Seguidores

terça-feira, 24 de abril de 2012

JOÃO DA ESCÓSSIA, PRIMEIRO XILÓGRAFO POTIGUAR

JOÃO DA ESCÓSSIA

Nascido em 1873, era jornalista, xilógrafo, "herdeiro do espírito combatente de seu genitor -Jeremias da Rocha Nogueira". Faleceu em 14 de dezembro de 1919. Dirigiu o jornal O Mossoroense de 1902 até sua morte.

Na segunda conferência do I Ciclo de Conferências e Estudos Mossoroenses, em agosto de 1958, o jornalista e escritor



Jaime Hipólito Dantas assim se expressou: "De João da Escóssia, pode-se dizer, primeiro que tudo, que se tratava de um artista de primeira ordem. Era um admirável xilógrafo, com uma capacidade simplesmente extraordinária para retratar, em madeira, com o auxílio de um mero canivete, figuras do seu tempo ou de outras épocas, como ainda objetos, fatos ou alegrias para a ilustração de notícias ou reportagens.

A arte do xilógrafo João da Escóssia estaria a merecer um estudo à parte por um entendido na matéria. Como se explicar que um homem do interior, sem qualquer estudo especializado, haja chegado a dominar com tal perfeição a arte, não tão fácil, da xilogravura? Possuía o artista o senso  da observação dos detalhes mais diminutos.

Parecia ser ágil, sutil e penetrante. “Uma vocação, sem dúvida, de puro retratista, que a província, na pequenez das suas proporções, no incolor da sua vida no princípio do século, não pode devidamente valorizar”.

ADENDO

ARTE DE XILOGRAVURA FEITA POR JOÃODA ESCÓSSIA

O Jornal "O Mossoroense" completará no dia 17 de outubro deste ano,  140 anos, tendo como fundador Jeremias da Escóssia Nogueira, e é o terceiro mais antigo do Brasil e o quarto da América Latina. O Diário de Pernambuco e o Jornal do Commercio do Rio de Janeiro, ocupam a 1ª e 2ª posiçoes.

Posições:

1 - Diário de Pernambuco - 7 de Novembro de 1825
2 - Jornal do Commercio do Rio de Janeiro - 1º. de Outubro de 1827
3 - Jornal O Mossoroense" - 17 de Outubro de 1872. 

 Informações extraídas do blog: "Xilografia"

Perfil


UMA CRIANÇA  CURIOSA, UMA ADOLESCENTE AUDACIOSA, UMA JOVEM DESTEMIDA...
UMA MULHER CORAJOSA.

Socorro da 36 ou Socorro Pontes, foi a menina Maria do Socorro. Uma menina que aos 13 anos de idade, atravessava o rio Apodi nas suas cheias nadando, para levar alimento até às famílias pobres do Antigo Alto da Foice, hoje Bairro São Geraldo... Que por muitas vezes foi  “guia de cegos(as)”, pelo prazer de servir ao próximo... Que ainda adolescente foi professora voluntária de muitas crianças, só pelo prazer de querer vê-las  lendo e escrevendo... Que aos 18 anos de idade começou a ser mãe biológica, mas o destino lhe reservara uma maternidade sem limite para o coração: A que fizera receber o título de mãe da pobreza pauferrense.

No início dos anos 80, concluindo o Magistério, já havia sido Diretora de uma Escola Municipal, durante 11 anos. A partir do ano de 1985, já ocupava o Cargo de Coordenadora de Creche no município, onde ampliou e fortaleceu a sua formatura natural de servir, através da Assistência Social.

Acostumada  a trabalhar batendo de porta em porta, identificando as necessidades das pessoas, a conhecida Socorro da 36, já era a amiga/mãe dos bairros São Geraldo,

Bairro Manoel Deodato e Beira Rio (Antiga Favela dos Sem-Teto), Bairro São Benedito e Bairro Arizona. A partir daí, Socorro da 36 acostumada a reunir várias mães e famílias até debaixo de árvores, para dedicar-lhes o seu ofício, conseguiu com muito sacrifício, fundar um grupo de mães. Desse grupo de mães, surgiu outras necessidades que não a deixou pararem, e em 1987 no local que reunia as pessoas debaixo de uma Árvore, foi fundada a Associação Beneficente Joana Mirim. A sua alma gêmea. Sua irmã que a permite cuidar de tantas crianças, jovens, idosos e de centenas de famílias que abrem portas e janelas para sua entrada, durante 25 ANOS.

