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quarta-feira, 7 de março de 2012

FOTOS DE CANGACEIROS

Maria Gomes de Oliveria - Maria Bonita
Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião - exibindo o seu vingativo punhal
Lampião e seu respeitado bando de cangaceiros - Foto tirada no ano de 1927, e revelada em Mossoró-RN.
Bando de cangaceiros de Lampião - Ele é o primeiro da esquerda e Maria Bonita à direita da da foto
Subgrupo de cangaceiros de Lampião, comandado pelo cangaceiro Corisco - Corisco é o primeiro da esquerda e sua companheira Dadá ao seu lado.
Grupo de cangaceiros de Lampião. 
O número 1 é Lampião. O 2 é seu cunhado Virgínio Fortunato. O 3 é o ferrador do bando, o Zé Baiano. O 4 é Alvoredo.

O primeiro à esquerda é o cangaceiro Luiz Pedro, Maria Bonita e possivelmente Lampião à direita
À esquerda é o cangaceiro Corisco. à direita, segundo Kidelmir Dantas, é o cangaceiro José Alves da Matos, o Vinte e Cinco.

 

Filho de Lampião 


Matéria publocada no blog Espaço Cultural no dia 19 de junho de 2008


Cada um dos debatedores falou durante dez minutos sobre “Lampião e o Mito”. A novidade foi a descoberta feita pelo historiador e pesquisador João de Souza Lima sobre a existência de um filho do cangaceiro, Ananias Gomes de Oliveira, conhecido por “Pretão”, residente em Santo Amaro, São Paulo.

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De acordo com os historiadores, Lampião e Maria Bonita tiveram uma única filha, Expedita Ferreira, nascida em 1932, única sobrevivente das quatro gestações de Maria Bonita, que foi criada anonimamente por “coiteiros”. Com 76 anos, Expedita vive hoje em Aracaju (SE) e se negou a fazer exame de DNA para confirmar ou desmentir a existência do irmão.

Autor de quatro livros sobre o cangaço, João de Souza Lima, que reside em Paulo Afonso (BA), se tornou conhecido por ter localizado, em Minas Gerais, os cangaceiros Antônio Ingnácio da Silva, o “Moreno”, e Durvalinha Gomes de Sá, conhecida como “Durvinha”.

Nas pegadas do cangaço, o escritor ouviu muitas histórias. Uma delas relatava um segredo guardado a sete chaves. Ao perguntar a um primo de Maria Bonita sobre o casal de gêmeos irmãos da mulher de Lampião, o interlocutor disse: “Irmão, não. O Ananias, que tem o apelido de ´Pretão´, é filho de Maria Bonita e Lampião”. O primo da cangaceira complementou dizendo: “Você já percebeu que Ananias é diferente do seu irmão Arlindo. Um é preto e o outro é moreno. Você já viu gêmeos diferentes?”.

Com o levantamento da suspeita, o escritor aprofundou as investigações e confirmou com outros parentes de Maria Bonita que Ananias é filho do casal de cangaceiros. Foi a própria mãe de Maria Bonita, dona “Déa”, que criou os dois meninos como gêmeos, mas sabendo que Ananias era seu neto, filho do casal cangaceiro.

A revelação foi confirmada pelo historiador Antônio Amaury Correia, que descobriu um relato feito pelo major reformado do Exército, José Mutti, no livro “Reminiscências de um Ex-combatente de Volante”. O militar diz que a mãe da Maria Bonita lhe confidenciou que Ananias era filho de Lampião.

Para o escritor cratense Magérbio Lucena, a informação tem fundamento. “Do ponto de vista histórico, tem sentido. Maria Bonita e sua mãe tiveram filhos na mesma semana”, Lembra Magérbio, acrescentando que, para o casal de cangaceiros, era mais prático a criança ficar no anonimato.

Não é a primeira vez que aparecem supostos filhos de Lampião e Maria Bonita. Na década de 80 , surgiu em Juazeiro do Norte, João Ferreira de Silva, um ex-lutador de boxe conhecido por “João Peitudo”, que se dizia filho de Lampião e Maria Bonita. Ele morreu em 1994, de ataque cardíaco.

João submeteu-se a dois exames de DNA para tirar as dúvidas sobre sua filiação. Mas os resultados foram considerados inconclusivos. João Peitudo dizia ter nascido em 1938, no meio das caatingas e fora entregue por Maria Bonita a dona Aurora Maria da Conceição, com apenas 42 dias de nascido. E para não perder o filho de vista, Lampião teria furado suas duas orelhas com a ponta de punhal, segundo contava-se.

Este fato foi contestado por Vera, neta de Lampião e Maria Bonita. Ela adverte que quem pesquisa o tema sabe que os cangaceiros não marcavam os filhos com nenhum tipo de ferimento. Outro engano apontado por Vera refere-se à data de nascimento. João, segundo ela, nasceu em 1942, “quando meus avós já estavam mortos”. João morreu, tentando provar que era filho de Lampião.

CONVIDADO ILUSTRE

Militar participa como ouvinte

Serra Talhada. Outra novidade foi a presença do ex-integrante de volante, João Gomes de Lira, 94 anos, tenente reformado do Exército que entrou na força com 18 anos para perseguir Lampião. Mesmo tendo curso primário incompleto, escreveu o livro “Lampião - Memórias de um Soldado de Volante”, com dois volumes. A presença do militar foi uma surpresa para os presentes.

Lira chegou à Câmara Municipal de Serra Talhada, onde estava havendo o encontro, acompanhado de um dos seus filhos. Ele veio de Genezaré, a 42 quilômetros, para ouvir os debates sobre o cangaço. Apesar de assediado pelos escritores, assistiu tudo em silêncio. Lamentou não ter trazido o seu livro para o público.

O escritor pernambucano, Antônio Vilela de Souza, colocou lenha na fogueira em torno do suposto heroísmo do tenente João Bezerra da Silva, comandante da volante que matou Lampião. Vilela diz que, de acordo com as pesquisas, o herói daquele ataque ao grupo de Lampião foi o aspirante Francisco Ferreira de Melo, que servia no quartel da PM em Santana do Ipanema e foi indicado para integrar a volante do tenente Bezerra, no dia do cerco a Angico, em Sergipe.

As informações davam conta de que o tenente Bezerra não iria matar Lampião, porque ele e o sargento Aniceto eram casados com a filha de um coiteiro do cangaceiro. O escritor garante que foi o aspirante Ferreira quem tomou a iniciativa do combate ao bando.

