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quarta-feira, 31 de julho de 2024

LAMPIÃO & MARIA BONITA filme completo

 Por DALLA C.D.P

https://www.youtube.com/watch?v=_YjMIqKc3c0&t=565s


Mulher Nova, Bonita e Carinhosa Faz o Homem Gemer Sem Sentir Dor

Amelinha. Mulher Nova, Bonita E Carinhosa, Faz O Homem Gemer Sem Sentir Dor


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O CANGACEIRO (1953

 Por oldbrcinema

https://www.youtube.com/watch?v=oOumq-kWf-Y

O Cangaceiro, filme realizado em 1953, foi um dos maiores sucessos do cinema brasileiro de todos os tempos. Escrito e dirigido por Lima Barreto, com diálogos criados por Rachel de Queiroz, O cangaceiro foi o primeiro filme brasileiro a conquistar as telas do mundo. Considerado até hoje o melhor filme produzido pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz, sua história se inspirava na lendária figura de Lampião.

Sinopse:
O bando de cangaceiros do capitão Gaudino (Milton Ribeiro) semeia o terror pela caatinga nordestina. É neste contexto que a professora Maria Clódia (Vanja Orico), raptada durante um assalto do grupo, se apaixona pelo pacífico Teodoro (Alberto Ruschel). O forte amor entre os dois gera grande conflito no bando.
Ficha Técnica: Direção: Lima Barreto Roteiro: Lima Barreto, Rachel de Queiroz (diálogos) Gênero: Aventura/Drama/Romance Origem: Brasil Duração: 105 minutos Tipo: Longa-metragem Elenco: Alberto Ruschel, Marisa Prado, Milton Ribeiro, Vanja Orico, Adoniran Barbosa, Antonio V. Almeida, Hector Bernabó, Lima Barreto, Horácio Camargo, Ricardo Campos, Antônio Coelho, Cid Leite da Silva, Oswaldo Dias, Zé do Norte.

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A HISTÓRIA DO CANGAÇO

https://www.youtube.com/watch?v=H2cInZLs0vo

Em 1953, os cinemas da França foram invadidos por um grande sucesso. A história falava a respeito de um bando de criminosos que aterrorizam uma terra árida e sem lei, onde os poderosos mandam, até que o amor de uma moça causa um conflito entre eles. Parece a trama de um faroeste, mas não é. Eu estou falando do filme “O Cangaceiro”, que ganhou como melhor filme de aventura no Festival de Cannes de 1953 e é considerado o primeiro filme a lançar o cinema brasileiro lá fora.

O cangaço, retratado no filme, foi um fenômeno social do interior do Nordeste que acabou romantizado na cultura popular brasileira, do mesmo jeito que o modo de vida do oeste norte-americano. Mas afinal, o que foi o cangaço? É o que você vai saber neste vídeo.

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ROBERTO CARLOS

 Antonio Alves Tony

https://www.youtube.com/watch?v=qVhOffNt4go&ab_channel=antonioalvesTony

Especial sobre a vida e a carreira de Roberto Carlos, em homenagem aos 50 anos de carreira do cantor, na véspera de seu show no Maracanã, Rio de Janeiro. Exibido em 10 de Julho de 2009.
O programa mostra o encontro de Roberto com Sérgio Chapelin. Na entrevista, o cantor fala de amor, de futebol e lista suas músicas preferidas. Considero o melhor Programa que a Globo já fez sobre sua carreira com imagens raras e revelações. Vale a pena ver e rever.

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terça-feira, 30 de julho de 2024

NOSSOS POETAS.

Por Jornal O Mossoroense


 DESTAQUES

Nossos poetas: José Di Rosa Maria

José Di Rosa Maria é o nome artístico de José Ribamar de Carvalho Alves, criado em 2018 em homenagem a sua mãe Rosa Maria da Costa, que antes assinava seus trabalhos com o nome de José Ribamar ou José Ribamar Alves.  Poeta repentista, cordelista, cantador profissional, declamador, músico e escritor de bancada nascido em 16 de março de 1962, na fazenda Solidão, em Caraúbas/RN.

obrenome Carvalho” só há em sua documentação, equívoco de cartório. Avós paternos: Francisco Alves da Silva e Maria Ferreira Alves; Avós maternos: Vicente Cabral da Costa e Sofia Maria da Conceição.

