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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA!


Por Francisco Pereira Lima

Novo livro na praça: Fideralina Augusto Lima: Política, Papéis Sociais, Parentesco e Educação Sertaneja. Autor: Rui Martinho Rodrigues. 249 páginas. Preço 50,00 como frete incluso. 

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PARA NÃO ESQUECER JAMAIS!


Adquiri no facebook no acervo da pesquisadora do cangaço Danielle Hours

Esse é o Estofo dos Grandes e se manifesta desde pequenos. Ei-la indo para a escola com escolta federal


No dia de hj em 1960 a pequena Ruby Nell Bridges Hall, mais conhecida como Ruby Bridges, com pouco mais de seis anos de idade, se torna a primeira criança negra autorizada a estudar em uma escola primária exclusiva para pessoas de cor branca, na Louisiana. 


De início foram seis os aprovados nos testes para estudar na William Frantz Elementary School, mas os demais ficaram com medo e apenas Ruby enfrentou a questão, mesmo desagradando seus pais. Ia sozinha para a escola e sofria ameaças tão diretas que o Presidente Eisenhower, destacou escolta policial dos U.S Marshals para protege-la. No dia de hj quando foi a aula em seu primeiro dia na nova escola todos os professores se recusaram a lhe dar aulas e os pais removeram os filhos, o caos se instalou e na verdade Ruby só teve aulas no dia seguinte quando a professora Barbara Henry, passou a ensina-la.

Além de ser escoltada por agentes federais de casa para escola e vice versa, seu lanche era separado das demais crianças, pois havia uma real ameaça de envenenamento contra a menina. Sua família foi perseguida, o pai e os avós que trabalhavam em uma fazenda perderam os empregos.

Mas nem tudo foi segregação. Alguns pais se recusaram a retirar seus filhos da escola e Ruby passou a ter colegas de classe, pessoas escoltavam a escolta policial para garantir sua segurança e ofertaram ao seu pai um novo emprego.

Em 2001 o Presidente Clinton laureou Ruby com a Presidential Citizens Medal, em 2005 ela tb perdeu sua casa com a passagem do furacão Katrina. Em 2011 o Presidente Obama teve a Honra de conhecer Ruby Bridges, na inauguração de uma Obra em sua homenagem e disse a ela em agradecimento "Eu acho que é justo dizer que, se não fosse por você, Eu poderia não estar aqui e nós não estaríamos olhando para isso juntos". 

Em 2014, uma estátua de Bridges foi erguida no pátio do William Frantz Elementary School. A escola que frequentou apenas por sua força de vontade.

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PESQUISADOR TEM SEU ACERVO LESADO


Por Sálvio Siqueira

O pesquisador João De Sousa Lima, de São José do Egito, PE, residente na cidade baiana de Paulo Afonso, a qual adotou no coração, é um dos pesquisadores sérios dentre outros que existem no complexo estudo do tema referente ao Fenômeno Social Cangaço.

João, quando ainda criança, vai morar na cidade baiana e logo cedo descobre uma vontade incontrolável de saber e contar a historia das pessoas que fizeram parte do cangaço. Teve sorte por ter ido para o reduto onde em todas as partes a história passou e deixou suas marcas. Marcas que o “rastejador egipciense” não perdeu os sinais.

Começa então a colher informações dali, depois outras daqui e por aí começou a adentrar num mundo cruel, sangrento, cheio de lágrimas, dor, vingança e mortes, no entanto cativa-nos e nos deixa apaixonados por ele. Por ter sido um dos pioneiros a ‘caçar’ resquícios históricos, possui uma coleção de objetos que foram usados por aqueles que fizeram parte da historiografia, alguns dos próprios, outros dos familiares que os tinham e muitos o doaram para seu acervo particular.

Trata-se de armas, perfume, joias e outros mais. Dentre eles existem aqueles que nos parecem os mais importantes para a história, as fotografias. Essas tem o poder de parar o tempo e trazê-lo para o futuro. Portanto, a nosso ver, são relíquias que merecem respeito e cuidados.

Como em todo lugar, canto, situação sobre temática existem os fraudadores, aproveitadores e mentirosos, nos estudos, pesquisas e literaturas sobre a historiografia do cangaço também apareceram. Desde os primeiros livros, cordéis e cantadores de feiras-livre têm pessoas que aumentam, improvisam e criam suas ‘estórias’. Não procuram contar os fatos ocorridos, mas, contarem aquilo que queriam que ocorresse. No meio destes sempre apareceram os aproveitadores e oportunistas para darem um golpe na história e naqueles que a tratam com respeito.

Nos últimos tempos, devido à nova geração de pesquisadores, escritores e autores e a maneira de se fazer pesquisas, tem-se combatido, na medida do possível, esse tipo de criminosos. Crime sim, pois estão distorcendo fatos ocorridos em gerações de uma população sofrida, sujeita e que sempre ficou sem a assistência social devida pelas autoridades competentes.