O escritor tenta corrigir outra injustiça. Ele diz que pouca gente fala no soldado Adrião Pedro de Souza, que morreu no cerco de Angicos. “Os historiadores só falam nos cangaceiros mortos”, lamenta.

Fonte:

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LAMPEÃO DE A a Z

Autor: Paulo Medeiros Gastão
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Luiz Gonzaga e a Homenagem a cidade de Paulo Afonso

Por: João de Sousa Lima
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A cidade de Paulo Afonso foi uma das homenageadas pelo Rei do Baião.
A música Paulo Afonso lançada em 1955 é um dos clássicos de Luiz Gonzaga com a parceria de Zé Dantas.
Durante os dias 20 de julho a 5 de agosto de 2012 será realizado em Paulo Afonso uma mostra cultural em homenagem aos 100 anos do saudoso artista.

Extraído do blog João de Sousa Lima, escritor e pesquisador do cangaço.

[Cangaço na Bahia] 17 de novembro de 1926, no “A Tarde”

Por: Rubens Antonio
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PETROLINA AMEAÇADA
Lampeão e o seu bando rondam por perto
JOAZEIRO, CIDADE FRONTEIRA, CORRE SERIO PERIGO

Affeito, já, ás mais audaciosas tentativas, algumas das quaes coroadas de pleno exito, o homem que, actualmente, encarna a expressão maxima do cangaço nordestino, investe, agora, contra Petrolina, no Estado de Pernambuco.

Si a audacia do bandido o levar a arremetter ás claras, lealmente, temos fartas razões para crer no insuccesso de sua empreza! – porque o governo do Leão do Norte mobilisou, sabiamente, ali, o unico elemento capaz de se haver com o cangaceiro: - o sertanejo.
Os homens que compõem a força, sob o commando do major Theophanes, não conhecem as manobras militares, nem vestem farda. Usam alpercatas de rabicho, cartucheira bordada, parnehyba e carregam o fizil com a deselegancia do jagunço. Lutam, liberrimos, sem as peias das formações de combate.
Cada qual faz por si, negaceando e avançando sempre para a realização do intento collectivo: e são efficientes, por isso.
Mas, poderá se dar o caso de uma surpreza terrivel.
O cangaço não é romantico: - é pratico: á victoria conquista, palmo a palmo, a lances dramaticos de heroismo, Lampeão ha de de preterir o assalto subito, estonteante, quando as ruas estiverem desertas e a noite lhe for cumplice.
Disseminada a cabroeira, aos poucos, pela cidade, - o estallo secco do primeiro cartucho queimado, mais outro, e outro mais, até que se fundam em fuzilaria atroante.
E emquanto o panico tumultuar na terra assaltada, osque, e a retirada, rapida e inevitavel, para a caatinga, onde seria uma temeridade procural-o...
Deve ser esse o plano do bandido: - porque é assim que se faz no cangaço...
E se desmoralizada for, por esse golpe, de astucia, a phalange cabocla da guarnição de Petrolina, Joazeiro, que dista dali apenas alguns minutos em paquete, soffrerá, certamente, si não tiver uma organisação forte de defesa: forte em numero e armas, e forte na pratica desse genero de lutas.
AS PRIMEIRAS NOTICIAS DO BANDIDO
As primeira noticias da approximação do bandido foram aqui recebidas pelo coronel Octacilio Nunes de Souza, através do seguinte telegramma:
- “Octacilio Nunes – Bahia – Lampeão novamente proximidades Bôa Vista, destino Petrolina. Providencie junto governador enviar forças urgente aqui defesa cidade. estamos seriamente ameaçados”.
Immediatamente o coronel Octacilio endereçou ao sr. Estacio Coimbra, o telegramma abaixo
“Dr. Estacio Coimbra – Rio – Lampeão approxima-se Bôa Vista destino Petrolina. População alarmada abandona cidade. Rogo vossencia energicas promptas providencias lembrando intimas relações vossencia governo Bahia. Este poderia mais presteza assegurar garantias. Cordiaes saudações.
(a) – Octacilio Nunes de Souza”.

Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço:
Rubens Antonio,
 do blog "Cangaço na Bahia".

Lampião processado

Por: Raul Fernandes
Processar bandidos famosos, no interior, era tarefa irrealizável. Em Água Bela, Pernambuco, instalaram o processo contra Lampião e seu Bando. Não encontraram os réus e nem as testemunhas se apresentaram. Em, 1928, fizeram nona tentativa, sem resultado. No Rio Grande do Norte, a justiça manifestou-se, prontamente. Dr. Ovídio Henrique da Costa, juiz da comarca do município de Martins, assinou o mandato de prisão preventiva do grupo de Lampião, enumerando o nome dos chefes e acompanhantes. Dois meses mais tarde, a sentença fora sustentada pelo juiz da referida comarca, Dr. Silvério Soares de Sousa.

Angico - O fim de Lampião - 1938

Casa da mãe do coiteiro  Pedro de Cândido

Em 28 de julho de 1938, um dos coiteiros de Lampião, Pedro de Cândido, foi  torturado pela polícia de Alagoas, e não tendo outro meio de se livrar das torturas, foi obrigado indicar o local onde se encontrava o bando de cangaceiros.
“Coito com uma entrada só é cova de defunto”. Palavras de Corisco


Local do combate foi visitado por repórteres e curiosos. O ataque, feito por 48 homens, durou apenas 15 minutos. Os cangaceiros foram surpreendidos. Além disso, os soldados possuiam armas melhores. Na época, o bando de Lampião era composto por 70 pessoas. No dia em que foram encontrados, 36 estavam em Angico. Onze morreram. Acredita-se que o corpo à direita seja de Maria Bonita.