Criou-se no sítio Boa Vista, Severiano Melo/RN. José Di Rosa Maria é casado com Rita de Oliveira Carvalho, com quem tem quatro filhos e seis netos. Têm, dentre outras obras, os livros Espelho de Carne e Osso (2011), Chorando na Chuva (2012), Pela Vida do Planeta (2014), Solidão Noturna (2015) e Glosas & Trovas (2020). José Di Rosa Maria, mora em Mossoró-RN, desde março de 1998.

CAUSA FEMININA

Acorda Brasil, acorda,
Precisamos combater
A violência doméstica
Que não para de crescer;
Contra quem sofre e se cala,
Temos que erradicá-la
Para a mulher não sofrer.

Aderimos à campanha
De nome Agosto Lilás;
Que enfrenta e denuncia
Aquele agressor que faz…
A mulher pedir clemência,
Que por ter deficiência
Sua dor dói muito mais.

A deficiência física
Deixa a mulher vulnerável,
E nesse caso tem homem
Que se dar por imprestável,
Humilha a própria mulher,
Agride, faz o que quer,
Mas não quer ser responsável.

O MENDIGO DA PONTE

O fadário tacanho tem deixado
Macambúzio meu débil coração
Como um louco ou um réu trancafiado
Na senzala da triste indecisão.

Foi meu sonho esplêndido transformado
Em angústia, fracasso e solidão.
Muito ínfimo, tão só e revoltado,
Vejo-me neste ermo, ainda em vão.

Vivo e durmo à beira do perigo.
É meu brado de mísero entregue aos ventos,
Esta vida que levo de mendigo.

Debaixo da ponte, é de lamentos;
Quando a ponte se for, adeus abrigo;
Quando a morte vier, adeus tormentos.

SOU

Sou o Everest da filosofia
Dos homens de bem que só Deus enxerga,
A torre dos sonhos quem ninguém enverga,
O mar do querer, que não se esvazia,
A flor que se abre nos braços do dia
Lançando perfume nos lábios do ar,
O vento que dorme nas mãos do luar
Deixando o silêncio reinar no espaço,
Pra noite escutar os versos que faço
Na hora que o mundo não quer escutar.

Sou a voz da chuva que acorda o grão
Que dorme por baixo da fronha da terra,
O grito do tempo que desperta a serra
Pra escutar óperas na voz do trovão;
Sou o mel do beijo que adoça a paixão
Da alma da vida, na luz do sonhar,
O pranto da nuvem ao se desfiar,
O eco dos anjos que a Deus pedem tanto
Pra noite escutar os versos que canto
Na hora que o mundo não quer escutar.

Sou a maestria das aves canoras
Que suavemente na sua inocência,
Nos cipós da doce magnificência
Gorjeiam na vinda das cândidas auroras;
Sou a solidão noturna das floras
No ápice da calma das águas do mar,
Sou o pensamento que pra viajar
Não pega carona nos sonhos de amigo,
Mas pede pra noite ouvir o que digo
Na hora que o mundo não quer escutar.
https://www.omossoroense.com.br/nossos-poetas-jose-di-rosa-maria/
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MONUMENTO

 Clerisvaldo B. Chagas, 30 de julho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3. 079

IGREJINHA/MONUMENTO EM SANTANA DO IPANEMA, 2013. (FOTO: B. CHAGAS/ LIVRO 320, ICONOGRÁFICO AOS 230 ANOS DE SANTANA DO IPANEMA).

Felizmente o quarteto arquitetônico do Bairro Monumento continua sendo preservado em Santana do Ipanema. Nesse contexto avulta-se a Igrejinha defronte ao antigo Ginásio Santana erguida para marcar o início do Século XX. Foi construída pelo saudoso padre, ex-prefeito, ex-governador em exercício, Capitulino de Carvalho. Como era um marco de século em forma de igrejinha, foi também dedicado à nossa Senhora Assunção e que ainda não tinha a sua imagem para entronizar na igreja. Foi inaugurada com a imagem de Nossa Senhora de Fátima, provisoriamente, até a chegada da titular. Tempos depois chegou a imagem de Nossa Senhora Assunção, vinda de Portugal através de navio, foi de Maceió a Viçosa, de trem e veio para Santana em lombo de jegue ou de burro, devidamente encaixotada.

