Por José Mendes Pereira
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Por José Mendes Pereira
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Por Luiz Ruben F. A. Bonfim
É com alegria que compartilho meus gêmeos. São dois livros resultado de pesquisa de longo tempo e organizado nessa reclusão a que estamos todos obrigados a viver.
De um total de 21 livros lançados, esses são o 13º e 14º publicados sobre a temática Cangaço.
1 – Lampião e a Revolução de 1930
2 – Lampião e seus Cangaceiros – Caderno de Anotações
Estes e outros títulos lançados anteriormente estão a venda com o professor Pereira.
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Por Manoel Severo
Um dos episódios mais sangrentos do ciclo do cangaço e coronelismo no nordeste nos idos dos anos 20. Era fevereiro de 1927 quando as volantes do tenente Zé Bezerra e Arlindo Rocha, formada por mais de 100 homens cercam a fazenda Guaribas, de Chico Chicote, no sul do Ceará. Ao final de um fogo de mais de 30 horas, Chico Chicote ao lado de mais tres cabras, é vencido e morto. Consolidava-se ali uma das mais covardes tramas entre as elites mandatárias dos rincões do cariri cearenses. Para nos contar essa história, Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço, recebe os pesquisadores e escritores Bruno Yacub e Hérlon Fernandes, numa programa eletrizante.
NESTA QUARTA-FEIRA
dia 31 de Março de 2021, 19h30
Canal do You do Cariri Cangaço
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Por Diana VasconcelosDo G1 CE
Aos 109 anos,
Dona Amélia tem problemas de vista. Mas se mantém lúcida.
A aposentada Amélia Nunes dos Santos moradora da cidade de Mauriti, a 493 de Fortaleza, completa 109 anos nesta quinta-feira (20). Segundo ela, neste mais de um século de vida presenciou eventos históricos, como as missas celebradas pelo padre Cícero Romão Batista, os confrontos na cidade de Juazeiro, em 1914, e até passagens do cangaceiro Lampião e seu bando pelo sertão cearense.
Nascida em 20 de setembro de 1903, no Sítio Oitis na zona rural da cidade de Milagres, a “Dona Amélia”, como gosta de ser chamada, conta que se mudou para o distrito de Arapuá com pouco mais 10 anos, localidade próxima a Juazeiro do Norte. A partir de então passou a frequentar as missas de padre Cícero e os grupos de orações no turno da tarde.
“Eu o conheci indo para a missa dele, me ajoelhei aos pés dele e ele benzeu minha cabeça. Eu ia toda tarde para a reza dele. Ele era [um homem] miudinho, não era um 'homão', não. Era branquinho”, conta Dona Amélia. No mesmo período, o pai da aposentada foi chamado para combater na Sedição de Juazeiro, confronto de 1914 entre as oligarquias cearenses e o governo federal, no sertão do Cariri.
“Meu pai voltou bem, mas porque foi ajudar padre Cícero”, diz a devota sobre o retorno do pai. Após a revolta, padre Cícero sofreu retaliações políticas. Ele foi excomungado pela Igreja Católica no fim da década de 1920, mas mateve a influência na região. Aos 23 anos, Dona Amélia afirma ter vista aina a passagem do cangaceiro Lampião e seu bando por Irapuã. “O povo ficou com medo, eles [bando] saíram levando os cavalos e os animais do povo”, afirma.
Devota de padre Cícero, Dona Amélia deve renovar votos em cerimônia religiosa neste aniversário (Foto: Família/Arquivo Pessoal)
Lúcida aos 109 anos, a aposentada lembra com tristeza da perda de três irmãos. “Hoje só tenho uma irmã viva. Senti demais a morte dos meus irmãos. Viver de mais tem coisas ruins”, destaca. Dona Amélia perdeu também os dois maridos, primeiro o agricultor Antônio Nunes e depois o irmão dele, Jacó Nunes. “Casei com o mais velho, ele adoeceu e morreu. Depois casei com o mais novo”, conta com risadas.
Dona Amélia teve oito filhos, dois já morreram. “Vivos tenho três mulheres e três homens”, explica e completa dando risadas, “agora, os netos, eu não conto mais não minha filha. Parei de contar”. Apesar das perdas, Dona Amélia diz estar muito feliz com o aniversário e a festa que a família está preparando para ela. “Estou feliz porque eu estou bem, graças a Deus. E estou mais feliz porque minha família está toda aqui, é bom”, afirmou.
Segundo a filha, Nininha Teixeira, a aposentada tem 33 netos, 68 bisnetos e 10 tataranetos, todos participarão da festa de aniversário no fim da tarde. Além deles, parte dos moradores do Distrito da Palestina, em Mauriti, também devem participar. De acordo com a filha, o aniversário causa uma certa comoção na cidade pela aposentada ser muito conhecida.