A dama de ferro

Por: Clóvis Barbosa
Golda Meir

É fato sabido. Em 1972, por ocasião dos jogos olímpicos de Munique, o prédio onde estava a delegação de Israel foi tomado por terroristas do grupo radical Setembro Negro, sob o comando do saudoso Nobel da Paz Yasser Arafat (que ironia). À época, a primeira-ministra judia, Golda Meir, solicitou ao premiê da República Federal Alemã, Willy Brandt, autorização para que as Forças de Defesa de Israel (o Tzahal) interviesse, invadindo o complexo olímpico. O pedido foi negado. Aconselhou-se Golda Meir a negociar com os terroristas. A resposta da primeira-ministra foi acachapante: "Esses alemães, não conhecem o 11º mandamento: "jamais negociarás com terroristas"". Conseqüência: o exército alemão entrou em ação. Morreram todos os terroristas e todos os atletas judeus. Não fica-ria por aí. Golda Meir determinaria que o Mossad liqüidasse os responsáveis por aquele atentado, o que foi parcialmente feito. Desse episódio, todavia, marcou-me a máxima de jamais negociar com terroristas.
Interessante. Esse fato ficou martelando durante o passar do tempo. Martelando e incomodando. Ele, por exemplo, ressurgiu em meus olhos quando fui Conselheiro Federal da OAB. Ali, convivi com expressivos nomes do mundo jurídico brasileiro. Dentre tantos, impressionou-me, pelo amor à constituição, o jurista cearense Paulo Bonavides. O nosso Carlos Britto e o potiguar Paulo Lopo Saraiva foram dois outros nomes que defendiam, com faca nos dentes, nossa carta cidadã. Certa vez, durante um evento da OAB, em São Paulo, desloquei-me, num mesmo transporte, para Guarulhos, ao lado de Bonavides. Durante o trajeto, decepcionado com a mutilação que se fazia na CF, ele me dizia que era preciso criar um Partido, o PC: Partido da Constituição. Ele reclamava das mudanças periódicas no seu texto, muitas vezes para atender interesses casuísticos. Era preciso, segundo ele, preservar as instituições e as conquistas democráticas. O respeito à Constituição seria conditio sine qua non para a caminhada à cidadania. Norberto Bobbio, em "O Futuro da Democracia", afirma que o respeito às normas e às instituições da democracia é o primeiro e mais importante pilar para a renovação progressiva da sociedade, inclusive em direção a uma possível reorganização socialista. Nesse sentido foi que nossa carta de 88 estabeleceu, como um de seus mais relevantes objetivos, construir uma sociedade livre, justa e solidária.
Para assegurar a liberdade, a justiça e a solidariedade, no entanto, seria preciso que seu arcabouço legislativo estivesse afinado com a vontade popular. A Constituição, por conseguinte, nasceu de uma Assembléia Nacional, convocada com o fim único de estruturar uma nova ordem constitucional para o país após a ditadura militar. Podemos dizer que, hoje, se vive numa democracia. Aliás, em "Sociedade Aberta e os seus Inimigos", Karl Popper ensina que a distinção essencial entre um governo democrático e um não-democrático é o seguinte: apenas no primeiro, os cidadãos podem livrar-se de seus governantes sem derramamento de sangue. Se é assim, a alternância de poder, no Brasil, sem maiores problemas, traduz uma realidade da nossa democracia (seria a transubstanciação da máxima de Rui Barbosa: "fora da lei não há salvação").
Infelizmente, porém, sabemos da dificuldade que se tem para fazer respeitar as regras legais pactuadas, principalmente neste momento de assembleísmo e corporativismo extremado, onde segmentos de servidores públicos se arvoram como donos da verdade e usam da força e da selvageria para fazer valer o que primitivamente desejam. Não se preocupam com a questão legal e, muitas vezes, ao invés de angariar o apoio da população (como se testemunhou no caso dos policiais militares da Bahia e dos bombeiros no Rio de janeiro), receberam sua antipatia. Não se está defendendo, aqui, o cerceamento dessas categorias. Elas devem debater pelos seus pleitos e buscar melhorias remuneratórias. Nem se pretende demonizar esta ou aquela liderança desses movimentos paredistas. O que se quer, agora, é resguardar a conquista do povo brasileiro que te-ve, a partir de 1988, a oportunidade única de nunca mais se ver atemorizado por um governo guiado por baionetas.
Não se pode deixar de acreditar na democracia e em um dos seus mais consagrados instrumentos, que Habermas chama "razão dialógica". Através dela, a linguagem e a argumentação preponderam dentro de uma liberdade comunicativa, cuja discussão, mesmo dentro de uma pauta de reivindicações, deve ter como alvo a melhoria das condições do povo. O conteúdo de qualquer discussão deve ser visto pelos olhos dos cidadãos e, em nenhuma hipótese, pelas lentes de quem pretende insurgir-se contra esses mesmos cidadãos. O intrigante, nisso tudo, é que a canção do soldado pugna, numa letra de beleza ímpar: "Nós somos da pátria a guarda, fiéis soldados por ela amados. Nas cores de nossa farda rebrilha a glória, fulge a vitória. Em nosso valor se encerra toda a esperança que um povo alcança. A paz queremos com fervor. A guerra só nos causa dor. Porém, se a pátria amada for um dia ultrajada, lu-taremos sem temor. Amor febril pelo Brasil no coração. E quando a nação querida, frente ao inimigo, correr perigo, se dermos por ela a vida, rebrilha a glória, fulge a vitória. Assim, ao Brasil, faremos oferta igual de amor filial. E a ti, pátria, salvaremos."
Fatos como os que ocorreram em Salvador não acham eco nesse hino, que aponta para uma profissão de fé. Pelo contrário, demonstraram a falta de respeito à cidadania, à constituição, ao estado de direito democrático e, principalmente, às suas instituições. Uma coisa é reivindicar direitos. Outra é o abuso, a prática de crimes e atos de vandalismo. Foi aterrorizante constatar que a maioria das vítimas da onda de violência, que tomou conta da Bahia, após a greve da Polícia Militar, foi morta com tiros na cabeça, em evidente ato de execução sumária. É, parece que, com isso, os militares não foram da pátria a guarda. Não foram fiéis soldados. Perderam o amor do seu país. As cores de suas fardas perdeu o brilho. Não houve vitória, mas derrota. A esperança do povo soçobrou. Não quiseram paz. Não demonstraram dor com a guerra, mas um prazer mórbido. Permitiram que a nação querida corresse perigo. Não salvaram as vítimas eliminadas com tiros na cabeça. Terrificante.
Isso lembrou Munique, em 1972. Golda Meir não quis negociar com o Setembro Negro. O que eles fizeram era inadmissível. Impor sua vontade, escudando-se em atletas inocentes. O governo brasileiro deve respeitar seus militares. Mas, tal qual Golda Meir, não pode ceder aos caprichos de quem põe a baioneta na garganta das massas. A Constituição é uma dama de ferro, que não pode ser oxidada pela chantagem de conjurados. Guardarei o 11º mandamento: não se negocia com quem pratica o terror.
Autor:   Clóvis Barbosa

Extraído do blog: "Folha do Delegado", do Delegado de Polícia Civil no Estado de Sergipe: Dr. Archimedes Marques