Esse é o maior bem conquistado e criado pela efetiva educadora e cuidadora, que não precisou ser letrada. Apenas sabe o que é o ser humano, o que é trabalhar com amor. O restante da história, toda Pau dos Ferros já conhece.

Revendo - Maranduba

Por: Ângelo Roque
Ex-cangaceiro Ângelo Roque, o Labareda, presente em Maranduba no fogo de 1932

“... Nóis cheguêmo na caatinga de MARANDUBA, pru vorta di meio dia, i tratemo di discansá i fazê fogo prôs dicumê, i nóis armoçá. Mas a gente num si descôidava um tico, i nóis sabia qui as volante andava pirigosa. Inquanto nóis discansava, botemo imboscada forte, di déiz cabra pra atacá us macaco qui si proximasse. Nóis cunhicia us terreno daqueles mundão, parmo a parmo. Us macaco num sabia tanto cuma nóis. Todos buraco, pedreguio, levação, pé di pau, pru perto, nóis sabia di ôio-fechado, i pudia tirá di pontaria sem sê vistado...
Nisso, vem cheganou’a das maió macacada qui tivemos di infrentá. I us cumandante todo di dispusiçãoprá daná: MANUÉ NETO, qui us cangacêro tamém chamava MANÉ FUMAÇA, ODILON, EUCRIDE, ARCONSO I AFONSO FRÔ. Tamém um NOGUÊRA. Nesse bucadão di macaco tava u Capitão ou Tenente LIBERATO, du izérto. Dizia us povo qui ele era duro di ruê. I era mesmo. Brigava cuma gente grande, i marvado cumo minino. Mas porém, valente cumo u capêta.
Mandacaru "faceiro" sob o por do sol de Maranduba...

Di nada sirvia a gente gostá i tratá com côidado um mano qui êle tinha na Serra Nêga. Essa FORÇA toda dus macaco si pegô mais nóis na MARANDUBA. Nóis era trinta e dois cabra bom. U CapitãoVirgulino tinha di junto, nessa brigada, us principá cangacêro: VIRGINO, IZEQUIÉ, ZÉ BAIANO, LUIZ PÊDO i seu criado LABAREDA. Dus maiorá só fartava mesmo CURISCO sempre gostô di trabaiá sozinho, num grupo isculido dicangacêro, mais DADÁ.
Briguemo na MARANDUBA a tarde toda i nóis cum as vantage cumpreta das pusição, apôis us macaco num pudia vê nóis. A volante di NAZARÉ deve tê murrido quaji toda. Caiu, tamém, matado di ua vêis, um dus FRÔ, qui si bem mi alembro, foi u AFONSO. Cumpade Lampião chegô pra di junto do finado i abriu di faca a capanga dêle, i achô um papé qui tinha iscrito um decreto dizeno qu ele já tinha dado vinte i quatro combate cum u cumpade Lampião. Veio morrê nu vinte i cinco. A valia qui tivemo nessa brigada foi us iscundirijo. Morrero, aí, trêiz cangacêro i trêiz ficô baliado. Us istrago qui fizemo nessa brigada foi danado ! Matemo macaco di horrô !”
Depoimento de Ângelo Roque a Estácio de Lima

A CASA SAGRADA (Crônica)

 Por: Rangel Alves da Costa*
Rangel Alves da Costa

A CASA SAGRADA 
                                                            

O coração não é somente o centro motor da circulação do sangue nem a parte anterior do peito onde se sente pulsar esse órgão. É mais, infinitamente mais, pois é a casa sagrada onde cada um deve devotar os bens da vida e exteriorizá-los nas suas ações.

Casa sagrada por diversos outros motivos. No coração possui moradia os mais nobres e belos sentimentos; ali está a catedral, a igreja, a capela, o oratório de cada um; no seu interior é que nasce a fé, o respeito, a devoção; no seu altar reside toda a religiosidade do ser, vez que não haverá Deus exterior sem a moradia interior.