Ainda aparecem aqueles que querem aparecer mais do que os outros. Pois bem, segundo o historiador João de Sousa Lima o cidadão Robério Santos, para ganhar uma oportunidade de se aproximar do pesquisador Frederico Pernambucano de Melo, não vemos outra razão, pega uma fotografia do acervo do pesquisador João de Sousa Lima e a “dou-a”, como sendo dele.

O sociólogo/pesquisador Pernambucano de Melo edita o livro e no livro a fotografia. Faz referência sobre a foto pertencer, ou ter sido uma gentileza do Robério Santos, não podia ser diferente já que o sergipano usando de má fé, disse pertencer a ele. O dono do registro histórico, João de Sousa Lima, falo dono por ter sido dado a ele pelos senhores Toinho de Juvininho(grafia do livro) e Marcus Vinícius, só veio descobrir a manobra quando a viu no livro. Imediatamente entra em contato com o autor do livro, Frederico Pernambucano de Mello, e conta que aquela fotografia faz parte do seu acervo particular. Segundo o próprio João, Pernambucano compromete-se a fazer a devida correção, citando a quem de direito o registro histórico pertence, numa futura edição.

Trata-se de um registro histórico muito importante por o mesmo referir sobre a época das entregas. Nela estão as personagens religiosas: Frei Francesco da Urbania, Frei Agostinho e o Monsenhor Magalhães; o cangaceiro Balão e mais uma outra pessoa não identificada no livro “Lampião – O cangaceiro – Sua ligação com os Coronéis Baianos, Raso da Catarina e outras história” , 1ª edição. Editora Fonte Viva, pg 172, 2015. Isso ocorre, a fase das 'entregas', após a morte do cangaceiro mor, Lampião, pois o restante fica feito baratas tontas sem saberem o que fazer: não sabem aonde buscar munição, armas, alimento ou vestimenta para seus 'cabras'. Não tendo outra saída, e a vida de cada um estando em jogo, começam a se entregar as autoridades de Alagoas e Bahia. 

O registro torna-se marcante por trazer religiosos que serviram de intermediários entre os bandoleiros e a Força Pública, os quais confirmam, apalavram a garantia da vida de cada um.

Fora essa coisa ridícula, Robério tem a mania de criar personagens e lugares em registros fotográficos.

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?multi_permalinks=1001803376695273&notif_id=1549356923036883&notif_t=group_highlights

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ESTE MARAVILHOSO CONSELHO !

Por Manoel Severo

Manoel Severo curador do Cariri Cangaço

Ao longo de minha vida trilhei inúmeros caminhos; trilhas fáceis e algumas extremamente árduas, aprendi muitas vezes e a muito custo que não nos bastam apenas a boa vontade e as boas intensões. Na verdade a vida acabou me ensinando que é necessário o caminhar, o agir, a atitude, e dai transformar verdadeiros sonhos em realidade, fica fácil. Ah Vida ! Essa tal de vida... Essa verdadeira universidade cheia de tantas lições, engrandecedoras, desconcertantes, magnânimas ! A ela me entrego com todas as minhas forcas, com uma paixão e um entusiasmo que muitas vezes me assusta, me toma de assalto. Ah vida ! Quanta coisa boa, quanta Gratidão. 

Lições, e quantas lições, e ai aprendi que nada se constrói só e que a verdadeira harmonia se consolida na união equilibrada e respeitosa de elementos opostos, numa teia de talentos e força, muita força e ai... Nasceu o Cariri Cangaço. Todo o corpo possui cabeça, tronco, membros... E cérebro. Todo o movimento nasce a partir do sincronismos perfeito entre todos esses componentes, e tudo acaba acontecendo, ganhando vida, mas... o que seria dos movimentos se não fosse a vibração de seu grande mentor, o cérebro ? 

Alcino Alves Costa, o patrono do `cérebro`

Em nosso caso temos um espetacular cérebro , tao cheio de talentosos e valorosos neurônios, que fica difícil acreditar que conseguimos reunir dentro dessa humilde caixa craniana... A esse cérebro chamamos de Conselho...  E a esse Conselho estabelecemos uma Missão e a ele demos um Patrono: Alcino Alves Costa, e na tarde do ultimo dia 21 de setembro de 2013, na cidade de Barbalha, uma das anfitriãs do Cariri Cangaço realizamos a posse de seus ilustres membros.

Parece ter sido a toa a escolha da cidade de Barbalha, mas como poderia ter sido? Ali, na terra dos verdes canaviais está o primeiro, aquele a quem buscamos no primeiro de todos os momentos para irrigar todo esse cérebro , todo esse sonho, seu nome: Napoleão Tavares Neves.