OS FESTIVAIS DE FOLCLORE DE NATAL DA DÉCADA DE 1950

Por: Rostand Medeiros

Sempre que leio algo relacionado a figura histórica de Djalma Maranhão, se torna sempre um exercício maravilhoso descobrir suas ações e realizações.
Djalma Maranhão é aquele ex-prefeito de Natal que queria ensinar os pobres a aprender a ler com escolas simples e práticas, que levava livros para os mais humildes em bibliotecas públicas volantes, que despachava em plena rua no meio do povo de sua querida cidade.
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O Prefeito Djalma Maranhão – Fonte - http://www.onordeste.com
Mas a mim espanta suas ações voltadas para o setor da cultura, principalmente com a realização dos Festivais de Folclore de Natal da década de 1950.
Ao ler o que ocorria naquele tempo e comparando as atuais ações governamentais a cultura popular em terras potiguares, me espanta como regredimos, como andamos para trás, como nós tornamos tão atrasados.
 NOTÍCIAS VINDAS DO RIO GRANDE DO SUL 
Devido aos inúmeros contatos conseguidos através do nosso blog “Tok de História”, conheci via e-mail o gaúcho Paulo Sergio Cardoso Schröder. Este funcionário público de Porto Alegre tem uma verdadeira adoração pela capital norte-rio-grandense, cidade que conheceu primeiramente através dos relatos do seu falecido pai, que aqui trabalhou na Base Aérea de Natal. Informou-me que seu genitor foi um assíduo espectador destes festivais, admirava as nossas danças e visitava a comitiva Sul-rio-grandense quando eles estavam em nossa cidade.
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Confesso que quando ele me enviou uma mensagem informando sobre estes eventos eu fiquei intrigado. Daí o Paulo me comentou que tinha vários recortes de jornais gaúchos e de outros estados comentando a repercussão das apresentações ocorridas nestes festivais.
Diante do meu interesse e desconhecimento ele escaneou o material e enviou tudo via e-mail.
O que li me espantou.
O primeiro festival havia sido realizado em 1956, o segundo em 1957 e o terceiro no ano seguinte, sempre nas últimas semanas de dezembro. Com seu espirito empreendedor, Djalma Maranhão convidava várias delegações dos estados brasileiros para apresentações folclóricas, debates, conhecer as nossas tradições, etc. A então capital natalense, com pouco menos de 160.000 habitantes, se engalanava e recebia seus visitantes.
Ao realizarem uma análise do evento de 1958, os jornais gaúchos apontavam o prefeito Djalma Maranhão como sendo “o primeiro e único dos prefeitos brasileiros a trilhar este esplêndido caminho. Exemplo que dada a importância do folclore para o conhecimento profundo do povo, merecia ser seguido por numerosos outros administradores, nos vários recantos do país” (Ver o jornal “A Hora”, Porto Alegre, 29 janeiro de 1959).
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Em 1958 a delegação do Rio Grande do Sul era comandada por Carlos Galvão Krebs, então diretor do Instituto de Tradição e Folclore. Eles realizaram uma concorrida exposição nos jardins do Teatro Alberto Maranhão sobre a cultura de sua terra. Entre o material exposto estavam pinturas de artistas gaúchos como Carlos Scliar. Houve até uma canja nos jardins do teatro com musicas e danças gaúchas.
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Dança gaúcha com a participação de Isolde Helena Brans e Antônio Augusto da Silva Fagundes, nos jardins do Teatro Alberto Maranhão
Naquele ano o pessoal do sul aproveitou e foi até mesmo conhecer uma salina em Macau e uma vaquejada. Esta última ocorreu em uma propriedade rural próxima a cidade de Ceará Mirim e o grupo foi recepcionado pelo prefeito Roberto Varela. O próprio Krebs chegou a escrever uma interessante reportagem comparativa entre o trabalho do vaqueiro encourado nordestina e o vaqueiro dos Pampas (publicada no jornal porto-alegrense “Correio do Povo”, edição de 25 de janeiro de 1959).
MOVIMENTAÇÃO FOLCLÓRICA NA CAPITAL POTIGUAR
Mas os jornais gaúchos não comentaram apenas sobre a passagem dos membros do Instituto de Tradição e Folclore do Rio Grande do Sul por terras natalenses. Trazem muitos detalhes sobre os acontecimentos do festival e sua repercussão entre os potiguares.
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Em um restaurante típico da capital potiguar, o prefeito Djalma Maranhão apresenta uma tradicional caranguejada
Na programação do segundo Festival, traçada por Djalma Maranhão, constava a exibição de inúmeros folguedos, principalmente na noite de 24 de dezembro. Os jornais gaúchos descreveram uma marca muito interessante destes eventos: a existência de vários palcos espalhados em diversos pontos da capital.
Havia as apresentações no Teatro Alberto Maranhão, mas eram em simples tablados de madeira, espalhados em bairros de gente humilde e naquilo que então era denominado de periferia, que as manifestações brilhavam com mais intensidade.
Havia no centro da cidade, em plena Avenida Rio Branco, com o comércio aberto para aproveitar as compras de fim de ano, o palanque apresentando a desenvoltura do Fandango do Alto do Juruá. Ocorriam apresentações de Lapinha na Avenida Presidente Quaresma, no bairro do Alecrim, ou quem estivesse no então periférico bairro de Lagoa Seca poderia assistir um tradicional Pastoril, ou ver uma Chegança no pouco povoado Morro Branco. Tinha ainda o Bambelô de Mestre Calixto no Canto do Mangue e o Boi Calemba no tradicional bairro das Rocas.
Temos relatos que havia apresentações do Congo de Calçola, Congos de Saiote, do Congo de Rêgo Moleiro e da tradicional Chegança do bairro das Rocas. A dança da Araruna, certamente com a participação do falecido Mestre Cornélio Campina, apresentada pela Sociedade Araruna de Danças Antigas, foi também comentada.
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Luiz da Câmara Cascudo conhecendo aspectos do folclore gaúcho em terras potiguares 
Na opinião dos jornalistas do sul do país o que Djalma Maranhão fez de mais interessante foi oficializar e incentivar os muitos grupos folclóricos que havia na cidade, criando condições ara a realização de apresentações na época dos festejos juninos e nos autos de natal.
Além de incentivar os grupos, o prefeito apoiava as principais sociedades folclóricas. Além do grupo Araruna havia o Camaleão de Igapó, o Caranguejo, o Arraial de Luiz Antônio, o Pastoril Sempre Viva e o Pastoril Asa Branca.
Informam os jornais que em muitas destas apresentações havia inicialmente uma pequena palestra introdutória realizada pelo escritor, educador e bacharel Moacyr de Góes, que na época era Chefe de Gabinete do Prefeito Djalma Maranhão.
Sobre estes simples palcos, só posso comentar que eles em nada se comparam aos atuais palcos “high tech”, para apresentações de novas bandas musicais de gosto extremamente duvidoso, ditas “da terra”. Estas bandas são mostradas como “um ação para divulgar a nossa cultura para o povo” e contratados a preço de ouro pelos governos locais, onde casos recentes apontam que muito do ouro público acaba escorrendo em falcatruas terríveis.
Contam os jornais gaúchos que no Festival de 1957 houve até mesmo uma “serenata sentimental”, a meia noite, na Praça André de Albuquerque.
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Mesa de debates sobre folclore
Já no terceiro festival, um dos pontos altos comentados foi o lançamento no dia 30 de dezembro de 1958, na livraria Ismael Pereira, do livro “Superstições e Costumes”, de Luiz da Câmara Cascudo. Não podemos esquecer que o dia 30 de dezembro também se comemorava o aniversário do autor.
E TUDO SE PERDEU!
Apesar da gentileza do amigo gaúcho Paulo Schröder em passar este maravilhoso material, estas manchetes acabaram gerando uma situação complicada para mim; tentar explicar porque nada disso existe mais em Natal!
O Paulo já esteve visitando a nossa quente terra e conheceu suas belezas, mas pouco viu de sua cultura popular. Apenas teve de se contentar com as interessantes, mas limitadas, apresentações folclóricas da casa de espetáculos “Zás-Trás”, que inclusive já cerrou as suas portas.
Uma das explicações ao amigo gaúcho estava apontada na declaração de Gumercindo Saraiva, em uma reportagem intitulada “As tradições do ciclo natalino”, publicada no jornal potiguar “Tribuna do Norte”, edição de 6 de dezembro de 1981.
Neste trabalho Gumercindo comentava que naquele ano “A Prefeitura Municipal (de Natal) já não se entrosa com os folguedos e a Fundação José Augusto (entidade do governo estadual potiguar destinada a incentivar a cultura) nada pode fazer, uma vez que não dispõem de assessores interessados em conhecer Fandangos, Pastoris e Congos”.
Se há trinta anos o desinteresse governamental já era assim, imaginem agora!
Não posso esquecer que neste nosso blog “Tok de História” apresentei um texto onde elogiava a iniciativa do atual governo do nosso estado, de enviar os nossos poucos grupos folclóricos atualmente existentes, para participarem de um festival de folclore em São Paulo. Já no começo do referido texto perguntava se esta ação seria “A mudança de um triste quadro?”.
Confesso que não sei responder.
Para martelar o último prego do caixão, me lembro de que há poucos anos levei um valente VW Santana que possuía, para concertar o motor de partida com o competente mecânico Biró, lá no bairro das Rocas. Ele é um homem enorme, da voz grossa, gestos tranquilos, extremamente competente no que realizava, que havia sido jogador do ABC F.C. (se não estou enganado) e me contou que adorava estas manifestações do folclore popular da época de Djalma.
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Maneira como Natal era apresentada turisticamente naquela época
Em meio ao concerto e ao bate papo ele me narrou que pertinho de sua oficina morava uma idosa senhora que nas priscas eras de Djalma Maranhão cansou de receber o Prefeito em sua casa e apresentar com extremo orgulho pela capital potiguar um belo Pastoril. Biró comentou que o grupo era uma verdadeira maravilha.
Mas o tempo passou, Djalma Maranhão morreu no exílio, o incentivo a cultura popular mingou e a pobre senhora era a pura melancolia agarrada as suas memórias.
Para aqueles que pensam que estas manifestações folclóricas incentivadas por Djalma Maranhão são “coisas de velho”, que hoje as modernas bandas de forró eletrônico são o que “o povo quer ouvir”, aconselho a dar uma olhadinha no que acontece em Pernambuco.
Todos os direitos reservados
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comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.

