Seguidores

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

LAMPIÃO: SURRA, ESTUPRO E PRAGA DE CANTADOR

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de janeiro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.039
       
08/09.01.1927.Cacimbinhas (AL). Lampião, “passando na casa de um roceiro o intimou a arranjar-lhe dois contos de reis. Muito longe de possuir essa quantia, saiu uma filha do agricultor peregrinando tentando arrecadá-la, mas só conseguiu setecentos mil reis. Louco de raiva, o bandido disse: ‘Eu vou aceitar essa porcaria, mas você, seu peste, fica deveno o resto – um conto e trezentos. E se quando eu vortar esse dinheiro não tiver contado, não fica ninguém vivo aqui’. Virgulino reuniu os cabras e já ia embora quando ouviu a moça dizer: ‘Eu só sinto é ver meu pai, velho e sacrificado, trabalhando para dá dinheiro a ladrão! Mas isso só vai servir para ele comer de pinto magro nas profundas do inferno!’. Lampião respondeu: ‘Como é a história, égua da peste?! Espere aí que eu vou te amostrar uma coisa!’ – e saltou do cavalo embaixo. A infeliz não conseguiu escapar. Teve as vestes rasgadas, foi estuprada e levou uma surra com chibata de couro cru de duas pernas de tanger animais.
       O cantador Manoel Nenen era um admirador de Lampião. Como tinha seus rasgos de valentia, o repentista dizia que só um monstro era capaz de fazer o que o bandido fez com a moça, inclusive de gente que ele gostava. E que gostaria mesmo de pegar Lampião na ponta do punhal. Não podendo, recolheu-se para fazer um ritual de pragas. Demorou-se ou não, Lampião tombou onze anos depois. Após a tragédia de Angicos, o célebre repentista de Viçosa, cidade da Mata Alagoana, cantou alguns versos, entre eles, estes:

Eu tava com raiva dele
Esta praga lhe roguei
Tu hás de ser degolado
Tu vais ver se eu me enganei
E assim o peste pagou
As mil bramuras que fez”. (42).

       Extraído do livro:
     CHAGAS, Clerisvaldo B. & FAUSTO, Marcello. Lampião em Alagoas. Maceió, Grafmarques, 2012. Págs. 179-180-181.


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ANOTAÇÕES SOBRE O AMANHECER DE UM POVO

*Rangel Alves da Costa

Bairro São José, cidade de Poço Redondo, Sertão Sergipano do São Francisco, amanhecer deste domingo (ou de outro dia qualquer) - Tudo parecia ainda adormecido até às cinco da manhã. Apenas aparência, vez que os pais de família sempre despertam após a madrugada desapartar da noite e os primeiros raios da aurora surgirem. Mas tudo ainda silencioso e calmo pelas ruas, esquinas, travessas, vielas, becos e descidas.
As noites velam, e principalmente escondem, realidades absurdamente desconhecidas após as portas e janelas fechadas. Enquanto lá fora os gatos passeias, os andantes noturnos buscam os seus mistérios e os sopros de vento vão levando as folhas secas, outras realidades vão sendo gestadas nos interiores residenciais, dentro de seus aposentos. Quem avista de fora, certamente está tudo bem, mas nem sempre assim. Somente após o madrugar, assim que as primeiras alvas do dia vão chamando ao despertar, é que as feridas não saradas começam a doer mais fortemente.
Os primeiros lumes do dia. Como dito, as portas ainda fechadas nada dizem dos interiores das residências. Sons vão surgindo aqui e acolá. Barulhos de portas de quintal sendo abertas, as primeiras vozes no radinho de pilha, panelas sendo arrastadas de seus armários. Somente depois é que as portas vão sendo abertas, lentamente. Olhares pelas frestas, pelas semiaberturas. Olhares que bem desejariam avistar um mundo mais esperançoso e alegre, que gostariam de encontrar motivações para encontrar caminhos de paz e realizações. Mas tudo parece nevoento aos olhares já infelizmente acostumados com os dias se iniciando em terríveis sombras.
As pessoas procuram manter-se como que se escondidas. Dificilmente mostram o corpo inteiro quando a porta se abre. Não demora muito e surgem os sons de vassouras varrendo as dependências, as calçadas e arredores. Os cachorros magros desandam a se espalhar, os gatos fogem em correria, as galinhas cacarejam famintas. Também. Mas haverá galinhas nos quintais? Não. Galinha é fortuna demais para ciscar por ali. Um menino chora, a mãe pede calma. Está com fome, certamente. Ou despertando com alguma enfermidade, também não muito difícil de acontecer.