Napoleão Tavares Neves

E assim o Conselho Consultivo Cariri Cangaço Alcino Alves Costa, assume novamente o desafio de pensarmos juntos os próximos passos de nosso sonho, 2014, 2015...2016. De seu berço o Ceará, tomamos emprestado na capital, Ângelo Osmiro e Aderbal Nogueira, lá do centro roubamos uma menina valente pra peste: Juliana Ischiara, descemos para nosso amado cariri e chegamos a Crato com Pedro Luiz Camelo, de Aurora veio o determinado José Cicero, do Barro, o sensacional Sousa Neto, do portal Missão Velha , reverendíssimo padre Bosco Andre, da terra de Fidera, mais uma mulher arretada, Cristina Couto que unidos ao Mestre Napoleão Tavares Neves formam a seleção alencarina do Conselho.

Teresina nos permitiu o talento de Leandro Cardoso que abriu alas para outra seleção: a potiguar, com os nomes de peso de Honório de Medeiros, Paulo Gastão, Kydelmir Dantas, Ivanildo Silveira e Múcio Procópio, haja folego !!! A Paraíba nos presenteou com Narciso Dias e os incansáveis Wescley Rodrigues, verdadeira revelação  e o  professor Pereira, Mestre dos mestres em matéria de literatura do sertão !


A terra de Virgulino nos trouxe os Pernambucanos; o volante Geraldo Ferraz e o homem das sete colinas, Antonio Vilela, alem da doce Ana Lucia Granja. Cruzando o Velho Chico a trilogia final nordestina com os Sergipanos, Kiko Monteiro o fantástico Lampião Aceso e Archimedes Marques, o alagoano da bela Piranhas, Jairo Luiz e o baiano valente que só a gota, João de Sousa Lima... 


Eita !!!! 25 conselheiros? ou seriam 25 mil ? Certamente a ordem dos fatores não altera o resultado, o fato e que esses homens e mulheres se juntam não apenas em torno de um evento, de um projeto, mas em torno de um sentimento, o sentimento de profundo amor as coisas do sertão, do nordeste, amor esse que nasce do fundo de nossa alma, por isso chegamos ate aqui. 


Parabéns Nação Cariri Cangaço e abraçando a esses queridos irmãos do Conselho, abraçamos a todos que fazem parte desta grande família espalhada por todo o Brasil; 
feliz 2014 e que venham 2015,2016,2017...


Manoel Severo - Curador do Cariri Cangaço
Fortaleza, Ceará
Incorrigível Sonhador

http://cariricangaco.blogspot.com/2013/

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DE JOÃO PARA LUIZ, O REI DO BAIÃO

Por João de Sousa Lima

Cem anos se passaram, chegou o dia 13 de dezembro de 2012, nesse dia, se vivo, o cantor Luiz Gonzaga completaria cem anos de idade. Durante todo o ano de 2012 o Brasil se mobilizou em torno da figura e da grandiosidade do Rei do Baião. Trabalhos escolares, grupos teatrais, culturais e musicais, cantores repentistas, xilógrafos, escritores e radialistas homenagearam o cantor. Em universidades, teses, trabalhos de graduação e trabalhos de conclusão de cursos, tiveram por tema o artista e sua arte. Vários projetos foram finalizados enaltecendo Luiz Gonzaga. O Rei do Baião representa para o nordeste brasileiro a valorização dos nossos costumes, das nossas tradições, das nossas raízes culturais, artísticas e históricas.  A cidade de Paulo Afonso teve o privilégio de sediar vários shows de Luiz Gonzaga; Aqui ele cantou, encantou, fez amigos, foi querido e amado, recebeu titulo de cidadão Pauloafonsino, cantou em troca de alimentos para ajudar os sertanejos que enfrentavam a terrível seca de 1983. Aqui ele foi fotografado, cortejado, adorado, acolhido, venerado. 
 
