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sexta-feira, 26 de abril de 2019

MONUMENTO TENENTE ROXANA BONESSI

Por No Amazonas é Assim

O monumento Tenente Roxana Bonessi é um monumento erguido no bairro São Jorge em Manaus,  como uma maneira de homenagear as mulheres e crianças vítimas de violência. Esse monumento é dedicado à ex-tenente do Exército Brasileiro Roxana Pereira Bonessi Cohen, de 27 anos, que foi brutalmente  assassinada em 02 de dezembro de 2002, pelo capitão do Exército Paulo Nelson Lima Loureiro.

Quem construiu o monumento foi o pai dela e justamente no local por onde passam muitos militares, para que a história não fosse esquecida, pois ela era uma pessoa muito querida pela comunidade manauara.

No monumento, Roxana aparece sentada dentro de uma ostra gigante sendo carregadas por alguns golfinhos, pode-se perceber a presença de outros elementos marítimos como uma tartaruga marinha, uma estrela do mar e um polvo.  Além disso, existem algumas bíblias com mensagens de carinho e uma placa memorial com a foto da tenente Roxana Bonessi.

Monumento Tenente Roxana Bonessi 

Monumento-Tenente-Roxana-Bonessi

Monumento-Tenente-Roxana-Bonessi

Ajudam a compor o memorial dois livros (da vida e da lei) e duas placas (do memorial e dedicatória).

Monumento-Tenente-Roxana-Bonessi

Livros do Monumento Tenente Roxana Bonessi
Livro da Vida
“As vidas felizes são sempre curtas, para o
desgraçado uma só noite vale uma
eternidade.”
Luciano de Samosatate
“Mesmo sendo inocentes amadas por Deus, não
evitaram a sorte que o destino lhes
reservará”
Alfredo Bonessi


Livro da Lei
“Não teremos mais necessidades de sol para
nos alumiar, nem de lua para nos iluminar,
pois temos por luz o Senhor, cujo espírito
repousa sobre nós e que nos consagra pelo
nosso martieio”
Isaias (60,61)

Placas do Monumento Tenente Roxana Bonessi


Monumento Tenente Roxana Bonessi – Homenagem às mulheres e crianças vítimas de violência. 


À Rainha da Natureza
Roxana Pereira Bonessi
Existe Algo que levaremos para o esto de
nossas vidas…
Levaremos lembranças inesquecíveis de vc…
Lembranças que nos macarão… que mexerão
com a nossa existência…
Provavelmente iremos pela vida a fora
colecionando essas lembranças em ordem de
grandeza de cada detalhe que nos foi
importante.
Cada momento em nossos dias… que nos
deixou marcas… cada instante que foi
cravado no nosso peito como uma tatuagem…
Lembraremos de você no raiar do sol… num
buquê de flores, numa palavra amiga, num
olhar… num sorriso angelical, num
perfume… num beijo…
Para o resto de nossas vidas levaremos você
dentro de nós…
De quem te ama
Comunidade do Estado do Amazonas

Além do monumento no bairro do São Jorge, existem outros itens espalhados em Manaus para que não se perca a memória dessa tragédia.  Podemos citar a cruz  em homenagem a Tenente Roxana Bonessi que ficava na estrada que dá acesso ao Distrito Industrial II, Zona Leste de Manaus.

Cruz relembra caso que chocou Manaus em 2002 Foto: Valter Calheiro 


Homenagem a tenente morta é esquecida e abandonada na Zona Leste de Manaus.


A Cruz que homenageava a Tenente Roxana Bonessi foi arrancada do ponto onde estava localizada na Zona Leste de Manaus e jogada em matagal.

Cruz foi arrancada de ponto onde estava localizada na Zona Leste de Manaus e jogada no matagal.

Foto: Valter Calheiros

Existe também uma Escola Estadual em sua homenagem a Escola Estadual de Tempo Integral Roxana Bonessi , localizada na Rua Enzo Ferrari, s nº. Bairro Colônia Oliveira Machado,  e uma Avenida  a Avenida Tenente Roxana Bonessi, no Monte das Oliveira, zona norte.