A maioria da comunidade já despertou para o dia. O relógio já marca por volta das seis. As vozes se acentuam e os sons também. Pessoas arrastam cadeiras pelas calçadas, esteiras empoeiradas são batidas no meio da rua, um leiteiro aparece implorando por freguesia, meninos passam com gaiolas de passarinhos, cumprimentos de bom dia pelas esquinas e mais adiante. Amigas se juntam nas calçadas de vassoura à mão, outras fazem dos portais das janelas o início de um estudo profundo sobre o bem e o mal. Não há sino tocando. Somente aos domingos, dia da missa, os sinos dobram chamando à fé. Todas as orações do mundo já foram rezadas. E ao final os mesmos pedidos: forças para o enfrentamento da vida.
Contudo, em localidades mais distanciadas do bairro, principalmente nos limites dos descampados que se alongam em direção aos matos, a maioria das portas continua fechada. Sim, ouvem-se sons, barulhos, mas com as portas continuando fechadas. Infelizmente, há que se dizer que nem sempre há o prazer de abrir janelas e portas e deixar a manhã entrar trazendo esperança e alegria. Na maioria das situações, é a preocupação e o sofrimento que despertam juntos com aqueles moradores, aquelas famílias, principalmente naqueles que precisam oferecer algum alimento aos filhos.
Que bom que em toda cozinha houvesse panela esperando alimento para ser preparado. Que bom se toda mesa pudesse receber o cuscuz, o café, o leite, os ovos mexidos, a tripa de porco, um mingau, um naco de carne. Mas nem sempre assim acontece. Ou melhor, dificilmente acontece. Daí que a partir das seis, nas vagas das sete em diante, os sons se acentuam, porém sons chorosos, aflitivos, angustiantes. Portas e janelas fechadas e crianças chorando lá dentro. Portas e janelas fechadas e pais chorando por dentro. E o pior: um estado calamitoso que pode ir até a hora do almoço e da janta.
O sol já se levantou e agora se abre por todo o bairro. Algumas crianças brincam pelas ruas, correm descalças, fantasiam felicidades. Outras permanecem desanimadas até para as maravilhosas traquinagens da idade. E o tempo vai passando e passando. Retornar mais tarde aos mesmos locais é ainda encontrar a maioria daquelas janelas e portas fechadas. E lá dentro o quadro dantesco e estarrecedor da pobreza. Infelizmente, a pobreza ainda é alarmante perante algumas famílias daquela comunidade e de outras que avançam dentro e pelos arredores de Poço Redondo. Contudo – e infelizmente -, uma situação que apenas exemplifica uma realidade ainda existente por todos os rincões nordestinos e brasileiros.
No radinho uma música jovem, animada. Algum sorriso, alguma palavra boa. Mas onde estará a beleza da felicidade? Onde estará a felicidade desse povo que está bem ali e que é nosso irmão?

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

http://blogodmendesemendes.blogspot.com

SARGENTO ELIAS - CORISCO E ANGICO

Por Aderbal Nogueira
https://www.youtube.com/watch?v=zYBxbFaYAWU&feature=youtu.be&fbclid=IwAR38v28q7dSiMS5nDk6VfGlz95CjPuG_tv_X4AmhP6SaEmxeHOhRfBlOFro

Publicado em 8 de dez de 2017

Sargento Elias fala um pouco sobre Corisco e Angico.

Categoria

http://blogodmendesemendes.blogspot.com

ANGICOS O MELHOR LUGAR DO MUNDO SIMPLESMENTE AMO.


https://www.facebook.com/groups/1995309800758536/?multi_permalinks=2249088698713977%2C2249611998661647&notif_id=1548642185909139&notif_t=group_activity

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

LOCAL ONDE LAMPIÃO E SEUS CABRAS POUSARAM PARA SEREM FOTOGRAFADOS. EM RIBEIRA DE POMBAL-pb.


Por Josevaldo Matos

Este é o local exato em que Lampião e os sete cangaceiros, (Ezequiel, Moderno, Luiz Pedro, Mariano, Corisco, Mergulhão e Arvoredo), pousaram para a histórica foto feita pelo alfaiate Alcides Fraga em 17/12/1928, em Ribeira do Pombal, BA. Hoje, Praça Getúlio Vargas. 




(Primeira foto datada de 1950 - colorizada por mim; a segunda de Lampião, 1928; a terceira, foto atual do local).

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ESTOU TROCANDO OU VENDENDO!


