Seguidores

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Bando de Lampião promove rapto e seqüestro em Amparo do São Frascisco em Sergipe


Bando de Lampião promove rapto e sequestro em Amparo do São Frascisco em Sergipe

Dez componentes do bando de Lampião invadiram Amparo no ano de 1937. Segundo os moradores mais idosos que lembram da história, os bandidos - oito homens e duas mulheres - chegaram à cidade de surpresa, durante a madrugada. O povo entrou em pânico, muita gente fugiu da cidade e se meteu nos arrozais que ficavam na beira do rio.


Conforme relatam, entre os componentes do grupo que tomou a cidade estavam Volta Seca, Boca Preta, Canário e Pancada. "Os cangaceiros chegaram aqui empurrando as pessoas e exigindo dinheiro de quem tinha e de quem não tinha", relembra Esmeralda Oliveira.

Depois de informar-se sobre as pessoas importantes da cidade, os cangaceiros foram à propriedade de Franklin Freire, filho de João da Cruz Freire. "Eles o pressionaram para que ele desse dinheiro, e ele disse que não tinha. Então mandaram um portador para Jundiay, a fazenda do senhor Ercílio Brito, que é hoje de João Alves Filho, para pegar dinheiro. Como os bandidos já estavam de saída, disseram que o velho iria com eles para Aquidabã. Eles afirmaram que dariam o prazo até as 18 horas daquele dia. Caso o dinheiro não chegasse, ele morreria", relembra Antonio Freire de Souza, que na época tinha 7 anos.

O sobrinho de Franklin, Adão Freire, vendo a agonia do tio, disse que iria no seu lugar. Em seguida, o portador foi para a fazenda Jundiay. Além do dinheiro, os cangaceiros também queriam levar embora uma mulher casada. "Era Sinhá Teixeira, que era muito bonita. Mas o pessoal conseguiu iludir os bandidos com conversa, enquanto ela fugia pelos fundos da casa. Um morador, que estava esperando no quintal, ajudou a atravessar o rio. Só assim eles não a raptaram", conta Antonio Freire.

Os bandidos resolveram ir embora. Mas antes de o dinheiro chegar e o prazo acabar, a polícia, sabendo que os cangaceiros estavam naquela área, encontrou-se com eles, já no povoado Barra Salgada, município de Aquidabã.

Houve tiroteio e um soldado foi morto. Adão Freire, que estava com os cangaceiros, teve que se esconder. "Ele entrou num paiol de algodão, pois a polícia pensava que ele também era bandido. O tiro zunia e ele gritava "eu não sou bandido, eu não sou bandido". Se saísse morria. Uma hora mandaram ele sair, foi então que um cabo o reconheceu, por isso ele não morreu", explica Antonio Freire.


Web site: 
www.achetudoeregiao.com.br/SE/amparo_sao_francisco/historia.htm  Autor:   www.achetudoeregiao.com.br

Extraído do blog: 
O Cangaço em Foco


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

PELA DUPLA DE ESCRITORES: Bassetti e Megale

Lampião sua morte passada a limpo

Se você ainda não tem  em sua coleção, peça logo antes 
que a edição se acabe.


Peça-o pelos fones:
(11) 4029 4209/ 9795 - 8943
ou por e-mail:
e-mail - sabinobassetti@hotmail.com

O preço é R$ 35,00
já incluso o valor do frete
Um preço que cabe no seu bolso
Não deixe de adquirir esta grande obra.



INVESTIGADORES DA HISTÓRIA CANGACEIRA


ANTÔNIO VILELA (GARANHUNS/PE)
Professor, Escritor, pesquisador, autor de livros relacionados aos temas Cangaço e Nordeste.

Antônio Vilela é autor dos Livros:
- O INCRÍVEL MUNDO DO CANGAÇO – VOLUMES I E II
- A OUTRA FACE DO CANGAÇO
- DOMINGUINHOS – O NENÉM DE GARANHUNS
- LAMPIÃO – DE MOCINHO A BANDIDO (RECENTE)

Seus trabalhos são de extremo valor e muito tem contribuído para o resgate e a preservação das histórias do cangaço e do Nordeste.

A fotografia acima foi registrada durante uma de suas pesquisas de campo, onde visitou o senhor José Alves de Matos que no passado integrou o grupo do cangaceiro Corisco e posteriormente o de Lampião, com a alcunha de “VINTE E CINCO”.

Antônio Vilela... um “Escriba” das histórias do Cangaço.
Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

A História da Revolta de Princesa Isabel na Paraí­ba - PB

https://www.youtube.com/watch?v=E1OUkRYF880

Fonte: facebook

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

AS FOTOGRAFIAS COLORIZADAS POR RUBENS ANTÔNIO (SALVADOR/BA), PASSANDO PELO CONTROLE DE QUALIDADE.