A música Paulo Afonso foi a maior prova de amor entre a cidade e o artista. Quando em 1989 o cantor faleceu, a cidade em peso chorou, hastearam a meio mastro suas bandeiras em luto; Referencias e comoções tomaram conta da cidade.  Agora, em seu centenário, realizamos algumas homenagens ao Rei do Baião. Eu escrevi um livro narrando a passagem de Luiz em nossa cidade, resgatando imagens e histórias acontecidas com nosso povo. Sebastião Carvalho que foi a pessoa encarregada pela loja Maçônica São Francisco para fazer o contato convidando Luis Gonzaga para fazer o show beneficente em 1983 prestou sua homenagem ao velho amigo e em seu Haras Estrada da Vida, colocou dezessete sanfoneiros tocando músicas do Rei do Baião. O evento que comportou cento e trinta convidados foi embalado pelo autêntico forró, regado a emoção e a lembrança do inesquecível cantor.
João de Sousa Lima, Waldonys e Sebastião
No dia 13 de dezembro, nesse dia, Eu, Sebastião e Carlos Galindo acordamos com o raiar do sol e seguimos para os festejos em Exú, Pernambuco, lugar onde nasceu Luiz Gonzaga. Cruzamos Petrolândia, Floresta, Salgueiro, Bodocó e chegamos à terra do Rei do Baião. Uma multidão aglomerava-se no Parque Aza Branca e no centro da cidade. Na entrada do parque o cantor Alcimar Monteiro gravava programa para um canal de televisão. Mais na frente encontramos o comediante e maior imitador de Luiz Gonzaga, João Cláudio Moreno. Fizemos algumas fotografias com João e com ele nos dirigimos ao mausoléu do Rei do Baião. Dentro do mausoléu João Cláudio entrou em profundo silêncio, encostou a cabeça no mármore frio da lápide e em oração se emocionou e chorou. Eu e Sebastião ficamos de longe olhando a cena e depois deixamos João Cláudio em seu momento intimo. À tarde, várias autoridades civis e militares chegaram ao parque onde aguardavam o governador Eduardo Campos. Uma orquestra militar tocava músicas do Gonzagão. Entre as autoridades destacava-se Joquinha Gonzaga, sanfoneiro e sobrinho de Luiz Gonzaga. Quando começou o protocolo Joquinha Gonzaga foi agraciado com a comenda de Cidadão Pernambucano, recebendo o Titulo das mãos do governador Eduardo Campos. Depois o governador inaugurou uma estátua dourada de Luiz Gonzaga em frente ao Museu.
Com o cair da noite, lateral ao palco principal surgiu um cinema ao ar livre. Nas cadeiras lotadas ouvimos um discurso emocionado e emocionante do governador que tão justo falou da importância de Luiz Gonzaga para a cultura do Brasil. A casa da moeda do Brasil lançou a medalha em homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga nas versões ouro, para e bronze. Consegui para meu acervo a versão em bronze e Sebastião Carvalho adquiriu as versões em prata e bronze. Em público o governador quebrou as cunhas das moedas. Os correios lançaram um selo em homenagem aos cem anos de Luiz Gonzaga. Mesa das autoridades desfeita começou a obra de arte do cineasta Breno Silveira: Gonzaga, de pai para filho. O filme traça um perfil das turbulências afetivas entre Gonzagão e Gonzaguinha, sem perder a ternura jamais. A película é de uma emoção pouco vista nas telas brasileiras, um verdadeiro retrato do que se passa no mais profundo sertão, sentido nos corações de dois grandiosos artistas ligados por uma áurea divina.
Depois do filme ouvimos o show de João Silva, um dos parceiros de Luiz Gonzaga. Algumas músicas mais e fomos procurar um local para descansarmos do dia estafante. Percorremos os quilômetros que separam Exú do Crato, pois em Exú os hotéis e pousadas estavam lotados. No Crato ficamos no hotel pasárgada, de onde saímos cedo, depois de um fato café matinal. Visitamos o Horto e o Museu do Padre Cícero Romão Batista. Muito próximo a estátua do padre Cícero cruzava em vôos rasantes um avião azul, depois ficamos sabendo pelo próprio piloto, o sanfoneiro Waldonys, que ele tinha ido lá, em suas acrobacias, tomar benção ao famoso Padre.

João de Sousa Lima e Joquinha Gonzaga

Retornamos a Exú e ainda cedo, na antiga residência de Luiz Gonzaga, vimos uma aglomeração e seguimos até lá; Na entrada da casa estava exposto um veraneio verde que pertenceu a Luiz Gonzaga. Dentro da casa pessoas fechavam um circulo ao redor de uma pessoa. Entrei com Sebastião e descobrimos que no meio daquela gente toda estava o Mestre Dominguinhos. Velhos e crianças cercavam o herdeiro musical do Velho “Lua”. Dominguinhos sorridente e ao mesmo tempo visivelmente abatido atendia todos com a simpatia que sempre dedicou a seus fãs e que fez parte de sua carreira artística. Com Dominguinhos estava Paulo Wanderley, um amigo que fiz em Fortaleza quando realizava palestra sobre o cangaço para o festival de Cinema daquela capital. Tiramos algumas fotos ao lado de Dominguinhos e seguimos a casa de Joquinha Gonzaga. Na casa de Joquinha deixamos alguns presentes com ele e seguimos para o lugar onde nasceu Luiz Gonzaga. Na antiga residência onde morou Januário, pai do rei do Baião, podemos degustar um carneiro na brasa e conhecermos o dono do restaurante, o senhor Junior. Junior nos levou para vermos o local do nascimento de Luiz Gonzaga. Fotografamos o lugar e seguimos até a  casa  da heroína Bárbara de Alencar. Da casa de Barbara fomos até a outra casa onde Luiz Gonzaga morou e que fica vizinha a casa do Barão de Exú. Na casa do Barão encontramos seu trineto Francisco, que muito educadamente se deixou ser fotografado com sua mãe e nos proporcionou a oportunidade de visitar os cômodos da antiga mansão que ainda mantêm móveis e utensílios de época. No pátio na frente do casarão situa-se a majestosa igreja que também foi construída pelo Barão. Lateral a igreja uma roda de sanfoneiros chamou nossa atenção. O sanfoneiro Amazan gravava o programa “Sala de Reboco” e desfrutamos de uma tarde memorável ouvindo Targino Gondim, Robertinho do Acordeom, Erivaldo de Carira e Joquinha Gonzaga.
     