Entre em contato com: Marcio J. Silva pelo facebook

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

LIVRO VIDA E MORTE NO SERTÃO


Acervo do Antônio Corrêa Sobrinho

"VIDA E MORTE NO SERTÃO, História das secas no Nordeste nos séculos XIX e XX" (primeira edição publicada em 2001), é a valiosa obra do jornalista e historiador Marco Antonio Villa, que recomendo. 

Nas orelhas do livro é dito: 

"Uma história para não esquecer: 

Afinal, quantos morreram nas secas?, é a pergunta que o autor faz no final deste livro, constatando que é impossível dar a ela uma resposta precisa. Mas a resposta possível é suficientemente assustadora: considerando-se o período estudado, que vai de 1825 até 1983, o total de mortos em decorrência das secas no Nordeste brasileiro deve chegar aos 3 milhões de pessoas. Não há engano, o número é esse mesmo. Só para comparar, equivale à metade do número de judeus mortos pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial. A história desse processo, que o autor não hesita em chamar de genocídio, é o assunto desta obra. Recorrendo às mais diversas fontes, especialmente a imprensa escrita, Marco Antonio Villa reúne um material que impressiona, seja pela abrangência, seja pelo detalhamento dos fatos narrados. Mas o que mais chama a atenção, à medida que vamos lendo o texto - bastante fluente -, é a repetição da tragédia. A cada nova seca - relativamente previsível -, a sede, a fome, a fuga ou a morte de milhares de sertanejos; do outro lado o descaso, a insensibilidade, a exploração (será possível?, nos perguntamos, mas é) da miséria. Os que estariam, até por dever de ofício, obrigados a ajudar - autoridades e governos de todos os níveis - ou regateiam a ajuda ou parecem estar mais preocupados em tirar dela o melhor proveito... O retrato do Brasil - pois é disso que se trata - que surge ao longo de um século e meio de secas no Nordeste não é nada lisonjeiro. E é justamente essa a importância deste livro. Ele nos mostra sem retoques aspectos importantes de nossa história, de nosso modo de ser como país. É certo que muita coisa mudou nesse período, e para melhor. Mas é certo também que alguns dos traços mais nocivos de nosso sistema social e político continuam aí bem firmes. A história contada aqui não deixa que nos esqueçamos disso."

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1876920185770182&set=p.1876920185770182&type=3&theater

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

QUIXADÁ


Por Abellard Franca

Quando o exército de fome marchou pela estrada escaldante nas manhãs sem pão e sem água dos dias de 1877, já os velhos e esqueléticos jumentos olhavam para o céu, estirando o pescoço murcho para ver se Deus lhes acudia, com a sombra de uma nuvem ou se lhes respondia os gritos com a descarga elétrica das trovoadas. A indiferença, porém, foi longa. E o milagre tardou. A distância que separava aquele povo amaldiçoado dos outros mais felizes matou, para sempre, na alma de toda aquela gente, a crença herdada de quatro séculos de promessas e fitas bentas. E o peito do caboclo, vestido de queimaduras e de rosários, foi, lentamente, mudando de indumentária.

A seca piorava. Estava iniciando-se o período triste do fim. O prelúdio daquela sinfonia horrenda morrera com o primeiro filho que a fome devorara. E tanto a sede trabalhou nos pobres camelos humanos que um dia o crime lhes aparecera como única porta de saída para a vida.

O drama de 77. No fundo o cenário da paisagem árida, profundamente má. A casa de taipa, deserta, pendida sobre escoras com imagens preás pelas paredes do rancho. Os santos são as companhias mais íntimas do sertanejo. Ficam na casa abandonada para que o Diabo não venha ser inquilino. O sertanejo sabe que volta, de qualquer maneira. Eles quando partem, na retirada faminta, deixam tudo: desde os cacarecos de estimação ao plantio que morreu de tanto esperar as chuvas. Mas, a maior saudade que eles levam, na mochila da marcha, é a da terra. Da terra que os enxota sem piedade, sem lágrimas.

Num contingente de vinte sertanejos na vinte medalhas com a efígie do padre Cícero Romão Batista. Os santos ficam esperando o milagre, mas a fé que eles ensinaram aos retirantes é tão grande que ela vai também, no corpo, no calo das mãos, nas chagas e nos trapos.

Passam as colunas. E atrás das secas como espantalho, está o cangaceiro. O produto do meio, a fruta venenosa da árvore que o verão matou. Desesperam as mães, porque o filhinho gemeu de sede. O pai fica olhando a encruzilhada do destino terrível. E do roubo ao crime é um passo rápido, natural. O homem trabalhador, fiel ao seu dever, trocou a enxada pelo punhal das tocaias.

