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sábado, 24 de novembro de 2012

Falando nisso... Luiz Cazuza

Por: Ângelo Osmiro Barreto

Luiz Cazuza e as rapaduras de Lampião

LUIZ CAZUZA

No ano de 1999 recebi convite do meu amigo Paulo Medeiros Gastão, primeiro presidente da SBEC (Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço) para participar d Tributo a Virgulino, evento a ser realizado em Serra Talhada, no Estado de Pernambuco, coordenado pelo escritor William. Combinamos de nos encontrar no sertão pernambucano, já conhecia Paulo de algum tempo, entretanto somente através de telefonemas ou cartas.

Paulo Medeiros Gastão

Até então, também não conhecia os locais onde aconteceram alguns episódios da história do cangaço, somente os livros eram minhas fontes de pesquisa.

Cheguei à Serra Talhada, ainda na sexta-feira, acompanhado de minha esposa, Socorro, grande incentivadora das minhas pesquisas.

No sábado pela manhã nos dirigimos à Fazenda São Miguel, reduto da família Saturnino/Nogueira, sem conhecermos ninguém. Saímos perguntando e acabamos encontrando o local do evento. Como estava ansioso para conhecer os locais que tanto me fascinavam nas leituras,    chegamos muito cedo à Fazenda São Miguel, local do Tributo a Virgulino naquele ano.


Estava entretido olhando as fotos expostas na parede do clube da fazenda, quando se aproximou de mim e de minha esposa, um senhor já bastante adiantado nos anos, mas de uma simpatia ímpar. Perguntou de onde éramos e o que estávamos fazendo ali. Quando respondemos de onde vínhamos e o que viéramos fazer em Serra Talhada, aquele senhor do riso fácil, disse não acreditar que havíamos viajado do tão longe para conhecermos aquelas histórias. Com sua espontaneidade não foi difícil para minha esposa à aproximação com as pessoas do lugar. Aquele senhor começou a nos mostrar os personagens daquelas fotos expostas na parede. Como principiante nas pesquisas em loco, fiquei encantado quando ele falou que era sobrinho de José Saturnino das Pedreiras, o primeiro inimigo de Lampião, estava convivendo com gente que fez da história, até então só conhecia as histórias dos livros, era fascinante.

Zé Saturnino - maior inimigo de Lampião

A empatia foi tão mágica que naquela mesma noite, dormimos na casa de uma filha sua, casada com um sobrinho, Ilma e João, dois irmãos que ganhamos nas veredas do sertão.

Havíamos nos hospedados no hotel em Serra Talhada, planejávamos voltar no final da tarde para dormirmos e retornarmos à Fazenda no dia seguinte para o encerramento da programação. Entretanto aquela gente que acabávamos de conhecer, simplesmente não nos deixou voltar, fomos acolhidos com uma simpatia e hospitalidade tão grande que não nos deixaram ir mais para o hotel, ficamos hospedados na casa de João e Ilma durante toda realização do evento. Foram dois dias maravilhosos que jamais se apagarão de nossas memórias, de vez em quando recordamos com uma saudade maravilhosa àqueles dias. Depois disso já estivemos várias vezes na Fazenda São Miguel, sempre muito bem recebidos, mas o encanto daquela primeira vez é inesquecível.

Luiz Cazuza

Esse preâmbulo é para falar na figura ímpar do seu Luiz Cazuza, aquele simpático senhor do começo dessa história, uma pessoa que desfruta do maior carinho de todos aqueles que tiveram o prazer de conhecê-lo, e eu sou um deles. 

Seu Luiz foi contemporâneo de cangaceiros, quando era adolescente, conheceu o jovem Virgulino Ferreira, o famoso Lampião.

Percorremos juntamente com seu Luiz Cazuza e João Nogueira, seu sobrinho e genro, toda aquela região onde ocorreram várias peripécias do cangaço, algumas vezes também acompanhado de seu filho o escritor José Alves Sobrinho.

Manoel Severo e João Gomes de Lira

Visitamos Neco de Pautilha e Tenente João Gomes de Lira, ex-volante que deram combate com cangaceiros, dona Minô (filha de Zé Saturnino) e outras pessoas da região, nos deliciávamos e aprendíamos com aquelas conversas impressionantes entre aquelas remanescentes de uma época tão rica de história para o nosso Nordeste. Era a histórias ali, passando na frente dos meus olhos. 