Muitas músicas depois e chegou a hora de retornarmos. Carro na estrada e nas lembranças uma Asa Branca clareando os pensamentos; No coração a satisfação de ter ido lá, de ter prestado essa ho0menagem ao inesquecível Luiz Gonzaga e de ter participado desse momento histórico. Nas terras do Rei do Baião vivi emoções, senti pulsar nas veias o sangue nordestino dos homens invencíveis que se quebrantam na musicalidade e no aboio do vaqueiro, na canção que ecoa daquela sanfona branca que eternizou a bandeira em canto que influencia gerações e se torna marco indestrutível nas estradas cravadas com a arte de Luiz Gonzaga. Pela maestria de Luiz o transformamos no “Embaixador do Nordeste”, cujo canto é paz, é vida, alegria e emoção. Na felicidade de ter vivido tudo isso, deixei minhas preces em cada canto desses cantos que passei e que foram motivos de inspirações que saíram em forma de músicas nos acordes das teclas daquela sanfona branca e que hoje vaga no imaginário de uma nação que derrama em prantos a saudade deixada por Luiz Gonzaga do Nascimento, o eterno Rei do Baião.

João de Sousa Lima
Paulo Afonso, Bahia, 
Madrugada do dia 15 de dezembro de 2012.
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AINDA SOBRE O MEU AMIGO MONSTRO

Por Rangel Alves da Costa

Já contei essa história por aqui. E aqui novamente está por que me pediram para acrescentar algumas coisas sobre esse monstro amigo. E tal monstro, na verdade, pode e deve ser interpretado segundo o desejo de cada um. Monstro mesmo ou monstro interior. Mas vamos ao contexto.
Eu tenho um amigo monstro. Acreditem, pois monstro mesmo. Ele tem feição indefinida, às vezes aparece peludo, mais alto ou mais baixo, todo feio e desengonçado, coisa de espantar qualquer um que não fosse eu. Mas já estou acostumado com ele, tanto que se tornou meu amigo.
Qualquer outra pessoa teria muito medo desse monstro. E por ser um monstro mesmo. Bichão esquisito, assustador de arrepiar. Certamente faria correr quem o aviste inesperadamente. Os monstros povoam os pensamentos como a dizer que nos labirintos da existência existem coisas que nunca queremos encontrar, mas que de repente podemos avistar.
Sobre o meu amigo monstro, esclarecendo melhor. Tudo nasceu há muito tempo, durante a minha criancice e infância, quando diziam que se eu não dormisse o bicho-papão iria me pegar. Cantavam música falando do bicho-papão, a todo instante ameaçavam com a presença do tal bicho se eu deixasse de fazer isso ou aquilo.
Mas nunca tive medo daquele bicho-papão que tanto me lançavam como verdade. Muitas vezes, eu ficava acordado a noite inteira esperando sua aparição. E nada. Então fui criando um bicho-papão na minha imaginação. Com ele eu toda noite conversava, sorria e chorava, compartilhava minhas dúvidas da idade.
Fui crescendo e nunca mais me desapartei do bicho-papão. Eu sempre sentia a necessidade de sua presença, pois confiando nele muito mais que nas pessoas ao meu redor. E depois, já adulto, o bicho-papão foi se transformando noutro bicho, que achei por bem chamá-lo de monstro.
Então ainda hoje o monstro é meu cordial e sincero amigo. Entro no quarto, fecho a porta e logo o procuro. Ele me aconselha por que diz que me acompanha aonde eu vou e vê o que faço certo ou errado. Acho interessante essa preocupação, pois sei que muitos humanos e que se dizem amigos não estão nem aí. Mas com o monstro é diferente.
Outro dia, encontrei-o de olhos entristecidos, chorosos. Perguntei o que tinha acontecido e ele, cabisbaixo, respondeu: “Um dia já não estarei com você. E temo pelos outros monstros que estejam ao seu redor!”. Algo como um presságio, como uma despedida, mas a verdade é que no dia seguinte não o encontrei mais. Nunca mais retornou. Até que sonhei com ele me dando adeus e dizendo que tivesse muito cuidado.
Passei a ter mais cuidado sim, e por isso mesmo jamais o esquecerei. Sei que na vida existem muitos outros monstros. E monstros humanos de verdade. Mas ainda assim nem os detesto nem os temo. Aprendi com o meu amigo que nada deve ser acreditado apenas pela aparência ou pelo que dizem.
Meu amigo monstro era tão feio e desengonçado, tão amedrontador e temeroso, mas tão singelo e afetivo. Com ele aprendi que o monstro é aquilo que criamos em nossas mentes e aspirações. E que monstros realmente não existem na forma e no jeito que os demais apregoam, mas simplesmente na ideal de mal que tanto desejam que acreditemos.
Então criamos monstros e temos monstros por todo lugar. E a realidade não é bem assim. Existe outro lado que precisamos conhecer antes que espalhemos suas existências. Como num jardim não existem somente espinhos, bem assim na vida humana e seus labirintos.
Verdade é que nunca podemos fugir dos monstros. Monstros fantasiosos, ilusórios ou mesmo reis. Criamos monstros dentro de nós, convivemos com monstros a cada passo. Talvez até mesmo sejamos o monstro que tanto tememos. Não aceitamos o monstro, mas domando a nós mesmos, percebendo que tudo pode ser menos apavorante do que imaginamos, então será possível que passemos a nos gostar muito mais.

