Seguidores

sábado, 26 de setembro de 2020

LIVRO: VINGANÇA, NÃO...! (A VIDA DO CANGACEIRO CHICO PEREIRA)

 Por Francisco Frassales.


Em crônica anterior, falei do padre Francisco Pereira Nóbrega e hoje escrevo sobre o livro “Vingança, não - Depoimento sobre Chico Pereira e cangaceiros do Nordeste”. Não se trata de livro de história nem de memória. Tampouco é romance ou novela, embora o autor tenha lançado mão de recursos ficcionais, a exemplo de recriação de monólogos para imprimir lógica ao fluxo narrativo e torná-lo verossímil.
O foco do livro é conhecido. Chico Pereira entra no crime para vingar a morte do pai, João Pereira, comerciante, proprietário rural e político em Sousa, com atuação no distrito de Nazaré e em São Gonçalo. O filho prendeu e entregou à polícia o executor da morte do pai, mas com pouco tempo o viu impune, andando livre pelas ruas, em feiras e festas. Um acinte. Depois de muita tocaia, “Zé Dias foi achado morto no meio da estrada. Estendido no chão. Só ele e a morte. E ninguém mais por testemunha”, escreve padre Pereira.


A partir daí, desencadeia-se o processo de formação de bando de cangaceiros. Chico Pereira planeja assaltar Sousa, ajudado por Lampião, que manda dois irmãos, Antonio e Livino Ferreira, dividir o comando das operações. Em 27 de julho de 1924, à frente de 84 homens, o grupo invade Sousa. Houve saques, cenas de humilhação do juiz de direito e outros fatos narrados com sutileza para não reabrir feridas, penso. O livro repassa, também, episódios que envolvem padre Cícero Romão Batista, políticos paraibanos e o advogado Café Filho; fugas, esconderijos, a morte vestida de cobra venenosa; o descumprimento de acordos com autoridades, a prisão sem resistência em Cajazeiras, em plena Festa da Padroeira, e levado para a cadeia de Pombal. A viagem para a morte na estrada de Currais Novos, nas mãos da polícia, na madrugada de 28 de outubro de 1928. Tudo isso Francisco Pereira Nóbrega narra em 20 capítulos, afora nota explicativa, uma foto e um croquis das andanças do pai em terras da Paraíba, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Quarenta e cinco anos depois de publicada, a obra virou peça de teatro e já poderia ter-se tornado filme. É livro perene, um depoimento original, nascido de dentro para fora. Explico. Centenas de livros versam acerca do cangaço, escritos por sociólogos, memorialistas, historiadores, jornalistas, enfim, estudiosos, mas poucos existem como “Vingança, não”. O autor não vivenciou a maioria dos fatos narrados. Ouviu-os da boca de parentes e amigos. Cresceu a escutar as versões familiares. Não se contentou com isso, porém, e durante dois anos checou datas, nomes, lugares e episódios em consultas a processos judiciais, testemunhas e jornais da época.

O livro encerra aspectos relevantes para as pesquisas históricas, sociológicas e políticas da fase final da República Velha, auge do coronelismo, o intricado sistema de relações de poder que nascia no interior dos municípios, propagava-se pelas capitais dos estados e chegava ao centro das decisões políticas e administrativas do País. Essa teia de relações de poder aparece despida no livro, envolta em simplicidade narrativa de fazer inveja. Como se forma um bando de facínoras? Lá está, passo a passo, sob o influxo das injunções políticas interferindo nas atividades comerciais, envolvendo o judiciário, o aparelho policial, as autoridades do executivo estadual, numa promiscuidade que era a própria essência do poder na Primeira República.

Nem a religião escapava dessa urdidura. O autor descreve a esperança que era ir a Juazeiro em busca das bençãos do padre Cícero. Pereira Nóbrega produz uma síntese quase perfeita do messianismo e a exploração política que o cerca, ao referir-se ao mandachuva, deputado Floro Bartolomeu: “Sem ser beato nem cangaceiro, será o ângulo onde se encontram ambos. Sobre essa dupla força se firmará para atingir alturas que jamais suspeitou.” Para quem nada era e nada tinha, isso foi tudo. Enfeite de ficcionista? Que nada, realidade pura.

Tudo isso está escrito com singeleza, sem rebuscadas técnicas literárias, de permeio com o desenrolar de laço amoroso nascido entre “manso e pacato contratante de cal” e uma menina-moça de 12 anos, órfã de pai, assassinado, que casa por procuração aos 14, e enviúva aos 17 anos, com a herança de três filhos e o estigma de mulher de cangaceiro. “Vingança, não” transpira amor em meio à tragédia sertaneja.

Esta crônica, publicada no jornal Gazeta do Alto Piranhas, Cajazeiras, nº 325, de 04 a 10/03/2005,.

P S – Francisco Pereira Nóbrega deixou a batina, casou-se, teve filhos. Fez-se professor, escritor, cronista. Afastou-se do ministério, mas continuou a obra de evangelização. Sua última missão foi dedicar-se ao Catecumenato. Morreu em João Pessoa, em 22 de janeiro de 2007.