Extraído do blog: "Tok de História", do historiógrafo e pesquisador do cangaço
Rostand Medeiros

O que as lentes registraram !

Por: Aderbal Nogueira
Aderbal Nogueira
Caros amigos, segue um resumo de nossa viagem de carnaval na Caravana Cariri Cangaço-GECC. Fica nosso agradecimento a Diana Rodrigues, Assis Timóteo, Selminha, André Vasconcelos, Jairo Luiz, João de Souza e Alcino Costa, pela acolhida sempre cordial aos amigos que em suas terras pousam em busca da história.
O piano que faz as vezes de trilha sonora é de nosso amigo Lívio Ferraz, que nos brindou com um concerto na casa de Dr. Assis na cidade de Triunfo. No mais, nosso muito obrigado a todas as pessoas que estiveram presentes nessa gravação nos dando valorosa contribuição no resgate da história.
Agora é só acompanhar um pouco da Caravana neste vídeo, ou  na página seguinte.

Vídeo produzido por Aderbal Nogueira
Laser Vídeo
Aderbal Nogueira - Laser Vídeo

Cariri Cangaço

Caravana Cariri Cangaço - GECC

Por: Laser Vídeo
 
 

Vídeo produzido por Aderbal Nogueira
 
Laser Vídeo
Diretor do GECC - Sócio da SBEC
Conselheiro ariri Cangaço

 Cariri Cangaço

BRASIL COLONIAL: DO PARAÍSO AO INFERNO DAS REBELIÕES

Por: Cristiano Catarin
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A obsessão pela rota das Índias (terra das especiarias) fez com que o reinado português, especialmente nos séculos XV e XVI, investisse em esforços para realização de grandes expedições marítimas. O fato é que Portugal, neste período, mostrou ser uma importante potência marítima, possuidora de um conhecimento apurado com respeito às técnicas de navegação. A “empresa marítima” portuguesa contava ainda, com pilotos competentes como: Diogo Cão, Bartolomeu Dias, Vasco da Gama, entre outros. A famosa “Escola de Sagres” foi desenvolvida pelo então Infante D. Henrique, com objetivo de reunir mestres das artes e das ciências da navegação.
Seguindo os mesmos ares do interesse luso, a realeza espanhola decidiu acreditar nas teorias e cálculos do genovês Américo Vespúcio (alimentado com a mesma pretensão de atingir as Índias). Vespúcio, ao manter o primeiro contato com o litoral brasileiro em 1501, ficou vislumbrado com tamanha beleza “espalhada”, embora imaginasse ter atingido as Índias. Américo Vespúcio chegou a comparar a nova descoberta com o Jardim do Éden (registrado no livro de gênesis da Bíblia). O verde era exuberante, abundante, totalmente envolvido por um azul puro do céu. Havia uma vasta extensão de terras, e as criaturas eram diversas. Realmente, a biodiversidade contida no litoral do Novo Mundo encantou os viajantes europeus. Pois, esta admiração e, sobretudo, reconhecimento frente à beleza presente no litoral brasileiro não foi expressa somente por Américo Vespúcio, outros personagens históricos também o fizeram (até mesmo antes do viajante genovês). Conforme exemplo da expedição de Pedro Álvares Cabral, que por meio de seu escrivão oficial da tripulação, Pero Vaz de Caminha, registrou dizeres similares (sobre a “nova descoberta”) em sua magnífica carta direcionada ao então, rei D. Manuel I, em abril de 1500. Caminha relata inclusive um amistoso relacionamento com os nativos do Novo Mundo, conforme trecho: “foram recebidos com muito prazer e festa”…. “mansos e seguros”. 
Havia, portanto, um ponto em comum com respeito aos adjetivos e comparações direcionadas ao Novo Mundo, tanto pelos portugueses quanto pelo genovês e sua tropa. 
Entretanto, o bom relacionamento estabelecido entre portugueses e ameríndios, cercados da beleza singular do local, logo se perderia com a falta de tranquilidade, marcada, sobretudo, pela disputa de terras e pela necessidade de mão – de – obra. A modificação deste ambiente contaria com a exploração, mais tarde, de africanos trazidos para o Novo Mundo. 
Ainda assim, é importante entender que o processo de colonização do Brasil abrigou muitos episódios revoltosos durante sua trajetória. O pacto colonial estabelecido entre colônia e metrópole (Portugal) gerou instabilidade política, refletindo fortes alterações econômicas e, sobretudo, sociais. Na metade do século XVII houve o revigoramento deste pacto, onde a política colonial provocou uma concentração de motins na região. Esta condição acabou alimentando um forte sentimento de descontentamento na colônia, visto que o comportamento da Coroa portuguesa oscilava entre episódios de liberalidade e outros de extremo controle e rigorosidade, principalmente na fiscalidade. 
MORTE A HOSPITALIDADE NATIVA 
Como mencionado, a carta de Pero Vaz de Caminha revela o tranqüilo clima inicial entre portugueses e nativos. Este clima envolvia até mesmo a troca de objetos e de favores, principalmente por parte dos nativos, que, por qualquer novidade lusitana, traziam alimentos (principalmente água pura, visto que a água armazenada nos navios estava podre devido à longa viagem) e ajudavam os brancos em atividades braçais. Porém, esta situação não duraria por muito tempo. 