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"DELMIRO GOUVÊA, Industrial Empreendedor. Nasceu em 5 de junho de 1863 na fazenda Boa Vista no município de Ipu Ceará, assassinado em 10 de outubro de 1917, aos 54 anos, em Pedras hoje Cidade de DELMIRO ".
JOSÉ INÁCIO DA SILVA, Cangaceiro ( Jacaré ), irmão de Antônio Inácio da Silva o Cangaceiro ( Moreno ). Acusado de aterrorizar no Sul do Cariri Cearense, juntamente com seu comparsa Róseo Moraes, acuado de perto por forte cerco policial, abandomam a região Caririense indo refugia-se na fazenda do Coronel José Rodrigues em Piranhas - Ao, desafeto de DELMIRO GOUVÊA.
Com a repercussão da morte do ilustre sertanejo Delmiro. Jacaré e Róseo Moraes, acusados como matadores, fugiram de terras alagoanas, desta feita de volta a terra cearense procurando estabelecer nova morada na fazenda do Major José Inácio do Barro - Ce.
Preso (jacaré), na fazenda do Major Zé Inácio, sobre forte acusações do assassinato de Delmiro, foi recambeado para Alagoas. Na divisa do Ceará com Pernambuco, entre Macapá, atual JATI-Ce e São José do Belmonte- Pe. Jacaré foi friamente executado, tal vez, uma queima de arquivo, para que não denunciasse os mandantes do crime, daquele que futuramente seria um dos maiores progressista do Sertão Nordestino." DELMIRO ".
Fotos:
Coronel - Delmiro
Cangaceiro - Jacaré
Fonte: Sebastião Fialho de Brito (Bastim).
In mimory.
LUÍS BENTO
JATI 31/03/21/.
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Como foi localizado em SP, o ex-cangaceiro BALÃO, em 1968, através do jornalista, Humberto Mesquita..
Fonte: Cangaçologia./Youtube./Geraldo Antônio de Sousa junior.
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Por Kinko Pelegrine
A MAIOR BATALHA DE LAMPIÃO FOI A BATALHA DA SERRA GRANDE EM 26 DE FEVEREIRO DE 1926 NA CIDADE DE CALIMBI NO ESTADO DO PERNAMBUCO.
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Alexandre Linhares Couto Rangel Jardim-Ceará
Cortesia dos 100 anos Ourivesaria Ferreira Narração de Luiz Ferreira Gorgônio
Por Contos do Cangaço
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Clerisvaldo B. Chagas, 31 de março de 2021
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.501
Ao sair da parte baixa da Timbaúba, voltei pela Timbaúba alta, onde havia muitas pinheiras, entrei por uma trilha ladeada de caatinga e saí acompanhando paralelamente o lombo da serra da Camonga em direção à cabeça. Quilômetros e quilômetros pela trilha, tão silenciosa que nem canto de ave surgia nos vegetais. Estava sozinho num deserto que nem calango cruzava a vereda. Depois de muito caminhar fui sair na estrada larga que leva ao povoado São Félix, um pouco antes da ladeira que passa pelas imediações da cabeça da Camonga. Bastava atravessar a estrada de terra e estaria diante do sítio Imburana do Bicho. Por que Imburana do Bicho? Pensei: a imburana pode ser de cambão ou de cheiro. Bicho deveria se referir a algum tipo de praga que havia deformado a arvoreta ponto de referência do lugar.
Retornei à cidade, passando pela fazenda conhecida como “Fazenda Baixio de Abílio Pereira”. Um pouco antes, dei uma espiada em um caminho antigo que saía no Açude do Bode. Eu já o percorrera com certa dificuldade, pois estava abandonado, solo irregular devidos às enxurradas e mato obstruindo a passagem. Difícil até para burros e cavalos. Nem sei como a ambição humana não avançara as cercas sobre ele e o englobara. Na estrada ainda estava de pé a grande craibeira, marco da estrada para São Félix, quase na frente da casa-grande da fazenda Baixio de Abílio Pereira. Cheguei em casa cansado, mas satisfeito em ter navegado pelas trilhas do Se
Nunca mais revisei meus cafundós
Com essa tal pandemia, só posso respirar nos vegetais do Sertão agora, pelas fotos que o tempo não deixa de mostrar.
1. SERRA DA CAMONGA, AO FUNDO, VISTA DA RUA PEDRO BRANDÃO. (FOTO B. CHAGAS).
2. SERRA DA CAMONGA VISTA DA RUA PEDRO BRANDÃO. (FOTO: GUILHERME CHAGAS).
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2021/03/nas-trilhas-do-sertao-clerisvaldo-b.htmlPor Sued Carvalho – Cariri | Ceará
CÍCERO ROMÃO BATISTA ( 24 DE MARÇO DE 1844 — 20 DE JULHO DE 1934 )
Em uma manhã de 11 de abril de 1872, chegava à pequena Tabuleiro Grande um padre recém-ordenado de nome Cícero Romão Batista, inicialmente apenas para rezar uma missa pedida por dois ilustres locais. O jovem de 28 anos ansiava ir para Fortaleza trabalhar na Diocese ou continuar seus estudos, afinal, há pouco tempo, em 1854, havia sido criada a Diocese do Ceará e ainda estava no cargo de bispo aquele que foi o primeiro a ocupá-la, Dom Luís. Seria, então, a oportunidade para padres jovens da antes esquecida província do Ceará ascenderem na hierarquia da Igreja. O destino de Cícero, porém, não viria a ser tão harmonioso.
