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terça-feira, 29 de agosto de 2017

PRÓLOGO. ÉRICO D’ALMEIDA. FONTE: ALMEIDA, E. – 1926 – LAMPEÃO – SUA HISTÓRIA. IMPRENSA OFFICIAL, 130 PP., [6] ESTS., PARAHYBA (JOÃO PESSOA).


PRÓLOGO

Apresentando ao publico estas notas de reportagem sobre o bandido “Lampeão”, não tenho, absolutamente a vaidade de fazer literatura nem figuras de rhetorica, o que seria expor-me ao ridículo, dada a minha reconhecida falta de illustração.
          
Ex-reporter da imprensa indígena, aprendi a observar os factos em todas as suas minudencias, a fim de tirar delles o maior proveito possível, no exercício de minha profissão.
          
Deixando, definitivamente, a redacção de “O Norte”, onde mourejei por oito annos a fio, tive de acceitar um modesto cargo no funccionalismo publico do Estado, para o que fixei residência na cidade de Princeza, nos primeiros dias de março de 1921.
          
Neste rincão sertanejo, ponto de incursão de “Lampeão” e seus sequazes, mercê da vizinhança das fronteiras pernambucanas, despertou-se-me a idea de organizar dados sobre a vida do Rei do Latrocinio, tão em foco, desde alguns annos, nos annaes da celebridade nordestense.
          
Para conseguir este desideratum, não vacilei em viajar nas zonas de Pagehú e Navio, Pernambuco, estudando logares e convivendo com o que de peor existe naquellas plagas.
          
Colligidos os informes, porque tanto anciava, regressei radiante.
          
Ultimamente, vindo a esta capital, concatenei-os no intuito de enfeixal-os em volume, sob os auspicios do meu eminente amigo, deputado José Pereira Lima, a mais prestigiosa potencia política do sertão.

Parahyba, outubro, 1926

ÉRICO D’ALMEIDA

FONTE: Almeida, E. – 1926 – Lampeão – sua história. Imprensa Official, 130 pp., [6] ests., Parahyba (João Pessoa).

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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O OUTRO PERANTE OS OUTROS

*Rangel Alves da Costa


Lamentável que assim aconteça quase como um costume, um hábito, um normal cotidiano: achar que não tem o que fazer e logo procurar cuidar da vida dos outros. Ou mesmo simplesmente desfazer do que os outros fazem, e sempre de modo infame e vergonhosamente destrutivo.
É que para muitos a vida dos outros se torna de maior importância do que mesmo a própria vida. Contudo, se há um lado maldoso nisso tudo, por outro lado há até uma necessidade quando se respeita os limites da privacidade. É que ninguém pode imaginar que tudo faça sem que os outros percebam. Desse modo, o que o outro faz não compete somente a este, mas também ao próximo.

E há de ser assim mesmo porque as ações humanas merecem ser vistas e obter respostas aqui na terra mesmo. O bem ou o mal que é feito não pode simplesmente ser relegado ao plano do esquecimento, do já passou, do apagar-se nas páginas do tempo.

Já cantaram em eco e grito que ninguém é uma ilha. Ora, se ninguém consegue isolar-se completamente, então alguma presença ou vigilância externa faz parte de sua vida. O olho ao redor mira vida e tudo e acaba sabendo um balaio de coisas sobre o outro, ainda que este faça o máximo para que deixem sua vida em paz.

Contudo, quando falo da importância de que o outro seja visto perante suas ações, não o faço no sentido de que alguém, a todo custo, queira se intrometer na vida partir de quem faz o que bem quer da vida. Preocupar-se com o outro, vigiá-lo, acompanhar os seus atos, apenas para expor sua privacidade é atitude que contraria normas fundamentais inerentes à personalidade.

Ao falar da necessidade e positividade de interagir com as ações do outro me volto apenas para o que está caracterizado como visibilidade pública. Tal termo seria no sentido de indicar aquilo que já foge ao mundo secreto e particular de cada um e se torna conhecido de todos, ainda que parte das pessoas não se atenha cuidadosamente para o que o outro faz.


Não se trata aqui de fazer apologia da fofoca, do simplesmente bedelhar, se intrometer na vida do próximo, mas sim de vê-la naquilo que há de mais bonito e de tudo tirar possíveis lições. Do mesmo modo, não ter medo nem vergonha das atitudes negativas do outro e fazer daquele exemplo um meio de não incorrer nos mesmos erros.