Na época, no local só havia mato, pois, a saída para Maceió era pela Maniçoba. Em 1938, a igrejinha/monumento ficou famosa no mundo inteiro por ter sido lugar de exposição das cabeças de onze cangaceiros trucidados na fazenda Angicos, em Sergipe, inclusive Lampião e Maria Bonita. Repórteres do Brasil inteiro vieram dar cobertura ao evento. Na ocasião, houve muitos discursos, Bebidas, farras, desfiles, feriados e bandas de músicas nas ruas. Não encontramos registro de data oficial de Bairro Monumento, entretanto, quando o casario tardio subiu a ladeira principal naquela direção, o povo passou a chamar aquela região de Bairro Monumento, devido a igrejinha/monumento.

A histórica igrejinha, portanto, é a primeira relíquia dos anais do município, no bairro, ainda hoje intacta, pomposa, singular e poderosa “Rainha do Bairro Monumento”. Mais antigo de que ela, seria somente o cemitério que fora construído perto do final do Século XIX, porém demolido na década de 40. Ficava a cerca de 200 metros do lugar onde foi construída a igrejinha. Apesar da imagem ter percorrido o mundo, em 1938, ficou quieta e esquecida. Não sabemos de nenhum arquiteto, de nenhum estudioso e nem de nenhuma jornalista de gabarito desses tempos modernos que tenha projetado a histórica igrejinha de Nossa Senhora da Assunção para conhecimento de todo o nosso Brasil.

Salve o belo! Salve a criatividade feliz!



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DIVA HUMANA

Por José Di Rosa Maria

Saibas que és uma rosa
No jardim da minha vida, 
Além de linda, cheirosa, 
Por mim jamais esquecida. 

Eu desejaria ter-te 
Para poder abraçar-te, 
Mas não queria perder-te 
Porque nasci para amar-te. 

Não tens o mérito de Santa, 
Mas tens fragrância de flor. 
És a sereia que canta 
Nos verdes mares do amor. 

Quisera te ver querer-me 
Em teus braços cativantes, 
E a sós ver-te fazer-me 
Feliz por alguns instantes. 

Diva humana, tu és 
Atraente como os mares, 
Ser que me curva a teus pés, 
Origem dos meus cantares. 

Fizeste-me gostar de ti, 
Adoro-te de mil maneiras. 
Pra amar-te estou aqui, 
Embora tu não me queiras. 

Torno-me meigo e galante 
Por teus lábios tão risonhos. 
Sinto-me feliz diante 

De ti, mulher dos meus sonhos. 

José Ribamar Alves
Mossoró-RN- 2017

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MEU FILHO JOSÉ MENDES PEREIRA FILHO COM O ADVOGADO, ESCRITOR E PESQUISADOR DO CANGAÇO FRANCISCO HONÓRIO DE MEDEIROS FILHO.

 Por José Mendes Pereira

Bastante elogiado por pesquisadores nacionais e estrangeiros, o escritor Billy Jaynes Chandler (escritor norte-americano com livros lançados sobre o cangaço brasileiro), é o resultado de uma vida dedicada à pesquisa.

Leia o que o escritor escreveu sobre BILLY JAYNES CHANDLER?

EU ERA DOIDO PRA SABER: POR ONDE ANDAVA BILLY JAYNES CHANDLER...

Por Honório de Medeiros 

https://www.escavador.com/sobre/3826116/francisco-honorio-de-medeiros-filho

Em uma quinta-feira do mês de setembro de 2015, publiquei um artigo em meu blog, cujo título é o seguinte: "WHERE IS BILLY JAYNES CHANDLER?"clique aqui para ler.

Nele, eu e minha filha, Bárbara de Medeiros, contávamos o resultado de uma procura intensa por notícias acerca do grande escritor americano que viveu no Brasil e nele escreveu alguns dos clássicos da literatura sertaneja nordestina.

Billy Jaynes Chandler é um dos mais importantes escritores acerca do cangaço e coronelismo, fenômenos ligados entre si e característicos de uma certa época da história recente do Brasil. Suas obras Lampião, o Rei dos Cangaceiros, e Os Feitosas e o Sertão dos Inhamuns, são canônicas, seminais, inigualáveis. Recentemente meu filho, que mora no Canadá, por lá adquiriu o Lampião traduzido para o inglês.

Passaram-se os anos, e nada. Nenhuma notícia...

No início deste agosto, quase três anos depois, mais precisamente dia 8, postaram o seguinte texto no espaço reservado aos comentários ao blog (as traduções a seguir são de Bárbara de Medeiros):

 “Ginny disse...