Pela noite, Padre Cícero acorda de um sonho, onde afirma ter visto Jesus Cristo a pedir que cuidasse dos pobres da região. Crente (ou não) de seu devaneio noturno, Cícero decide ficar em Tabuleiro Grande, onde exerceu com bastante dedicação a batina, praticando a caridade, visitando os idosos e orando missas com regularidade. Tal veemência em suas atividades, associadas à força da Igreja Católica enquanto parte do antigo Estado Imperial e escravista brasileiro lhe renderam influência local, que usou para cercear e atacar as manifestações culturais do povo negro do distrito, proibindo o samba, considerado como dança sensual de “escravos”, como ressalta Ralph Della Cava (1976, p. 42).
As coisas seguiam tranquilas até que, em 1º de março de 1889, a beata Maria de Araújo, uma das várias mulheres solteiras que se dedicaram a uma vida de “esposas de Cristo”, verteu, segundo dizem, uma hóstia em sangue. Tal evento já ocorria e viria a se repetir pelos dias seguintes. Não cabe à História afirmar se milagres existem ou não, mas sim analisar o contexto no qual nasce o fenômeno social que resulta do evento. Um movimento se inicia e, três meses depois, ocorre a primeira romaria, vinda do Crato, trazida por Monsenhor Monteiro. Cerca de três mil pessoas ocuparam o pequeno vilarejo, crentes de que o sangue vertido era o sangue do Messias.
A informação chega atrasada ao segundo bispo do Ceará, Dom Joaquim, que fica sabendo apenas oito meses depois do suposto milagre e de um movimento de catolicismo popular que sai de seu controle. Em um momento de perda do papel da Igreja Católica enquanto religião oficial, havia um esforço para romanizar as manifestações católicas da população, que misturavam, em uma dinâmica de circularidade cultural, misticismo e religiões de matriz afro com o catolicismo apostólico, construindo superstições e tradições particulares (como é o caso das renovações e das novenas, por exemplo). Frustrado nesse inglório trabalho por seus próprios subordinados, entre eles o Padre Cícero, o bispo reage com todo rigor, ordenando imediatamente que os párocos não se manifestem a respeito do suposto milagre e submetendo a beata, maior vítima da polêmica, a diversos testes.
Tudo terminou com Maria de Araújo enclausurada e desacreditada. Padre Cícero perdeu seus privilégios de rezar missas e ouvir confissões após diversas tentativas de se explicar para a Diocese e para o Vaticano, porém foi exaltado pelos milhares de romeiros que agora ascendiam e tinha o favor dos comerciantes que prosperavam com esses “turistas”. O suposto milagre foi também atribuído ao padre (por seu crescente poder e por ser branco e homem), e não à beata, que morreu esquecida em 1914, tendo seu corpo desaparecido nos anos 1950 e nunca mais encontrado.
Nos anos que se seguiram, Cícero Romão Batista percebeu que sua influência foi diminuindo entre os seus irmãos padres e todos seus privilégios eclesiásticos se foram. Porém, como dito acima, os comerciantes e a nova elite da vila, agora chamada de Juazeiro do Norte, eram-lhe muito gratos e, por razões de sobrevivência, o padre se alia a eles. Mais do que isso: torna-se um deles, defendendo seus interesses. Contribui com os latifundiários, naturalizando sua dominação econômica ao mandar romeiros pobres e desempregados para suas fazendas como mão de obra barata, assim como enche as oficinas que prosperavam na região com trabalhadores desesperados por um meio de vida. Sem o Padre Cícero, famílias influentes em Juazeiro do Norte até hoje, como a Bezerra, não seriam o que são, alimentadas por camponeses colocados em regime de semiescravidão que barateavam e muito seus custos de produção.
Não demorou menos de 20 anos para que Juazeiro do Norte tivesse uma pujante economia baseada no comércio religioso, que possibilitava também trabalhadores em “busca da terra Santa” para tornarem-se camponeses nas terras dos coronéis. As romarias, fruto da crença popular em um milagre supostamente manifestado através da boca de uma mulher negra que se encontrava presa, fizeram com que a maré subisse os barcos de todos os ricos, gerando uma desigualdade social tremenda, permitindo, segundo dados do Atlas Brasil, que Juazeiro do Norte tivesse, até 1991 uma taxa de mortalidade infantil de 80,6 por mil crianças de até cinco anos de idade e um IDH pífio de 0, 419, realidade que só viria a mudar em meados dos anos 2000.