Verdadeiramente não há coisa mais feia e abominável para um ser humano do que levar a vida – logicamente esquecendo a própria – em função da vida do outro, do que ele faz, que roupa veste, com quem anda, se passo cheiroso ou suando. E mais ridículo ainda quando faz isto para buscar motivos para a fofocagem, o invencionismo, a deslavada mentira.

O que proveito que se deve tirar da vida do outro é totalmente diferente. Pessoas existem que vivem para a prática do bem, pra o compartilhamento, para a solidariedade. Estas estão em direção aos asilos, aos hospitais, aos abrigos, às creches, a qualquer lugar onde possa dedicar uma parcela de ajuda e de amparo aos mais necessitados.
Pessoas também existem que distribuem sopas aos que estão abandonados embaixo de marquises, que vão visitar e tentar confortar desconhecidos que estão enfermos, que se reúnem com outras para a realização de obras de caridade, que adotam de coração crianças gravemente doentes, não se cansam de dar uma parcela do seu esforço físico, espiritual e até financeira em função do outro.

Mas o inverso ou reverso existe, e do mesmo modo também é visível, pois os atos são escancaradamente praticados. Não há nem mais que se falar nas práticas criminosas levadas a efeito por tantos e tantos, pois nem a pena nem o sofrimento em uma prisão parece ter o poder de afastar determinados indivíduos dessas nefastas atitudes. O pior é que muitos, mesmo sabendo das consequências da prática de atos ilícitos, seguem por vontade própria os mesmos caminhos da vida criminosa.

Quanto a estes, os exemplos já estariam claros demais. Porém, cotidianamente se observa outras atitudes em cujo espelho ninguém deverá se mirar. Viver falando mal da vida dos outros, criando situações mentirosas para prejudicar, incentivar os mais jovens ao mau comportamento, sempre ter o outro como inimigo, como alguém imprestável. E ainda a arrogância, a brutalidade, a desonra, o egoísmo, a vaidade exacerbada, a egolatria, tudo isso está exemplarmente na imagem de muita gente e que deve servir como norte para o outro que observa tais atitudes.

Daí que a vida do outro, por não pertencer exclusivamente a este, passa a ser exemplo que deve ser seguido, ou não, pelos demais. Ademais, como dificilmente algum fato surge totalmente novo na vida, então que os exemplos dos outros sirvam tanto para atrair como para se evitar.
  
Escritor
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SERTÃO PARABENIZADO

Por Clerisvaldo B. Chagas, 28 de agosto de 2017 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.724

Meu sertão velho de guerra! Duas vitórias de peso seguidamente aconteceram em seu território alagoano. A primeira – já falamos aqui algumas vezes – foi o início do asfaltamento da antiga rodagem, estrada de Lampião, do povoado Carié, em Alagoas, a Inajá, Pernambuco. Dizem os entendidos, que o povoado é o maior entroncamento do Nordeste. O asfalto esperado por 50 anos já está em pleno andamento. Em primeiro plano, a cidade de Canapi e seu município serão os grandes beneficiados saindo do isolamento viário que fez colecionar inúmeros prejuízos. Estando no Carié, você pode atingir o estado de Pernambuco pelo oeste chegando a Inajá. Pode também chegar a Pernambuco pelo norte atingindo Garanhuns. Caso siga para o sul, Paulo Afonso lhe espera na Bahia. No rumo leste, você buscará Santana do Ipanema e Maceió. Deu para entender a enorme importância do Entroncamento Carié?

A segunda vitória foi um posto moderno que a Polícia Rodoviária Federal acaba de conquistar no mesmo entroncamento. Ouvimos de quem ali trabalhou na obra que foi gasto muito dinheiro, mas que o posto ficou tão bonito, bem feito e adiantado (com equipamento de ponta) que tem que se pensar duas vezes antes de se passar por ali com cargas irregulares. O novo posto rodoviário foi inaugurado sexta-feira passada e recebeu o nome do santanense Luiz de Gonzaga Pereira, conhecido pelos amigos simplesmente por Zaga. Na linguagem específica, a nova instalação foi intitulada: Unidade Operacional Luiz de Gonzaga Pereira Santos, em homenagem ao PRF morto em serviço, em 2015, em atendimento de acidente de trânsito na região. Luiz Gonzaga, antes de ser policial fora um dos pioneiros de gráficas em Santana do Ipanema, na denominada Rua Nova.
         
