viveram no sertão”, revela o autor.


O filme conta com a ajuda das cantigas populares, flora, fauna, costumes, trajes, vocabulário e sotaques da região para dar vida à história destes já míticos personagens. Para o cineasta, é necessário valorizar essas expressões culturais tão presentes no dia a dia do povo nordestino.  ”A cultura sertaneja, é de extrema importância e não é mostrada como deveria, há uma super valorização do que vem de fora, e a população local acaba se excluindo de uma riqueza que está tão próxima de si, por isso toda minha obra é baseada na cultura sertaneja, cujo objetivo é conscientizar o povo brasileiro”, afirma.

Só um tiquim

Para a realização do longa, foram contratados cerca de 90 profissionais, entre técnicos, artistas e equipe de apoio. Dentre os componentes, participa a esposa do cineasta, Alba Liberato, que é a roteirista do longa. “Alba fez discursos maravilhosos e emocionantes, com toque de realismo incrível”, elogia Chico. O projeto contou ainda com artistas importantes, como Jackson Costa, Ingra Liberato, entre outros que emprestaram suas vozes aos personagens, além da participação especial da Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA) na trilha sonora com duas peças sinfônicas: “Veredas” e “Ritos”. No longa o maestro Eduardo Torres é responsável pela regência da Orquestra na peça “Veredas”, que teve solo de violão do compositor João Omar. Já na peça “Ritos”, o próprio compositor, João Omar, assumiu a regência da Orquestra.
Trailer
Sobre o autor: Vida e obra de Chico Liberato
Nascido na cidade de Salvador, em 1936, o cineasta e artista plástico Chico Liberato iniciou sua carreira em 1963, como artista plástico, numa coletiva de alunos de Ivan Serpa e Domenico Lazarini, no MAM – Rio de Janeiro. Já no cinema sua trajetória começou em 1972 com o desenho animado de curta duração “Ementário”. A partir daí, até 1979, entre ficções e animações, produziu um curta a cada ano, um dos mais lembrados e premiados é “Boi Aruá”, inspirado na literatura de Cordel. O desenho tem traços e cores fortes, retratando a vida do interior nordestino, mostrando a cultura das comunidades da caatinga. Esse filme de animação foi premiado pela UNESCO e participou da I Jornada Internacional de Cinema, se tornando um marco para o desenho animado no estado. Ele é considerado um dos mais significativos artistas baianos, consagrado no Brasil como pintor, escultor, desenhista, artista multimídia e cineasta. Ainda na adolescência, Liberato foi morar em uma comunidade indígena no sul da Bahia. Após cinco anos, agregando conhecimento e valores culturais a sua vida e arte, ele retorna com bagagem suficiente para dar continuidade a sua empreitada. Inspirado na cultura popular, ele evidencia em seu trabalho símbolos de caráter tradicionais, utilizando materiais naturais como madeira, folhas e sementes de açaí.
Pesquei em Dimas Bahia.Gov
E eu no Lampião Aceso

Um olhar mais apurado

Por:Paulo Britto
Tenente João Bezerra - pai de Paulo Britto e matador de Lampião 

O que dizer? Será a irreverência dos tempos atuais? Será a liberalidade desmedida e irresponsável, respaldada na impunidade? E o que pensar?
Em terra de cego quem tem um olho é rei? Não, em terra de cegos fura-se o próprio olho para comungar com eles.

Os cães ladram e a caravana passa? Não, os cães ladram, atacam e mordem, e a caravana passa molestada e desmerecida. Vemo-nos agora submetidos à anticultura que confunde e desnorteia os menos informados que anseiam conhecer a verdade histórica e não têm o conhecimento necessário para excretar esses dejetos pseudo-literários. Abre-se espaço para as improbabilidades grotescas e desmedidas. Fomenta-se a irreverência, a ficção, a criatividade irresponsável, calcada em elucubrações, e devaneios de uma verdade insípida e renitente.

Deparamo-nos com escritos como: “Lampião, o invencível. Duas Vidas, duas mortes – O outro lado da Moeda” cheio de fundamentações infundadas, chegando ao absurdo de asseverar que o Lampião, morto na Grota do Angico, era um sósia: “arranjar o dublê de Lampião – um ladrão de cavalo preso em Alagoas adequado ao papel pela cegueira do olho direito”. Enquanto Maria Bonita, sua companheira, era “representada por um jovem (um homem, portanto), cujas feições lembravam as de quem ia tomar o lugar”. A despeito de todas as identificações feitas, não se conseguira descobrir que Maria Bonita era um homem.

No escrito “Lampião o mata sete”, que mexeu com o mitoLampião, causando grande rebuliço no ceio dos cangaceirólogos, coloca Virgulino Ferreira da Silva como homossexual, conivente com um romance entre a sua companheira e o seu mais fiel cangaceiro (Luiz Pedro do Retiro) de inúmeros combates. A verdade é que por mais que se antagonize o Rei do Cangaço, se chegar a alegações dessa natureza, choca os reais escritores e revolta os familiares.