No coração, essa casa sagrada do ser humano, está o livro da vida, página a página está a história de cada um; escrito em letras fortes o jeito de ser e de viver de todos. E sua sabedoria é imensa porque todos os caminhos e tudo que exista sempre parte do vão de sua porta.

O bem que se faça, o mal que se fez; os nobres desejos, os pecados escondidos; as boas ações, os rastros do erro; a alma tão puramente verdadeira, o retrato que esconde a feição; as verdades inatacáveis, as mentiras enraizadas; as melhores intenções, as piores premeditações; tudo está na casa sagrada.

Ninguém é completo e verdadeiro após sua porta se adiante, por todo o percurso que andar, não refletir as lições contidas lá dentro. E não adianta querer fingir e enganar por muito tempo se não há existência que persista confrontando o coração.

Casa sagrada, igreja e templo, com sinos no campanário anunciando as boas novas, as grandes realizações, as grandes conquistas. Contudo, os sinos dobram por muito menos, bastando que o ser se sinta contente por um ato praticado, pela mão que estendeu, pelo bem que praticou, pelo simples gesto que faz sorrir a feição de Deus.

Casa sagrada, mansão e casebre, riqueza infinita na humildade. E quantos corações são imensamente ricos mesmo guardados no peito do mais simples dos seres. E que riqueza neste ser, inigualável fortuna neste desvalido de bens materiais, mas cuja moradia interior, de tão cheia de virtudes que é, faz o mais suntuoso dos reinos parecer frágil demais.

Casa sagrada de silêncio e culto, de contrição e prece, de fé e esperança, eis que no coração reside o altar com o Deus que vive esperando a palavra silenciosa do dono da casa. Prestar contas a si mesmo do que fez ali diante do altar é confirmar perante a presença divina que o realizado não deva permanecer oculto, pois sabe que nada foge aos olhos da sabedoria maior.

Casa sagrada que igual a fortaleza no alto do monte jamais estará protegida das durezas do tempo, da passagem dos anos, das intempéries e inesperadas circunstâncias. E por ser assim, apenas um coração que se mantém erguido pelo cimento e vigas do seu dono, deverá estar sempre com estrutura suficiente para suportar desde a brisa amorosa que chega ao pior vendaval das desilusões.

Casa sagrada que se sente desarrumada demais quando chega o entardecer e a saudade e as relembranças batem as portas e janelas trazendo tristeza e dor; que se aflige e se atormenta esperando os bons sinais, as notícias boas, na imensa expectativa que alguém desponte ali diante, na curva da estrada; que silenciosamente chora porque sente presente demais a ausência dos que partiram.

Casa sagrada, imenso coração, represa de vida que se alimenta das águas que ali desembocam vindas do corpo inteiro. Uma casa, um rio e seus afluentes, o sangue que corre para irrigar a terra e engordar as sementes, que logo mais brotarão com o singelo nome de sentimentos. E porque frutos, nem todos os sentimentos nascidos na casa sagrada são iguais em valor. E como acontece na vida, caberá ao lavrador descartá-lo para que não contamine sua colheita.

A verdadeira casa sagrada, o bom coração, jamais estará de portas fechadas. Aquele que insistir em não acolher o próximo talvez nem saiba que quem construiu aquilo tudo possa estar de visita para renovar toda a sua força e estrutura. E sem Deus não haverá mais nada.


Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

Óleo sobre tela (Poesia)

Por: Rangel Alves da Costa*


Óleo sobre tela


Depois de muitos anos
terminei aquela pintura
um belo quadro a óleo
um retrato de minha amada
ainda que não esteja mais
na inspiração dos meus dias
e há muito não fica adiante
do meu olhar de artista
de quem pinta com os olhos
o que sente com o coração

tudo era beleza e perfeição
a cor do olhos e da face
o misterioso sorriso na boca
a tez um pouco entristecida
mas ainda assim tão bela
e um dia troquei a cor
de um pingente dourado
porque nunca mais encontrei
seu rosto à minha frente
e o quadro ficou incompleto
ainda que pareça acabado

o quadro está na parede
esperando minha amada chegar
talvez não se reconheça ali
talvez não reconheça o pintor
artista que fui no seu corpo
tanto faz apenas a imagem
agora retratada tão bela
quando a musa do entardecer
fez da cor da distância
sua nova moldura e matiz
noutra parede qualquer
com assinatura de outros lábios.



Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com