Escritor
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INSENSATEZ

*Rangel Alves da Costa

Conceitualmente, insensatez significa a ação de modo inconsequente, sem a observância da racionalidade nas atitudes. É a tomada de uma atitude desprovida de prudência. É uma ação irresponsável e que visa prejudicar ou maltratar. E é isto, em todos os seus termos e sentidos, que vem proliferando, e já desde muito, perante uma parte significativa da população brasileira.
Mesmo que o termo denote falta de sanidade, de plenitude de juízo, costumeiramente o insensato age pensada e premeditadamente. Na intencionalidade de transformar os fatos, dando-lhes uma feição irreal, age até com acuidade e inteligência. Ademais, nem sempre desconhece as possíveis consequências. Ora, sua ação possui por objetivo maior chamar a atenção, provocar resultados, e geralmente maldosos.
Se, por outro lado, a sensatez expressa um sentido de responsabilidade na ação, tais características afastam-se de vez daqueles que simplesmente utilizam de seus ódios, partidarismos ou descabidas indignações para macular ou tripudiar de fatos ou situações, até de tragédias, como de fato vem ocorrendo. Continuar em palanques eleitorais e não aceitar resultados das urnas, e para tal todo dia postar verdadeiras teorias conspiratórias, objetivando unicamente desqualificar o que já foi proclamado, afeiçoa-se, além da insensatez, uma evidente idiotice.
É insensatez, pois, querer forjar opinião própria apenas para desqualificar determinada realidade. É insensatez omitir a verdade perante uma inegável e contundente realidade. É insensatez brincar com a verdade apenas para ferir, magoar, contrapor. É insensatez deixar de enxergar a nitidez para se contentar com o obscuro, e do confuso semear ainda mais distorções. É insensatez agir por teimosia quando bem poderia reconhecer o que não pode ser negado.
Também é insensatez inverter os fatos na tentativa de tornar uma mentira numa verdade forjada. O problema é que sempre acaba alcançando algum proveito com tal inversão. Há quem acredite em tudo, desde a mais deslavada mentira ao que nunca existiu. Daí a proliferação de notícias sobre mortes inexistentes, de acontecimentos políticos que nunca existira, de frases ditas que jamais foram declaradas, de manchetes absurdas em jornais ou informativos que jamais existiram. Como dito, mas tem gente que ainda acredita, compartilha e até fica acreditando.
Exemplo maior da insensatez está na disseminação de notícias falsas, as famosas fake news. É a criatividade utilizada para o desserviço, para a verdadeira estupidez. Torna-se até difícil de acreditar como pessoas e até empresas se especializam em mentir, em contar lorotas, em espalhar inverdades. E o pior que sempre objetivando macular ou desonrar pessoas, políticos e governantes. Não pela descoberta e divulgação de fatos que continuavam ocultos, mas pela criação de fatos que jamais existiram. Não por serem revelações que possam abalar as estruturas de poder, mas pela invenção de coisas que abalam a própria credibilidade do mundo.
O episódio da facada no candidato Bolsonaro exemplifica bem a capacidade de pessoas para, maldosa e intencionalmente, inverter a realidade dos fatos. Logo após o ataque, pelas redes sociais, surgiram inúmeras teorias conspiratórias, cada uma mais absurda que a outra. Logo disseram que não houve facada alguma, que tudo não passou de uma invenção da cúpula do próprio candidato. Então postaram inúmeras imagens depreciativas e sempre negando a existência de tal episódio. Ainda hoje é possível encontrar tentativas de negação do episódio. Ainda há gente que diz que Bolsonaro não passou por nenhuma cirurgia e também gente que acredita e compartilha.
A tragédia de Brumadinho não ficou imune à insensatez humana. Através de compartilhamentos, logo surgiram postagens onde alguns inconsequentes afirmavam que a população atingida deveria mesmo comer lama por ter votado no presidente eleito, que se tivesse votado noutro candidato não teria acontecido aquilo, como se dissessem que na política estava a salvação ou a destruição. E sempre se utilizam das paixões políticas para encontrar culpados pela tragédia. Como se não tivessem o que fazer, logo foram buscar a culpa nas privatizações de Fernando Henrique Cardoso. Outros direcionaram a tragédia para um suposto decreto assinado pela ex-presidente Dilma. Muitos disseram que a culpa exclusiva era mesmo de Bolsonaro.
Se de um lado percebe-se esmerada criatividade na criação e disseminação dos absurdos, por outro lado há a preocupação de distanciamento da verdade dos fatos. E isso se torna de um perigo imenso. E perigoso demais pelo fato de que as pessoas, sempre alheias à busca da verdade e cada vez mais crentes no que é dito pelas redes sociais, acabam não só desatentas ao conhecimento como possuidoras de inúteis e imprestáveis informações. Acabam acreditando demais naquilo que não possui serventia alguma, pois tudo forjado na mentira e no embuste.
A falta de senso crítico e de percepção da verdade pode tornar as realidades tão ou mais mentirosas que as próprias redes sociais. Muita gente já diz que o livro está errado porque leu de modo diferente numa rede social. Diversos sites já se dedicam a mostrar o que é fake news ou não. E pelo mostrado, e se comparado ao que é postado como verdade, logo se tem que a imensa maioria não passa de inverdade. Mas é a inverdade que, infelizmente, está sendo cada vez mais sendo acreditada.