Versão Popular sobre o Homicídio da Tenente Roxana Bonessi que chocou Manaus em 2002

Roxana Pereira Bonessi Cohen, foi morta em 2002 com uma facada no pescoço pelo ex-namorado, o capitão do exército, Paulo Nelson Lima Loureiro.  O capitão Paulo Loureiro, na época, servia junto com a tenente Roxana na ICFEX [Inspetoria de Contabilidade e Finanças do Exército]. Ele já servia lá há anos e era um ‘pegador’.

O capitão então se apaixonou pela jovem Roxana e viveram um caso de amor, porém, o capitão era casado. Como ele era casado, a tenente resolveu terminar o relacionamento extra-conjugal e o mesmo não aceitou.

Uma tardinha na saída do expediente ele a abordou no estacionamento, e presume-se que foi ai que começou a briga, pois o mesmo não aceitava o rompimento (estava apaixonado por ela) e o resto são especulações. Ele foi julgado [IPM= Inquérito Policial Militar] e expulso do EB [Exército Brasileiro], alguns dizem que ele e a esposa se acertaram, especula-se, inclusive, que ele tenha algum emprego e vivam juntos até hoje

Outra matéria publicada no Superior Tribunal Militar reporta o seguinte.
Homicídio da tenente Roxana Pereira Bonessi Cohen

O homicídio ocorreu no dia 02 de dezembro de 2002, quando o capitão do exército Paulo Nelson Loureiro matou, a golpe de faca, a 2ª tenente Roxana Cohen, na garagem da 12ª Inspetoria de Contabilidade e Finanças do Exército, na capital amazonense.

O ato foi feito em retaliação ao término do caso extraconjugal mantido entre o capitão e a tenente. Na sua versão, o condenado sustentou que a tenente havia se ferido ao cair acidentalmente sobre uma faca que ela mesma trazia nas mãos.

Após cometer o assassinato, o capitão pôs o corpo da oficial no porta-malas do carro e o deixou em um lixão, nas proximidades do Colégio Agrícola. Em seguida, o militar voltou à cena do crime e tentou apagar os indícios de seu ato.

Seu nome surgiu nas investigações porque o capitão do Exército deu entrada no Pronto-Socorro 28 de Agosto com ferimentos de faca em seu corpo. Uma revista em seu carro, um Fiat-Brava JXS-4600, localizou a bainha protetora da faca que foi usada no crime e duas toalhas ensanguentadas.

Todo o material encontrado foi encaminhado para exames periciais.

Em 2003, o militar havia sido condenado a 15 anos de prisão, em primeira  instância, pela Auditoria da 12ª Circunscrição Judiciária Militar, em Manaus. Dois anos depois, em 2005, o STM deu provimento a recurso do Ministério Público Militar e decidiu majorar a pena para 25 anos.

Na ocasião, o Tribunal acatou a tese de homicídio qualificado apresentado pela acusação, ao alegar as seguintes razões: motivo torpe, uso de meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima e caso em que o agente se prevalece da situação de serviço. Além disso, a pena foi aumentada pelo fato de o autor ter utilizado arma de serviço.


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DEFESA NACIONAL, NADA DE NOVO NA FRENTE OCIDENTAL...

Por Alfredo Bonessi

Esse desacerto que provoca o desequilíbrio na corrida armarmentista do Brasil é fruto dos governos de esquerdas que sucatearam  a defesa e a deixaram vulnerável a uma investida externa - e quase houve essa investida. Já discutimos o tema varias vezes.

Hoje os dias são outros. Trata-se de onde retirar os recursos para implementar uma moderna tecnologia.

o Brasil está quebrado e os EUA também. Ocorre que nós não temos a maquina que fabrica dólares - poderia os americanos dar um dessas maquinas de presente para nós.

A coisa está feia - mas é no mundo todo. E melhor passar sede e ter petróleo do que ter agua e aço e não poder fazer  a população progredir.

Temos que rezar fervorosamente para os EUA não quebrar de vez - se isso acontecer o nosso naviozinho vai para fundo junto com a marola do Titanic dele,  como aconteceu em 29 -  a tal quebra da bolsa e o fim do café por aqui.

O fato é que o mundo caminha para um confronto contra a China - por medo dela.

E os chineses vem aí com uma comercio mundial, com rotas antigas e um filão promissor.