Em 1910, seu Luiz Cazuza completou século de vida, uma dádiva de Deus. Luiz Alves de Barros, o Luiz Cazuza nasceu no dia 06 de setembro de 1910, na Fazenda Pedreira no município de Serra Talhada, no sertão pernambucano, filho de José Gomes de Barros e Maria Alves de Barros. Era sobrinho de Zé Saturnino da Pedreira, o primeiro inimigo de Lampião. Casou-se com Dona Tereza Alves de Barros, sua prima, em 1935, com quem teve onze filhos. Na juventude era conhecido nas ribeiras do Pajeú como exímio tocador de harmônica, animador de festas nas ribeiras do sertão pernambucano.

Presenciou quando adolescente as escaramuças entre seu tio e padrinho Zé Saturnino e o cangaceiro Lampião, Saturnino era irmão de sua mãe.

Morando naquelas ribeiras não poderia ficar à parte das brigas entre seu tio e o famoso cangaceiro, conversamos inúmeras vezes com seu Luiz Cazuza, sempre nos encantando com suas histórias sobre o cangaço, sobre o sertão, sobre o seu amor aquela terra que o viu nascer, crescer e envelhecer.

Deixaremos registradas aqui algumas dessas histórias relatadas pelo meu amigo Luiz Cazuza, a propósito, quando nos conhecemos ele me apelidos de Luiz Pedro do Retiro, o velho cangaceiro que acompanhou Lampião por longos anos, e que seu Luiz também conheceu.

No final da tarde daquele longínquo ano de 1927, quando seu Luiz já se preparava para o jantar, que no sertão daquele tempo era feito muito cedo, de repente aponta Genésio Vaqueiro, um sertanejo das redondezas, meio assustado e um tanto apressado. Trazia um recado de ninguém menos que Lampião, o terro do sertão. O chefe bandoleiro mandava dizer que precisava falar urgente com Luiz Cazuza.

O jovem Luiz ficou assustado, afinal seu tio era inimigo de Lampião, apesar dele pessoalmente, assim como seu pai, não haver se envolvido diretamente na briga, o recado era para meter medo. Não comparecer ao chamado era uma imprudência sem limite, apesar do medo o jovem sertanejo atendeu de pronto ao chamado.

Lampião o aguardava em lugar conhecido por Cacimba do Gado, local demarcado, dirigiu-se rapidamente para lá, encontrou uma cena que jamais esqueceria, Lampião acompanhado de mais quatro ou cinco homens, todos maltrapilhos e aparentando cansaço e fome.

Aquele pequeno grupo era o remanescente do numeroso contingente que havia atacado a cidade de Mossoró e apavorado o Rio Grande do Norte, os homens estavam em estado lastimável.

Lampião já conhecia Luiz e toda sua família, sabia do seu parentesco com Saturnino, afinal de contas haviam sido vizinhos, a propriedade de seu pai fora vizinha a fazenda dos Nogueira.

A primeira pergunta que Lampião fez, foi saber como andava Zé Chocalho, apelido depreciativo pelo qual tratava José Saturnino, por conta das brigas existentes entre eles. Luiz respondeu que fazia tempo que não o via, tentando não prolongar o assunto.

Lampião expõe seu problema, disse estarem vindo de longe, estavam com fome, precisavam de mantimentos, perguntou ao jovem sertanejo o que teria para comer.

O sertanejo das ribeiras do Pajeú, disse não saber se por sorte de Lampião ou sua, acabara de comprar uma carga de rapadura para vender, e traria logo, logo, era só o tempo de ir buscar. Junto às rapaduras Luiz trouxe também queijos à vontade, o que agradou muito ao rei do cangaço. Recebidos os mantimentos, Lampião tirou do bolso um maço polpudo de dinheiro, conta, reconta e põe novamente no bolso, pedindo a Luiz Pedro para pagar, alegando não ter dinheiro trocado para efetuar o pagamento.

Nessa hora seu Luiz disse que o medo aumentou, pois a reação de Luiz Pedro, o cangaceiro do Retiro, foi surpreendente, reclamou de Lampião pela sovinice e ainda perguntou para que Lampião queria tanto dinheiro, para levar para o inferno? 

