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sexta-feira, 15 de setembro de 2023

PARA ALGUNS NORDESTINOS, LAMPIÃO ERA UM DIVERTIMENTO. E AINDA GERAVA EMPREGOS.

 Por José Mendes Pereira


Quem seria capaz de se antecipar e matar o sanguinário e perverso capitão Lampião? Hein?! Só se fosse doido, maluco, e acabar com aquela brincadeirinha sem graça e bastante desastrosa, hum?! Com Lampião no chão sertanejo era muito ruim, e ponha ruim nisso, porque ele matava, roubava incendiava fazendas, plantações..., mas bem mais ruim, seria sem ele, se o eliminasse do solo terrestre. Por quê? Porque, um monte de pessoas que o perseguia, iria ficar  sem seu soldo no final do mês, pago pelos governos estaduais, quando o matassem. 

Matar Lampião agora, não senhor! É cedo demais. Sim senhor! Mesmo fazendo as suas maldades contra as famílias sertanejas, Lampião vivo, era um divertimento e uma grande oportunidade para se adquirir um ganha-pão. A vida camponesa naqueles tempos, era muito difícil, e se matassem o terror do sertão, como iriam viver os familiares de quem o perseguia, se no final do mês, o pouco que cada um ganhava, havia se acabado, por terem matado o homem mais procurado do solo nordestino?

A maior parte dos perseguidores que procurava cangaceiros na caatinga nordestina era totalmente voluntária, e desagarrada de uma corporação policial, apenas contratada para aquele fim, isto é, pôr fim de qualquer jeito ao grande chefe da "Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia." o capitão Lampião.

Capitão Lampião e o cangaceiro Juriti.

Mas nem todos (tudo tem exceção), queriam ver Lampião morto, fora daquele entretenimento animado. Sem ele, fazendo o bem ou o mal, Lampião era um verdadeiro patrão indiretamente. Quem quisesse perseguir Lampião pelas caatingas do nordeste brasileiro, bastava procurar uma corporação e fazer seu registro, sua ficha, mesmo que fosse voluntário.

Mas o capitão não precisava se preocupar, porque, no meio daquela gente que se dizia ser seu perseguidor, havia de sobra, quem não queria vê-lo morto, e que, na minha pobre e sem nenhum valor histórico, Lampião era protegido, até por pessoas que pertenciam a alguns governos municipais ou estaduais. Lampião era uma figura de grande importância na face da terra, mesmo sendo um verdadeiro marginal, perverso, sanguinário e vingativo ao extremo, servia para alguma finalidade.

O escritor e pesquisador do cangaço Dr. Sérgio Augusto de Souza Dantas, em seu texto "João Bezerra x Lampião - por que profanar a memória dos mortos?", datado em 30 de dezembro de 2009, e publicado no blog Lampião Aceso, do pesquisador do cangaço, Kiko Monteiro, diz o seguinte:

Dr. Sérgio Augusto de Souza Dantas - 
http://lampiaoaceso.blogspot.com/2009/12/tenente-joao-bezerra-e-lampiao_30.html

(...)

"Mas Durval (este era irmão de Pedro de Cândido, que era o coiteiro oficial de Lampião), fala que o tenente Bezerra esteve no coito, deixou balas e, de quebra, ainda jogou baralho com Lampião...

Pelo meu modesto entender, continua o escritor, essa história toda é mais um fruto nascido da imaginação popular e do prazer mórbido, arraigado e cultural do brasileiro em denegrir instituições e pessoas.

Um mínimo de lógica nos faz chegar a conclusão que um comandante de tropa não desapareceria sem ser notado e, menos ainda, faria tão longo percurso SOZINHO, pois Durval Rosa não falava em outro militar acompanhando Bezerra em Angico. ESTAVA SÓ. Muito estranho, decerto!!".

(...)

Sobre o tenente João Bezerra da Silva, eu não tenho dúvida, jamais ele faria isso, não estava maluco de municiar o seu perseguido para depois guerrear contra ele mesmo. E ele sabia muito bem, que o comandante da sua corporação militar, poderia saber disso e expulsá-lo definitivamente do batalhão de polícia.

