Na fotografia vemos o Beato com o Jornalista Hidelbrando Espínola
(Transcrição completa do Massacre do Caldeirão)
"(...) O
massacre de 700 seguidores do beato José Lourenço, na comunidade rural de Pau
da Colher, na Bahia, uniu a Polícia Militar e o Exército em uma das ações mais
violentas contra movimentos populares”.
A origem da
tragédia remonta ao sítio do Caldeirão, perto de Juazeiro, um lugar de fartura
em pleno sertão nordestino, fundado pelo beato José Lourenço em terras doadas
pelo Padre Cícero, que despertou a cobiça de latifundiários. A aglomeração
causou inquietação no governo, que temia que se repetissem as experiências de
Canudos (1887/1897) e do Contestado (1912-1916).
Para o
caldeirão convergiam levas de romeiros vindos Ceará, Piauí, Rio Grande do
Norte, Pernambuco e Bahia em busca de um pedaço de terra para plantar e viver.
A comunidade rural autossuficiente chegou a abrigar 3 mil pessoas, que não mais
queriam trabalhar para os fazendeiros da região.
Segundo o
jornalista Hidelbrando Espínola, repórter do então Jornal Correio do Ceará,
José Lourenço fabricou máquinas, tratou a terra e fez a propriedade prosperar.
Todos tinham a sua função no grupo e seguiam uma disciplina rígida. Tudo o que
produziam era repartido entre os membros da comunidade.
A fazenda
começou a ser erguida no início dos anos 30 e foi destruída pela polícia em Setembro 1936. José Lourenço e as famílias, que moravam no Caldeirão, foram
despejados e instalaram-se de novo em Pau da Colher.
As condições
de vida ainda eram muito precárias quando um grupo ligado ao beato matou em uma
emboscada seis policiais militares. Em represália, o acampamento foi metralhado
e bombardeado por três aviões. Em seguida as tropas atacaram a população,
saquearam, incendiaram e destruíram casas e plantações. Os sertanejos
resistiram ao ataque e partiram para a luta corporal armados de facões, ferrões
e cacetes contra os soldados de fuzis e metralhadoras. O beato José
Lourenço conseguiu escapar e refugiou-se em Pernambuco, onde morreu em 1946.
Quase não restou vestígios da comunidade. No museu histórico do Ceará, no
Centro de Fortaleza existem apenas seis peças que lembram o povo do Caldeirão e
sua luta: A bandeira da comunidade manchada de sangue, três fotos publicadas em
um jornal da época, uma espingarda e um machado. Os objetos estão expostos na
sala em memória a Padre Cícero.
Fonte Enviado por: Denise de Almeida em 10/05/2009
PS. * A SOS -
DIREITOS HUMANOS, ONG com sede em Fortaleza - Ceará, ajuizou no ano de 2008 uma
Ação Civil Pública na Justiça Federal contra a União Federal e o Estado do
Ceará, requerendo que informem a localização exata da COVA COLETIVA onde
enterraram os 1000 camponeses católicos assassinados pelo Exército brasileiro e
pela Polícia Militar do Ceará, no GENOCÍDIO praticado no Sítio da Santa Cruz do
Deserto, bem como, indenização à todas as vítimas sobreviventes e familiares.
Junte-se à nossa causa! Dr. Otoniel Ajala Dourado OAB/CE 9288 Presidente da SOS
- DIREITOS HUMANOS.
*Claudia Ferreira
Dias enviou em 25/09/2010
Sou filha de
Florisbela, umas das sobreviventes do massacre minha mãe (FALECIDA), esteve
naquele massacre, ela e sua irmã Maria da Conceição, minha mãe tinha um
estilhaço de bala no braço, perdeu quase toda a sua família, viu os seus avós
sendo assassinados na sua frente, carregou essa dor pela vida inteira, sofreu
em orfanato, apanhou, de pessoas perdeu seus bens, e agora quem vai reparar
tudo isso, o pior de tudo depois de sessenta anos encontrou a sua irmã, só que
ela já estava morta não pode nem sequer dar-lhe um abraço, muito triste isso. Tenho
alguns relatos dessa tragédia.
*Cloves Reges Maia enviou em 13/05/2012
Meu avô, Hermógenes Reges, inconformado
com a conversão de meu tio à seita do Caldeirão, foi até a comunidade, tentar dissuadi-lo
da ideia e retornar com ele pra casa. Um dos integrantes da seita, de nome
Zacarias, como que tomado por um espírito ruim (relato de meu pai), avançou
sobre meu avô e o matou, na frente do próprio filho, membro da seita. Depois
disso, queimou o corpo do meu avô em fogueira improvisada. Meu tio e sua espora
seguiram com o beato. Minha tia conseguiu abandonar a seita, já que era mantida
em cárcere privado. Meu tio morreu, provavelmente por policiais, e nunca mais
se teve notícias de onde poderia estar o corpo. Meu pai tem, hoje, 83 anos. Na época,
tinha 8 anos de idade.
*Gilberto de S. Silva enviou em 29/09/2012
Eu Gilberto de Sousa Silva sou filho
de Fernando Pereira de Sousa . Meu pai foi deixado por seus pais quando pequeno
ainda, próximo ao local do Pau de Colher. Com uma mulher chamada Janoca das
Queimadas, os meus avós eram conhecidos como: Francisco ou Chico Passarinho. Dona
Francisca Pereira de Sousa minha avó. Eles foram embora sem deixa notícias até
hoje, só sabemos que eles levaram mais 10 filhos com eles, só deixaram meu pai
Fernando, hoje ele tem 62 anos e vive no município de Dom Inocêncio PI. Eu pretendo
ainda encontrar pelo menos algum irmão dele. Eu moro atualmente em São Paulo,
mas se alguém tiver alguma notícia, entre em contato pelo meu e-mail:
gilberto.sousa.silva@hotmail.com
Fonte:
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