Escritor
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DEIXE-QUE-EU-CHUTO

Clerisvaldo B. Chagas, 5 de fevereiro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.054

     A notoriedade está no rico e no pobre. Mas nem sempre a fama leva à riqueza, permanecendo no indivíduo como destino. Em Santana do Ipanema, conheci o maior pandeireiro regional. Conhecido como Pedro Aleijado (puxava uma perna) era alegre, farrista, piadista e, sempre metido nos meios dos grandes da cidade. Também conhecido como “Pedro do Pandeiro”, “Pedro-mão-de-aço” e “Pedro-deixe-que-chuto”, interagia com todos e serviu a muitos famigerados que vieram cantar em Santana e precisaram de um panderista. Bebia muito e vendia mel de abelha. Tanto é que nem levava mais em conta as brincadeiras, ele mesmo era um feroz concorrente da abelha papa-terra. Perguntaram ao seu filho menor: “Onde está seu pai, menino?”. O garoto respondeu: “Está no quintal fazendo mel”. A fama de Pedro correu mundo, mas terminou sua vida tão pobre como iniciara.
      Conheci e fui amigo de Ferreirinha. Poeta, compositor, cantor tipo sertanejo, talento reconhecidamente versátil. Ferreirinha apresentava-se em muitos palanques de Alagoas, Bahia e Pernambuco. Além disso, era pescador e conhecia bem a flora, possuindo bom receituário para inúmeras doenças. Quando solicitado, cozinhava coletivamente para grupos religiosos e trabalhadores. Ferreirinha fez parte da AGRIPA – Associação Guardiões do Rio Ipanema – ocasião em que compôs o Hino dos Guardiões. Colega de Associação, eu o considerava o mais completo deles.  Ferreirinha nunca alcançou um patamar de finanças compatível com o seu talento. Cercado de amigos e familiares, o poeta morreu vitimado por câncer, deixando muita comoção na cidade onde era quase uma lenda.
     E sobre talentos populares, em Santana do Ipanema, resta o zabumbeiro conhecido por Mariá. Todos os forrozeiros da região o consideram como o melhor de todos. Mariá foi ou é gari e pelo visto não encontrou ainda a sua sorte grande igual ao anão convidado por Luiz Gonzaga para formar seu trio, ganhar dinheiro e fama pelo Brasil inteiro. Assim vamos resgatando valores que em sua terra ficam invisíveis em relação à recompensa e visíveis devido à necessidade da prestação de serviços. Impressionantes são os valores pagos aos de fora por qualquer munganga nos palanques.
     Difícil é formular hipóteses sobre sorte, oportunidades, profecias... Mas talentosos e pobres filhos da terra continuam, sendo enxergados apenas na precisão.
Ê Brasil “véi” de meu Deus.


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FAUNA RURAL NA CIDADE

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de fevereiro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.053

ARAÇARI. (FOTO: TV GAZETA/DIVULGAÇÃO).
Foi destaque no estado, a notícia sobre a presença de aves estranhas na Praça Lucena Maranhão, Bairro do Bebedouro, em Maceió. Logo o casal foi identificado como Araçari-de-bico-branco, também conhecido como Tucano-de-cinta. De fato o bico e o tamanho das aves chamaram a atenção dos transeuntes. Estava o casal formando sua família de quatro filhotes num oco de amendoeira. O IMA  (Instituto do Meio Ambiente tomou conta do caso em favor da proteção e bem-estar das aves originárias da Mata Atlântica. Aqui em outra região de Maceió, acordo sempre com o canto do Bem-te-vi que possui ninho num alto poste de luz. Pela tarde são os pássaros Sibites que complementam os ruídos dos automóveis, com um canto fino e farfalhado, além do Bem-te-vi. Um pouco acima, casal de rolinha faz ninho e frequenta com mansidão o jardim de certa residência.
Em Santana do Ipanema, protegemos na Escola Estadual Professora Helena Braga das Chagas, o ninho de um beija-flor que produziu dois filhotes. Ninho pequeno, bem feito, confortável que continua no mesmo lugar após esvaziado. Mas também um casal de rolinhas ali faz sua moradia sem sofrer qualquer tipo de ataque. O bem-te-vi frequenta bem a área e, ultimamente tem aparecido um casal de aves escuras e grandes que ficam brincando nos postes mais altos da minha rua. Surge apenas no início da manhã e ainda não consegui identificá-lo.
As ruas arborizadas e as fruteiras dos quintais têm atraídos os mais diversos tipos de pássaros para a zona urbana. Com o desmatamento desenfreado do seu habitat, esses animais vão migrando para as cidades e se adaptando aos movimentos de homens e máquinas. A comida fácil nos lixos, nas ruas e em todos os lugares, facilita a vida desses pequenos que vêm colorir as urbes com seus cantos e suas cores. O caso dos tucanos em Maceió, só chamou atenção pelo colorido forte, tamanho e bico. Mas vários pássaros circulam pela cidade de Maceió e que, para muita gente, são invisíveis pela preocupação de cada dia.
Não conheço nenhum levantamento profissional sobre essas aves selvagens que frequentam as cidades.