Juazeiro do Norte tornou-se maior do que a cidade da qual era distrito, Crato, e tornou-se independente em 1911, sendo o Padre Cícero, vejam só, seu primeiro prefeito. Três anos após a Independência, os pobres tornaram-se, mais uma vez, buchas de canhão para os interesses das elites. O pároco emérito, associado às elites agrárias do Cariri e do Ceará e tendo, para elas, grande valor, filiou-se ao PRC (Partido Republicano Conservador), partido do governador do Ceará, Nogueira Accioly, membro e representante das elites coronelistas e tradicionais do Estado. Havia uma contradição entre a nova burguesia liberal da belle époque, cuja riqueza advinha do comércio, e a burguesia agrária e rural coronelista do estado. Este segundo grupo havia conseguido manter no poder, por mais de uma década, Nogueira Accioly e transformava o PRC no partido dominante da política estadual. A oposição, cada vez mais fortalecida, porém, consegue, em 1912, dar um golpe e colocar no poder o liberal Franco Rabelo.
Franco Rabelo, então, cuida de consolidar seu poder e consegue um grande inimigo, o Padre Cícero e seu aliado, o político conservador Floro Bartolomeu. O novo governador chega até mesmo a enviar tropas para as proximidades de Juazeiro, estacionando-as em Barbalha, para garantir que a nova ordem, das elites comerciais, fosse estabelecida e mantida em todo o Ceará. A isso Padre Cícero reage, junto aos coronéis e ao “Dr. Floro”, aproveita-se da movimentação das tropas para convencer romeiros de todo o Nordeste que a “Jerusalém do Sertão”, Juazeiro do Norte, estava ameaçada pelas tropas mundanas. Romeiros, policiais da cidade e jagunços dos coronéis formam um exército para defender a autoridade de seus exploradores tradicionais, os latifundiários, contra outro modelo de exploração (mesmo que mais progressista), convencidos de que lutavam por uma causa sagrada. É o mais cru exemplo do uso da religião usada como ideologia e forma de reprodução, como havia pensado Marx e como pensaria Lukács anos depois.
O evento ficou conhecido como Sedição do Juazeiro. Em 1914, milhares de fiéis do Padre Cícero cavaram uma trincheira em volta da cidade usando panelas e algumas pás, e venceram as tropas estaduais usando armas de fogo, facões, foices e enxadas. Atitude heroica, a incrível força popular usada para a permanência da exploração do trabalho. Os romeiros perseguiram as tropas até Fortaleza e, lá, foi destituído Franco Rabelo, sendo o poder devolvido ao PRC. As forças conservadoras que haviam feito sua fortuna sobre o trabalho escravo no Império estavam mais uma vez no poder, graças ao “Santo” popular. O “maior cearense do Século” tornou-se o que é, até nossos dias, mais por sua atuação política do que por sua atuação paroquial. Padre Cícero também se tornou grande proprietário de terras, fazendo jus ao título de “coronel de batina”.
Sued Carvalho – Cariri | Ceará
BIBLIOGRAFIA.
ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO NO BRASIL. Juazeiro do Norte, disponível em: http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/perfil_m/juazeiro-do-norte_ce, acesso em 24/03/2020.
DELLA CAVA, Ralph. Milagre em Juazeiro. 2ª ed. Paz & Terra, Rio de Janeiro, 1976.
ENGELS, Friedrich. Anti-Duhring. 1º ed. Boitempo Editorial, São Paulo, 2015.
PEREIRA, Cláudio Smaley Soares. DA “CIDADE DO PADRE CÍCERO” A “CIDADE DO CAPITAL”: A MORFOLOGIA E A CENTRALIDADE URBANAEMJUAZEIRO DO NORTE/CE, disponível em: http://www.cbg2014.agb.org.br/resources/anais/1/1403638206_ARQUIVO_DACIDADEDOPADRECICEROACIDADEDOCAPITAL-MORFOLOGIAECENTRALIDADE.pdf, acesso em 24/03/2020.
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Programa Exibido após sua morte em 1989, infelizmente não tenho a data exata da exibição Luiz Gonzaga, o rei do baião morreu em 2 de agosto de 1.989(quarta-feira),provavelmente, o Globo Repórter foi exibido dois dias depois em 4 de agosto de 1.989(sexta-feira) Garimpando videos antigos. Nos siga no Instagram e também no TikTok para conteúdos originais! Não está no TikTok? Se cadastre através deste link e ganhe $1 - http://vm.tiktok.com/EdmCy4
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A VIDA DO VIAJANTE
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LUIZ GONZAGA muito debilitado acometido por um CA
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Novo vídeo no canal Cangaço Eterno . Neste vídeo identifico os personagens envolvidos em 30 fotos referentes ao cangaço.