Primeiro Cruzeiro em Angico

Agora, recentemente, nos vemos diante de mais um escrito, “A OUTRA FACE DO CANGAÇO - VIDA E MORTE DE UM PRAÇA”, que ao invés de procurar ressaltar a vida militar e morte do praça, ocorrida durante o combate de Angico, muda o foco, e de forma primária se expõe ao lançar calúnias e controverter os fatos, seguindo a linha dos antecessores citados. Embora trafegando, com as suas pesquisas recentes, nos mesmos caminhos que tantos já percorreram – distando mais de 70 (setenta) anos do ocorrido – esse autor descobriu fatos que pesquisadores que buscaram informações no momento próximo ao ocorrido e ao longo desses anos todos não descobriram.

O pesquisador, data vênia os demais pesquisadores, em entrevistas inéditas com participantes do combate, que nas suas existências longevas, não se cansaram em atender o intrépido autor que, em tempestuosos pensamentos contraditórios e formulando perguntas capciosas de sua conveniência para que o entrevistado, em resposta, num gesto de olho ou canto de boca confirme fatos que os demais deixaram escapar.

No escrito, (i) o comandante da volante (João Bezerra) mata o seu desafeto (o Soldado Adrião) de outra volante, que com ele disputava o amor de uma prostituta; (ii) se vê obrigado a matar seu companheiro (Lampião) de noitadas de carteado; e (iii) que 02 dias anteriores ao combate de Angico, com este estava carteando na fazenda do seu sogro (Francisco Corrêa). Por aí segue na mácula, no total desvario e com o pleno desconhecimento das personalidades de Francisco Corrêa de Britto e do próprio João Bezerra.

Victor Júnior, Paulo Gastão e Paulo Britto em momento de Cariri Cangaço

A censura é incabível, antipática e reprovável, mas a liberalidade desmedida e caluniadora desvirtua os valores morais. O que teremos para oferecer aos nossos descendentes e almejar para o futuro? Em sua folha de serviços prestados à corporação, segue abaixo um resumo da vida do Coronel João Bezerra da Silva, comandante das volantes por hierarquia e por se fazer líder irretocável dos que ali estavam tomando parte no combate de 28 de julho de 1938, em Angico/SE:

No combate de Angico, como Primeiro Tenente, já havia; participado de 03 (três) expedições de guerra fora do Estado de Alagoas, nas revoluções de 1925, 1930 e 1932; nomeado 09 (nove) vezes delegado; recebido 09 (nove) elogios e louvores em boletins da corporação; exercido o cargo de Prefeito Interventor na Cidade de Piranhas/AL; cumprido várias missões especiais; e travado vários combates com cangaceiros, inclusive Lampião.
Ao longo dos seus 35 (trinta e cinco) anos de carreira militar, consta nos seus apontamentos:

. 12 (doze) nomeações como delegado; 02 (duas) vezes como subdelegado;  02 (duas) vezes subcomandante da corporação;  12 (doze) vezes comandante de unidades da corporação; 17 (dezessete) vezes citados em elogios e louvores em boletins;  03 (três) expedições de guerra da história do Brasil; e 11 (onze) combates com grupos de cangaceiros liderados por Luiz Pedro do Retiro, Corisco, Gato, Zé Baiano, Português, Manoel Moreno, Moita Brava e o próprio Lampião.

Homem que dentro dos padrões éticos de liberdade, igualdade e fraternidade, alcançou o grau 18 do filosofismo, dentro daquela que é conhecida como a consciência oculta da humanidade, a maçonaria. Para esse homem não pedimos acalentos e salamaleques, mas se não temos afinidade com o que é justo e correto, e não tivermos provas irrefutáveis, pela total falta de veracidade das informações, não conturbemos o trabalho daqueles que empenharam anos de estudos num esforço sobre-humano para preservar a história como ela realmente se desenvolveu.

E agora? Diante da perplexidade... Qual é a regra dos tempos atuais? A regra é não ter regra? Como sempre, me coloco à disposição e um forte abraço a todos os amigos desse conceituado blog.

Paulo Britto .'.
Filho do Tenente João Bezerra
Recife-PE

Hoje na História de Mossoró - 28 de Julho de 2012

Por: Geraldo Maia do Nascimento

Em 28 de julho de 1934 era criada a Diocese de Mossoró. 
               
Em solene missa celebrada na matriz de Santa Luzia, o Padre Luis da Mota, vigário da paróquia, dá conhecimento aos fieis, através da leitura da Bula do Santo Padre, Pio XI, criando a Diocese e elevando a matriz de Mossoró à categoria de Catedral diocesana. 
               
A matriz de Santa Luzia estava lindamente ornamentada, figurando dentre os presentes àquele ato de liturgia católica, todas as autoridades do município, além de vários sacerdotes e religiosas da região, rejubilados pelo ato do Sumo Pontífice.

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Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento
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