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O FOGO DO COITÉ

Por Geziel Moura
Igreja do Coité e Padre Lacerda

A história do cangaço é muito fascinante, e nem sempre cangaceiros, volantes e civis, que foram às armas. Em janeiro de 1922, quem pegou nelas foi o representante da igreja, o Padre Lacerda. Esse acontecimento se deu, na época que Lampião e seus irmãos, eram simples cabras de Sinhô Pereira, e atuavam na região do Cariri Cearense, a história é mais ou menos assim:
Após a morte do Coronel Domingos Leite Furtado, poderoso chefe político em Milagres (CE), no ano de 1918, o seu braço armado, o Major José Inácio de Sousa, fazendeiro abastado no município do Barro (CE), conhecido como Zé Inácio do Barro, passou a assediar a família do falecido, reclamando que o Coronel Domingos Furtado devia certa quantia a ele, por serviços prestados, o que produziu inimizades entre as família Furtado e Zé Inácio do Barro.
Major Zé Inácio do Barro
Antonio Vilela, Sousa Neto, Dr Leandro Cardoso, Jorge Remígio, Manoel Severo e Ivanildo Silveira na visita do Cariri Cangaço a 
Fazenda Nazaré do cel. Domingos Leite Furtado

Cabe, neste momento, uma explicação: Zé Inácio era conhecido protetor de cangaceiros, assim como outros coronéis no Cariri cearense, inclusive, Sinhô Pereira e seu bando, estavam na folha de pagamento daquele Major, tendo, ainda, seu filho, Tiburtino Inácio de Souza, vulgo Gavião, no bando de Pereira, isto denuncia, que nem sempre a constituição de um cangaceiro, era por conta da pobreza.
Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena nos conta, em sua obra "Lampião e o Estado Maior do Cangaço", que o Sítio Nazaré, da viúva do Coronel, D. Praxedes de Lacerda foi assaltado, em Janeiro de 1919, por grupo de cangaceiros, comandado por Gavião, filho do Major Zé Inácio do Barro.
Assim, após ser denunciado como mandante do assalto, Zé Inácio, não esconde o feito, mas diz que aquele dinheiro era dele, por anos de serviços prestados ao Coronel Domingos Furtado, e ainda o chamou de ladrão, pronto estava aberta a questão entre as famílias, principalmente na figura do Padre José Furtado de Lacerda, ou simplesmente, o Padre Lacerda, pároco da Vila de Coité, pertencente ao município de Mauriti (CE).


 Caravana Cariri Cangaço e a visita ao Coité de Padre Lacerda em Setembro de 2013
Manoel Severo, Sousa Neto, Antônio Amaury e Dr Leandro em conferência sobre o Fogo do Coité na própria igreja local
Luitgarde Barros, Daniel Apolinário e Dr Lamartine Lima na 
Conferencia do Cariri Cangaço no Coité
Insultos vão, insultos veem, entre o Padre Lacerda e o Major Inácio do Barro e o certo é que no dia 20 de janeiro de 1922, a pequena Coité é invadida pelo grupo de Sinhô Pereira, à frente com setenta cangaceiros. Entretanto, o Padre Lacerda, não usava somente a Bíblia e terços em seus ofícios, era possuidor de rifle e um bom contingente de homens, bem armados e municiados.
Segundo, o escritor Sousa Neto, que biografou o major Zé Inácio do Barro a resistência vinha da casa do Padre Lacerda, e sustentou o fogo por seis horas, forçando uma retirada dos cangaceiro, ao chegar soldados da policia de Mauriti e Milagres.
Ainda, segundo aquele autor, o bando de Sinhô Pereira fora atacado no dia seguinte, na Fazenda Queimadas, por aquelas volantes, sendo necessário dividir o grupo em três, um grupo com Lampião, outro com Baliza e o resto com o chefe Sinhô Pereira, desta forma conseguiram furar o cerco, e seguir para o coito, no Barro. O saldo do Fogo do Coité, foram três homens do Major, e diversos cangaceiros feridos, inclusive Antônio Ferreira. Padre Lacerda não era fácil.
Geziel Moura , Pesquisador
24 de novembro de 2017

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