Por: Geraldo Maia do Nascimento
Jerônimo
Dix-sept Rosado Maia foi eleito a 21 de março de 1948 como terceiro prefeito
constitucional de Mossoró, tomando posse do cargo no dia 31 do mesmo mês e ano.
Não era um homem culto; era um homem trabalhador. Contava no seu currículo
escolar apenas com o curso ginasial, concluído por muita insistência da
família. Mas foi esse homem que cinco dias após a sua posse, através da criação
da “Biblioteca Pública Municipal”, deflagrou o maior movimento cultural de
todos os tempos de uma administração municipal em Mossoró, movimento esse que
passou a ser conhecido como a “Batalha da Cultura”.
A Biblioteca Pública Municipal de Mossoró foi oficialmente criada no dia 05 de abril de 1948, como cumprimento de promessa de campanha. A ideia foi do seu irmão Vingt-un Rosado.
Jerônimo Dix-sept Rosado Maia
Mas Dix-sept era bastante sensível para entender as
necessidades do município. É o próprio Vingt-un quem confessa: “Convenci
Dix-sept a prometer a criação de uma Biblioteca Pública Municipal, que seria
oficializada através do Decreto Executivo n.º 04, apenas cinco dias depois da
sua posse na Prefeitura”.
Para
que o projeto fosse concretizado, Dix-sept nomeou uma comissão organizadora,
formada por: João Damasceno da Silva Oliveira, José Romualdo de Souza, José
Ferreira da Silva, Rafael Bruno de Medeiros e Vingt-un Rosado Maia, todos cidadãos
comprometidos com a cultura mossoroense.
Jornalista Geraldo Maia e Dr. vingt-un Rosado Maia
Os
ofícios de comunicação da criação da Biblioteca e o pedido de registro no
Instituto Nacional do Livro foram redigidos por João Damasceno. O espaço físico
foi conseguido pela Prefeitura no pavilhão térreo do Clube Ipiranga. Em
depoimento, Vingt-un fala das dificuldades iniciais para que o sonho se
tornasse realidade: “ Nenhum de nós, eu, Ferreira, América Rosado, tinha curso
de biblioteconomia. Lemos alguns livros especializados e começamos a tarefa.
Dix-sept visitava o trabalho quase diariamente. Mandou fazer as estantes e o
mobiliário necessário”.
Para
a formação do acervo da Biblioteca, contou-se com a colaboração dos
mossoroenses. O padre Mota, ex-prefeito e vigário de Mossoró, fez doação de 300
volumes de sua biblioteca particular. Augusto da Escóssia na época era o
presidente do Ipiranga. Por solicitação da comissão, permitiu que a Biblioteca
Hemetério Queiroz fosse incorporada à Biblioteca Pública. De Natal, Dix-huit
Rosado mandou várias caixas de livros arrecadados entre os amigos, de forma que
na sua inauguração, a Biblioteca já contava com um acervo de 1.888 obras em
2.131 volumes. Visando criar nos jovens o hábito da leitura, o prefeito
Dix-sept Rosado inseriu na Biblioteca uma seção de estados infantis. A ideia era inédita, pelo menos no Rio Grande do Norte. E isso era só o começo. Com a
Biblioteca, veio o Museu, veio o Boletim Bibliográfico e a Coleção Mossoroense,
tudo como desdobramento da ideia inicial da Biblioteca.
Dix-sept
não concluiu seu mandato como prefeito de Mossoró. Foi eleito governador do
Estado a 6 de junho de 1950, quando já se encontrava licenciado, assumindo o
governo em 31 de janeiro de 1951. E como Governador do Estado do Rio Grande do
Norte, não teve tempo de fazer mais pela cultura mossoroense. Morreu num
desastre aviatório no dia 12 de junho de 1951, nas proximidades do campo de
pouso de Aracaju, em Sergipe, cinco meses após a sua posse. Não quis o destino
que ele permanecesse mais tempo entre nós. Deixou no entanto, como legado, a
semente de um movimento cultural que permanece até os dias atuais, tendo na
pessoa do professor Vingt-un Rosado, seu irmão casula, um eterno guardião,
comandante-em-chefe do que se passou a chamar de \"Batalha da Cultura\".
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Autor:
Jornalista
Geraldo Maia do Nascimento
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