Mas na historia da humanidade sempre aconteceu assim: os chineses sempre a frente, no comercio e na industria, com as armas mais modernas do mundo e com novidades nessas áreas que surpreendem o mundo e tras curiosidade aos visitantes.

E melhor ser amigo deles. Vender para eles. Copiar aquilo que é bom, porque o Brasil está voltando a era das grandes navegações, quando os portugueses descobriram a riqueza das Índias - e a China ja era poderosa a 10 mil anos atrás.

Assim sendo o Brasil precisa pensar em si  e se modernizar e rezar para essa praga de comunistas não voltem por aqui.

Quanto ao maior perigo no momento é a Venezuela - bem armada e cheia de dólares e começando a sua corrida para supremacia das américas: está derrubando a Colômbia no tiro.

O Brasil precisa de força aérea: moderna- eficiente - eficaz e poderosa.

Mas depende da Petrobras deixar, porque o avião precisa de querosene de aviação. Todo o aparato moderno de guerra brasileiro estão nas mãos da Petrobras.

O Brasil não poderá se defender e nem declarar guerra  a ninguém se não houver anuência da Petrobras, porque o País está nas mãos dela e por isso a sua segurança interna e externa está comprometida por causa disso.

Parabéns aos gananciosos, os que gostam de salvar-se a si mesmo ganhando polpudos salários no empreguismo, e por causa disso  negligenciaram no aspecto Segurança Nacional e ficaram a merce da sanha das potencias estrangeiras.

Bonessi

Enviado pelo autor.

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HISTORIANDO NA FILA

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de abril de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.099

E enquanto se aguarda na fila o dever com a saúde, entra-se também na conversa alheia. A mulher da frente diz que a sogra não quer vacina contra a Influenza. Repassamos os inúmeros conselhos para se proteger da gripe que matou milhões de pessoas desde a I Guerra MundialE nas palavras vamos até a igrejinha de São João no subúrbio Bebedouro/Maniçoba, em Santana do Ipanema. Erguida em 1917, juntamente como motivo de promessa ao santo, contra essa mesma gripe de hoje. Foi o senhor João Lourenço, morador local e grande promotor de festas no lugar, o responsável pela igreja. Trabalhava ele no artesanato em couro de bode produzindo chapéus juntamente com a família.
RUÍNAS DA IGREJA DE SÃO JOÃO EM 1994. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).

Devido as constantes notícias de mortes em massa, pelo mundo, procissões eram realizadas com velas acesas da igrejinha de São João até o centro da cidade.  A igreja do Bairro São Pedro – localidade mais próxima ao Bebedouro/Maniçoba – ainda não existia porque apenas fora iniciada em 1915 e somente concluída na década de 30. A igreja de São João foi profanada, mais ou menos na era 1960. Os santos foram retirados e o templo foi acabado ao abandono.  Minhas fotos mostram os seus estertores. O senhor João Lourenço, já idoso, veio a falecer devido às consequências de uma mordida de cobra jiboia, conduzida por um soldado do Coronel Lucena. O praça, além da bebida, havia surtado e percorria a feira com a jiboia retirada do quintal de Lucena que criava animais presenteados. O praça, ao passar por Lourenço, jogou a cobra estressada nas suas partes íntimas.
Não sei se consegui sensibilizar a senhora da fila para tentar convencer a sogra pela opção da vacina Mas, de qualquer maneira contei a narrativa, episódio da cidade e exclusiva do nosso livro: “O boi, a bota e batina; história completa de Santana do Ipanema”.
Fila também é lugar de “casos” e me faz lembrar o compositor que fala sobre o canário-do-reino, lembra-se?
Fui.


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LUIZ GONZAGA E DOMINGUINHOS NESTE SÁBADO NO CAFÉ PATRIOTA



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Publicado a 24/04/2015
A companheira de Corisco
Categoria
Música neste vídeo
Canção
The Tudors Main Title Theme
Artista
Trevor Morris
Licenciado ao YouTube por
UMG (em nome de Universal Music); SOLAR Music Rights Management, LatinAutor, CMRRA, UBEM, ole (Publishing), LatinAutor - SonyATV e 11 sociedades de direitos musicais
Canção
Artista
Guitar Masters
Álbum
100 Guitar Instrumentals
Licenciado ao YouTube por
The Orchard Music (em nome de Essential World Masters); The Royalty Network (Publishing) e 4 sociedades de direitos musicais.