“Localizada no km 49 da BR 316, essa é a primeira Unidade Operacional da Polícia Rodoviária Federal no estado que segue os novos padrões de modernização do órgão, garantindo a seus policiais melhores condições de trabalho, segurança e tecnologia”. Houve muita festa na ocasião, inclusive, banda de música de Paulo Afonso (Bahia) e como sempre, várias autoridades que foram valorizar o evento.

Acreditamos que a vitória tenha sido do sertão alagoano e do Nordeste como um todo.



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QUE IMAGENS DO CANGAÇO VOCÊS, MEUS AMIGOS, GOSTARIAM QUE TIVESSE SIDO FOTOGRAFADAS?

Por Antonio Corrêa Sobrinho

AMIGOS,

Quantas e quantas, das incontáveis imagens produzidas pelo cangaço, por exemplo, o de Lampião, pela sua maior expressividade, deixaram de ser registradas em fotos, sendo traduzidas, como deveria em parte ser, pela literatura, por representações teatrais e cinematográficas e, obviamente, pela imaginação, especialmente dos apaixonados pelo tema, como muitos dos que aqui estão a formar este grupo de estudo e entretenimento.

Permitam-me, portanto, dizer em devaneio...

Em que instante de Lampião levando Maria Bonita para viver maritalmente com ele, uma fotografia deveria ter sido batida? Em que momento do ainda aspirante a rei do cangaço atacando a mansão da baronesa de Água Branca, em Alagoas? Em que oportunidade de Lampião conversando com o capitão Eronides de Carvalho um registro deveria ter sido feito? E do ínfimo tempo, em Angicos, entre a bala inaugural que alvejou Lampião e a sua decapitação? Não ficaria muito mais interessante e sugestionável se uma das fotografias mostrasse o frenesi dos seus algozes disputando os despojos? Já imaginou o quão famoso ficaria o soldado que levou o saco nas costas com as cabeças desmioladas dos cangaceiros mortos junto com Lampião?


Seria mais rico, iconograficamente, penso eu, o cangaço, se tivéssemos guardado em fotos os tantos e tantos fatos e acontecimentos ocorridos nesta quadra de violência endêmica e às vezes hepidêmica vivenciada pelos sertanejos, denominada cangaço, parte integrante da história do Nordeste brasileiro. Foram, não há negar, muitas e muitas as cenas, nestes vinte anos de experiências, de embates, de acertos, de negociatas, muitas pitorescas, singulares, dramáticas, trágicas, engraçadas até, relacionadas a este fenômeno, e que aqui poderíamos cansar de elencar, tal qual a de músicos tocando, numa canoa em pleno rio São Francisco, para Lampião e os seus; momentos, alguns, por certo, inimagináveis, aconteceram nas horas terríveis das grandes batalhas, Serra Negra, Maranduba, Serrote Preto, entre volantes e/ou civis e cangaceiros; dos assassinatos pelas vias de Virgulino, de soldados desarmados, na ribeirinha Queimadas, e dos seis inocentes moradores da fazenda Patos, em Piranhas, por Cristino; o lendário Mané Fumaça, militar nazareno, ávido e destemido perseguidor de cangaceiros, em postura de ataque, no from de suas muitas guerras; Lampião atirando, apunhalando; o pânico que a inesperada presença de Lampião, em 1929, no cinema da cidade de Capela, em Sergipe, causou nos espectadores, bem como, as caras que o pianista, o cinegrafista e o telegrafista Zozimo, ante a tão ameaçadora presença de Lampião; de Lampião e Maria Bonita, de Corisco e Dadá, de Neném e Luís Pedro, de Sereno e Sila, em carinhos, camaradagens; de Lampião com um dos seus amigos coronéis, fornecedores de armas e munições; de Zé Baiano ferroando mulheres em Canindé, ou mesmo matando a sua mulher; de Lampião ao levar um tiro no pé.

Que imagens do cangaço vocês, meus amigos, gostariam que tivesse sido fotografadas?

Resta-me, agora, pedir que os artistas plásticos façam descansar a minha imaginação.

