* Honório de Medeiros
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segunda-feira, 2 de janeiro de 2023
CANGAÇO E CORONELISMO NO RIO GRANDE DO NORTE: MEADOS DO SÉCULO XIX AO FIM DA REPÚBLICA VELHA (REVOLUÇÃO DE 30)
HISTÓRIA: A CASA GRANDE DA FAZENDA JOÃO GOMES, EM MARCELINO VEIRA
Por Honório de Medeiros
Cônego Bernardino José de Queirós e Sá (1820-1884)
* Honório de Medeiros (honoriodemedeiros@gmail.com)
VEM-VEM
Clerisvaldo B. Chagas, 2/3 de janeiro de 2023
Escritor símbolo do sertão alagoano
Crônica: 2.823
Vivo sempre
escutando/A cantiga de vem-vem/Quando ouço ele cantando/Penso ser você que vem.
Você já ouviu
o canto do Vem-Vem? Já ouviu a música cantada por Luiz Gonzaga: Vem-Vem? É
música saudosa, dessas tipo roedeira, que representa muito bem o sentimento
sertanejo e a crença no pássaro incrível, também chamado em alguns lugares de
Pitiguari. Sua presença ocorre em quase todo o Brasil, mas queremos
apresentá-lo no folclore sertanejo e na saudosa música cantada por Gonzaga,
imortalizando mais um personagem das caatingas. É chamado de Vem-Vem porque
quando uma pessoa está pensando em outra, distante, às vezes na sua vida surge
o passarinho cantando, cujo canto é interpretado como vem, vem. E não demora
muito, a pessoa ausente chega à casa do ouvinte esperançoso do vem-vem.
Não bastasse
as aves também imortalizadas por poetas, escritores e repentistas, chega o
Pitiguari marcando presença. Existem as aves agourentas de morte (já expostas
aqui), as que avisam sobre a proximidade da seca, os bichos que prenunciam
chuvas de inverno e trovoadas, as que denunciam o inimigo humano e o Pitiguari
avisando da chegada de um ausente. O Vem-Vem, Cyclarhis guianensis, mede,
aproximadamente, 15 centímetros e pesa 28 gramas. Macho e fêmea são semelhantes
e se alimentam de invertebrados, lagartixas e frutas. Tem domínio em todos os
biomas brasileiros e a crença semelhante em todos eles.
Você já
percorreu o “Reino Sertanejo” com todos seus mistérios do tempo da flora e da
fauna? Cada vez em que você palestra com um agricultor, com um
benzedor, com um garrafeiro ou com um simples habitante da caatinga, descobre
tanta coisa nova para você e que algumas delas, pode até mudar a sua vida para
melhor. E sobre o Vem-Vem, conheci-o pela primeira vez como Pitiguari, no
romance “Curral Novo”, do saudoso escritor palmeirense, Adalberon Cavalcanti
Lins. Mas nem só de Vem-Vem vive a saudade sertaneja. E quanto o Sertão
alagoano, continua cada vem mais bonito com esse tempo atípico, jamais visto
pelos mais velhos.
Hoje está nublado, frio e úmido em pleno início de janeiro, pode?
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JOSÉ LEITE DE SANTANA, O CANGACEIRO JARARACA, PRESO EM MOSSORÓ, NA INVASÃO DE LAMPIÃO EM 13 DE JUNHO DE 1927.
Por José Mendes Pereira
José Leite de Santana, era conhecido no mundo do crime por Jararaca, Nasceu na cidade de Buíque, no Estado de Pernambuco, no dia 5 de maio de 1901. Na invasão de Lampião à Mossoró, no dia 13 de junho de 1927, ele era um dos chefes de subgrupos do capitão, mas, por pouca sorte, foi baleado, no dia seguinte capturado pelos policiais, nas proximidades da ponte de trem da cidade, e no dia 18 de junho de 1927, o cangaceiro foi assassinado dentro do cemitério São Sebastião, cujo assassinato, até hoje, é considerado como um ato covarde dos policiais, já que o bandido estava preso e muito doente, causado pelas balas que estavam alojadas em seu corpo.
Entre os anos de 1920 e 1926, o facínora serviu o exército brasileiro, tendo sido um dos participantes da "Revolta Paulista do ano de 1924", sob o comando de Isidoro Dias Lopes.
No ano de 1926, resolveu deixar a farda para entrar na famosa "Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia", do afamado e sanguinário capitão Lampião, embora a sua participação no cangaço, foi bastante passageira, isto é, por pouco tempo, por ter caído nas mãos dos policiais da época.
Eraldo Xaxá na ponte de trem. Ele faleceu de covid-19 e era nosso primo de 2º. grau. - Foto feita por mim.