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GROTA DO ANGICO: A HISTÓRIA REVISITADA

Um novo olhar sobre um fato sem o respeito merecido e a homenagem através de uma lembrança que faltava

Por João de Sousa Lima

João de Sousa e o confrade Antonio Vilela

Dia 1º de abril de 2012, um domingo de Ramos, dia de oração para muitos fieis e por outro lado o que em nossa cultura comemora-se “Dia da Mentira” serviu para tornar verdadeira a história, sendo reconhecido um capítulo que por muito tempo se manteve sem o seu devido valor.

Lembro que tudo começou em 2008 quando Eu, Vilela e a equipe jornalística do Diário do Pernambuco, em visita para gravar uma entrevista com Antonio Vieira, soldado de volante e que residia na cidade alagoana de Delmiro Gouveia, prometemos ao velho combatente que iríamos realizar uma homenagem ao seu amigo de farda e companheiro de batalha, o soldado Adrião Pedro de Souza, que foi o único policial que morreu quando do confronto que matou o cangaceiro Lampião e mais dez companheiros incluindo sua mulher, a famosa Maria Bonita.

Em março de 2011 durante o evento do Centenário de Maria Bonita acontecido também na cidade alagoana de Piranhas, quando lá chegou o grupo de pesquisadores, escritores e estudiosos do tema cangaço oriundos de Paulo Afonso, fomos apresentados a Décio Canuto, neto do soldado Adrião e que tinha vindo de Maceió pra participar do evento e falar da possibilidade dos escritores realizarem a homenagem ao seu avô. Falamos para Décio que esse era um projeto meu e de Vilela e que vínhamos amadurecendo desde 2008, falando inclusive da promessa feita a Antonio Vieira.

Vilela ficou encarregado de colher mais informações com os familiares de Adrião e que ainda residiam próximos a sua cidade Garanhuns.

Depois de quatro anos do compromisso firmado com Antonio Vieira a promessa foi cumprida. Dia 1º de abril de 2012 saímos de Paulo Afonso, Eu, Jadilson Ferraz, Edson Barreto, Elaide Barreto e Evelin Barreto. De Garanhuns veio Vilela, sua esposa Da Paz, seu filho Hans Lincoln, a nora Soraya Crystina e o pesquisador de São Bento do Una, Edvaldo Primo.

Chegamos ao porto de Piranhas, embarcamos na canoa “O Cangaceiro”, comandada por Célio e descemos o Rio São Francisco até a Grota do Angico.


Edson Barreto transportou a cruz.

Na Grota, lateral a pedra onde se situa a homenagem aos cangaceiros escolhemos uma pedra e fixamos a cruz e a placa com o seguinte texto:




Jadilson "Bin Laden" Ferraz
descansa na sombra de uma árvore, olhos fixos na cruz. 

Edson, João e Jadilson Ferraz fixam a placa e a cruz

Desempenhamos nossa obrigação e retornamos com a confiança do dever exercido e com a certeza da reparação histórica que por tantos e tantos anos ficou como lacuna sobre o capítulo acontecido naquela manhã fria de 28 de julho de 1938.

Agora descanse em paz Adrião Pedro de Souza, descanse em paz Antonio Vieira. Que os remanescentes de Adrião possam se orgulhar dos atos de suas últimas horas de vida, que a policia em seus arquivos resguarde o mérito desse brioso guerreiro, que a história lhe atribua o respeito merecido informando pontualmente que na Grota do Angico doze pessoas (e não onze) tombaram sem vida naquele fatídico dia frio.

O novo aspecto de Angico

Paulo Afonso, 01 de abril de 2012.