E viva Benjamim Abraão Boto! Sem ele, muito mais imaginativa seria esta história.

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/permalink/697011553841125/

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CARIRI CANGAÇO, JÁ É NA PRÓXIMA SEMANA..! ARRUME A MALA..!


...
O dia está chegando
E o calendário a mostrar
Uma nova edição
Para a História, saudar
O Cangaceiros Cariri
Em Alagoas, aportar
Na terra dos Marechais
De cultura e tradição
Delmiro e Água Branca
Piranhas é celebração
A trupe que une os melhores
Desbravará o sertão
Histórias, fé e cultura
Folclore, tradições e espaços
Aprendendo e ensinando
Cada momento, um novo passo
A maleta já tá pronta
Com alegrias a gente se encontra
Em mais um Cariri Cangaço!
...


Adquirido na página do pesquisador do cangaço Voltaseca Volta

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?multi_permalinks=697011553841125%2C696992753843005&notif_t=group_activity&notif_id=1504032520766841

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ANTÔNIO AMAURY CORRÊA DE ARAÚJO.

Por Geraldo Júnior
Dr. Antonio Corrêa de Araújo

Oitenta e três anos de idade e quase sete décadas de sua vida dedicadas aos estudos e pesquisas sobre o cangaço.

Durante suas pesquisas entrevistou inúmeros remanescentes da época do cangaço (Cangaceiros / Volantes / Testemunhas oculares), segundo consta foram mais de sete mil entrevistas, e transportou para os escritos parte das informações adquiridas e aquilo que vivenciou e ouviu de pessoas que foram partes presentes na história do cangaço.

Seus trabalhos, assim como de tantos outros pesquisadores/escritores, servem atualmente como fonte de pesquisa indiscutível para quem deseja conhecer e navegar pelo fantástico universo cangaceiro.

Hoje (28/08/2017) estive em visita à sua residência juntamente com os amigos Joel Reis, Valdenilton Sousa da Silva e Cassiano José e aproveitei para fazer o registro fotográfico (Anexo) do momento em que autografava e dedicava um de seus livros no interior de sua biblioteca particular.

Fica o registro.

Geraldo Antônio de Souza Júnior

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=820564244774140&set=a.703792683117964.1073741835.100004617153542&type=3&theater

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SEGUNDO O ESCRITOR SOUSA NETO

... e Sousa Neto

Essa fotografia foi uma antiga montagem a partir da foto de Luiz Padre em Minas Gerais trazida para o Pernambuco em 1951 quando Hagahus Araújo veio com uma procuração de seu pai resolver o problema da documentação das terras vendidas para comprar munição e não passou registro. 


Hagahus também veio saber das velhas questões, buscar entender um pouco porque tanto sangue foi derramado. Fica na casa de parentes na Vila de Bom Nome e na Fazenda Carnaúba sob a proteção do Velho Né, sem ter a sua identidade revelada para não acender novamente o fogo da desavença com a família Carvalho.

http://cariricangaco.blogspot.com.br/p/cariri-cangaco-2013.html

Pois bem. Hagahus procura às duas irmãs deixadas pelo pai na Serra do Catolé (onde fica a Pedra do Reino). Ao se encontrarem festejam o momento e queria inclusive levar o Sr. Luiz Severino para dar-lhe melhor qualidade de vida. Entrega a documentação das terras às irmãs e a quem de direito conforme orientação de seu pai.

Voltando a foto, trata-se de Agostinha Pereira da Silva, seu esposo e seu pai Luiz Pereira da Silva Jacobina. 

Abraço a todos!

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1761515283877168&set=p.1761515283877168&type=3&theater

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A SENTENÇA DO REI ABACAXI

Por Paiva Neves

A Cordelaria Flor da Serra, com a edição de “A Sentença do Rei Abacaxi” propõe um mergulho ao mundo da fantasia, como forma de discutir e descortinar o presente, nos propondo um retorno aos hábitos alimentares saudáveis. É um folheto de 08 páginas, com 31 estrofes de seis versos, de autoria de Paiva Neves e desenho de capa de Eduardo Azevedo. O lançamento da obra está programado para acontecer no decorrer da programação da Feira do Cordel, que ocorrerá de 17 a 20 do presente mês, na Caixa Cultural de Fortaleza.