No fracassado ataque à cidade de Mossoró, em junho de 1927, foi preso e "justiçado" (morto sumariamente sem julgamento, após 4 dias de prisão) pelo soldado João Arcanjo.
Muitas pessoas da cidade de Mossoró, acreditam que o ex-cangaceiro obrava e continua obrando milagres, pois
antes de morrer, teria se arrependido dos seus crimes praticados, e depois de morto, credita-se plenamente em algumas graças alcançadas.
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MAPA DA GROTA DO ANGICO | O CANGAÇO NA LITERATURA #181
Por O Cangaço na Literatura
Conseguimos um mapa
detalhado da grota e fomos lá desvendar todos os mistérios que envolvem o palco
sangrento da morte de Lampião, maria Bonita, mais nove cangaceiros e um
volante.
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A ÚNICA BAIXA ENTRE A VOLANTE HOMENAGEM AO SOLDADO ADRIÃO.
O texto, abaixo, está contida no livro “Como Dei Cabo de Lampião” de autoria do, há época, Capitão João Bezerra da Silva, intitulada como “Homenagem Póstuma do Autor”, logo no início da 1ª Edição do livro, em 1940 e mantida nas duas outras edições.
O soldado Adrião Pedro de Souza, componente da volante do Aspirante Francisco Ferreira de Melo, veio a ser morto, infelizmente, logo no início do combate de Angico. Com a subdivisão da tropa comandada pelo Tenente João Bezerra, para a execução do cerco ao acampamento de Lampião, o grupo liderado pelo Aspirante Ferreira, foi quem primeiro teve contato com os cangaceiros, ao ponto de se verem forçados a dar início a ofensiva.
Cessado o combate, constatou-se a morte do soldado Adrião, ferimento no braço do soldado Guilherme Francisco da Silva e ferimento transfixiante na mão e na coxa, com a bala se alojando no quadril do comandante da volante. Em seu livro, o comandante faz o seguinte comentário: “Sofrendo então muitas dores, baleado como estava na perna e na mão, perdendo muito sangue, cansado e sem dormir há mais de 24 horas, via-me em dificuldades para resolver vários problemas que necessitavam ser resolvidos com a máxima urgência.
Foi um momento de agonia aquele! Estávamos num local de difícil acesso à margem do rio São Francisco. Tudo se apresentava com inumeráveis dificuldades. Teríamos de remover enormes obstáculos para nos transportar carregando um soldado morto e outro ferido, e ainda, para maior desgraça, eu não podia andar, tendo de ser carregado pelos meus valentes companheiros. Troquei ideias com o aspirante Ferreira de Melo, assentando que o soldado morto de qualquer maneira não ficaria ali. Mesmo que isto nos custasse os maiores sacrifícios, ele seria transportado para receber as honras da sua dignidade de combatente viril tombado heroicamente na defesa da ordem jurídica, no cumprimento sagrado do dever militar.” Daí, segue-se uma série de procedimentos e de ações paralelas, em decorrência da dimensão do feito e euforia por parte de todo o contingente humano das mais diferentes áreas, sem se negligenciar os procedimentos devidos ao bravo militar morto, conforme citações abaixo:
BOLETIM DO II BATALHÃO, Nº 175, DE 30 DE JULHO DE 1938, III ITEM:
“EXCLUSÃO POR FALECIMENTO – Excluo do estado efetivo deste Btl. e 4ª Companhia, por falecimento, o soldado nº 665, Adrião Pedro de Souza, por ter quando em combate junto às forças volantes que extinguiram o celebre rei do cangaço o famigerado “Lampeão”, e mais dez comparsas, sido atingido pelas balas mortais dos facínoras bandoleiros, deixando gravado nos corações de todos os seus companheiros o inédito exemplo de heroísmo, de amor ao trabalho, perdendo a vida pela paz do sertão e engrandecimento de sua corporação, que tão sobejamente deixou gravada a sua recordação. “
DO DIÁRIO OFICIAL Nº 7.443, de 04 de Agosto de 1938:
“I - ATO DO INTERVENTOR FEDERAL – O interventor federal do Estado, por atos de ontem, promoveu, por ato de bravura e na forma regulamentar, ao posto de 3º sargento o soldado do Regimento Policial Militar Adrião Pedro de Souza, morto na manhã do 28 de julho próximo findo, em combate contra o banditismo; ...”.
CONTINUAÇÃO DO BOLETIM REGIMENTAL Nº 179, DE 12 DE AGOSTO DE 1938:
“Não se enganou, portanto, o Exmº. Sr. Interventor Osman Loureiro, nem tão pouco este comando. A perseguição se iniciou de forma tenaz e vigorosa, e não tardou a raiar a manhã do 28 de julho, onde um punhado de 45 bravos comandados pelos Capitão João Bezerra da Silva, 1º Tenente Francisco Ferreira de Melo e Aspirante a oficial Aniceto Rodrigues dos Santos, numa arrancada de heróis, atacaram de surpresa, na fazenda “Angicos”, município de Porto da Folha, no Estado de Sergipe, o grupo do famigerado “Lampeão”, composto de nada menos de 58 bandidos e com eles numa luta tremenda conseguiram abater onze sicários, inclusive o REI DO CANGAÇO, pondo os demais em debandada, sem que tivessem tempo, os restantes, de conduzir do campo de luta os seus apetrechos e material de guerra que abandonaram.
