Dentre todas
as grandes batalhas travadas entre Lampião e as volantes, é considerada a de
maior porte e contingentes, a da Serra Grande.
Segundo o
pesquisador/historiador Antônio Amaury, em seu livro "De Virgulino a
Lampião", teriam participado deste combate cerca de 80 cangaceiros contra
320 soldados.
Segundo
relatos de Antônio Andrade, "...Nesse episódio, o bando de cangaceiros
enfrentou pela primeira vez uma volante com armas automáticas: duas
metralhadoras hotkiss."
Estavam
contidas nessa 'empreitada' os comandantes Capitão Higino Belarmmino de Morais,
Sargentos Arlindo Rocha, Manoel Neto e Euclides Flor, além do comando geral do
comandante Major Teophane Ferraz Torres, que quando no local chegou, suas
tropas já tinham atacado. ("Sertão Sangrento: Luta e Resistência"-
SOUZA, Jovenildo Pinheiro de.)
Nessa batalha,
o comandante Arlindo Rocha é ferido na mandíbula. O valente Manoel Neto tem suas
pernas atingidas pelas balas dos cangaceiros e, mesmo assim, ao ser socorrido
por um companheiro, continua atirando mesmo estando sendo 'transportado' em
suas costas...
O embate teve
início na manhã do dia 26 de novembro de 1926 e se estendeu até o final da
tarde... nesse momento, as forças volantes pernambucanas, se retiraram,
deixando um resultado de cerca de 40 homens mortos e/ou feridos. Já sobre o
bando de Lampião, relata-se de que não houve baixas.
Em meios ao
tiroteio, gritos, desaforos e ameaças são proferidos de ambas as partes...
Em certo
momento, o grande rastejador Antônio Caboclo é morto. O rastejador foi a peça
mais importante na perseguição dos bandos de cangaceiros. Eram mínimos os
detalhes deixados por aqueles que fugiam, mas, mesmo assim, o rastejador via
muito, onde nós nada notaríamos...
Logo no início
daquele grande combate o rastejador é ferido. O cangaceiro
"Esperança", Antônio Ferreira, irmão mais velho de Lampião, puxa de
seu punhal, curva-se por sobre seu corpo e o sangra, impiedosamente. (Lampião:
um estudo de buscas e essências"- LEÃO, Aroldo Ferreira).
Antônio
Caboclo, o rastejador, tinha na tropa um companheiro muito chegado, era o cabo
Raimundo.
Todo soldado
tinha a obrigação de levar junto ao seu corpo, objetos, ração, munição e outros
apetrechos, necessários para as estadias duradouras, em perseguição aos
cangaceiros na caatinga...
Fazendo parte
deste apetrecho, tinha os bornais. Sacolas a tira colo, de couro, com um ou
mais compartimentos. Dentro, normalmente, se transportavam a munição das armas
longas...
Pois bem, no
bornal do cabo Raimundo, havia um alimento, produzido artesanalmente em
engenhos, que denominamos 'rapadura'. Esse doce é feito a parir do caldo da
cana, que ao ser cozinhado até chegar ao 'ponto', é colocado em formas de
madeira...
...ao ver seu
amigo, Antônio Caboclo, ser atingido, o cabo ainda tenta ir em seu socorro,
mas, naquele momento sente uma pressão muito forte na altura do bornal. Um tiro
é disparado pelos cangaceiros e atinge em cheio seu bornal, tendo dentro dele
uma rapadura, a mesma desvia a trajetória da bala, e essa faz apenas um pequeno
ferimento em sua lateral.
O cabo
Raimundo foi salvo por uma 'rapadura', em uma das encostas da garganta da Serra
Grande, durante a grande batalha, nas quebradas do Sertão.
Foto
tokdehistoria.com.br
Fotofilme da produção de Renzo Taddei (meramente ilustrativa)
correiogourmand.com.br
Seg. Fonte: facebook
http://blogdomendesemendes.blogspot.com