Em mundo dominado pela propaganda, que nos induz ao consumo diário de guloseimas industrializadas, restam poucos espaços para bananas, mangas e goiabas, que muitas vezes abundam em nossos quintais e não são consumidas. 

“A Sentença do rei Abacaxi” é um convite a discussão da possibilidade de uma vida saudável, com a simples mudança de hábito alimentar.

Nesse cordel, as frutas vão julgar nosso comportamento alimentar e nos propor uma vida saudável. Texto excelente para ser trabalhado em sala de aula, principalmente nos anos iniciais. 

Leia agora trechos do poema e para ter acesso ao folheto completo, faça seu pedido pelo E-mail cordelariaflordaserra@gmail.com ou pelo WhatsApp (085) 9.99569091.

Fui à venda de “Seu” Joca
Comprar um refrigerante,
Um biscoito recheado
Ou um salgado crocante
Pra saciar minha fome,
Já grande naquele instante.

Porém, quando ia passando
Em baixo da prateleira,
Ali onde ficam as frutas,
Logo após a geladeira,
Bati a testa em um ferro,
E a pancada foi certeira.

Senti o mundo rodando,
O dia ficando escuro.
Eu tentava me mover
Naquele cimento duro,
Mas sentia que meu corpo
Estava sendo seguro.

Com pouco foi clareando,
Eu pude me levantar.
Um pelotão de pepinos
Passou por mim a marchar.
Era o palácio das frutas
Aquele estranho lugar.

Um bando de cajaranas,
Ainda tudo criancinha,
Corriam atrás das bananas
Com uma erva daninha,
Brincando de pega-pega
Do quintal para a cozinha.

Em uma sala, com folhas,
Que havia bem logo à frente,
Um morango, uma azeitona
E uma jaca sorridente
Falavam sobre negócios
Muito amigavelmente.

Duma banana e uma manga
Uma ordem escutei:
— Levante, que você vai
Conversar com nosso Rei.
E num trono, em um salão, 
Um abacaxi avistei.

Quatro guardas muito bravos
Tinham me levado ali:
Goiaba, maracujá,
O melão e o sapoti.
E não tardou pra avistar
O seu rei abacaxi.

Dentro do salão real,
Estava o duque abacate,
A baronesa maçã
E a condessa tomate
Com outros nobres da corte
Num acalorado debate.

A discursão entre as frutas
Nunca chegava ao final.
Cada uma queria ser,
Entre as outras, maioral,
Pra ver quem era a melhor
Desse reino vegetal.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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REGISTRO FOTOGRÁFICO DA XIII JORNADA CULTURAL DO MUSEU DO SERTÃO,

Por Benedito Vasconcelos Mendes










Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço Benedito Vasconcelos Mendes

Informação: Não foi possível publicar as legendas devido alguns problemas.

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CASA ISAÍAS ARRUDA

https://www.youtube.com/watch?v=sx8KCLOECPo&feature=youtu.be

Mais uma produção do cineasta Aderbal Nogueira

Publicado em 2 de mai de 2011
Porão da casa do Cel. Isaías Arruda, em Missão Velha (CE), maior coiteiro de Lampião no Cariri cearense. Esse vídeo só foi possível graças ao amigo e pesquisador Bosco Andre. 

Contato: laser.video@terra.com.br

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AS CRUZES DOS SOLDADOS NA ESTRADA DE CURRALINHO: VINGANÇA E DEVOÇÃO

*Rangel Alves da Costa

A morte do cangaceiro Pau-Ferro gerou uma vingança cangaceira tamanha que até hoje as cruzes da estrada de Curralinho testemunham aquele troco de sangue, tendo por vítima os solados Tonho Vicente e Sisi.

Tudo começou na Fazenda Quiribas, em Poço Redondo. Um grupo de cangaceiros, dentre os quais Corisco, Mariano e Zé Sereno, repousa tranquilamente nos arredores de um riacho quando é avistado pelo soldado Miguel Feitosa, ali apenas de passagem. Retornando imediatamente, o militar avisa ao comando sobre o ocorrido.

Um pequeno agrupamento militar é formado e segue em direção ao coito. Ao chegar ao local, logo percebe que o pequeno número de soldados sequer pode assustar aquele grande numero de cangaceiros. Então decide recuar. Recuou, mas já distante - e fora do alcance da cangaceirama - dois soldados resolvem atirar na direção dos cangaceiros. Um tiro acaba acertando e matando o cangaceiro Pau-Ferro.