I was googling my uncle and found this blog from back in 2015. I am Billy Jaynes Chandler's niece”.

 “Estava pesquisando o meu tio no Google e encontrei esse blog de 2015. Eu sou a sobrinha de Billy Jaynes Chandler”.

Eu não li essa postagem. Ocupado com outros interesses, havia deixado o blog um pouco de lado.

Por sorte nossa, Ginny também escrevera para meu email:

“I read uncle bill your blog, translated in English, and it put a smile on his face. He is now 87 and has lost his Portuguese language and has some memory issues. He told me it was ok to reach out to you.
Ginny Petersen”.

“Eu li o seu blog para o tio Bill, traduzido para o inglês, e isso colocou um sorriso em sua face. Ele tem agora 87 anos e perdeu seu conhecimento da língua portuguesa e tem alguns problemas de memória. Ele me disse que era ok eu entrar em contato com você.”

Eu e Bárbara não conseguíamos acreditar. Ficamos muito felizes. Bárbara ficara contagiada com minha admiração por Chandler. No domingo, dia 11, mesmo mês, tratamos de responder:

“I am very happy to know that he’s alive! I hope he is well, despite the memory problems. He is a true icon for us Brazilians, who study cangaço and the local culture. Do you know if he has written anything else? I’m sending you a picture of myself with my copy of his book, now a rarety over here. If possible (and I completely understand if any of you don’t feel comfortable) could you send me a picture of him? My daughter helped me a lot in my researches and would love to see it. Thank you for reaching out!”

“Eu estou muito feliz em saber que ele está vivo! Eu espero que ele esteja bem, apesar dos problemas de memória. Ele é um verdadeiro ícone para nós brasileiros que estudamos cangaço e a cultura local. Você sabe se ele escreveu mais alguma coisa? Estou enviando uma foto minha com a minha cópia de um de seus livros, que se tornou uma raridade por aqui. Se possível (e eu entendo completamente se vocês não se sentirem confortáveis) você poderia enviar uma foto dele? Minha filha me ajudou muito nas pesquisas e adoraria vê-lo. Obrigada por nos contactar!”

Ginny voltou a fazer contato:

“He did not write any more books, 4 books altogether. I recall while I was growing up, his visits to Brazil. Here is a picture of him last year just after his 86 birthday”.

“Ele não escreveu mais livros, foram quatro ao todo. Eu lembro quando estava crescendo, das suas visitas ao Brasil. Aqui está uma foto dele do ano passado, logo após seu 86º aniversário.”

Nós: “Thank you so much! He looks great! Do you think I could write a follow-up to my article, now that you have given me the great news that he’s alive? I’d simply mention you have reached out! Maybe I could use the picture? Only if you allow me, of course. Once again, thank you so much for this exchange of messages, you have no idea how much it meant to me and my daughter”.

“Muito obrigada! Ele parece ótimo! Você acha que eu poderia escrever uma continuação do meu artigo, agora que você me deu a ótima notícia que ele está vivo? Apenas se você me permitir, claro. Mais uma vez, muito obrigada por essas mensagens, você não tem ideia do quanto significa para mim e para minha filha!”

Ginny:“You are more than welcome to do a follow-up. Your question to “where is Billy Jaynes Chandler” has been answered. He lives in Miami, Florida with his sister. :) I wish you could talk with him, he just doesn’t remember much, but has strong memories, although unclear, of his time in Brazil.
Take care to you and your daughter”.

“Sinta-se à vontade para fazer uma continuação! Sua pergunta ‘Onde está Billy Jaynes Chandler’ foi respondida. Ele mora em Miami, Flórida, com sua irmã. :) Eu gostaria que você pudesse falar com ele, ele apenas não se lembra de muita coisa, mas tem fortes memórias, apesar de incertas, do seu tempo no Brasil. Lembranças a você e sua filha!”.

Olha o homi ai!

Chandler. Hoje, com mais de 86 anos. 

Imagem gentilmente cedida por Ginny Petersen, sobrinha sua.

Muito obrigada Ginny. Estamos enviando esse artigo para você e fazendo a postagem no blog, para que quem puder tenha conhecimento dessa notícia.

Ficamos maravilhados em saber que Chandler está vivo. Torcemos por ele, desejamos que fique muito bem, e lhe enviamos um grande abraço aqui do Nordeste do Brasil, do Sertão que ele conheceu.