A idéia é ajudar no aprendizado dos amantes do tema, tendo em vista que as identificações sempre são algo mais complicado.
Se você ainda não é um inscrito do Canal Cangaço Eterno corre lá e se inscreve.
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Kiko Monteiro
Solenidade de posse da Academia Brasileira de Letras e Artes do Cangaço (ABLAC) ocorrida no último dia 13 de março de 2020 na Universidade Tiradentes em Aracaju.
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Clerisvaldo B. Chagas, 30 de março de 2021
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.500
Explanando para os futuros pesquisadores sobre o Casarão/Museu de Santana. Além do que foi descrito em crônica anterior com o nome de PERGUNTA NO AR, o prédio ainda possuía (e possui), um pequeno quintal. Continuando o quintal, lateralmente havia (e ainda há) um compartimento com frente para a Rua Ministro José Américo, via também da feira livre. Em determinado tempo, aquele compartimento foi cedido ou alugado e passou a funcionar como bodega de cachaça para os viciados da feira. Nessa época o museu para algumas autoridades, era apenas um lixo que a ignorância não sabia como se livrar do entulho. Bem que o compartimento poderia ter servido para ser instalada a parte administrativa da permanente exposição. A cachaça e o cuspe no pé da mesa venciam a Cultura.
No oitão do edifício, voltado para o Largo da Feira, ainda hoje existe uma pequena porta no sótão. Alguns feirantes guardavam ali suas mercadorias após a feira. Um deles chagou até a negociar suas bugingangas, parte dentro do sótão e parte fora. Era um homem amigo de meu pai, dente de ouro e pronúncia aberta para feijão a que ele chamava de féjão. Vizinho à entrada do sótão (nós chamávamos de porão) o senhor Audálio colocou ali uma barraca vertical para vender cigarros e que funcionou por muito tempo. Houve ocasiões em que os viciados procuravam os tubos de fumo na cidade e não encontravam, mas na barraca do Audálio sempre havia cigarros, servidos, alíás, com muita rapidez e agilidade no troco, quando precisava. Seu Audálio tornou-se uma pessoa muita conhecida em Santana, com sua barraca de cigarros ao lado do museu. No porão, atendeu por muito tempo o sapateiro Genésio, onde formou sua tenda.
Muitas e muitas histórias foram contadas na barraca do fumo por ele mesmo, o dono. Sentado em banquinho de madeira, bem como seus assíduos frequentadores das palestras, principalmente as noturnas, como a presença marcante do saudoso professor José Maria Amorim, a noite era consumida. Como o tempo é o senhor de tudo, Audálio, nem sei o motivo, fechou o ponto e foi para casa. “Vão comprar cigarros agora na casa da peste!” – disse um gaiato da rua como desabafo.
O que você acha? Essa é a história do museu que não é do museu. Entretanto, acho que daria um livro completo de tantos e tantos casos do “Seu Audálio da Barraca de Cigarros” e seus compromissados com os ouvidos.
Quer saber?! Acho que o homem não fumava e se fumava era com a boca alheia. Ô vida de gado!...
ANOITECER DE DOMINGO NO LARGO DA FEIRA, VENDO-SE A LATERAL DO MUSEU DARRAS NOYA E A MATRIZ DA CIDADE. (FOTO: ACERVO/ B. CHAGAS).
Por Leandro Cardoso
"Boa noite a todos. Me chamo Leandro Cardoso Fernandes, ocupo a cadeira de número 13, cujo patrono é o escritor e magistrado William Palha Dias.
O motivo de hoje estarmos reunidos, mesmo que virtualmente, é para celebrarmos a memória de Antonio Amaury Correa de Araújo, nosso amigo e membro da ABLAC, cuja transição para outro plano de existência se deu recentemente. Para os que se debruçam sobre o tema Cangaço, Antonio Amaury é unanimidade incontestável como referência de qualidade pelas suas pesquisas e livros. Ninguém pode acercar-se seriamente desse tema, sem beber nas fontes de sua extensa produção bibliográfica.
Minhas senhoras e meus senhores.
No dia 26 de fevereiro do corrente ano, recebi a infausta notícia da partida de meu amigo Antonio Amaury. Passou-me rapidamente pela memória muitos dos momentos agradáveis que compartilhamos, seja no convívio mútuo com nossos familiares, seja com os amigos pesquisadores, no Cariri Cangaço, nas viagens Brasil-afora, nas inúmeras tardes nos sebos em São Paulo, enfim... meu coração foi tomado por uma nostalgia que veio de mãos dadas com uma sensação de tristeza e perda. Compartilhei a notícia com minha esposa, e as lágrimas vieram-nos aos olhos. Isolei-me por um momento, meditei e ocorreu-me um lampejo reflexivo que, imediatamente, empurrou para longe esse sentimento negativo pela partida do amigo Amaury.