Foi a motivação para que a fogueira se tornasse em odiosa labareda. A cangaceirama correu no encalço da soldadesca, porém sem alcançar. Mas a vingança estava jurada, não demoraria muito para que os homens da caatinga farejassem os culpados pela morte do companheiro e dessem o troco merecido.

Mas a vingança foi feita em dois que sequer haviam participado daquele episódio. Os soldados Tonho Vicente e Sisi destacavam na povoação de Curralinho, naqueles idos de 1937 um lugarejo ribeirinho próspero e porto principal da chegada e partida de todo tipo de mercadoria daqueles sertões de Poço Redondo, então distrito de Porto da Folha, quando de lá partiram na companhia de outro soldado, Miguel Feitosa, aquele mesmo que havia informado sobre a presença do bando.

Chegando de canoa de Propriá, Miguel Feitosa certamente desembarcaria no porto de Curralinho e logo tomaria a estrada normal, sempre utilizada por todos, para chegar a Poço Redondo. Contudo, imediatamente foi avisado que daquela feita não fosse de jeito nenhum pela conhecida estrada, pois a cangaceirama estava por todo lugar. E foi por isso que buscou a companhia protetora dos soldados Tonho Vicente e Sisi.

Tomaram outros caminhos, recortaram veredas, e tudo para evitar aproximação com o bando cangaceiro. Chegaram, enfim, a Poço Redondo. Chegado na paz da proteção dos amigos soldados, Miguel Feitosa, contudo, cometeu a maior das injustiças para com os dois, pois em nenhum momento comentou sobre o motivo de não utilizar a conhecida estrada de Curralinho nem que os dois evitassem de por ela retornar.



Segundo relata Alcino Alves Costa (Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistérios de Angico, pág. 293 da 3ª edição), no capítulo intitulado “Vingança dos Cangaceiros - Mortes de Tonho Vicente e Sisi”:

“Em local ermo e deserto a cabroeira faz as trincheiras. Não tem certeza se os ‘macacos’ irão aparecer e nem tampouco quantos poderão estar vindo com os feirantes. Pelo sim e pelo não estão prevenidos, preparados para vingar a morte de Pau-Ferro. Na beira da estrada se encontram cinco perigosos e famosos chefes de bando, cangaceiros de uma fama ilimitada. Ali estão: Corisco, Mariano, Mané Moreno, Pancada e Criança. A emboscada está feita. Se aparecer algum policial o mesmo será trucidado”.

Sem saber de nada, no dia seguinte, segunda-feira, Tonho Vicente e Sisi se prepararam para retornar e, dessa feita junto com alguns feirantes, pela estrada normal. Na segunda-feira, dia após a feira na povoação, muitos feirantes seguiam aquela estrada para embarcar em Curralinho em busca de novas mercadorias. Os primeiros que foram passando foram logo presos pela cangaceirada à espreita. Não lhes interessavam estes, pois simples sertanejos, mas sim os soldados que pudessem aparecer.

E não demorou muito para que as expectativas dos cangaceiros se confirmassem. Logo surgem perante aqueles olhares ávidos por vingança. A confirmação de que se tratava de soldados surgiu da troca de sinais, mas de repente se percebe que um estranho está em meio aos dois militares. Este foi poupado, mas não Tonho Vicente e Sisi. O primeiro, baleado, correu e foi alcançado em seguida. Já o segundo, depois de preso, amarrado e interrogado, também não teve destino diferente.

Ainda hoje, duas cruzes marcam o local da emboscada e onde foram enterrados os dois soldados. Quem segue pela estrada de Curralinho, do lado direito de que vai em direção ao rio, facilmente avista o retrato póstumo daquela vingança cangaceira. E além das duas cruzes, também avistará outro retrato impressionante: a devoção atual pelos dois soldados mortos.

Com efeito, muitos moradores chegam ali adoentados, desesperançados, aturdidos pelas consequências da vida, e se entregam a orações e promessas. E os ex-votos estão ao redor das cruzes para ninguém duvidar. Cabeça em madeira, pé e mão, fitas, rosários, dádivas da crença de um povo, ainda que nem sempre saiba dos fatos que originaram a atual devoção.


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