O cangaceiro Luiz Pedro

Perguntou Luiz Pedro ao Chefe. Mesmo assim Luiz Pedro retirou um maço de notas do bolso e repassou para Luiz de Cazuza sem contar. Seu Luiz guardou o dinheiro, também sem contar, queria mesmo era deixar aquele lugar, sair do meio daquelas feras, qualquer minuto a mais era correr perigo. Lampião dispensou a presença de Luiz e agradeceu o serviço prestado pelo sertanejo.

Chegando a sua casa, já aliviado por sair do meio daquele covil de feras, Luiz Cazuza foi contar a quantia recebida e se surpreendeu, o dinheiro recebido dava para comprar pelo menos dez cargas de rapaduras, mas seu Luiz ainda hoje conta, o medo que teve naquela tarde, passada na companhia dos cangaceiros de Lampião, dinheiro nenhum pagaria aquela aflição.

Outra história curiosa que nos foi contada pelo seu Luiz Cazuza, aconteceu também na Fazenda São Miguel.

Estava em casa descansando da labuta diária, ao longe viu se aproximando uma volante, quando "a força" chegou, percebeu que a maioria dos soldados não eram da região, e sim do Recife, segundo seu Luiz, "cabras pé de moça", ou seja, não eram acostumados com a caatinga, estavam vestidos e calçados desapropriadamente para percorrer as veredas do sertão. Os soldados calçavam botas, o que chamou a atenção do sertanejo.

A volante era comanda pelo sargento Domingos, aproximaram-se da casa da fazenda, e o comandante com toda arrogância que um ser humano pode ter, chamou o jovem Luiz aos gritos, e mandou-o arranjar água para tropa. Luiz foi sem pestanejar e muito menos sem protestar, não era doido para discutir com soldado, isso naquela época era assinar sentença de morte. Feito o serviço, pensando haver  cumprido o que o sargento havia ordenado, Luiz se surpreende com mais gritos do sargento Domingos, abusado ao extremo ordenou que o rapaz fosse buscar mais água, e não demorasse. Mais uma vez Luiz cumpriu as ordens sem reclamar. Entretanto, estava presente naquela tropa um soldado que era originário daquelas plagas, o soldado chamou a atenção do sargento quanto à família daquele rapaz, perguntou se o comandante da tropa sabia de quem aquele rapaz era sobrinho.

O sargento mostrando mais uma vez arrogância, respondeu que não sabia e nem interessava saber. O soldado advertiu ao sargento que ele deveria querer saber, afinal aquele rapaz o qual ele estava aos gritos, humilhando, era sobrinho do Sargento José Saturnino, se ele sonhasse que algum membro de sua família estava sofrendo qualquer tipo de humilhação, ainda por cima de companheiros das volantes, a coisa não iria prestar.

Nesse instante o sargento mudou logo de postura, e se dirigiu ao jovem Luiz perguntando porque ele não havia dito antes que era sobrinho de Zé Saturnino. Nesse instante seu Luiz disse que criou coragem, afinal agora tinha respaldo. E falou com toda confiança e certa soberba. "E ei hei de andar dizendo todo tempo: Sou sobrinho de Zé Saturnino, sou sobrinho de Zé Saturnino, sou sobrinho de Zé Saturnino..."

Seu Luiz Cazuza com o seu riso fácil, disse que naquele momento, após a intervenção do soldado, se sentiu seguro e resolveu tirar uma casquinha com o sargento.

No dia 28 de Março de 2011 Luiz Cazuza deixou esse plano, após mais de um século de existência, com aquele seu sorriso aberto, sua alegria contagiante, certamente encontrará o caminho da Luiz.

Só um capítulo do seu mais recente livro "ASSIM ERA LAMPIÃO e Outras Histórias ", pgs 169/174.

Escaneada por
IVANILDO ALVES SILVEIRA
Colecionador do cangaço
Natal/RN

www.lampiaoaceso.blogspot.com

Mais uma história de Luiz Gonzaga, o rei do Baião



Seu Reginaldo Silva, 59, trabalhou produzindo os shows do Mestre Lua durante 12 anos, entre 1977 e 1989, quando Luiz Gonzaga faleceu. Mora em Juazeiro do Norte e hoje dirige a Fundação Vovô Januário, criada para ajudar as crianças pobres de Exu.