Pelo semblante de Vera Ferreira (Neta de Lampião) na fotografia abaixo, o trabalho do Historiador e Pesquisador Rubens Antonio está mais que aprovado.

Um trabalho de colorização que requer conhecimento histórico, muita paciência em sua elaboração e que busca resgatar as cores utilizadas nas roupas, acessórios e paisagens que fizeram parte do cenário do Cangaço Nordestino.

Na fotografia abaixo Vera Ferreira e Rubens Antônio apresentam algumas das antigas fotografias produzidas inicialmente em preto e branco, que passaram pelo processo de colorização.

Foto: Rubens Antônio (Salvador/BA)

Fonte: facebook
Página: Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador do Grupo)

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

FOTO INÉDITA DO ACERVO DO ROBÉRIO SANTOS


Amar o Cangaço não é necessariamente aprovar os atos criminosos dos cangaceiros, é estudar seus atos e descobrir um universo contido em cada imagem. Ha dois anos localizei uma fotografia inédita do bando de Lampião em Pinhão. Uma pena que eu quem a descobri, pois ficou no mais do mesmo como sempre. Não me importo com isso. Por isso, amigos, é com todo prazer que anuncio a descoberta de uma nova foto original do cangaço. Ela me foi cedida por Claudinei Pereira e destaca que a mesma foi feita na década de 30 em Amparo do São Francisco em Sergipe. Resolvi postar ela "in natura" para que vejam que realmente se trata de uma original... esta é uma de 3... em breve teremos as outras duas. Vamos ao debate? Valeu amigos@! Hoje,a cultura cresce!

Fonte: facebook

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

CONVITE II ENCONTRO REGIONAL DE NARRATIVAS (AUTO)BIOGRÁFICAS - ERNAB


Prezado(a)s,

Em anexo, encaminho convite do II Encontro Regional de Narrativas (Auto)Biográficas - ERNAB que acontecerá na Faculdade de Educação, Campus Central da UERN, nos dias 03 e 04 de dezembro de 2015. A abertura deste Encontro acontecerá no dia 02 de dezembro no Hotel VillaOeste, Mossoró/RN, as 19h.
À disposição para maiores esclarecimentos.

Atenciosamente,

Sara Couto
Secretária da FE/UERN

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN
Faculdade de Educação - FE

UERN - Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
http://www.uern.br

Maria Viviane M. de Farias - Mat. 011265-8
Técnica de Nível Superior
Departamento de Geografia

Lázaro Emerson Soares - Mat. 08944-3
Agente Técnico Administrativo
Departamento de Geografia

UERN - Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
http://www.uern.br


Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço José Romero Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Exibindo Convite II ERNAB (1).pngExibindo Convite II ERNAB (1).png

Tática de Lampião - O Silêncio da Morte Por:Raul Meneleu

Raul Meneleu e Manoel Severo no Cariri Cangaço 2015

Nertan Macêdo em seu livro "LAMPIÃO", traz a narrativa do Coronel Antônio Gurgel, prisioneiro/refém de Lampião, a respeito da sua fuga do Rio Grande do Norte, depois do ataque fracassado à cidade de Mossoró. Relato esse que impressiona pois poderemos ver as táticas de guerrilha que eram aplicadas e a total obediência dos 
cangaceiros a seu líder. 

Onde Lampião aprendeu essas táticas de guerrilha? Onde buscava inspiração para desenvolver essas manobras militares? 

Era assim Virgulino Ferreira da Silva. Tinha rasgos de herói e saídas de poltrão. Inteligente e astucioso, era um homem de vocação perdida.

Se aquele talento cru fosse devidamente aproveitado, Lampião poderia ter sido, não simplesmente um bravo vaqueiro do Pajeú ou um amaldiçoado chefe do cangaço, mas poderia ter sido um poeta, músico e artista, qualidades que revelou em seus versos, tocando sanfona, confeccionando belos e artísticos objetos de couro.


Poderia ter sido um bispo católico, ou quem sabe um general brasileiro, pois em seus combates que travou, demonstrou acentuada capacidade de estrategista. Não foram poucas vezes em que empregou planos bem arquitetados e bem executados para enfrentar e desestruturar seus inimigos. Possuía tato e qualidades de comando. Era na verdade um estrategista nato. Até hoje se discute o por que de Lampião ter atacado a cidade de Mossoró. Mas vamos ao relato: 

Lampião e seu bando chegavam à fronteira do Ceará. De Cacimba do Boi, lugar conhecido também por Buraco do Gado, Lampião mandou portador a Limoeiro. De volta, o emissário vinha de matula graúda: caixas de charuto, garrafas de vinho quinado, pacotes de biscoito. Não despendera um vintém nas aquisições.