Uma pescaria muito feliz no Blog do confrade Honório . 

http://honoriodemedeiros.blogspot.com/

Já eu fiz a pescaria no blog do Kiko Monteiro. 

http://lampiaoaceso.blogspot.com/search/label/Billy%20Jaynes%20Chandler

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segunda-feira, 29 de julho de 2024

SÓ COMO ARQUIVO EM NOSSO BLOG. - NO XAXADO COM LAMPIÃO A OCTOGENÁRIA ALZIRA MARQUES RECORDA OS BAILES ANIMADOS, ORGANIZADOS PELO REI DO CANGAÇO

 Por Denize Guedes*

Noite de sábado para domingo, fim de setembro de 1936. Faltava só passar o pó no rosto, espalhar o perfume atrás da orelha e calçar as alpercatas. Cabelos negros e encaracolados na altura da cintura, dentro do seu melhor vestido, a menina de 12 anos, que, se os pais se descuidassem, trocava o estudo pela dança, estava pronta para o seu primeiro baile no alto sertão sergipano com o bando do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.

Não havia escolha, só mesmo confiar na bênção da tia de criação antes de sair de casa engolindo o medo.

“Eles mandavam apanhar a gente. Vinha aquela ordem e tinha de cumprir. Se não, causava prejuízo depois”, conta Alzira Marques, que completa 86 anos em agosto. Ela lembra detalhes das incontáveis festas cangaceiras a que foi em fazendas que já não existem mais e que deram lugar à planejada Canindé de São Francisco, com o início da construção da hidrelétrica do Xingó, em 1987. Canindé Velho, como a sertaneja chama o local onde nasceu, à beira do Velho Chico, foi demolida por conta da usina, hoje fonte de renda para a cidade – atrai quase 200 mil turistas por ano com o Cânion do Xingó.

O auge de Lampião em Sergipe vai de 1934 a 1938, quando o cangaceiro foi morto ao lado de Maria Bonita e outros nove do bando, em 28 de julho, na Grota do Angico, município de Poço Redondo. “Este é o estado onde ele encontrava mais proteção, aliando-se aos poderosos locais, como o coronel Hercílio Porfírio de Britto, que dominava Canindé como se fosse um feudo”, explica Jairo Luiz Oliveira, da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço. “São os chamados coiteiros (quem dava proteção ao cangaço), políticos de Lampião. Melhor ser seu amigo que inimigo.”

Foi nas terras de Porfírio de Britto que Alzira mais arrastou as sandálias. “Na primeira vez, encontrei Dulce, que foi criada comigo em Canindé Velho e tinha virado mulher do cangaceiro Criança. Eles também eram de muito respeito e nunca buliram com gente minha. Pronto, não tive mais medo”, relembra. Temporada de baile era fim de mês, quando as volantes da Bahia e Pernambuco – as polícias mais algozes no rastro de Lampião – voltavam a seus estados para receber o soldo. “Aí os cangaceiros viam o Sertão mais livre para fazer festa”, diz.

Dia de dança, Alzira tinha de sair e voltar à noite para não levantar a suspeita dos vizinhos. Às 22 horas, punha-se a andar 2 quilômetros até o local onde um coiteiro escondia os cavalos. Outras meninas iam junto. Montavam e seguiam morro acima por uns 15 minutos. “Quando a gente chegava, ia direto dançar o xaxado, forró, o que fosse, até 4 horas da manhã.” Mesmo caminho de volta, chegava com um agrado do rei do cangaço: uma nota de 20 mil réis. “Era tanto do dinheiro, mais de 300 reais na época de hoje. Dava tudo para minha tia.”

Apesar de festeiro, não era sempre que o líder do bando dava o ar da graça. Quando ia, porém, não se fazia de rogado: no mato à luz de candeeiro, onde o arrasta-pé comia solto, brilhantina no cabelo, dançava com as moças do baile sem sair da linha. Média de 20 homens para 15 mulheres. “Ninguém era besta de mexer com a gente. Eles nos respeitavam demais. Lampião era o que mais recomendava: ‘Olha o respeito!’” Maria Bonita – que para Alzira “não era lá essa boniteza, Maria de Pancada era mais bonita” – não tinha ciúme.