Infelizmente, não há vitoria sem luto e este luto é deveras lamentável, por que na refrega perdemos um bravo, o soldado Adrião Pedro de Souza, que, por isso, foi promovido, por áto de bravura e na forma regulamentar, ao posto de terceiro sargento; - para ele imorredouras saudades e um minuto de silencio, em sua memoria, pelos belos exemplos que nos legou e que servirão de lição aos que aqui militam e aos que nos sucederem. O Capitão Bezerra, comandante geral da tropa recebeu um ferimento, assim como o soldado Guilherme Francisco da Silva, e por pouco, aquele não ficou no campo da luta, estando ambos sob os cuidados médicos...
Congratulando-me convosco e, muito especialmente com louvor, com os que tomaram parte na encarniçada luta acima relatada, mando que, nos livros do assentamentos de cada um, se façam constar os elogios a que fizeram jus, ao mesmo tempo que os concito a prosseguirem, com fé, na luta ingente de libertar, quanto antes, o sertão de Alagoas da horda remanescente de bandidos que ainda o infesta, convictos de que dias melhores nos esperam e de que a história Militar da Polícia de Alagoas será enriquecida com mais esse serviço à Sociedade Alagoana e, consequentemente, ao Brasil.
Camaradas! Para a frente, por que a vitória é nossa. Salve Alagoas!
Salve a Pátria redimida! SALVE!”.O Coronel Francisco Ferreira de Melo se refere ao combate e ao soldado em entrevista ao Dr. Estácio de Lima, da seguinte forma: “ – A luta foi difícil Coronel?
"Não tanto, para quem estivesse habituado às guerrilhas sertanejas. Enfrentamos o adversário sem que ele nos esperasse. Levamos a vantagem da surpresa. E para tantos e tão importantes cangaceiros abatidos, onze ao todo, lastimamos a perda de meu excelente soldado ADRIÃO ou ADRIANO PEDRO DE SOUZA. Também foi baleado o nosso digno Comandante e mais um praça, que teve o braço partido”.
O soldado Adrião Pedro de Souza teve a sua morte reconhecida por bravura, pela sociedade civil, seus pares, instituição a qual pertencia e autoridades, no ambiente devido e apropriado. O palco do combate nos ermos das caatingas, que serviu de jazigo para os cangaceiros, não seria o local apropriado para o antagónico, justamente para aquele que dedicou sua vida a combater os que ali ficaram. Os registros na literatura e, sobejamente nos meios de comunicação já registraram na história os nomes dos que ali combateram, não existindo nenhum demérito, por não haver a materialidade do seu nome exposto no referido local.
O Coronel João Bezerra, reconhecendo a necessidade de haver um marco, a altura dos que ali combateram (volantes e cangaceiros) e ali ficaram (cangaceiros), teve a iniciativa de mandar confeccionar na oficina da Rede Ferroviária de Piranhas, um cruzeiro (foto abaixo) composto de onze cruzes, com os respectivos nomes, que Estácio de Lima registra em seu livro, como “Mausoléu modesto das onze cruzes”.
O que está em cima da pedra, é o Sr. Manoel Pereira, chefe da estação de trem de Piranhas.
E ao centro o ferreiro da estação, que ajudou na construção da cruz.
Em Angico, o imponente cruzeiro foi colocado em 30/10/1961, afixado em uma grande pedra. Na placa de bronze, no centro deste cruzeiro, tem a seguinte inscrição:
“Aqui jaz o Rei do Cangaço Capitão Lampeão com dez companheiros.
Combate em 28-7-1938. Lembrança do Capitão Bezerra.
Colocação da Cruz em 30-10-1961".
numa sala dedicada ao Cangaço, mantida por Vera Ferreira.
OBS. Estas duas imagens não compõem a matéria original, é um adendo do blog para enriquece-la. O registro fotográfico da aludida peça foi consentido por Vera Ferreira para Ivanildo Silveira.
À materialidade - o registro histórico dos fatos. Aos nossos corações a lembrança e o agradecimento indelével por aqueles que se sacrificaram em defesa do bem.
Abraço a todos, Paulo Britto!
Matéria pescada no sítio do Coroné Severo www.cariricangaco.com
http://lampiaoaceso.blogspot.com/2011/06/homenagem-ao-soldado-adriao.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com