Cyra com seu esposo tenente João Bezerra da Silva.

Conhecemos todos os remanescentes de Lampião, e nenhum, principalmente Candeeiro que é tido como um homem sim, sim, não, não, jamais falou isso aos seus entrevistadores, que João Bezerra da Silva esteve no coito, e ainda jogou baralho com Lampião. Acho apenas uma simples fantasia de Durval Rodrigues Rosa, isto é, quis aparecer para o estudo cangaceiro. 

Agora, aqueles que não tinham nenhum compromisso com corporação militar, apenas procuravam os cangaceiros na finalidade de ganharem os seus valores monetários, protegeram  o famigerado capitão Lampião de qualquer forma, até mesmo, procurando Lampião em lugares que ele nem pensava em passar por lá. só no intuído de alongar-se a sua captura, para garantir mais uns meses ou anos os seus empregos.

Amigo leitor:

Em nenhum momento fiz críticas aos estudiosos do cangaço. O que escrevi, é apenas para me divertir com esta literatura tão importante para quem a ela se dedica. Não sou nenhuma autoridade no que diz respeito ao estudo cangaceiro. Sou simplesmente um estudante que vem aprendendo com escritores, pesquisadores e cineastas, e erro constantemente em algumas opiniões minhas. Todos nós erramos, e o erro pertence mesmo ao ser humano.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

...ODILON FLOR, POR LUIZ NOGUEIRA DE SOUZA

 Por Sálvio Siqueira


No tempo do cangaço lampiônico, 1918/19 a 1938, muitos cidadãos nascidos e criados no Sertão, região do Pajeú das Flores, microrregião no interior do Estado de Pernambuco, simples roceiros ou filhos destes, largaram o cabo das ferramentas de trabalho, foices, machados, enxadas e outros, para pegarem no cabo e nas coronhas das armas para darem combate ao banditismo rural que se alastrava feito fogo em palha seca. Os filhos dos filhos ou mesmo os pais dos filhos de inúmeras famílias tiveram suas vidas ceifadas nessa ‘guerra de movimentos’ implantada por Virgolino Ferreira.


... Da família “Flor”, nome fantasia criado à determinada família da zona rural do município de Floresta, PE, surgiram vários combatentes que arriscavam a vida diariamente dentro dos rincões da caatinga na luta contra os cangaceiros. “O Sr. João Flor que fora, João de Souza Nogueira, nascido na fazenda Campo da Ema, futuro pai de uma futura prole de valentes que não descansaram na luta contra o banditismo rural enquanto durou o cangaço no Nordeste.

A denominação “Flor”, ou “Os Flor”, descende de Florência Felismina de Sá, esposa de Manoel de Souza Ferraz. O Sr. Manoel de Souza Ferraz, certa feita fora acometido por uma doença mental. A partir daí, sua esposa, dona Florência, ou seja: “Dona Flor”, alcunha por todos conhecida, assume a liderança da família. Na continuidade, quem dela, família, pertencesse, era denominado, (por) um sobrenome ‘criado’, (os) ‘Flor’. Exemplo disso, temos João de Souza Nogueira, ‘João Flor’, e depois seus filhos, “Manoel Flor”, “Euclides Flor”, “Odilon Flor”, “Ildelfonso Flor”. “Américo Flor” e assim sucessivamente, que, na verdade são: Manoel de Souza Ferraz, Euclides de Souza Ferraz, Odilon Nogueira de Souza, Ildefonso de Souza Ferraz, Américo Nogueira de Souza, respectivamente.


São vários os filhos de João Flor que partiram de suas casas, deixando o aconchego do lar, o carinho da esposa, do pai, da mãe e a alegria dos filhos para se embrenharem dentro da caatinga a fim de darem combate aos bandos de cangaceiros que infestavam a região do sertão nordestino, em particular o bando comandado por Virgolino, alcunhado de “Lampeão”. (Sálvio Siqueira).

