Sob à mística
e a força da PEDRA DO REINO São José do Belmonte se prepara entre os dias 11 a
14 de Outubro de 2018 para receber o CARIRI CANGAÇO
A FASCINANTE
ROTINA DE UM CARIRI CANGAÇO
Quando se fala
em evento do Cariri Cangaço, aqueles que nunca participaram de seus percursos
nem de suas rotinas, certamente imaginarão um encontro de pesquisadores e
apaixonados pelo cangaço ou outro tema nordestino, e estes envoltos em
discussões, palestras e debates. Também assim, mas é muito mais. É
infinitamente mais e maior que tudo aquilo que possa imaginar quem ainda não
teve o prazer e a honra de ostentar sobre o peito o distintivo de participante.
Basta saber que não há aquele que participou uma vez e não tenha vontade de novamente reencontrar o belo e fascinante mundo do Cariri Cangaço. É curiosidade que se torna em prazer, é encanto que se torna em hábito, é costume que se torna em verdadeira necessidade de estar sempre presente e interagindo com as páginas abertas de um grande livro. Páginas sobre o cangaço, sobre o misticismo nordestino, sobre a musicalidade de raiz, sobre os conflitos sociais sertanejos, sobre vastos personagens que deram o mote na escrita da história.
Como bem afirmado na sua apresentação oficial: O Cariri Cangaço é um evento de cunho turístico-cultural e histórico-científico que reúne os mais destacados pesquisadores e historiadores das temáticas sobre o cangaço, coronelismo, misticismo, messianismo e correlatos ao sertão e ao Nordeste do Brasil, configurando-se como o maior e mais respeitado evento do gênero no país.
Mas nada acontece ao acaso. Nenhum local escolhido para os eventos de cada ano, já estará pronto para receber os participantes – ou caririenses – se não houver um longo e cuidadoso trabalho de campo, de conhecimento, de delimitação, de escolhas e confirmações. E inicialmente cabe ao menestrel Manoel Severo, responsável maior pelo sucesso de todo e qualquer evento, realizar todo um trabalho de pesquisa e de contatos, projetando daí as datas, os patrocínios, os locais de estadia, as visitações preliminares aos destinos históricos e culturais, a escolha dos eventos de cada dia, as palestras e os palestrantes, as homenagens, toda a programação, enfim.
E depois disso, ainda sob a batuta de Manoel Severo, sempre consultando e ouvindo o Conselho Consultivo do Cariri Cangaço, bem como as comissões e autoridades locais, toda a programação passa a ser divulgada e o chamamento aos interessados soando como um grito de “Gado no pasto, mas dessa vez a cabroeira vai estar em… em Juazeiro, em Crato, em Barbalha, em Missão Velha, em Aurora, em Barro, em São José de Princesa, em Porteiras, em Lavras da Mangabeira, em Sousa, em Nazarezinho, em Lastro, em Água Branca, em Piranhas, em Exu, em Floresta, dentre outros locais. E também, ainda este ano, em Serra Talhada, em Poço Redondo, em SÃO JOSÉ DO BELMONTE, em Fortaleza, e até Portugal”.
Ao chegar as datas, as viagens que são como verdadeiros passeios histórico-culturais pelas distâncias nordestinas. E na chegada os reencontros, os abraços, as boas surpresas, os convívios durante aqueles dias. Os hotéis e as pousadas, como casas destinadas exclusivamente aos participantes, transformam-se em verdadeiras varandas para os proseados, os saudosismos, as dúvidas que são tiradas na boca do forno. Mesas de café da manhã onde todos se juntam e entre um cuscuz e uma fruta, uma xícara de café e um copo de suco, vão se irmanando ainda mais, afeiçoando ao que Severo acertadamente chama “Família Cariri Cangaço”.
A partir de então e durante os dias seguintes, a família Cariri Cangaço passa a cumprir os rituais e os percursos da programação. As manhãs e as tardes geralmente são destinadas às visitações, através de deslocamentos até os locais históricos que fazem parte do contexto do tema escolhido. Locais de embates cangaceiros, casarões coronelistas, povoações cujas sagas continuam vivas na memória e na história, marcos de um passado sangrento ou glorioso, museus, memoriais, igrejas, capelas, fundações de um tempo de homens valentes e destemidos. Os deslocamentos em ônibus destinados exclusivamente aos participantes são uma festa à parte, onde cada percurso se torna prazeroso pelo convívio alegre e harmonioso entre todos.
São nos debates e nas palestras que surgem as surpresas, as novas teses, os novos desvendamentos, as revelações. A dita e a contradita, a aceitação e a contestação, vão aclarando os conhecimentos e fazendo surgir novos olhares sobre temas já tidos por muitos como de única feição. Assim, verdadeiros livros vão sendo escritos a cada Cariri Cangaço surgido, ali mesmo, no calor da hora e da força expositiva. Mas nada mais gracioso e singelo que as homenagens promovidas pela Família Cariri. Nos olhos e no pulsar de cada homenageado a profunda sensação de alegria e prazer. E surgem os merecidos aplausos, mas principalmente as lágrimas, as muitas lágrimas.
E após participar de alguns eventos caririenses, eu confesso agora que fui descobrindo os motivos de o meu pai Alcino Alves Costa sempre retornar com o ânimo refeito após cada viagem que fazia. Voltava feliz pelos amigos reencontrados, pela estadia entre os seus, pelos novos conhecimentos que trazia. Voltava feliz pelo convívio com sua Família Cariri Cangaço.
Rangel Alves
da Costa
Escritor e Conselheiro do Cariri Cangaço
Escritor e Conselheiro do Cariri Cangaço
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