Só como efeito de ilustração
Em 1877,
quando Antonio Silvino tinha apenas 2 anos de idade, Adolfo Meia-Noite já
dominava a região como cangaceiro. Ele com seus dois irmãos Manoel e Nobelino,
por uma questão de honra, tiveram que se armar contra o desafeto conhecido como
padre Quaresma (apelidado de padre, não se sabe por quê) - um comissário de
polícia, subdelegado naquela época. A razão dessa animosidade: uma paixão
amorosa.
Adolfo era o galã da vila, disputado pelas garotas da localidade e, por inveja,
o subdelegado traiçoeiramente o prendeu na localidade Varas, enviando-o à
Ingazeira.
Como não havia segurança nas cadeias daquela época, é colocado em um tronco.
Quinze dias se passaram sem que seus familiares soubessem, porque o mesmo se
achava incomunicável. Através de um conhecido foram informados que Adolfo tinha
sido fichado como ladrão de cavalo e que, se não o libertassem, ele iria
morrer. A essa altura Adolfo não sabia qual a razão de estar preso, até que o
tenente responsável por sua prisão lhe disse:
- Você conhece Padre Quaresma?
- Sim, disse o preso.
- Pois ele mandou um presente.
Ele respondeu:
- Nada tenho a receber de um homem que me botou aqui sem eu merecer.
Então o tenente lhe deu vinte lapadas com uma vara de espichar couro. A partir
daquele momento ele ficou sabendo por quem e por que estava preso. E veio o
desejo de vingança que tanto prejuízo causou a si e à família.
A partir daí a vingança prevaleceu, sendo o comissário a primeira vítima e, em consequência,
sua família se viu obrigada a se mudar.
Por mais de cinco anos Adolfo e seus cangaceiros dominaram o Pajeú. Não só por
esse trio era formado o grupo; Oiticica - cangaceiro de destaque - que também
era seu parente, tombou em combate contra os “Quicés” que moravam no sítio
Tamanduá e foram testemunhas contra Adolfo, quando foi preso. Nesse combate os
‘Quicés’ perderam dois membros da família. Eram eles parentes de Praxedes José
Romeu, muito valente.
Sob o comando
de Praxedes cercaram a fazenda Volta e, por não encontrarem Adolfo, assassinaram
o seu irmão Pacífico, que além de criança era retardado. Daí por diante o
“granadeiro” falou.
Adolfo chegou a comandar dez cangaceiros. Não se registrou nenhuma Vila ou
Cidade que ele não tivesse assaltado. Mas, ainda se vê no distrito de Jabitacá
suas tradicionais trincheiras construídas de pedras soltas. As que mereceram
mais atenção foram as da serra do Brejinho.
Sobre aos nomes dos seus cangaceiros pouco se sabe, a não ser o de “Manoel do
gado”, antigo marchante; e Almeida, filho natural da serra da Colônia,
assassino frio que matou um primo do sítio Extrema por uma simples rapadura.
Adolfo não estava presente e censurou essa atitude.
Era Almeida de inteira confiança do chefe. Num certo dia pediu para visitar a
família e quando retornou vinha “peitado” para matar Adolfo. Mas, foi mal
sucedido, ganhando a morte pela infidelidade.
Adolfo foi considerado a ovelha negra da família.
Outra versão sobre Adolfo Meia-Noite - “Era considerado um homem manso e
romântico. Seu grande pecado foi a paixão que tinha pela prima, filha de um
rico e poderoso fazendeiro daquelas ribeiras que, não achando ser o negro
merecedor da donzela, mandou prendê-lo e açoitá-lo ao tronco colonial.
Quando foi liberado do castigo, seu pai, sabendo do ocorrido, recusou-lhe a
bênção porque ele não havia lavado sua honra com o sangue do tio. Na mesma
noite, Adolfo esgueirou-se para dentro da casa do tio e o matou, fugindo em
seguida para o vale do Rio Pinheiro.
Como havia matado pessoa influente na região, virou foragido da justiça tendo
que passar o resto de sua vida a fugir da polícia, levando consigo os irmãos
Manuel e ‘Sinobileiro’.
Apesar de ter
se tornado cangaceiro, Meia-Noite era tido como homem justo e pacífico. Isto
ficou evidenciado num episódio em que ele e seu bando prenderam o negro
Periquito, que levara consigo alguns bens do seu patrão.
O bando pressionava Periquito, querendo o dinheiro que este levava, quando
Adolfo colocou-se contra aquela situação, dizendo aos companheiros:
- Vocês não vêem que se ele leva dinheiro, este não lhe pertence?
E dirigindo-se ao escravo pergunta:
- Levas dinheiro contigo?
- Sim, senhor - respondeu periquito.
- Levo 500 mil réis do Sr. Paulo Barbosa.
Ao ouvir esta resposta o bando se excita, mas o cangaceiro os repele:
- Vá embora. Se precisar de alguma quantia, irei tomá-la do seu senhor, e não
de você, que não é dono, pois se eu o fizer, certamente seu amo não irá
acreditar na sua estória, e irá castigá-lo."
Adolfo morreu na Paraíba, em confronto com a polícia. [O cangaceiro era neto do
inglês Richard Breitt, traduzido logo pela gente da terra como Ricardo Brito,
(embarcadiço, que chegando ao Recife, com 11 anos, no início do século XIX,
internou-se pelo interior, no lugar Volta e não mais regressou. Ligou o seu
destino ao de uma sertaneja, da família Siqueira Cavalcanti, conforme
informações, e, segundo outras, a uma descendente do mameluco Amorim, que
provinha dos índios da serra de Jabitacá. Richard Breitt depois de muitos anos
foi convidado a regressar a sua terra, Londres, para receber grande fortuna, de
herança que lhe pertencia. Por amor à família tudo renunciou. Chegou a ir até o
porto da capital, mas lembrando os filhos, foi tirando os troços de volta já na
hora da partida). Chegou à decadência devido a um dos seus netos - o temido
Adolfo Rosa Meia-Noite (filho de sua filha Riqueta com Leandro) ter se tornado
cangaceiro.]
Esse é da minha cidade: afogados da ingazeira..
Ivanildo
Silveira - 31 de julho de 2009
VALEU JOÃO:
MUITO BOA ESSA POSTAGEM FEITA POR VOCÊ, LOGO ACIMA.
Um abraço.
IVANILDO
http://orkut.google.com/c624939-t6ff8ce833d5e7ecd.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com