Os homens de governo, entretanto quando estudam planos para combater os bandidos, que em determinadas épocas aparecem pelas regiões do Nordeste, não procuram saber antes a origem desses indivíduos desalmados. E partem blindados até os olhos atrás de um Antonio Silvino ou de um Manoel Germano. Lampião está aí como exemplo, herdeiro autêntico de quatro gerações martirizadas. Quantos Lampiões a esta hora estão agindo pelos sertões do Nordeste, matando para poder viver?

Não se recordam os moradores de Quixadá, da época em que o seu açude, o maior do sertão, ficasse como está agora: sem uma gota d’água.

Recordo-me de uma tarde, viajando pelo sertão paraibano, na fronteira rio-grandense do norte, parei num rancho para ouvir duas palavras de uma velhinha que fiava à porta, sentada no batente de pedra.

Tudo para mim, naquela região vermelha, era inédito. E aqueles oitenta anos, onde uma linda cabeleira branca parecia prata fundida ao sol, pertenciam por certo, a uma personagem típica das histórias das calamidades.

- Mora só, velhinha, neste deserto?

- Não, seu moço, moro com Deus. Os quinze filhos que tive partiram:

uns para o Amazonas, outros para o Acre e dois para o Sul...

- E nunca mais voltaram?

- Todos estão enterrados ali – respondeu a pobre viúva apontando com o dedo. Correram mundo e, um a um, todos voltaram, sem que ninguém chamasse. A terra sertaneja tem mandinga. O último que voltou foi o mais velho. Andou doze anos dentro do Amazonas e um dia a voz do sertão cantou perto dele... desceu nas águas do maior rio do mundo e veio morrer de sede aqui, juntinho de mim, juntinho da terra...

No céu, enquanto a velha falava, bandos de jandaias, muito altos, passavam, como esquadrilhas aéreas, anunciando o verão que recomeçava...

“Correio da Manhã" (RJ) – 24.04.1932

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1876560382472829&set=gm.995930563949221&type=3&theater&ifg=1

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ZÉ SERENO CHEFE DESTE BANDO DE CANGACEIROS

Por Voltaseca

Essa foto é do bando do cangaceiro, que tem como chefe, o ZÉ SERENO. Do seu lado direito, temos sua companheira SILA. Foto feita em 1936, por B. Abrahão. INDAGA-SE.

Por que, nenhum dos três irmãos de Sila, que a acompanharam no cangaço estão nessa foto?

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1010153389186635&set=a.116442745224375&type=3&theater&ifg=1

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

VIRGOLINO FERREIRA DA SILVA ERA MANCHETE EM TODO NORDESTE


Adquiri no acervo da pesquisadora Verluce Ferraz

Em suas andanças por sete estados do Nordeste, Virgulino Ferreira da Silva era manchete constante nos jornais da região de 1920 – quando entrou para o bando de Sinhô Pereira – até a sua morte em 28 de julho de 1938, na grota de Angicos, em Sergipe. Até terminar seu reinado, o mais famoso bandoleiro brasileiro perdeu muitos companheiros de lutas, homens e mulheres que certo ou tarde eram atingidos pelas balas disparadas pelas volantes, forças policiais móveis formadas por sertanejos iguais em tudo na vida.

O Diario de Pernambuco, graças aos seus correspondentes em toda a região, registrou esta luta em detalhes. Tanto que, em 30 de maio de 1935, há 81 anos, informava aos seus leitores com destaque que Lampião havia sofrido uma grande perda em Tacaratu, após combate com o grupo do tenente Manoel Netto. Dourado, o cão de estimação do cangaceiro, foi varado por uma bala de fuzil disparada por um soldado que ia ser atacado pelo animal feroz, um legítimo Boca Preta Sertanejo, raça nordestina que já era criada pelos índios antes da chegada dos portugueses e hoje é objeto de estudos da Embrapa.

Segundo o Diario, Dourado “ostentava uma custosa coleira com incrustações a ouro e prata”. Amante dos cachorros, Lampião sempre procurou ter estes animais ao seu lado. Um ano depois da perda de Dourado, ele foi fotografado e filmado por Benjamin Abrahão, o libanês ousado que depois virou o personagem principal do filme “O baile perfumado”, ao lado de dois cachorros, Ligeiro (mais claro) e Guarani (mais escuro). Os cães estavam à vontade, sendo até acariciados por Maria Bonita. Ligeiro foi morto a bala. Quando Lampião foi emboscado em Angicos, sobre Guarani, o único que estava com o bando de nove homens e duas mulheres, há duas versões: foi morto junto aos cangaceiros ou adotado por um soldado da policia de Maceió.