O emissário contou: O povo do Limoeiro está em festas. Vai receber o senhor com grande satisfação. Até já mandaram embora os soldados pra não haver atrapalhação. O recado tocara, fundo, na fibra orgulhosa de Virgulino. Era por Isso que ele gostava do povo do Ceará. Meteu o fura-bolo na cara animada dos comparsas e repetiu a advertência já feita durante o trajeto, quando avistaram os campos do Jaguaribe:

– Daqui pra frente é o Ceará, terra do meu padrinho. Não se rouba e nem se mata! Não quero ver desavença nem safadeza! 

Os cabras baixaram os olhos. Os campos do Jaguaribe fumegavam, espichados no mundo. Todos se enfeitaram para a entrada em Limoeiro. Botaram fitas coloridas nos chapéus de couro e nas cartucheiras. No cano e bandoleira dos rifles — as fitas esvoaçavam, sopradas pelo vento quente daquelas planuras lavadas de sol. 

Lampiao em Limoeiro do Norte, CE, retornando de Mossoró

Entraram assim em Limoeiro, o chefe na frente, os óculos faiscantes, feliz com a recepção que lhe proporcionavam as autoridades e o povo. Gritos estrugiram na rua.

— Viva o Capitão Virgulino! - Vivá...! 

Coqueiro, mais afoito, tirou o chapéu, ergueu-o no ar, o rifle seguro na esquerda, e bradou em resposta: 

— Pois viva o govêrno Moreirinha! — Vivá... ! 

Outro cangaceiro berrou: 

— E viva meu padrinho padre Cícero! — Vivá...! 

O tempo esquentou debaixo das aclamações. Os vivas se multiplicavam, um nunca acabar de aclamações.

— Viva São Francisco do Canindé! 
— Viva São Francisco das Chagas! 
— Viva Nossa Senhora da Penha! 
— Viva a Mãe das Dores! 
— Viva Nossa Senhora da Conceição! 
— Viva o Bom Jesus da Lapa! 

Raul Meneleu e dona Francisca no Cariri Cangaço Piranhas 

Eram vivas em cima de vivas, bando e povo dialogando alto, festivamente. No patamar da igreja, o Capitão fez parada. Rezou ao padroeiro da terra e distribuiu esmolas aos mendigos que lhe estendiam as mãos. Comeu, em seguida, banquete regado a vinho e cerveja. Deram-lhe automóvel para passear na cidade. E o coronel Antônio Gurgel ia anotando tudo no seu caderninho.

Padre Vital Guedes, o vigário, animou-se a pedir a Virgulino: 

— Capitão, tenho um pedido a lhe fazer... 
— Diga, seu padre, que estando na medida dos meus poderes, eu atendo... 
— Eu queria que o senhor soltasse os prisioneiros do Rio Grande do Norte. 
— Pelo menos um, seu vigário, eu deixo ir embora. Os outros vão comigo, mando soltar depois. 

Libertou o preso mais barato, cujo resgate era de apenas dois contos de réis, um rapaz chamado Leite, do Apodi. Padre Vital Guedes ficou muito agradecido pelo gesto. E lá se foi de novo o bandido pelo sertão, tangendo os seus reféns, o coronel Antônio Gurgel, dona Maria José e o velho Joaquim Moreira. Este, por ser malcriado, ia montado num cavalo em pêlo, sem direito a sela. 

Rei Vesgo...

De Limoeiro, Lampião partiu para a Fazenda Armador, de propriedade de um cearense magro, fanhoso, de voz arrastada, insolente como os seiscentos diabos, de nome João Quincola. A tudo que o Capitão perguntava, João Quincola respondia de má vontade, carregando no cenho e sem despregar o ôlho do chão. 

Aí Sabino não se conteve mais: 
— Cabra, respeite Lampião, se não vai conhecer no lombo o gosto desta peia... E esfregou o relho na cara de Quincola, que se limitou a fungar e responder:
— Não tenho mêdo não, seu Sabino. 

Deixando a casa de João Quincola, que ficou de surra prometida por Sabino, o bando foi para o Saco do Garcia. Lampião já sabia que vinham volantes no seu rastro. Esperou-a jogando o 31, balas fazendo às vezes das fichas.

Já cansado de esperar, saiu dali no rumo de Arara, onde chegou um portador, trazendo os vinte contos de réis do resgate do pobre Joaquim. Moreira. O velho começou a dar pulos de contentamento quando viu aproximar-se a hora de ir embora.