Francisco Frassales.
Compartilhado de Cangaceiros Cariri

Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta
Link: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=504417526426893&set=pcb.468917773317172&type=3&theater

Veja se o professor Pereira o tem através deste e-mail: 
franpelima@bol.com.br

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

A SUPERSTIÇÃO CANGACEIRA E AS MULHERES.

 Por João Filho de Paula Pessoa

O Cangaço, desde Jesuíno Brilhante, Antônio Silvino e Sinhô Pereira nunca teve mulheres em suas fileiras.

A possibilidade de mulheres nos bandos do cangaço era algo inimaginável e inconcebível por vários motivos como preconceitos, machismo, subestimações e subjugações a elas, pois acreditava-se que a presença de mulheres no bando acarretaria a fragilidade nos homens e comprometeria a habilidade nas lutas, fugas e caminhadas, bem como levaria discórdia e ciúmes entre os homens.

No entanto, além destes motivos havia outro forte motivo para a não inserção de mulheres no cangaço, era a superstição, pois havia a crença de que o habitual relacionamento com mulheres nos campos de batalha, os cangaceiros perderiam a proteção divina para os "corpos fechados" e que estas relações neutralizaria o poder das rezas e orações.

No entanto, Lampião embora detentor de uma religiosidade arcaica e de muitas superstições, desmistificou este tabu, surpreendendo à todos, à sociedade, ao governo, às volantes e até à seu respeitável chefe Sinhô Pereira, que certa vez, declarou "Ninguém andava com mulheres. Eu acho até esquisito que depois Lampião e o pessoal dele começasse a carregar mulher".

Lampião inseriu as mulheres no cangaço a partir de 1930, com o ingresso de Maria de Déa (Maria Bonita) sua companheira, Mariquinha, companheira de Labareda, Dadá, companheira de Corisco, dentre outras, e daí em diante houve a presença e passagens de muitas mulheres no cangaço, com bastante protagonismo e demonstrações de força e resistência, deixando elas, também, sua marca na história. João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce., 21/09/2020.

Obs: Nossos Contos também são contados em vídeos no YouTube - Canal Contos do Cangaço. https://www.youtube.com/channel/UCAAecwG7geznsIWODlDJBrA

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ESCRITOR ANTÔNIO AMAURY NA GROTA DE ANGICO PARTE II

Por Adauto Silva

https://www.youtube.com/watch?v=4TI29YRI-Rk&ab_channel=AdautoSilva

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ÂNGELO ROQUE - O LABAREDA

Por Beto Rueda

Ângelo Roque da Costa nasceu no Sítio Quixabá, Município de Tacaratu - PE, em 1899.

Conheceu o crime após matar o soldado Horácio Caboclo, o "Couro Seco", por questão com a sua irmã de nome Sabina Roque da Costa, de apenas quinze anos.

Depois do crime foi procurado e levou uma facada do pai de Horácio, André Caboclo, mas sobreviveu. Meses depois, fingindo uma viagem, voltou e matou André Caboclo.

Ele foi perseguido, sua casa foi cercada, houve um intenso tiroteio que resultou na morte do seu irmão João de Deus e sua esposa Ozana, que deixou um filho, mas conseguiu escapar. Em seguida atearam fogo na casa e nas propriedades da família.

Ameaçado, pediu proteção ao coronel João Sá que era amigo do seu pai. Permaneceu por muito tempo na fazenda, próximo a Jeremoabo - BA. Viveu da venda de couro de gatos do mato, que caçava e vendia nas feiras locais.

Procurou Lampião e entrou para o bando, que já andava pela Bahia, desde agosto de 1928, destacando-se mais tarde por sua valentia e liderança, como chefe de subgrupo . Sua atuação teve por palco principal o sertão da Bahia e a zona de divisa entre esse Estado e o de Pernambuco e Sergipe.

Esteve em Angico mas, gripado, ficou na casa de um coiteiro e não participou durante o ataque da tropa comandada pelo tenente João Bezerra.

No início de abril de 1940, seu grupo foi atacado pela volante de Odilon Flor, nas proximidades de Bebedouro, Parapiranga - BA. Entregou-se a polícia com 12 companheiros, 8 homens e quatro mulheres, terminando assim, seus dias de cangaço.

Após cumprir a sua pena, mudou-se para Salvador - BA.

Deixou nos um importante testemunho do cangaço com o seu depoimento a Estácio Lima que registrou fielmente no livro: "O mundo estranho dos cangaceiros".

Faleceu já na sua velhice, nos anos 70.

REFERÊNCIAS:

LIMA, Estácio. O mundo estranho dos cangaceiros. Salvador: Itapoã, 1965.

PRATA, Ranulfo. Lampião. 2.ed. São Paulo: Editora Paratininga, 2010.

MELLO, Frederico Pernambucano de. Guerreiros do sol: violência e banditismo no Nordeste do Brasil. 5 ed. São Paulo: A Girafa, 2011.