Lembrei-me do verso de Fernando Pessoa: “A morte é só a curva da estrada/Morrer é não ser visto”. A construção da nossa eternidade começa aqui e agora, e só sucumbe à morte os que se dão ao esquecimento. Morrer é ser esquecido. Disse em versos Francisco Otaviano: “quem passou pela vida em branca nuvem/e em plácido repouso adormeceu/(...) foi espectro de homem, não foi homem/ só passou pela vida e não viveu”. E nesse ponto, meus amigos, confrades e confreiras, Antonio Amaury foi exemplar. Viveu plenamente um sonho profícuo, com extensa frutificação, cujas sementes foram espalhadas pelos bons ventos da arte, da beleza e do conhecimento.
Dito isto, esta solene reunião da ABLAC, nesta tarde de sábado não é um necrológio, não é um elogio fúnebre. Muito longe disso. O motivo de estarmos aqui é celebrar a VIDA; é cantar a linda apologia do bem viver, do cultivar em plenitude o amor e o sonho; é louvar e agradecer a VIDA de Antonio Amaury Correa de Araújo, Membro Honorário de nossa Academia.
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à Deus pelo dom da VIDA, pois é esse, como já disse, o motivo primeiro de estarmos aqui.
Mas, o que é a VIDA?
Convido-os, agora, a refletir sobre esta que, em apenas quatro letras, encerra uma multiplicidade de conceitos biológicos, metafísicos e filosóficos. Seria simplesmente o espaço de tempo entre a concepção e a morte de um organismo? Seria um processo metafísico contínuo de relacionamentos?
Eu poderia, para responder a essa indagação, citar o eminente e folclórico professor de Patologia da Faculdade de Medicina do Derby, em Recife, Aluísio Bezerra Coutinho. Ele disse no seu livro “Da Natureza da Vida” que VIDA seria de maneira taxativa “a reprodução auto catalítica de polímeros macromoleculares”. Mas seria a VIDA somente um fenômeno biológico autolimitado? É ela apenas fruto do acaso, ou foi a VIDA deliberadamente criada? Reconheço a dificuldade em defini-la, sem pisar em terreno movediço, onde duelam criacionistas e evolucionistas, às voltas com evidências positivas e negativas para cada lado.
No entanto, armando-se somente com a luz bruxuleante dos candeeiros da Biologia, como explicar satisfatoriamente, por exemplo, o pensamento, esse momento da nossa consciência? Ou a explosão de sentimentos, às vezes contraditórios, que experimentamos ininterruptamente? Seria tudo isso produto exclusivo do ballet químico dos neurotransmissores?
O Professor Adauto Lourenço, PhD em Física e pesquisador pela UNICAMP diz que “a função da Ciência não é provar como o Universo e a Vida surgiram espontaneamente, mas como teriam surgido. Espontaneamente é apenas uma das hipóteses”. E vai mais longe, quando sugere que “átomos e energia não criam as leis da Natureza; eles obedecem a essas leis”.
Pelas lentes de Isaac Newton, e com olhos da fé, Deus está por trás destas leis. A Ele, portanto, minha gratidão por estarmos hoje aqui reunidos, mesmo que fisicamente distantes.
Voltemos, entretanto, ao nosso raciocínio: saiamos da Teologia e dos embates entre as teorias científicas e deixemos que a poesia pungente do pernambucano de Parnamirim, Antonio Marchet Callou defina a VIDA:
“Vida – é amargura doce,/ Vida – uma doçura amarga./ A vida é como se fosse/ Via, ora estreita, ora larga”.
Trilhamos todos nós esta estrada sinuosa, onde sobram nas curvas amarguras, frustrações, paixões, abnegação, gratidão, beneficência, o que levou o grande Guimarães Rosa a afirmar que: “no viver tudo cabe”. E é Gandhi quem dá o arremate, quando diz que “a arte da vida é fazer da vida uma obra de arte”.
Eu os convido, então, a celebrar comigo uma verdadeira obra rara da arte do viver. Uma Vida cujos alicerces foram feitos com a argamassa do amor; as paredes levantadas com os tijolos da generosidade, e revestidas com o brilho do serviço e da disponibilidade. Se “a Geografia prefigura a História”, como disse Euclides da Cunha, as boas obras precedem os homens de bem.
A infausta notícia da ausência física de Antonio Amaury entre nós, não pode extinguir sua VIDA, posto que, além do físico, ele vive nas nossas melhores recordações e na indiscutível perenidade que permeia a substância de sua obra. No universo do estudo do Cangaço, dentro e fora da ABLAC, Antonio Amaury é imortal. Cabe aqui, entretanto, duas palavras sobre o que seja a Imortalidade Acadêmica, antes de nos ocuparmos de uma breve exposição da biografia e da obra do nosso querido homenageado de hoje.