No século XVI regiões como o sul da Bahia e a Companhia de São Paulo foram palcos de grandes conflitos envolvendo índios e brancos. Muitas vezes o maior número de nativos, comparados à população branca, estimulava e encorajava o desenvolvimento de conflitos. Estas revoltas nasciam de pequenos desentendimentos entre colonos e índios. Em 1567 explodiu uma revolta na Bahia, onde havia escravização generalizada de nativos. Nesta ocasião, proprietários de engenho foram atacados e mortos, fazendas foram destruídas, ocorreram fugas em massa, mobilizaram um maior número de nativos, plantações foram queimadas. 
Por outro lado, os colonizadores estavam dispostos a conquistar grandes extensões de terras para plantações e, sobretudo, criações de gado, especialmente na região norte. Em 1680, no Rio Grande do Norte, esta intenção dos portugueses desencadeou um grande motim por parte dos índios da nação dos janduís – este grupo apoiou os holandeses quando da invasão destes ao litoral brasileiro entre (1360-54) – daí o enorme temor quanto à possibilidade de serem escravizados. Neste conflito centenas de colonos foram mortos, a ferocidade dos janduís mostrou-se extrema. Todas as vítimas tornaram-se banquete para os nativos. 
Outro importante conflito que mereceu destaque no Brasil colonial fica por conta de uma espécie de resistência a escravização que “trabalhava” principalmente o lado espiritual (com traços do catolicismo) como proteção, denominada “Santidade de Jaguaribe”, ocorrida aproximadamente em 1580 na Bahia. Os participantes deste fenômeno eram índios, ex-escravos, e mais tarde, escravos foragidos. Eles acreditavam poder atingir o fim da escravidão. 
EM BUSCA DA “MELHOR” ESCRAVIDÃO 
O foco de resistência escravista na América portuguesa aumentava juntamente com o crescimento do número de escravos vindos da África. Na busca frenética pelo ouro, nas primeiras décadas do século XVIII, Minas Gerais chegou a abrigar o maior número de escravos já computados da América. As insurreições generalizadas tornaram-se mais comuns em meados do século XIX. Até então, havia resistências coletivas e individuais. 
Os quilombos eram modelos da resistência coletiva que nos revela uma condição surpreendente quanto aos objetivos de tal comportamento. Estes grupos de escravos não reivindicavam a destruição definitiva e imediata da escravidão, e sim, uma forma negociada (melhores condições) de conviver entre: senhores, africanos, mulatos e crioulos. 
O aumento da formação de quilombos (atingiu o número de 160 em Minas Gerais no século XVIII) e das fugas em massa acabou alimentando as revoltas em fazendas, como ocorrido em Camamu (região sul da Bahia), em 1691. Este levante provocou destruição de plantações, morte dos proprietários e seqüestro de mulheres e crianças. O conflito tornou-se uma insurreição coletiva com a catalisação dos escravos. 
Na Minas Gerais havia um verdadeiro caldeirão de inquietações, a região vivia sob o tormento da possibilidade de, a qualquer momento, sofrer um ataque generalizado dos escravos. O número de rebeliões até então, não acompanhava, nem de perto, o aumento da formação de quilombos. Segundo Carlos Magno Guimarães, o quilombo era uma forma de negação da ordem escravista. A população senhorial vivia sob forte tensão e ameaças de ataques por meio de planos secretos objetivando a morte de todos os brancos. 
Embora o espírito de revolta e descontentamento fosse o que tomara contra dos negros escravizados na colônia, percebemos que, nem sempre, a luta e resistência – seja ela individual ou coletiva – refletia na busca, por parte destes “revoltosos”, da liberdade absoluta. Para ilustrar este tipo de situação, vejamos o exemplo de um levante ocorrido aproximadamente em 1789, no Engenho de Santana, em Ilhéus (sul da Bahia), conforme relato: 
“Essa insurreição é especialmente surpreendente não por lances de violência ou radicalismo, mas porque ali os escravos amotinados redigiram um acordo que apresentaram ao proprietário com os termos para acabarem com a revolta. Verdadeira lição sobre os limites e as popularidades da insurreição escrava, nos termos do “tratado”, ao contrario do que se pode – e deve – imaginar, os escravos não reivindicavam a liberdade nem sequer mencionavam os castigos corporais. Pediam, isso sim, a substituição dos feitores e a participação na escolha dos próximos, melhores condições de trabalho – mais dias para cultivar lavoura própria, embarcação para levar seus produtos para serem comercializados na cidade, mais funcionários, etc.” Pág. 37 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O Brasil (do descobrimento ao colonialismo) conseguiu encantar os europeus viajantes e, ao mesmo tempo, despertou um acirrado interesse entre estes que mais adiante, provocaria um verdadeiro teatro de conflitos com a participação de “estrangeiros”, índios, brancos e negros. Os motivos que alimentaram as rebeliões estendiam-se a diversidade. Havia descontentamento pelas altas taxações impostas pela metrópole, pela falta de gêneros alimentícios para colonos e escravizados, pelo desequilíbrio político contido na relação entre colônia e metrópole, pela falta de regularidade no pagamento dos soltos dos militares (embora não tenhamos citado esta “fase” das revoltas coloniais), etc. O paraíso terrestre do Novo Mundo fora vencido pelos interesses de natureza infernal e européia. 
Referencia Bibliográfica
FIGUEIREDO, Luciano – Rebeliões no Brasil Colonial, Editora Jorge Zahar, RJ – 2005. 
Escrito por: CRISTIANO CATARIN