Pois bem, dessa feita narraremos, resumidamente, os feitos de mais um dos “Flor”, Odilon de Souza Nogueira, na senda da guerra contra o bando de cangaceiros comandados por um dos “Ferreira”, família da mesma micro região sertaneja, porém, sendo do município de Bela Vista, hoje Serra Talhada, PE, Virgolino (Ferreira), de alcunha Lampião.


Odilon, assim como outros da região, inclusive alguns de seus familiares: pai, irmãos, primos e etc., começam a combater a caterva comandada por Virgolino e seus irmãos, Antônio e Livino, alcunhados de “Esperança” e “Vassoura”, respectivamente, antes de se alistar na Briosa pernambucana. Fazia-se necessário a população da recém-criada Vila de Nazaré se juntar em prol da sua defesa.

Devido a Vila de São Francisco, reduto dos “Pereira”, ter sido destruída, queimada, pela Força Pública pernambucana, um comandante da Força Pública de Pernambuco sugere a destruição de Nazaré. Seus fundadores ficam boquiabertos ao escutarem o que dizia o oficial militar e, no mesmo momento, ficam contra aquela proposta e/ou decisão.


Gomes Jurubeba, pai do saudoso João Gomes de Lira, um dos fundadores do vilarejo, na ocasião estava ao lado do comandante e diz que se assim ordenasse, mesmo sabedor de que morreria, matava-o. Encontram uma saída: fica acordado de que a Força forneceria o material bélico e a Vila os combatentes. Pretendendo seguir os parâmetros legais, o comandante solicita que os jovens da região se alistem para que pudessem combater ‘legalmente’ os cangaceiros. Poucos são aqueles que se apresentam para alistarem-se, sendo que a maioria preferiu pegar nas armas e partir para o combate voluntariamente.

“(...) incendiaria o lugar, como já fizera com a vila de São Francisco. Sob violentos protestos Gomes afirma que o coronel pagaria caro se o fizesse, embora ele, Gomes (Jurubeba), perdesse a vida. O coronel desiste, mas lembra a eles: - “Vocês de hoje em diante, não podem mais trabalhar nem viver em paz. Chame todo seu pessoal para alistá-los na Força.”


Apenas cinco jovens aceitaram a proposta. Os outros queriam ficar ajudando os volantes nas perseguições ao cangaço, mas como civis (...).” (“A Derradeira Gesta: Lampião e Nazarenos guerreando no Sertão” – BARROS, Luitgard Oliveira Cavalcante).

Os patriarcas dividiam-se nas obrigações: enquanto um ficava na Vila de Nazaré, com seu pessoal, pronto para a defesa, outro, com sua coluna, partia para dentro da inóspita caatinga a caça dos bandoleiros. 


E assim, alistados e voluntários começam a darem combate aos fora-da-Lei. Em certa ocasião, João Flor parte rumo ao Navio caçando cangaceiros enquanto Jurubeba permanece na proteção ao povoado e assim se sucediam nas obrigações.

A força nazarena, comandada dessa feita pelo soldado Luiz Mariano da Cruz, chegou, certo dia ao morro, serra, que deu parte do nome do lugarejo, a serra do Pico, Nazaré do Pico, onde se deu o primeiro confronto entre Nazarenos e cangaceiros comandados por Lampião. Cinco ou seis anos depois da sua fundação, da fundação da Vila de Nazaré, os filhos de Nazaré iniciam uma guerra particular que só teria fim com a morte do cangaceiro mor, Virgolino Ferreira, o “Rei do Cangaço”, em julho de 1938 em terras sergipanas.


“(...) Em pouco tempo já se identifica Nazaré como um lugar de resistência indômita, de “homem de sangue no olho”, lugar onde “cabra ruim não se cria”(...).” (Ob. Ct.)