O termo Academia derivou de Academus, o herói grego que revelou aos gêmeos Cástor e Pólux onde Helena havia sido escondida por Teseu. Em homenagem a este herói, foi preservado o jardim onde ele vivia: o “jardim de Academus”. E foi exatamente neste lugar onde o filósofo, Platão reuniu seus discípulos e fundou sua escola filosófica, a Academia.
Mas foi somente na Europa do século XV que se utilizou o termo Academia para designar grupos de estudo e preservação de cultura clássica. Assim, as Academias dos mais diversos segmentos do conhecimento e das artes congregam indivíduos que reconhecidamente trazem uma bagagem relevante de contribuição em área específica, ou até além dela.
A nossa Academia Brasileira de Letras e Artes do Cangaço (ABLAC) foi fundada em 25 de julho de 2019 e é capitaneada de magistralmente pelo nosso presidente Archimedes Marques e sua diretoria. A ABLAC hoje é um farol a iluminar, para curiosos e estudiosos dos temas afeitos à história e à cultura nordestina, os caminhos que levem à pesquisa científica séria, ao respeito, à ética, e ao diálogo, como condições indispensáveis para um estudo em alto nível do cangaceirismo, suas adjacências e desdobramentos. E, ao cruzar os umbrais da Academia, chega-se, então, à imortalidade. Minhas senhoras e meus senhores, confrade e confreiras.
Agora, passo a ocupar-me do imortal, Antonio Amaury Correa de Araújo, que nasceu em Boa Esperança do Sul, São Paulo, em 22 de novembro de 1934, e que vive eternamente na memória e nos corações dos seus familiares, dos seus leitores e dos seus amigos. “A Amizade é o vinho da vida”, disse Edward Young, poeta inglês; e celebrar uma amizade eterna é deliciar-se com o doce néctar da melhor das safras.
Amaury era filho de Elydio Correa de Araújo e Benedita Abdala de Araújo. E foi aos oito anos de idade, por intermédio de sua avó materna, que caiu em suas mãos um folheto em prosa sobre Cristino Gomes da Silva Cleto, o Capitão Corisco, despertanto-o para o tema Cangaço. Mal podia imaginar o pequeno Amaury ao debruçar-se sobre as páginas daquele folheto que algumas décadas adiante ele mesmo hospedaria em sua casa Dadá, a viúva do perfilado. Vejam só.
Depois de completar seus estudos iniciais no Colégio São Bento em Araraquara (SP), Amaury ingressou na Faculdade de Odontologia na UNESP, e a graduou-se também na Escola de Belas Artes, também em Araraquara.
Já na capital paulista, trabalhando como odontólogo em alguns sindicatos como o da Congás, da Construção Civil, dos Condutores de Veículos e também na lida do seu consultório privado, Amaury estabeleceu contato com pessoas ligadas ao fenômeno Cangaço, como ex-cangaceiros, ex-volantes, vítimas, parentes das personagens, etc... Afinal, como disse certa vez o cantor e compositor Belchior: “o nordestino ou sobe pra São Pedro ou desce pra São Paulo”, sendo esta a maior capital nordestina do mundo. Juntando todo esse material humano e a disponibilidade do seu consultório de Odontologia, Amaury viu-se diante de um interessante laboratório improvisado de Antropologia e História, moldado pelos atendimentos do dia a dia. Logo, logo, tornou-se amigo e compadre de Cila, Zé Sereno, Criança, Balão, Dadá... e, de registro em registro, materializava-se o maior banco de dados do Brasil sobre o Cangaço: milhares de fotos, cartas, documentos e gravações que, sem medo de errar, deve ultrapassar as 7000 entrevistas.... Entre elas Sebastião Pereira, Cajueiro, o Coronel João Bezerra, Mané Velho, Antonio da Piçarra, dentre outros...
Em pouco tempo, Amaury já era conhecedor do assunto, apesar de muito jovem. Prova disso é que Rodrigues de Carvalho pediu opinião a ele sobre os originais de “Lampião e a Sociologia do Cangaço” para que ele fizesse correções, as quais incorporou na publicação. Era esse o começo de uma notável carreira como escritor e pesquisador.
Ainda no final dos anos 60 contribuiu para o roteiro do filme “Corisco, o Diabo Loiro” de Carlos Coimbra, grande sucesso do ciclo do Cangaço no nosso cinema. A seu convite, Dadá confeccionou toda a indumentária dos cangaceiros utilizadas no filme, que tinha como atores principais Leila Diniz e Maurício do Vale.