O cangaceiro mais conhecido do Brasil gostava de cantar e levava jeito para compor. Quem não se embalou ao som de Olé, mulher rendeira / Olé, mulhé rendá? Ou de Acorda, Maria Bonita / Levanta, vai fazer o café? Alzira conta que era comum ele pedir ao sanfoneiro Né Pereira – outro intimado do povoado – para tocar essas canções, enquanto ele mesmo cantava. “Letra e música dele, além de ser um exímio tocador de sanfona”, confirma Oliveira.

Os bailes eram como banquetes. “Tinha comida e bebida de toda qualidade. Peixe, galinha, porco, carneiro, coalhada, bolo, cachaça limpa”, diz Alzira. Outro ponto que se notava era o aroma: os cangaceiros, que podiam passar até 20 dias sem tomar banho, gostavam de se perfumar. O coronel Audálio Tenório, de Águas Belas (PE), chegou a dar caixas de Fleurs d’Amour, da marca francesa Roger & Gallet, para Lampião. “Era perfume do bom, mas misturado com suor. Subia um cheiro afetado. A gente dançava porque era bom”, afirma a senhora, que se entrosava mais com Santa Cruz e Cruzeiro.

Mais de 70 anos depois, Alzira ainda sonha com aquelas noites e sente falta da convivência com os amigos: muitas festas aconteciam em Feliz Deserto, fazenda que Manuel Marques, seu então futuro sogro, tomava conta. Não raro, o brilho da prata e do ouro das correntes, pulseiras e anéis dos cangaceiros visitam sua memória, assim como a imagem de Lampião lendo a Bíblia num canto da festa. “Ele era muito religioso.” No seu pé de ouvido fica o xa-xa-xá das sandálias contra o chão, som que deu nome ao xaxado, segundo Câmara Cascudo, ritmo tipicamente cangaceiro que não se dança em par.

Testemunha de um período importante da história do País, conta que nunca teve vontade de entrar para o cangaço nem considerava Lampião bandido: “Não era ladrão, ele pedia e pagava, fosse por uma criação, por um almoço. Agora, se bulissem com ele, matava mesmo”. Na cidade é conhecida como a Rainha do Xaxado. No último São João, que antecipou as comemorações do centenário de nascimento de Maria Bonita (8/3/1911), foi uma das homenageadas.

Balançando-se na rede na entrada de sua casa, satisfeita com os dez filhos, 40 netos e 37 bisnetos, Alzira aponta para um dos locais onde dançou com Lampião: uns 100 metros adiante, a Rádio Xingó FM. “Continua lugar de música.” Mas e Lampião, dançava bem? “Ah, ele dançava bom.”

(Foto: Cesar de Oliveira)

*A repórter viajou a convite do Ministério do Turismo e da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa).


Publicado originalmente na coluna Brasilianas, edição nº 604 da essencial revista Carta Capital. 
link para conteúdo online: CLIQUE AQUI

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MEMÓRIA DO CANGAÇO NA VIZINHANÇA AMARGA VISITA PARA DIOMÉDIO.

 Por: Kiko Monteiro

Em julho deste ano, à convite do professor e memorialista Salomão Santos, e na boleia do confrade Narciso Dias (presidente do Grupo Paraibano de estudos do Cangaço - GPEC), fomos realizar uma pesquisa de campo na cidade baiana de Adustina. São vários os fatos ocorridos naquele território que se chamava à época Bonfim do Coité e pertencia ao município de Paripiranga. Realizamos a viagem no intuito de conhecer e fotografar a sepultura de um cangaceiro. O que eu nunca imaginei é que logo ali a 60km de minha cidade ainda pudesse encontrar testemunhas oculares dos fatos que aterrorizavam a região na década de trinta.

Patrocínio do Coité como era chamada no passado foi berço dos cangaceiros Saracura e Vinte e Cinco. A sede do município só foi atacada uma única vez, mas os distritos serviam como se dizia à época como “corredor de cangaceiros” que transitavam entre Jeremoabo, Bebedouro (Atual Cel. João Sá), Pinhão, Carira, Serra Negra (Atual Pedro Alexandre) etc.

Aspecto de Paripiranga na década de 30.
 Acervo: Roberto Santos

Através do livro “Adustina sua História” do pesquisador Roberto Santos de Santana tomamos conhecimento que o senhor Diomédio Martins dos Santos, um lavrador, residente num povoado próximo, havia apanhado dos cabras de um famoso cangaceiro, estava vivo pra nos contar esta história. A julgar pela idade atual de nosso depoente, noventa e três anos, deduzimos que o fato ocorre entre 1933/1934.