Colhido no Sitio do primo João

GUERRA DE PAU DE COLHER

Ocorrida entre os municípios de Casa Nova (BA) e São Raimundo Nonato (PI) 1937-1938

Mar de sangue no sertão 

Documentos do Arquivo Histórico de Pernambuco revelam que a ditadura Vargas mobilizou o Exército e policiais de quatro Estados para massacrar mil sertanejos comandados por Quinzeiro, líder messiânico do arraial de Pau de Colher (BA). A ofensiva rendeu a mais sangrenta chacina do Estado Novo e uma das maiores violações de direitos humanos por forças legais do Brasil no século 20. As crianças sobreviventes foram entregues a famílias abastadas de Salvador.


Testemunhas da ofensiva lançada em dezembro de 1937 contam que as mulheres do arraial corriam em direção aos canos dos fuzis dos soldados na tentativa de impedir com lençóis e anáguas a visão dos atiradores, que disparavam com as armas um pouco inclinadas. Era para não acertar as crianças, mas, em meio ao fogo cruzado, ninguém foi poupado.

Horas depois do tiroteio, sob a fumaceira dos tiros que cobria a caatinga, o pistoleiro Norberto Pereira, guia da polícia, retirou dos braços de uma mulher ensanguentada a menina Ana Rita Pereira Neta da Silva, de 3 anos. A mãe da criança morreu. O pai, José Rodrigues de Souza, o Zé Caboclo, foi preso e torturado.



A menina não entrou em uma das “carroças salvadoras” que levaram os órfãos da guerra para o porto de Casa Nova, na divisa com o Piauí. Dali, embarcariam de vapor para Juazeiro e depois um trem até Salvador – onde seriam entregues a famílias abastadas como empregados domésticos e, em muitos casos, escravos. A sobrevivente de Pau de Colher foi escondida por Norberto para não ser levada.

Hoje com 76 anos, Ana Rita vive num sítio em Riacho do Meio, no sopé da Serra Vermelha, no semiárido piauiense. Para se chegar até lá, a pouco mais de 100 quilômetros do município de São Raimundo Nonato, é preciso enfrentar uma estrada de terra quase intransitável. É o caminho que liga a civilização ao remoto lugar, isolado pela serra tomada de angicos e canafístulas. Ali percebe-se uma diferença de fuso histórico. O sertão de hoje está distante da realidade nos grandes centros e parece acordar e dormir num tempo não muito distante do da época do massacre de Pau de Colher. Faltam energia elétrica, escolas, saneamento básico, água encanada, serviço de carteiros.

O Estado contou com a ajuda do pesquisador Marcos Damasceno, 28 anos, que escreve livros sobre o sertão piauiense. Na companhia dele, a reportagem esteve em programas de rádio de São Raimundo Nonato. Radialistas informaram aos ouvintes sobre a presença da equipe e pediram informações para localizar testemunhas da revolta que vivem na vasta região que abrange partes do Piauí, da Bahia e de Pernambuco. Foi assim que se chegou a Ana Rita.

Rodeada de filhos, netos e bisnetos, a sertaneja de olhos castanhos e cabelos compridos lembra de Norberto, o pistoleiro que a salvou, um “matador” que andava com bornal de bala pendurado no peito. Da mãe, Maria Inácia Pereira, ouviu dizer que era “bonita”, “fortona”, “branca e de olhos azuis”.

“Pelejei nestes anos todos para me lembrar da minha mãe. Não consegui. Dizem que quebraram as pernas dela. O Norberto entrou no arraial para ver quem estava vivo. Ele me encontrou no fogo”, conta. “Mamãe ainda estava viva; pediu um pouco d”água e que me tirassem dali”, completa. “A polícia terminou de matar quem ficou vivo lá.”

Os pais de Ana Rita trabalhavam numa fazenda de gado quando souberam da formação de um arraial por Joaquim Bezerra, o Quinzeiro, um líder religioso que vinha de Casa Nova. “A mãe mais meu pai foram para lá, se fanatizaram. Eles me levaram”, diz. “Quem foi, morreu; mas meu pai escapou e passou seis meses preso em Salvador. Morreu em 1979. Depois da guerra, fui para São José, morar com a madrinha Nenzinha.