Em dezembro de 1931, em um cerco no Raso da Catarina, na Bahia, Lampião já havia perdido um cachorro atingido na barriga pelas volantes lideradas pelos oficiais do Exército Ladislau, Liberato, Manuel Arrudas, Luís Maranhão e Osório Cordeiro. Os cães, para os cangaceiros, eram companheiros de lida, mas nada amestrados. Os pesquisadores ainda se dividem se eles realmente tinham realmente a função de alertar.


A relação de Lampião com os cachorros vem de antes da sua entrada no cangaço. Em uma das histórias do início da briga da família de Virgulino Ferreira da Silva e o vizinho José Saturnino, em Serra Talhada, consta que um morador da fazenda do inimigo do futuro cangaceiro teria ido reclamar da invasão do pasto pelo gado dos Ferreira. Um dos seus cachorros teria matado um cachorro de Virgulino. Lampião, segundo o sertanejo João Alves Feitosa, em depoimento em 1973, citado no livro “Lampião, senhor do sertão: vidas e mortes de um cangaceiro”, da francesa Elise Grunspan-Jasmin, disse que Lampião ficou “bastante agostado”. Foi quando resolveu acertar as contas com Saturnino e sua turma e sua peleja sangrenta começou.

O tema dos animais de estimação dos cangaceiros ainda é periférico nos estudos deste fenômeno nordestino. Graças aos registros fotográficos deixados pelo bando de Lampião e seus seguidores – Corisco também é visto com a sua cadela malhada Jardineira – eles acabaram se tornando divulgadores involuntários da raça Boca Preta Sertanejo, descrita com detalhes por Graciliano Ramos no romance “Vidas secas”. Sim, Baleia tinha parentesco com Dourado, Ligeiro, Guarani, Juriti e Seu Colega, os cães de verdade dos cangaceiros. Eram animais bons “de gado, de caça e de raposa”. E de histórias também.

Almanaque, Destaque_capa Paulo Goethe
Sobre o autor
Paulo Goethe, no Diario de 1990 a 1997 e desde 2001
TwitterFacebookStumbleUponDiggTechnoratiDeliciousComentários fechados
Capas do dia
Capa do dia 04/01/2018
Capa do dia 03/01/2018
Capa do dia 02/01/2018
Comentários
anderson em Ela viajou 2,1 mil km para conhecer o mar
Urariano Mota em O feitiço maduro de Paulinho da Viola
Ito Cavalcanti em Fotógrafo do Diario vence Prêmio Abear
Jacqueline Reis em Achado não é roubado: educação X corrupção
Rafael Cezar em “É melhor trabalhar que roubar” (uma falácia)
Posts recentes
Fotógrafo do Diario vence Prêmio Abear
Crédito: Roberto Ramos/DP O repórter fotográfico Paulo Paiva, do Diario de Pernambuco, foi um dos vencedores do 5º Prêmio Abear de Jornalismo na categoria especial de fotojornalismo. Foi a primeira vez que a Associação Brasileira das Empresas Aéreas resolveu distinguir este segmento entre os 176 trabalhos inscritos, que envolveram matérias veiculadas em qualquer tipo de […]
Diario, o veículo do ano (Prêmio Abecip)
Com duas reportagens vencedoras nas categorias impresso e digital, além de uma menção honrosa pelo tema abordado, o Diario de Pernambuco foi eleito o Veículo do Ano pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), na 14ª edição do seu prêmio nacional de jornalismo. Os trabalhos do Diario, dos repórteres André Clemente, […]
Diario é destaque em dois prêmios
O Diario de Pernambuco foi destaque na maior premiação de jornalismo do Norte/Nordeste. O jornal ganhou em quatro categorias da 23ª edição do Prêmio Cristina Tavares de Jornalismo e do 2º Prêmio de Jornalismo Literário. A cerimônia de entrega dos troféus aconteceu na noite de ontem, no Cinema São Luiz, no bairro da Boa Vista, […]
Diario é finalista em prêmio internacional
O Diario de Pernambuco é finalista do Prêmio Roche de Jornalismo, o maior da América Latina na área de saúde, com a reportagem Zika Vírus – Uma ameaça mundial, de autoria da repórter especial Silvia Bessa e da repórter da editoria de Local Alice de Souza. O trabalho foi considerado um dos melhores entre 489 […]

https://www.facebook.com/groups/154668548512895/?multi_permalinks=311427712836977&notif_id=1548642203040271&notif_t=group_activity

http://blogdomendesemendes.blogspot.com