A história do lugar resguardada no livro de Roberto Santos.

Os cangaceiros tinham feito uma pilhagem na bodega de Manoel de Lia situada no Baixão de Carrolino, lugar bem próximo à Paripiranga e rumaram para o Olho D´água de Fora que hoje pertence à Adustina. Seu Diomédio contava treze anos de idade e morava com os avós.

Naquele dia estava somente ele e a irmã caçula. Da janela percebeu a aproximação de uma gente fardada montada em cavalos no terreiro da casa. Pensou ele se tratar de uma força Volante que guarnecia os povoados. Ele que portava uma pequena faca de ponta na cintura jogou-a embaixo da cama e correu pra sala. Lá estavam todos aqueles homens e duas mulheres, recorda que eram ao todo oito. Um deles, sem cumprimentar e nem fazer arrodeio, pergunta se tinha açúcar. Diomédio respondeu positivamente.

Narciso Dias, Catarina (esposa de Narciso) e o professor Salomão,
atentos às memórias de Seu Diomédio.


Em seguida, o mesmo cabra emenda:
      
     - E Ouro?

O menino negou, e foi então que percebeu que estava diante de cangaceiros. Todavia, antes que pudesse formular uma desculpa, a irmã, que ouvia a conversa da cozinha, respondeu sem entender a pergunta feita pelo cabra. Não imaginava o perigo que corriam:
     
     – Tem, e é uma mochila cheia.

Um dos cabras, percebendo a possível mentira de menino, deu-lhe um soco no abdômen  que o fez cair ao chão. Tomado por uma repentina emoção, Diomédio viaja ao momento do episódio: Então me levantei e pedi para que entendesse, se quisesse bater, batesse, mas o que nós tínhamos era açúcar e não diacho de ouro. O resultado é que fui agredido pelo cabra novamente. Um deles visivelmente embriagado pela cachaça que furtara da venda de seu Manoel jogou a própria companheira para cima de mim, dizendo:

     Tome esta mulher pra você!!!
     Nesse momento a cabroeira foi ao delírio. Ai eu gritei com mais raiva aindaNão quero porqueira de mulher nenhuma.
     E um outro cabra se alterou inda maisEspia, quer dizer que é porqueira é? Ele não vai contar mesmo, atira neste cachorrinho.

Ai um deles manobrou um fuzil e o encostou na minha barriga e pediu pressa na localização da tal mochila de ouro. Era pra intimidar a todo custo.
     
     Eu ainda insisti:  - Não tem peste de ouro, o que tem aqui é açúcar, a menina entendeu errado.

O cangaceiro que perguntou pelo ouro, então, decide: 
    
     - Então você vai com a gente!
     - Poisnão saio daqui pra lugar nenhum - Disse o moleque Diomédio sem estremecer.

E a cada negativa tome couro.

Diomédio Martins dos Santos: Um caboclinho destemido.
Foto: Kiko Monteiro

Para sua salvação entrou na casa o chefe do grupo que, reprovando com severidade, ordenou que não batessem no jovem. E que se retirassem imediatamente, pois teve noticias que uma Força estava a caminho do povoado. - Nem o açúcar levaram. Mais tarde ele soube que aquele homem era o chefe do ‘coloio’, o afamado “Anjo” Roque Labareda. Que já comandava seu próprio grupo e tinha naquela região entre Bahia e Sergipe sua "base de operações".

A narrativa ainda prossegue. Diomédio fala vagamente sobre um "fogo" ocorrido no dia seguinte à esta visita, que resultou na morte de um dos cabras de Ângelo Roque... Como o próprio Diomédio não recordava maiores detalhes e nós não obtivemos confirmação nem sobre a volante envolvida nem quanto à identidade do cangaceiro abatido, preferimos nos ater ao fato mais consistente que já faz de seu Diomédio mais que uma testemunha, uma personagem do Cangaço em Paripiranga.

Aguardem mais uma das histórias colhidas nesta nossa breve e proveitosa diligencia em Adustina.

Reitero nossa gratidão pelo convite e amizade do professor Salomão; Pela agradável companhia do casal Narciso e Catarina e pelo suporte técnico do "oráculo" Sergio Dantas na composição deste artigo.

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