Fica mais do que comprovado que entre os filhos de José Ferreira e os filhos de Nazaré havia uma luta particular, sem interesses financeiros, apenas uma questão, a nosso ver, de honra.Odilon Flor constitui família e gera uma prole, segundo o site ‘Genealogia Pernambucana’ (http://www.araujo.eti.br), assim descrita: Luís Nogueira de Souza, Aldenora Nogueira de Souza, Carlos Nogueira de Souza, Normando Nogueira de Souza e Raimundo Nogueira.


Dentre seus filhos, seu primogênito que estava tornando-se taludinho, com 13 anos de idade, adolescente, Luís Nogueira de Souza, começa a ‘dar trabalho’, em demasia, em casa. Chegando aos ouvidos de um de seus tios que morava distante esse manda lhe dizer, através de uma missiva, que qualquer dia viria para ensinar-lhe ‘boas maneiras’. Sabedora de como poderia se portar o tio de Luís, diante do mesmo, e da rebeldia do próprio, dona Filomena, irmã do saudoso e grande “Guerreiro Nazareno” Manoel de Souza Neto, o conhecido Mané Neto, apelidado de ‘Mané Fumaça’ por Lampião, e prima de Luís Flor, resolve tira-lo do lugar.

Depois de uma longa e fatigante viagem, dona Filomena deixa Luís aos cuidados de um rapaz florestano com a incumbência de leva-lo e entrega-lo ao pai, Odilon Flor, em território baiano.


Assim nos conta o próprio Luís Flor: “Eu cheguei à Bahia em 1935. Tinha feito uma traquinagens, porque era um menino meio danado... Eu não era brincadeira em matéria de traquinagens, devo dizer. Então contaram a um tio meu, que estava trabalhando no Barro Vermelho. Dali ele escreveu uma carta dizendo que no fim do mês estaria chegando a Nazaré para ‘me dar um exemplo’.” (“O Canto do Acauã” – FERRAZ, Marilourdes)

Odilon era um veterano perseguidor de cangaceiros, principalmente, ao bando de Lampião por quem nutria um ódio imenso depois que o bando do mesmo matou seu irmão, que na época contava apenas com 16 anos de idade, Ildefonso de Souza Ferraz, Idelfonso Flor, no embate que ficou registrado na historiografia cangaceira como “Fogo na Fazenda Xique Xique, “1925 - 14 de Novembro, combate na Fazenda Xique-Xique, município de Vila Bela, PE, entre o bando de cangaceiros chefiados por Lampião e a Força Volante composta por vários nazarenos como Euclides Flor, Manoel Flor, João Jurubeba, Aurelino Francisco, Hercílio Nogueira, Ildefonso Flor e o rastejador Batoque.” (recantodasletras.com)


Segundo seu filho, Odilon escolhia a dedos o pessoal que iria ‘trabalhar’ com ele na busca, caça, aos bandoleiros. O sargento dava prioridade aqueles que eram acostumados com o perigo, o vaqueiro nordestino. O vaqueiro ver a morte passar diante de si no dia – a - dia de sua labuta, mesmo assim, não desiste das suas obrigações. Diante de tão grande demonstração de coragem, eles sempre tiveram preferência diante do nazareno comandante na Bahia.

“(...) Meu pai me dizia (refere Luís Flor): “-Todo vaqueiro é homem de coragem!”

Realmente, nos sertões do Nordeste, o vaqueiro tem que ser muito macho para pegar o boi daquele jeito pelas caatingas, não é? Do modo que eles enfrentam a caatinga, todo vaqueiro tem que ser homem disposto, de muita coragem (...).” ( Ob. Ct.)

O filho de Odilon nos narra uma de suas ‘caçadas’ em busca de cangaceiros em território sergipano. Refere-nos que na ocasião estava na pista de dois subgrupos de cangaceiros, o chefiado pelo cangaceiro Manuel Moreno e o outro pelo cangaceiro Pancada. Encontram-se caçadores e caçados e, inevitavelmente, a bala come solta. A Força baiana sai vitoriosa nesse embate.