Nos anos 70, aceitou o desafio de responder sobre Lampião no programa de perguntas e respostas, da Rede Globo, “8 ou 800”, apresentado pelo ator Paulo Gracindo, e dele saiu premiado. Sua expertise no assunto passou a ser reconhecida em todo o Brasil. A partir daí, multiplicaram-se convites para assessorar novelas e programas de televisão, destacando-se aqui o episódio piloto do “Globo Repórter”, “O Último Dia de Lampião”, dirigido por Maurice Capovilla. Vale ressaltar que este programa fora baseado em um livro seu “Assim Morreu Lampião”, um grande sucesso e ainda hoje imbatível como obra referencial sobre o epílogo do Rei do Cangaço. Neste trabalho clássico, pela primeira vez, foram enfeixados os depoimentos dos que sobreviveram ao Combate do Angico, fossem volantes, cangaceiros ou coiteiros. Este livro antológico sedimentou um novo modo de se “escrever” sobre o cangaço, dando voz a uma literatura que tem como esteio metodológico os registros de memória oral de sobreviventes dos episódios da crônica histórica cangaceira.
A partir daí, vieram outros clássicos como o excepcional “Lampião: As Mulheres e o Cangaço”, que de maneira pioneira aborda o universo feminino na crônica cangaceira. A obra é até hoje um dos melhores trabalhos escritos sobre o tema, que de maneira corajosa e inusitada, mostra o lado sofrido e guerreiro das mulheres corajosas, bem como das vítimas daqueles tempos brabos.
Dos seus mais de 10 livros sobre o assunto, gostaria de elencar os parceiros, que, sob sua impecável orientação, publicaram trabalhos que se tornaram referenciais, na já extensa bibliografia sobre o assunto: cito aqui Vera Ferreira Nunes (“O Espinho do Quipá” e “De Virgolino a Lampião”); Luiz Ruben Bonfim (“Lampião e a Maria Fumaça” e “Lampião e as Cabeças Cortadas”, Carlos Elydio (“Lampião: Herói ou Bandido?” e Leandro Fernandes (“Lampião: A Medicina e o Cangaço”).
Amaury teve importante e vasta participação em documentários: cito de maneira especial aqui sua contribuição ao trabalho de Aderbal Nogueira, nosso Benjamim Abrahão da contemporaneidade, que viabilizou notáveis entrevistas com o mestre Amaury. Cito também aqui o excepcional “Os Últimos Cangaceiros”, de Wolney Oliveira, filme premiado pelo mundo afora, figurando hoje entre os 100 melhores filmes latino-americanos da década, que contou com a consultoria histórica do mestre.
Antes de finalizarmos, não poderia deixar de falar aqui da maravilhosa família formada pelo casal Antonio Amaury Correa de Araújo e René Maria Tavares de Araújo. Deste feliz matrimônio, ocorrido em 31 de dezembro de 1961, vieram 3 filhos: Antonio Amaury Junior, Carlos Elydio e Sérgia Renée, cujo nome foi homenagem à Sergia Ribeiro Chagas, a Dadá, comadre de Antonio Amaury e Dona René; o genro Nelson Romano, os netos Marcelo e Henrique, e agora uma linda bisnetinha, recém-chegada. Aqui, mando meu abraço carinhoso de admiração e agradecimento à Dona René pelo acolhimento dispensado a mim e minha família; seu exemplo de esposa, mãe, companheira, avó, sogra, que sem dúvida, permitiu que Antonio Amaury pudesse estender para as lonjuras o alcance do seu trabalho. Eu, minha esposa Raissa e minhas filhas Cristina e Laura temos muitas saudades do convívio com todos vocês, que perfumaram as nossas vidas.
Para terminar, gostaria de mais uma vez recitar o soneto que fiz no dia em que meu amigo Antonio Amaury despertou para a eternidade. Deixemos sangrar o açude do peito com lágrimas de alegria por termos convivido com um homem bom, íntegro, que, passando à larga da mediocridade, contribuiu para que nos uníssemos em torno de um tema que, outrora ponteado pela violência, hoje é o palco de harmonias, congraçamento, amizades e o carro chefe da melhor cultura do mundo.
SONETO EM PRECE
Ao amigo Antonio Amaury Correa de Araújo
Dos cangaceiros ele ouviu depoimentos
E dos Volantes colheu muitas entrevistas;
Investigando sempre rastejava as pistas
Para entender do sertanejo os sofrimentos.
Escuto o choro, entre soluços e lamentos,
De iniciantes aos grandes conferencistas,
Na despedida deste grande entre os paulistas,
Que nos brindava com tantos conhecimentos.
Agradecendo a sua ajuda, afinal,
Na mão sincera que estendeste a quem quisesse
Aprofundar-se nos estudos do Sertão...
Eu mando, amigo, pra Mansão Celestial
Um abraço forte que eu envio nesta prece
Banhado em lágrimas, saudade e gratidão.
Muito obrigado."
Leandro Cardoso Fernandes, médico, pesquisador e escritor
Conselheiro do Cariri Cangaço
Acadêmico da ABLAC , Membro da SBEC.