  
Numa das trincheiras de Pau de Colher estavam fazendeiros piauienses e baianos, a Igreja Católica, o governo de Getúlio Vargas, os interventores da Bahia, do Piauí e de Pernambuco. Na outra, meia dúzia de religiosos primitivos e pequenos agricultores armados com cacetes de marmeleiro – árvore típica da caatinga, como o arbusto pau-de-colher, que deu nome ao povoado. Os caceteiros, como os pequenos agricultores foram descritos nos relatórios oficiais, estavam agrupados em um vilarejo, uma espécie de Canudos do Estado Novo, acusados de assaltar propriedades e impedir o transporte de gado e cabras pelas estradas da região.

Um dos relatórios analisados foi escrito por Optato Gueiros, capitão da Polícia Militar de Pernambuco que chefiou, entre 19 e 21 de janeiro de 1938, um total de 97 homens da brigada pernambucana, integrante da terceira e última campanha contra os caceteiros. Ele entrou no povoado antes da hora combinada com o comando central da operação, chefiado pelo tenente-coronel Augusto Maynard Gomes, homem de confiança de Vargas que tinha sido interventor de Sergipe, de 1930 a 1935. A operação contava ainda com efetivos de batalhões do Exército em Salvador e Aracaju e das polícias da Bahia e do Piauí.


*Optato Gueiros
  
*Augusto Maynard

Resistência.

O documento comprova que a brutalidade da ditadura Vargas não se limitou à repressão de focos da classe média, organizados por partidos políticos nas grandes cidades. Por meio de sua rede de polícias estaduais, Vargas recorreu à violência para controlar focos de resistência também na área rural.

No relatório, Gueiros aponta 157 mortos no centro de Pau de Colher e 40 rebeldes atacados por uma patrulha do Piauí. Há ainda a lista de 20 mortos na fazenda do Janjão, em São Raimundo Nonato, num suposto ataque à propriedade. Um livro esgotado escrito pelo ex-prefeito de Casa Nova Raimundo Estrela, Pau de Colher, uma pequena Canudos, ajuda a compor a história. Médico dos militares durante o conflito, Estrela escreveu que 12 pessoas da fazenda de Janjão, incluindo 2 crianças, foram mortas pelos caceteiros. A origem desse ataque, ocorrido a 5 de janeiro de 1938, é uma incógnita da história do conflito.

Uma testemunha do ataque à fazenda de Janjão vive no sopé da Serra Vermelha. Floriana Gomes Ferreira, a Santa, de 84 anos, prima do fazendeiro Janjão, diz se lembrar da chegada dos caceteiros à propriedade. “Gente da fazenda chegou gritando:  

“Lá vem o pessoal dos caceteiros…” Nesse dia, Janjão tinha matado uma vaca. Os caceteiros mataram dez capangas. Tocaram fogo em tudo. Quem podia, correu. Rodei oito dias no mato, chupando água de caroá, comendo umbu”, conta. “Depois, veio a polícia atrás deles. Quando foi à noite, no alto da serra, vi o fogão. Morreu muita gente.”

Isolamento. 

Santa mora numa casa de tijolo e telha sem energia elétrica com o irmão Rubem, de 87 anos (outra testemunha do conflito), o sobrinho Leonardo, 37 anos, a mulher dele, Ana Maria, 38, e duas crianças. A família vive do plantio de milho e feijão e da aplicação de agrotóxico nas lavouras dos vizinhos. Ana Maria reclama que a escola municipal em que os dois filhos menores, Gilmara e Amilton, estudavam, a 6 quilômetros, fechou. A prefeitura de Dom Damasceno não deu explicação. Estão isolados e esquecidos pelo Estado brasileiro, como na época dos caceteiros.



Ao longo do tempo, representantes dos dois lados da guerra disseram em depoimentos que o conflito resultou na morte de mais de 400 pessoas. Até o momento, não há documentos oficiais que confirmem esse número, bastante citado em depoimentos orais colhidos pelo Estado. O palco da guerra se estendeu por um raio de 400 quilômetros quadrados, envolvendo os povoados vizinhos de São José, Proeza, Minadouro, Cachoeirinha e Olho D”Água – que pertenciam a São Raimundo Nonato, no Piauí -, e Lagoa do Alegre, São Bento e Ouricuri, distritos de Casa Nova, na Bahia.

Memória preservada. 