Extraído do blog:
"Tok de História", do historiógrafo e pesquisador do cangaço, Rostand Medeiros 

Há 84 anos, Lampião chegava a Mossoró

Por: Antonio dos Santos de Oliveira Lima
Lampião só reconheceu ter sofrido uma única derrota em vida: em 13 de Junho de 1927, quando foi posto para correr de Mossoró. Foi quando se viu que ele não era invencível. Tanto que, após o episódio, o cangaceiro tomou um chá de sumiço.
Ele desaparece de qualquer registro histórico por um ano. Lampião também deixa de atuar nos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Só em 28 que se têm notícias dele, pelos lados do Raso da Catarina, na Bahia.
A passagem de Virgulino Ferreira da Silva pela Capital do Oeste potiguar, tornou-se capítulo obrigatório em qualquer obra sobre o tema. Pelo menos as que se prezem.
De acordo com os estudos, da entrada de Lampião no território potiguar até o assalto a Mossoró, o bando gastou cerca de três dias. Da noite de 9 para 10 de Junho, os cangaceiros entraram em território potiguar, por Luís Gomes. No dia 12, chegou ao povoado de São Sebastião, hoje a cidade de Dix-sept Rosado. De lá, foi enviado um telegrama para Mossoró, avisando sobre a chegada do bandido. O prefeito organizou então um êxodo, montando as trincheiras para recepcionar os invasores.  
O apito da locomotiva da rede ferroviária suplantava o pânico dos mossoroenses. Os trens começavam a se movimentar, conduzindo famílias e quantos quisessem fugir de Mossoró. Durante toda a noite e na manhã seguinte, a ferrovia permaneceu ininterruptamente agitada.
Esvaziar a cidade foi uma grande estratégia do então prefeito Rodolfo Fernandes. Assim, quem ficou para o combate não ficou preocupado com a própria família, que estaria em casa.
Na vila de São Sebastião, Lampião havia incendiado um vagão de trem cheio de algodão e depredado a estação ferroviária. Havia também arrasado a sede do telégrafo uma modernidade sempre combatida pelo chamado rei do cangaço, na tentativa de impedir que o seu paradeiro fosse sendo informado e ajudasse a polícia a persegui-lo.
Até as primeiras horas da manhã do dia 13, muita gente havia deixado suas casas em Mossoró, que à época tinha cerca de 20 mil habitantes, hoje, são 250.000.
A força policial era composta por 22 soldados. O temor ao famoso cangaceiro não era brincadeira. Duas mulheres em pleno serviço de parto foram retiradas em macas para a cidade de Areia Branca, a quilômetros dali. Mas o esvaziamento não era só fruto do pânico. A estratégia da prefeitura que havia conseguido ajuda oficial em armas e munição, mas, não em combatentes era manter na cidade apenas os habitantes que estivessem armados.
O governo do Rio Grande do Norte, José Augusto, não acreditava que Lampião invadisse Mossoró, mas o Governo do Ceará, Moreira da Rocha forneceu armas e munição. Quanto mais vazio o lugar, na avaliação do coronel Rodolfo Fernandes, maior a chance de repelir o bando de cangaceiros.
Fazia tempo que Lampião planejava encarar o desafio de invadir Mossoró. O ataque foi idealizado pelo cangaceiro potiguar Massilon Leite Benevides, conhecedor da região.
Massilon confiava na negligência da população, que não acreditava num ataque de Lampião. Pouco antes de chegar à cidade, quando já estava no Sítio Saco, Lampião enviou o primeiro bilhete chantageando a prefeitura. Nele, pedia a quantia de 400 contos de réis para não atacar o município, um valor pelo menos dez vezes superior ao que costumava exigir em ocasiões semelhantes.
Na tarde de 13 de Junho, feriado de Santo Antônio, ele e o bando já se encontravam nos arredores do município potiguar. Com a negativa, vem o segundo bilhete ameaçador e a resposta: Lampião podia vir que o que tinha separado para ele era bala.
Sem resposta ao primeiro comunicado, Lampião, já impaciente, bufando de raiva, manda um segundo aviso.
”Cel. Rodolpho",
estando eu aqui pretendo é drº (dinheiro). Já foi um a viso, ai pª (para) o Sinhoris, si por acauso rezolver mi a mandar, será a importança que aqui nos pedi. Eu envito (evito) de Entrada ahi porem não vindo esta Emportança eu entrarei, ate ahi penço qui adeus querer eu entro e vai aver muito estrago, por isto si vir o drº (dinheiro) eu não entro ahi, mas nos resposte logo”.
Cap. Lampião.
"Virgulino, lampião. Recebi o seu bilhete e respondo-lhe dizendo que não tenho a importância que pede e nem também o comércio. O Banco está fechado, tendo os funcionários se retirado daqui. Estamos dispostos a acarretar com tudo o que o Sr. queira fazer contra nós. A cidade acha-se, firmemente, inabalável na sua defesa, confiando na mesma.
"Rodolfo Fernandes"
O coronel Rodolfo Fernandes e seus homens disseram não a Virgulino, para surpresa do mais temido cangaceiro de todos os tempos. A cidade tinha o dinheiro, informou o prefeito. Mas Lampião teria que entrar para apanhá-lo.
Às 16 horas daquele dia 13, caía uma chuvinha fina e havia uma neblina de nada sobre Mossoró. Foi quando os primeiros estampidos de bala ecoaram.
Lampião tinha 53 cangaceiros no seu bando. Não imaginava, porém, que iria enfrentar pelo menos 150 homens armados na defesa da cidade.