Os patos

Fomos fazer um show em Jardim (CE), em 1984, 1985, por aí. Era um show filantrópico, uma parceira com a igreja do padre Adauto, Vigário da cidade. O dinheiro ia ser dividido metade para a gente e metade para as crianças do orfanato. Ele tinha ido com uma caminhoneta e apareceu carregado de rapadura, que ia levar para os meninos de Exu. Na hora de se apresentar, ele chegou por trás de mim, cochichou do meu ouvido: 

“Tem pouca gente, né? Não receba nada do padre não”.

E fez o show, artista de grande valor como era ele. Os artistas da mídia nem fazem shows desses tipo. Nem vão nas cidades pequenas, com o sentido de ajudar um orfanato. No dia seguinte, o padre achava que ele ainda estava na cidade e chamou para tomar café da manhã, mas Seu Luiz já tinha ido embora.

- Não, ele não foi embora. A carrada de rapadura ainda está aqui. Mais tarde vem buscar.

- A rapadura é sua, padre, para o senhor dar para os seus meninos. Também disse para fazer o mesmo com o dinheiro.

- Não é possível! Mas, e você?

- Não, obrigado. Eu não como dinheiro não.

- E os músicos?

- Se ele não aceitou, os músicos também não vão aceitar não… Então, para eu não sair daqui sem nada, me dê esse casal de patos.

Aí deixei os patos na fazenda de Seu Luiz, para se criarem. Quando eu lembrei dos patos e fui lá pegar, ele já tinha comido os bichos.

- Mas Seu Luiz, eram os meus patos…

- Mas o açude é meu. - dizia ele.

- Mas não tava acertado que a gente ia criar os patos na meia [dividindo pela metade]?

- Meia eu não vi não. Só comi os patos - ele me disse.


http://iurirubim.blog.terra.com.br

VICÊNCIA BATISTA E LAMPIÃO



Um capítulo a parte é esta Batista legítima, uma mulher que embora tivesse uma deficiência no braço direito era uma das filhas mais habilidosas de Mãe Dondom. Dominava todos os serviços domésticos, inclusive bordava e costurava com seus olhos azuis; era meiga e muito querida pela família. Quando se casou com Enéas Batista, foi morar na sua fazenda na Paraíba, no Olho D'Água do Melão.

Certo dia ela estava em casa com as meninas Antonieta, Baldina e Marieta quando chegou o bando de Lampião. Admiraram sua beleza e disseram que iria levá-la, perguntando pelo seu marido. Ela disse que ele estava na roça, perto de casa. Então mandaram as meninas irem chamá-lo. Enéas chegou e eles se distraíram, dizendo que iriam deixá-lo vivo para cuidar das crianças, mas a mulher iriam seguir com o bando.

Vicência aproveitou a distração e pulou uma janela do quarto, conseguindo ir se esconder numa moita de mufumbo que estava bem fechada.

Ao procurarem por ela não encontraram, mas saíram dizendo que estavam com pressa, mas que voltariam em três dias para apanhá-la.

Depois que saíram, Vicência arrumou as malas e vieram embora para o Mocotó, de onde nunca mais saíram.

“Papai André deu uma casa para eles morarem e foi aonde o restante da família nasceu e se criou”. 

Este acontecimento se deu no ano de 1922.

Extraído do livro" Balbina Menezes Diniz, 80 anos de história bem Vividas


De Maria Eunice Diniz Moreno
Com permissão da autora-no próprio livro

Postado por Giovani Costa

http://blogdoinhare.blogspot.com.br/

Semana dedicada à Anathália Cristina Queiroga Pereira

Anathália Cristina Queiroga
1990 - 2012 - Amanhã - seis meses do seu falecimento

Não podemos lembrá-la com tristeza, porque você era alegria. 
Nosso coração pode estar triste, pois, não podemos mais vê-la, mais está cheio do amor que compartilhamos juntos com você..


Partistes, mas em nossas lembrança viverás para sempre. Descanse em paz!
Saudades eternas dos seus pais, irmão, avós, tios, parentes e amigos. 

Se você quer saber mais sobre Anathália Cristina Queiroga clique no link abaixo:

http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2012/05/direito-que-anathalia-cristina-queiroga.html