Quanto ao memorialista, continuaria arrastado pelo bando, ele e dona Maria José, sofrendo as agruras daquele jornadear inapelável, com as volantes nos calcanhares. Além do mais, era obrigado a comer o molho de pimenta que Sabino, seu companheiro na hora da bóia, fazia questão de preparar e servir ao coronel.

Enquanto isso, a soldadesca rondava. E o Capitão jogando 31 com Sabino, Moreno e Luiz Pedro, seus parceiros de baralho, para os quais, de uma feita, perdeu sete contos que pagou, estrilando e mal-humorado.

Estavam agora no Serrote da Rocha, quando receberam a visita do tenente Pereira, comandante de uma volante cearense. O tenente chegou lascando tiro. Foi aí que o coronel Antônio Gurgel pôde ver, bem de perto, o quanto valiam aqueles guerreiros endemoninhados. O Capitão pulava e rolava no chão como um condenado, no meio da fuzilaria, e não havia bala para roçar-lhe a figura encapetada.

Morreu o meu cavalo e Moreno quase entrega o couro às varas, com o osso do braço à mostra, rasgado por uma bala. Puseram-lhe ali mesmo uma tipóia, envolvendo-lhe o braço num lenço sujo e trataram de abandonar o local da escaramuça, rumando para outros brejos. 

Caminharam sem alimento e água até meia-noite. Desvencilhando-se do grupo, um cangaceiro logrou comprar, numa casa, alguns queijos, mastigados às pressas. Calados, esfomeados, os homens do Capitão varavam as trevas da noite. 

Afinal, dormiram na margem de um riacho. Quando acordaram, estavam outra vez cercados pela polícia. Novo combate violento, sob vivas ao padre Cícero, rolando, pulando pedra, saltando moita. 

De repente, Lampião fez um gesto conhecido do grupo: exigia silêncio absoluto. Não consentia mais gritos e impropérios contra a soldadesca. Queria silêncio, silêncio completo, de morte. Todos obedeceram e o campo ficou mudo. A volante veio avançando, avançando, e quando já estava chegando ao lugar onde Lampião se enfurnara, este se levantou como um gato e bradou: Fogo !

Uma fuzilaria intensa rompeu das moitas e os soldados foram caindo no chão, varados pelos cangaceiros. Era assim que o Capitão Virgulino armava as suas arapucas aos destacamentos, no meio do mato. E sumiu, outra vez, pelos serrotes engarranchados.

Raul Meneleu
Aracaju, Sergipe
Fonte:http://meneleu.blogspot.com.br/2015/08/tatica-de-lampiao-o-silencio-da-morte.html
http://cariricangaco.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ESCRITOR SABINO BASSETTI PÕE NA PRAÇA O SEU MAIS NOVO TRABALHO SOBRE CANGAÇO - LAMPIÃO O CANGAÇO E SEUS SEGREDOS


Através deste e-mail sabinobassetti@hotmail.com você irá adquirir o  mais recente trabalho do escritor e pesquisador do cangaço José Sabino Bassetti com o título "Lampião - O Cangaço e seus Segredos".

O Livro custa apenas R$ 40,00 (Quarenta reais) com frente já incluído, e será enviado devidamente autografado pelo autor, para qualquer lugar do país.

Não perca tempo e não deixa para depois, pois saiba que livros sobre "Cangaço" são arrebatados pelos colecionadores, e você poderá ficar sem este. Adquira já o seu.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

CANGACEIROS CARIRIR

Por Manoel Severo

Os desafios de um ano de 2016 sem igual já se avizinham! Temos uma equipe mais que qualificada formatando nosso espetacular Cariri Cangaço Floresta 2016, quando de maneira inédita estaremos realizando na terra das volantes o maior evento sobre a temática cangaço, do planeta!

Cada detalhes está sendo pensado, nosso desejo é resgatar de forma efetiva o real valor de Floresta e Nazaré do Pico, para a história do Brasil! E para um grande evento, uma grande abertura, uma grande conferência... Uma grande mulher: Marilourdes Ferraz a espetacular conferencista da noite de Abertura do Cariri Cangaço Floresta 2016... em maio !

Na foto ao lado de nosso grande Conselheiro Cariri Cangaço, Ivanildo Silveira, então que venha 2016!

Comissão de Organização: Cristiano Ferraz, Manoel Serafim, Marcos De Carmelita, Maria Amélia De Souza Araújo, Netinho Flor, Rubelvan Lira, Mabel Nogueira, e muito mais !!!!