OLIVEIRA, Bismarck Martins de. Cangaceiros de A a Z. Pocinhos - PB: Impressos Adilson, 2012.

IRMÃO, José Bezerra LIma. Lampião a raposa das caatingas. Salvador: JM Editora, 2014. — com

Ivete Saravy

https://www.facebook.com/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

SGT. EVARISTO CARLOS COSTA...

 Sortudo


Sobrevivente do massacre de 22 de Dezembro de 1929, em Queimadas, BA.

http://lampiaoaceso.blogspot.com/search/label/Arvoredo

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

VINGT-UN - 100 ANOS

 Por Caio César Muniz

O dia 25 de setembro era naturalmente de correria. Uma semana antes começávamos, eu, Raniele e outros soldados, a organizar a chamada Noite da Cultura, uma homenagem da Loja Maçônica Jerônimo Rosado ao seu último filho numerado (o 21, Vingt-un).

O homenageado se preparava de tal modo para aquele dia/noite, que até esquecíamos que era o seu aniversário. A data também marcava o lançamento anual das obras da Coleção Mossoroense.

Em certa ocasião chegamos a lançar mais de 300 obras, o grande salão não comportava tantas publicações. Um feito inimaginável para qualquer selo editorial.

Celebrar o aniversário de Vingt-un é exaltar a cultura mossoroense em sua maior dimensão. Muita coisa só foi registrada graças aos cuidados de Vingt-un para com a história.

Celebrar 100 anos de Vingt-un é reconhecer a valia dos seus esforços.

https://www.facebook.com/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

 

COITEIRO TRAIDOR VISITA LAMPIÃO NA GROTA DE ANGICO

 

https://www.youtube.com/watch?v=962YtRrMM-I&ab_channel=KinkoPelegrine

Kinko Pelegrine

COITEIRO TRAIDOR VISITA LAMPIÃO NA GROTA DE ANGICO

Licença

Licença de atribuição Creative Commons (reutilização permitida).

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ESCRITOR ANTÔNIO AMAURY NA GROTA DE ANGICO - PARTE I

Por Adauto Silva 

https://www.youtube.com/watch?v=4RysaBaIou0&ab_channel=AdautoSilva

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

OS FILHOS DO CANGACEIRO MORENO


youtube.com/watch?v=YM9pVi_-JI4&feature=youtu.be&fbclid=IwAR1hSs79FYpACJHsUMRtqTQ9GIW9Mvgswm2Q5UKiYpjxWdF_OUmwQedksaE

OS FILHOS DOS CANGACEIROS ERAM DADOS A PADRES, JUIZES E FAZENDEIROS, PELO MOTIVO EXPOSTO POR ANTÔNIO MORENO: TINHAM MEDO DAS CRIANÇAS LEVAREM TIRO.

TV MARIA BONITA

Por ocasião do evento CARIRI CANGAÇO 10 anos na cidade de Brejo Santo - Ceará, foi entregue ao filho mais velho de Antônio Moreno e Durvinha, cangaceiros do bando de Lampião, um certificado de reconhecimento da municipalidade por sua inocência da acusação policial feito ao cidadão Antônio Moreno, que em imagens do cineasta Wolney Oliveira por ocasião das tomadas para seu filme documentário OS ÚLTIMOS CANGACEIROS, Antônio Moreno explica por que entrou no cangaço. Faço esse pequeno documentário com imagens do evento, gravadas por mim, uma pequena e singela homenagem a minha amiga Lili, filha do casal. Raul Meneleu 26 de setembro 2020.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

BARRA DO MENDES: A ÚLTIMA FRONTEIRA DO CANGAÇO EM GRANDES ENCONTROS CARIRI CANGAÇO

 Por Manoel Severo

Barra do Mendes é um município do Estado da Bahia, situado a 534 km da sua capital Salvador, a ligação entre as duas cidades se dá essencialmente através da BA-052 (Estrada do Feijão). Atualmente sua população gira em torno de 15 mil habitantes. Localizada na Região Noroeste do Estado ; pertence ao Circuito da Chapada Velha, a Microrregião de Irecê e à Zona Fisiográfica da Chapada Diamantina Setentrional. Barra do Mendes que ate 1958 era distrito de Brotas de Macaubas ficou conhecida e imortalizada na historiografia do Cangaço quando em 25 de maio de 1940, na fazenda Pacheco, Corisco e Dada são cercados pela volante de Zé Rufino, saldo final o fim definitivo do cangaço.

Para entender esse episódio e conhecer mais de perto o último ato de Corisco - O Diabo Louro ; Manoel Severo recebe os historiadores e escritores, Major Raimundo Marins e professor Manoel dos Santos Neto. 

HOJE, 25 de Setembro de 2020 ás 20h;Canal do YouTube do Cariri Cangaço 

https://cariricangaco.blogspot.com/2020/09/barra-do-mendes-ultima-fronteira-do.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com