O jovem pernambucano começa a acostumar-se com o som dos tiros, com o som arrepiante dos gritos de dores, com o cheiro forte de sangue... com a morte. A narração de Luís Flor nos leva a um mundo negro, sofrido, onde seus habitantes não mais se impressionam com o sofrimento, com a morte, com o sangue dos companheiros nem com o de seus inimigos. A morte matada torna-se rotina no seu viver.

“(...) Não, a morte não me impressionava mais. A gente é criada de acordo com o ambiente. Quem tinha de morrer sabia que morreria. Ora, em nossa região de origem, para sobrevivermos, todos nós – aí se incluem as mulheres e crianças – todos já havíamos, pelo menos uma vez na vida, empunhado uma arma, para defesa e sobrevivência. Portanto, nada mais era novidade; nem mortes nem violência, porque tudo isso sofremos na carne. Era essa a realidade dos sertões naqueles dias (...).” (Ob. Ct.)

As ações se sucediam e o jovem volante se apegou a elas. O pai, ‘antigão no combate’, sabia que a partir daquele momento, seu filho não poderia mais viver sem ser ao seu lado, pois, se assim ocorresse, poderia pular para o lado sombrio do banditismo. Chegamos a essa realidade explícita da ocasião, após vermos o que o próprio comandante diz ao seu superior, quando, na ocasião, o havia aconselhado a afastar seu filho daquilo tudo.

“(...) quando chegou o Comandante do Destacamento do Nordeste do Estado a pôs o olho em cima de mim, parece ter ficado admirado e foi taxativamente contra minha permanência na volante. Naquela ocasião, chamou a atenção para o problema com este comentário: ‘- Odilon tire esse menino! Ele é de menor e não pode ficar!’

Odilon respondeu-lhe com toda a sua franqueza e experiência: ‘- comandante, agora ele tem que ficar comigo, no cabresto. Ficar sem mim, agora, é pior! (...).” (Ob. Ct.)

Luís Flor nos revela dois fatos importantes: primeiro fora sobre a Força baiana que, devido ser despreparada, completamente, para a ‘Guerra de Movimentos’ implantada pelos cangaceiros, sua falta de experiência, conta-nos o ex-volante, inúmeras vidas de soldados foram retiradas prematuramente. Depois que a Força baiana é auxiliada por veteranos nazarenos, a coisa muda de figura e a caterva se verem acossada constantemente.

Segundo, é sobre determinadas ‘colunas’ que não partiam em perseguição ao inimigo. Pelo contrário, seguiam, sempre, por um caminho contrário daquele tomado pelos bandoleiros.

“(...) Assim mesmo, conheci policiais que, quando eram avisados de que ‘os cangaceiros estão arranchados ali! ’ Tomavam uma direção contrária e iam ocupar-se de outra coisa completamente diferente de uma peleja. Mas, esses encontravam-se na Polícia de todos os Estados (...).” (Ob. Ct.)

O primogênito de Odilon Flor nos revela que participou de, mais ou menos, nove combates ao lado do pai, não sendo os únicos, pois esteve, também, sob o comando do sargento Manuel Figueiredo, na renhida luta contra o cangaço.

Odilon Nogueira de Souza passa a fazer parte do contingente da Força Volante de Pernambuco no ano de 1923. Antes, porém, como a maioria e como dissemos acima, como tantos sertanejos, já havia trocado tiros com cangaceiros.

Com a travessia das águas do “Velho Chico” pelo “Rei do Cangaço”, em 1928, o interior pernambucano tem um pouco de paz. Lampião, um ano depois de estar em terras baianas, começa a mostrar para que tivesse ido. Então, em 1929 vários pernambucanos que deram-lhe combate, foram ‘convidados’ pelas autoridades baianas para darem combate ao banditismo rural, na tentativa de que se alastrasse mais. Tanto Odilon Flor como seus irmãos Euclides e Manoel, assim como seu primo Manoel Neto, mais Hercílio Nogueira, Arconso Flor e Davi Jurubeba estão na lista dos convocados para lutarem fora de seu torrão natal.

