Por Renato Casimiro
José Lourenço Gomes da Silva era paraibano da cidade de Pilões de Dentro,
nascido em 1870, filhos de escravos alforriados – Lourenço Gomes da Silva e
Teresa Maria da Conceição. Muito jovem foi trabalhar na agricultura, afastado
da família que migraria para Juazeiro. Aos vinte anos de idade, José Lourenço
vem para Juazeiro, onde reencontra sua família e ser torna beato. Em 1894 José
Lourenço e seus familiares foram morar no Sítio Baixa Dantas, arrendado do
proprietário cratense João de Brito e arrendado anteriormente ao Padre Cícero.
Aí em Baixa Dantas, Zé Lourenço constituiu a sua primeira comunidade, de cerca
de duas mil pessoas que vivia da agricultura e da pecuária. Em 1921, o Pe.
Cícero recebe de presente um exemplar bovino da raça zebu, oferecido pelo industrial
Delmiro Gouveia.
O animal foi
entregue para o zelo de Zé Lourenço que o levou para Baixa Dantas. O animal foi
alcunhado de Boi Mansinho, pela docilidade de seu trato. As atenções com o
animal, pela raça exemplar e pelo destino que se dava para melhorar o plantel
da região, fizeram crescer as histórias de práticas fanáticas de adoração ao
animal, do uso de sua urina como pretenso medicamento, etc. Desde junho de
1920, Floro Bartholomeu da Costa já tinha manifestado a sua intolerância com as
chamadas Cortes Celestes, tendo inclusive determinado atos de violência para a
dissolução de uma comunidade nos arredores do Horto, sendo alguns presos na
cadeia local.
Floro, deputado estadual na época, foi por diversas vezes admoestado por críticas com respeito ao apoio que o Pe. Cícero dava ao beato Zé Lourenço. Não se contendo, determinou a captura do beato e a transferência do boi para Juazeiro, onde foi sacrificado. Zé Lourenço ficou preso em Juazeiro por cerca de 17 dias, segundo se diz, sem nenhuma alimentação. A intervenção do Pe. Cícero e amigos influentes levou o beato à soltura, que saiu da prisão nos braços de membros de sua comunidade. Zé Lourenço ainda permaneceu em Baixa Dantas até 1926, quando o Sítio foi vendido. Com a saída de José Lourenço e sua gente, Pe. Cícero os encaminhou para uma outra sua propriedade, o Sítio Caldeirão dos Jesuítas, no município de Crato.
No Caldeirão viveram 10 anos, até que em setembro de 1936 a comunidade foi tomada por uma ataque de forças policiais. Alguns foram presos e levados para Fortaleza, outros teriam sido vitimados por um discutido ataque aéreo. José Lourenço fugiu para nova propriedade, denominada Mata dos Cavalos. Em 1937 ainda teria acontecido alguns conflitos entre membros da comunidade e tropas militares.
Floro, deputado estadual na época, foi por diversas vezes admoestado por críticas com respeito ao apoio que o Pe. Cícero dava ao beato Zé Lourenço. Não se contendo, determinou a captura do beato e a transferência do boi para Juazeiro, onde foi sacrificado. Zé Lourenço ficou preso em Juazeiro por cerca de 17 dias, segundo se diz, sem nenhuma alimentação. A intervenção do Pe. Cícero e amigos influentes levou o beato à soltura, que saiu da prisão nos braços de membros de sua comunidade. Zé Lourenço ainda permaneceu em Baixa Dantas até 1926, quando o Sítio foi vendido. Com a saída de José Lourenço e sua gente, Pe. Cícero os encaminhou para uma outra sua propriedade, o Sítio Caldeirão dos Jesuítas, no município de Crato.
No Caldeirão viveram 10 anos, até que em setembro de 1936 a comunidade foi tomada por uma ataque de forças policiais. Alguns foram presos e levados para Fortaleza, outros teriam sido vitimados por um discutido ataque aéreo. José Lourenço fugiu para nova propriedade, denominada Mata dos Cavalos. Em 1937 ainda teria acontecido alguns conflitos entre membros da comunidade e tropas militares.
Sobreviventes
do massacre do Caldeirão
Falava-se com receios que o beato tivesse restaurando sua comunidade, como um novo Caldeirão. E a perseguição se tornou implacável. José Lourenço e remanescentes se refugiam em Pernambuco, no Sítio União, município de Exu, e aí tiveram algum sossego, pois não mais aconteceu qualquer perseguição por força policial. Entre 1938 e 1946, a comunidade experimentou ainda um período de reconstrução, até que em 12 de fevereiro de 1946 falece José Lourenço, aos setenta e seis anos de idade. A comunidade leva seu líder para ser sepultado em Juazeiro do Norte, a 70 quilômetros de Exu.
Cerca de trinta e cinco homens da comunidade trouxeram o caixão com os restos mortais do beato, em uma caminhada extenuante, onde gastaram doze horas pelas veredas. Pelas duas horas da manhã o cortejo chegou ao Juazeiro. Encontraram naquela manhã de 13 de fevereiro de 1946 a proibição da acolhida do corpo do beato para cerimônias de exéquias, imposta pelo então vigário de Juazeiro, Mons. Joviniano da Costa Barreto. Os homens do Sítio União levaram, então, o corpo de José Lourenço para a Capela de São Miguel, hoje inexistente, onde também se verificava a mesma proibição. A solução foi realizar o velório no lado de fora da capela. Depois das orações realizadas pelos presentes, o cortejo seguiu para o cemitério do Socorro, onde, finalmente o beato José Lourenço descansa em paz.
Ao relembrar a trajetória e estes últimos momentos da vida de José Lourenço Gomes da Silva, reproduzimos algumas imagens da figura do beato e flagrantes do velório e cortejo fúnebre.
Foto 1 a 3: José Lourenço Lourenço Gomes da Silva;
Foto 4: Capela do Sítio Caldeirão;
Foto 5 e 6: Velório, à porta da antiga Capela de São Miguel;
Foto 7 e 10: Cortejo fúnebre pelas ruas de Juazeiro do Norte.
Foto 4: Capela do Sítio Caldeirão;
Foto 5 e 6: Velório, à porta da antiga Capela de São Miguel;
Foto 7 e 10: Cortejo fúnebre pelas ruas de Juazeiro do Norte.
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