Depois de dois dias percorrendo estradas de chão, a equipe do Estado chega ao campo onde se localizava o arraial de Pau de Colher. O agricultor Gregório Manoel Rodrigues, 65 anos, aparece. É o guardião do território dos caceteiros. Ele e a família capinaram toda a área e colocaram plaquinhas para identificar as trincheiras, uma cova coletiva, as casas dos líderes dos caceteiros e os pontos onde chefes rebeldes mataram e foram mortos.

Quando é informado que os visitantes são de um jornal de São Paulo, Gregório se emociona. Corre para debaixo de um umbuzeiro e chora. É surpreendente encontrar no meio do nada alguém preocupado com a memória do País. “Eu sabia que alguém viria para cá contar a história do Pau de Colher. Isso foi tudo escondido, gente! Ninguém sabe disso”, diz, gritando. “Tenho fé em Deus que essa história vai ficar conhecida.”

Gregório guarda fragmentos de ossos, que diz terem sido encontrados durante a capinação, balas de fuzis, cachimbos, pedaços de cerâmica, garfos e antigas garrafas. Ele leva a equipe por uma trilha até um pé de faveira, arbusto muito comum em Canudos. Embaixo da árvore há uma cruz de aroeira. “Aqui morreu Ângelo Cabaço, um dos líderes dos caceteiros”, informa o agricultor.

Próximo à cruz, ficava a casa de José Senhorinho, outro líder e fundador do arraial. Restam apenas pedaços de telhas. Depois, Gregório leva ao local onde Senhorinho e Ângelo Cabaço foram enterrados.  

“Depois da guerra de 38, o pessoal veio aqui arrancar os ossos, que foram queimados para os dois não virarem bicho”, diz. “A coisa que eu mais queria era fazer uma estátua do Senhorinho. Ninguém sabe o que ele pensava, porque reuniu tanta gente e enfrentou a polícia. É um filho daqui. Eu queria olhar para a estátua e entender o que ele pensava”, diz. “Ninguém sabe o que Senhorinho queria.”

O juazeiro onde os caceteiros subiam para ficar mais perto do céu não existe mais. Um outro, frondoso, onde havia a feira do arraial, mais abaixo do acampamento, serve de proteção para carneiros e bodes contra o sol abrasador do meio-dia. A caatinga está verde neste mês de fevereiro. Asas brancas e juritis dão voos rasantes por cima dos xique-xiques, favelas, muçambês e umbuzeiros.

Gregório reclama que as autoridades do município de Casa Nova tentam esconder a história de Pau de Colher. O agricultor demarcou a área do antigo acampamento para evitar que algum vizinho ocupe o lugar. Ele fez questão de colocar limites no próprio sítio, onde cultiva milho e mandioca. No povoado vivem ao todo 28 famílias de sitiantes.

O filho de Gregório, Dirceu Nunes Rodrigues, 31 anos, ajuda na preservação da memória das ruínas do antigo arraial. Dirceu era vocal da banda de forró Souzinha dos Teclados, de Casa Nova. Há pouco tempo, montou o Mercadinho Pau de Colher, que atende famílias da região.

Como o pai, ele trata os líderes de Pau de Colher como heróis. “Boto fé que o Quinzeiro não era um homem à toa. Era um homem inteligente”, diz, referindo-se ao principal líder religioso de Pau de Colher. Quando o pai se afasta, Dirceu aproveita para contar que ouviu pessoas mais velhas dizerem que Quinzeiro era sedutor. “Se aparecesse uma mulher, não tinha para ninguém.”

O sertão dos caceteiros apresenta algumas mudanças sociais. O fuso histórico daqui, agora, dá mostras de que se aproxima do das cidades. As famílias deixaram de ser numerosas. Atualmente, na região, um casal tem no máximo três filhos. Desde o começo dos anos 1990, a motocicleta substituiu o jumento. O benefício do programa Bolsa-Família complementa a renda de parte das famílias, o ensino continua uma tragédia e a palavra “São Paulo” – nome da grande metrópole – não fascina tanto quanto antes. Não há mais o sonho enlouquecido de partir para o Sul. Em quase toda velha casa, agora com cisterna, há alguém que já trabalhou ou morou em São Paulo, um mundo distante, porém, já conhecido.