Odilon pode ser considerado um guerreiro nato contra cangaceiros. Ele os combateu, além da terra natal, Pernambuco, em mais cinco, dos sete Estados nordestino em que Lampião estendera sua ‘malha protetora’. 

Os homens que formaram sua volante ficaram conhecidos e temidos nos rincões da caatinga sertaneja.

Quando o cangaço é retirado de uma vez por todas da região Nordeste, o filho de João Flor é designado para atuar como Delegado, sendo sargento tinha esse direito, em várias cidades da Bahia. Segundo pesquisadores, assume o cargo de Delegado Regional, na cidade baiana de Itabuna, onde, em 7 de novembro de 1950 vai a óbito, vítima de um câncer na garganta, onde encontra-se sepultado. em que a guerra entre os fazendeiros de cacau estava no auge. Está sepultado em Itabuna/BA.

Fonte Obras e blogs citados(as)
Foto “O Canto do Acauã” – FERRAZ, Marilourdes
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LAMPIÃO, OS BODES E A MÁQUINA DE COSTURA

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de outubro de 2014 - Crônica Nº 1.285

Esse trabalho inédito, não pode ser copiado sem seguir as normas da ABNT e nem plágio no todo ou em parte.

Disse João Bezerra, após Angicos, que havia ficado, entre outras coisas, com o lenço que estava no pescoço de Lampião e a máquina de costura de Maria Bonita. Vejamos:

No dia 21 de julho de 1938, Lampião amanheceu na grota dos Angicos e acampou com mais de quarenta homens no leito do riacho seco Ouro Fino, também chamado Angico. Ele e seus cabras, até o dia 27, entre os de comer e de levar, haviam abatido 36 bodes na fazenda da família da viúva de Cândido Rodrigues Rosa, dona Guilhermina. Contava os caprinos pela quantidade de couro acumulada.

No dia 26, à tardinha, enquanto Luiz Pedro cortava pano para fazer roupa e bornais do recém-chegado José, sobrinho do chefe, Lampião chamou os coiteiros Vicente e Manoel Félix. Mandou-os que fossem à casa de dona Guilhermina (mãe de Pedro de Cândido), do outro lado do morro das Perdidas e margem do riacho Forquilhas buscarem a máquina de costura.

No dia 27, Durval, irmão de Pedro de Cândido, chega ao coito de manhã. Lampião pede que ele venha no outro dia pela manhã para PEGAR A MÁQUINA DE COSTURA DA SUA MÃE, LEVÁ-LA DE VOLTA E RECEBER O PAGAMENTO DO CONSUMO DE CARNES DE BODE.

Na madrugada do dia 28, Lampião foi morto. A família da viúva dona Guilhermina perdeu de receber o dinheiro dos 36 bodes e a devolução da sua máquina de costura que ficou com o, então, tenente João Bezerra.

Lampião morreu devendo os bodes à família dos coiteiros.

Como Bezerra diz que ficou com a máquina de costura de Maria Bonita? Aqui está bem claro: a máquina de costura manual, não era de Maria Bonita que nem costurando estava. A máquina era de dona Guilhermina, não devolvida. O tenente devia saber disso, pois sabia de tudo. Quem da família de Pedro teria coragem de reclamar a máquina de costura? O mais importante era a vida que Pedro de Cândido e seu irmão Durval acabavam de ganhar.

Portanto, supomos que para manter o status de matador, movido pela vaidade camuflada, o tenente João Bezerra tenha apresentado o objeto como sendo da mulher de Virgolino.

Coitada da dona Guilhermina! Quase fica sem dois dos quatro filhos, perde o dinheiro de um rebanho de bodes e ainda por cima sua máquina de costura!

E vá Maria Bonita andar nas caatingas de máquina à cabeça! Tinha graça!

·         Baseado no Livro “Lampião em Alagoas”.

·         Contato com autores: clerisvaldobchagas@hotmail.com

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