Manoel Severo Barbosa
www.cariricangaco.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

RUBEM BRAGA, LAMPIÃO E ANTÔNIO SILVINO

Por Antonio Corrêa Sobrinho
Rubens Braga

LEIAM, meus amigos, esta crônica do grande escritor brasileiro, Rubem Braga, extraída do seu livro “O Conde e o Passarinho”, a respeito de LAMPIÃO, escrita em 1935, quando ainda vivo o famanaz bandoleiro dos sertões nordestinos.

Teria o Capitão Virgulino Ferreira da Silva, por um acaso, lido esta sua tradução?


LAMPIÃO

Erguerei hoje minha débil voz para louvar o sr. Getúlio Vargas. Aprovo de coração aberto o veto que ele deu a uma lei que mandava abrir um crédito de 1.200 contos para a campanha contra o cangaceirismo.

O presidente vetou porque não há recursos, isto é, por falta de dinheiro. Eu vetaria por amor ao cangaço.

Lampião, que exprime o cangaço, é um herói popular do Nordeste. Não creio que o povo o ame só porque ele é mau e bravo. O povo não ama à toa. O que ele faz corresponde a algum instinto do povo. Há algum pensamento certo atrás dos óculos de Lampião; suas alpercatas rudes pisam algum terreno sagrado.

Bárbaro, covarde ele é. Dizem que conseguiu ser tão bárbaro e covarde como a polícia – a polícia que o persegue em todas as fronteiras. Mas é preciso lembrar que ele está sempre em guerra: e na guerra como na guerra. Retirai de seu aconchego doce qualquer de nossos ilustres e luxuosos generais; colocai-o à frente de um bando, mandai-o lutar uma luta rude, dura, de morte, através dos dias, das semanas, dos meses, dos anos. Ele se tornará também bárbaro e covarde.

O cangaço não é um acidente. É uma profissão. Nasce, vive e morre gente dentro dessa profissão. O tempo corre. Filhos de cangaceiros são cangaceiros, serão pais de cangaceiros. Eles não estão organizados em sindicatos nem em associações recreativas: estão organizados em bandos.

Ora, a vida do cangaço não pode ser muito suave. É uma vida cansativa e dura de roer. Quando centenas de homens vivem essa vida, é preciso desconfiar que não o fazem por esporte nem por excesso de “maus instintos”.

O cangaceiro é um homem que luta contra a propriedade, é uma força que faz tremer os grandes senhores feudais do sertão. Se alguns desses senhores se aliam aos cangaceiros, é apenas por medo, para poderem lutar contra outros senhores, para garantirem a própria situação.

Ora, para as massas pobres e miseráveis da população do Nordeste, a ação dos cangaceiros não pode ser muito antipática. E é até interessante.

As atrocidades dos cangaceiros não foram inventadas por eles, nem constituem monopólio deles. Eles aprenderam ali mesmo, e em muitos casos, aprenderam à própria custa. De resto, a acreditar no que José Jobim, um rapaz jornalista, escreveu em “Hitler e Seus Comediantes”, agora em segunda edição, os cangaceiros são anjinhos ao lado dos nazistas.

Os métodos de Lampião são pouco elegantes e nada católicos. Que fazer? Ele não tem tempo de ler os artigos do sr. Tristão de Athayde, nem as poesias do sr. Murilo Mendes. É estúpido, ignorante. Mas se o povo o admira é que ele se move na direção de um instinto popular. Dentro de sua miséria moral, de sua inconsciência, de sua crueldade, ele é um herói – o único herói de verdade, sempre firme. A literatura popular, que o endeusa, é cretiníssima. Mas é uma literatura que nasce de uma raiz pura, que tem a sua legítima razão social e que só por isso emociona e vale.


Vi um velho engraxate mulato, que se babava de gozo lendo façanhas de Antônio Silvino. Eu percebi aquele gozo obscuro e senti que ele tinha alguma razão. Todos os homens pobres do Brasil são lampiãozinhos recalcados: todos os que vivem mal, comem mal, amam mal. Dar 1.200 contos para combater o herói seria uma tristeza. Eu, por mim (quem está falando e suspirando aqui é o rapazinho mais pacato do perímetro urbano), confesso que as sortidas de Lampião me interessam mais que as sortidas do ser Antônio Carlos.

Não sou cangaceiro por motivos geográficos e mesmo por causa de meu reumatismo. Mas dou àqueles bravos patrícios o meu inteiro apoio moral – ou imoral, se assim o preferis, minha ilustre senhora.
Rio, fevereiro de 1935.

Rubem Braga, Lampião e Antônio Silvino

Fonte: facebook

http://blogdomendesemendes.blogspot.com