À tarde, por volta das 16h, começou o ataque. Lampião dividiu o bando em três grupos. Um atacou a casa do prefeito; outro a estação ferroviária; o terceiro rumou para o cemitério. Com a resistência armada, o bando recua cerca de uma hora após o início do conflito. Ficam para trás Colchete, morto, e Jararaca, ferido com um tiro no peito. Este último seria assassinado no dia seguinte e virou elemento de culto pelo povo da cidade.
No ataque, Lampião perdeu importantes cabras de seu bando. Colchete teve parte do crânio esfacelado por balas. E Jararaca, depois de capturado, foi praticamente enterrado vivo. Em menos de uma hora após o início da luta, sentiu que dominar a cidade seria praticamente impossível.          
Ordenou então a retirada da tropa, para evitar a perda de mais homens e não manchar ainda mais sua reputação. A partir desse momento a estrela do bando lentamente passaria a brilhar cada vez menos.
O mito do Lampião invencível caíra por terra, o que reanimou a força policial, que passou a enfrentar o rei do cangaço com menos temor.  Era o começo do declínio da carreira de Virgulino. Por causa do desastre no Rio Grande do Norte, as deserções no grupo foram consideráveis.
Mossoró, cidade conhecida por marcas pioneiras (como quando foi o primeiro município brasileiro a admitir o voto feminino de Celina Guimarães Viana, em 1934), passaria também à história por esse acontecimento que assombrou todo o Nordeste.
Até hoje, os filhos daquela terra se orgulham do feito de braveza ao contar que seus antepassados botaram Lampião para correr. Os inimigos do cangaceiro, entretanto, ainda teriam que esperar mais 11 anos pela morte do capitão, assassinado na chacina da gruta de Angicos, em Sergipe.
Lampião continuou sua carreira de invasões e arruaças até ser morto por um grupamento da Polícia Militar alagoana em 28 de Julho de 1938, na fazenda de Angicos, no município de Poço Redondo, Sergipe.
Com ele morreram: sua mulher, Maria Bonita, e os cangaceiros Luís Pedro, Mergulhão, Elétrico, Quinta-Feira, Caixa de Fósforo, Enedina, Cajarana e Diferente, todos mortos pelas volantes do tenente João Bezerra. 
Os que escaparam da chacina, posteriormente se entregaram lá em Jeremoabo, ao capitão Anibal Ferreira, que em vez de usar a razão, usou o seu nobre coração, liberando todos, e os encaminhando para voltarem à sociedade de homens trabalhadores e honestos.
Após o massacre de Angicos, apenas os grupos de Moreno e do cangaceiro Corisco insistiam em sobreviver. Mas vendo que sem Lampião não dava para continuar o seu movimento, no dia 02 de fevereiro de 1940, finalmente Moreno desistiu do cangaço, ficando no anonimato por quase setenta anos, sendo encontrado pelo pesquisador João de Sousa Lima.
Mas teimosamente, o cangaceiro Corisco tentava segurar o movimento social do seu rei, do seu companheiro e grande amigo, o Lampião.
Mas por má sorte,  no dia 25 de maio de 1940, finalmente Corisco foi assassinado pelas armas do tenente Zé Rufino, lá em Brotas de Macaúba e enterrado em Jeremoabo, no Estado da Bahia. 
Com ele foi sepultada a “Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia", que com amor, Lampião a administrou com prazer, boa extratégia e sabedoria.
Os mortos foram decapitados e suas cabeças ficaram expostas nas escadarias da igreja matriz de Santana do Ipanema, no sertão de Alagoas.
Luiz Gonzaga, com sua irreverência Cantava: “Lampião nera tão valente assim, levou uma carreira dos cabras de Mossoró. O pique foi tão danado que lascou o mocotó. Em 28 de Julho, do ano de 38, na Fazenda Angicos, em Sergipe, o Lampião se apagou, outros lampiões ficaram e matando muito mais de gravata e jaquetão”.
Palco de uma batalha perdida pelo bando de Lampião, a cidade de Mossoró organiza todos os anos "O Auto da Liberdade", que é um espetáculo teatral e musical Inspirado em quatro fatos históricos da cidade. O auto mostra a saga dos movimentos libertários e de vanguarda da cidade; o Motim das Mulheres (1875); a Abolição da Escravatura (1883); a Resistência ao bando de “Lampião” (1927); e o primeiro Voto Feminino da América Latina (1928).
O nome do pernambucano e ex-soldado do Exército, Jararaca era José Leite de Santana. Ele tinha apenas 22 anos, nos registros policiais, contudo, aparece com 26. Mesmo com um rombo de bala no peito, conseguiu gargalhar durante uma entrevista na cadeia. O cabra de Lampião dizia que era por causa das lembranças divertidas do cangaço. Fato é que, na cadeia, Jararaca virou atração pública na cidade potiguar.   
Quando já apresentava alguma melhora do ferimento, mesmo sem ser medicado, ouviu que seria transferido para a capital, Natal. Era mentira. Alta noite, da quinta para a sexta-feira, 18 de Junho, levaram Jararaca para o cemitério, onde já estava aberta sua cova. Pressentindo a armação, Jararaca diz: "- Sei que vou morrer. Vão ver como morre um cangaceiro!"
O capitão Abdon Nunes, que comandava a polícia em Mossoró, relatou dias depois os momentos finais do capanga de Lampião: Foi-lhe dada uma coronhada e uma punhalada mortal. O bandido deu um grande urro e caiu na cova, empurrado. Os soldados cobriram-lhe o corpo com areia. Pelas circunstâncias da morte, o túmulo de Jararaca virou local de romaria.
Até hoje as pessoas rezam e fazem promessas com pedidos ao cangaceiro executado que virou santo. Na terra do sal, do petróleo e da liberdade, Deus e o Diabo ainda andam juntos.
Dr. Lima
Cruz - Ceará