Por falta de hotéis e pousadas na região, a equipe do Estado pernoitou na casa de Maria Aparecida, 42 anos, filha de Ana Rita – a sobrevivente de Pau de Colher salva pelo pistoleiro Norberto de ser colocada num trem para Salvador.

A casa tem três quartos, uma sala onde os visitantes amarram as redes, uma cozinha e um banheiro. A família conseguiu entrar num programa de uma ONG e instalou uma placa de energia solar. Maria Aparecida, o marido Waldemar, 48, e três filhos menores podem assistir à televisão até as 20 horas. Depois, a energia é desligada. Waldemar é neto de João Damasceno, um dos fazendeiros que ajudaram a combater os caceteiros.

Hospitaleiros, os Rodrigues oferecem bode, cuscuz e tapioca de jantar. Na mesa, Waldemar conta que trabalhou em uma metalúrgica e em um supermercado em São Paulo nos anos 1980. Foi lá que, em 1982, votou pela primeira vez em Lula, para governador. “Depois achei que o PT não era uma boa opção. Votei no Collor de Mello e duas vezes no Fernando Henrique para presidente. Um dia resolvi dar outra chance para o Lula”, diz.

No ano passado, Waldemar pegou um financiamento de R$ 5 mil do Pronaf para comprar 20 ovelhas e fazer uma cerca. Começará a pagar em 2012, cerca de R$ 900 por ano até 2016. A família vive de criação de animais e plantio de feijão e milho. Maria Aparecida recebe R$ 145 do Bolsa-Família, que ajuda a complementar a renda.

Maria Aparecida reclama da falta de médicos. Todos os dez mil moradores de Dom Inocêncio contam com apenas um profissional, que trabalha três dias na semana. Também reclama que a escola mais próxima está na sede do município, a 26 quilômetros.

É numa moto que Waldemar leva os três filhos para a escola. As crianças passam a semana numa pequena casa da família para frequentar a escola. Emanoel Charles, 17 anos, o filho mais velho do casal, gosta de roupas coloridas, bonés e músicas estrangeiras. Tem uma conta no site de relacionamento Orkut. “Sou um descendente de caceteiros”, diz, com ironia. “Isto não é legal.”

No rastro das “carroças salvadoras”.

O Estado viajou para Salvador em busca de uma das crianças órfãs de Pau de Colher. A equipe de reportagem encontrou no bairro de Matatu, a poucos quilômetros do Pelourinho, uma das menores levadas pelos militares para a capital da Bahia. Maria da Conceição Andreza Pinto, agora uma simpática e alegre senhora de aproximadamente 78 anos – no conflito, ela perdeu os documentos -, conta os horrores da guerra no semiárido baiano com uma surpreendente riqueza de detalhes. No início do ano, ela procurou jornais e rádios da Bahia para contar sua história e tentar localizar uma irmã desaparecida desde o começo da guerra.

A chegada da equipe ao apartamento de Cristina, uma das filhas de Maria, em abril, virou momento de festa. Aqui estão três orgulhos filhos da matriarca. Silvio, Cristina e Fernando pesquisam há 20 anos a história da mãe. As netas Clara e Talyta também estão na sala. Estudante de comunicação da Universidade Federal da Bahia, Talyta pretende fazer um documentário. “Eu queria voltar no tempo para não ter deixado minha mãe passar por isso”, diz Fernando.



Filha de Pedro de Andreza, um dos líderes do movimento, e de Justina, Maria tinha sete irmãos quando a tropa de Optato Gueiros chegou ao arraial. Pelo menos cinco deles morreram no tiroteio. A avó Andreza e mãe Justina também caíram mortas. O pai foi preso. Na capital baiana, Maria serviu de escrava até o final da adolescência em casas de famílias da elite.


 Sepultura coletiva para os mortos no conflito.
ripada em www.dominocencio.com


Por Leonencio Nossa e Celso Júnior
JORNAL O ESTADO DE S. PAULO
Especial ● Guerras desconhecidas do Brasil
19 de Dezembro de 2010.

Pesquei aqui visse Estadão On line

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*As fotos do Major Optato Gueiros e do interventor Augusto Maynard não fazem parte da matéria original foram um cortesia do nosso confrade Ivanildo Silveira para enriquecer a matéria.