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domingo, 15 de janeiro de 2017

NOVO LIVRO NA PRAÇA “PARAHYBA NOS TEMPOS DO CANGAÇO”

Autor Ruberval Sousa

O livro “PARAHYBA NOS TEMPOS DO CANGAÇO” relata trechos da história do cangaço no Estado da Paraíba, incursões de Jesuíno Brilhante, Antônio Silvino, Lampião, Corisco, Moreno, Massilon, Sabino; as batalhas da nossa volante e citações de cidades atacadas por bandos de cangaceiros, Princesa Isabel, Pombal, Bonito de Santa Fé, Cajazeiras, Sousa, Jericó, a história de Chico Pereira cangaceiro Paraibano, e muito mais.

SERVIÇO:

O valor é 35,00 com frete incluso Tel: watzap 98610-2810 Ruberval Sousa Silva
ou através de Francisco Pereira Lima (professor Pereira), lá de Cajazeiras no Estado da Paraíba:
E-mail:  franpelima@bol.com.br

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MAIS UM LIVRO DE CANGAÇO ACABA DE SAIR DO FORNO...


O CANGAÇO: Poder, e cultura política no tempo de LAMPIÃO do escritor, doutor, Marcos Edilson, com 352 pgs.

O livro já está à venda com o professor Francisco Pereira Lima e custa R$ 55,00, com frete incluso. Para adquiri-lo entre em contato através deste e-mail: franpelima@bol.com.br

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CANGAÇO - ECOS NA LITERATURA E CINEMA NORDESTINO

Autora Vera Figueiredo Rocha

Para adquirir este livro entre em contato com o professor Pereira lá de Cajazeiras, no Estado da Paraíba, através deste e-mail:
 
franpelima@bol.com.br, 
ou o via telefone (83) 9911 - 8286. 

Valor: 40,00 Reais já com o frete incluso.

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TOME AQUI SEUS CINQUENTA REAIS

*Rangel Alves da Costa

Que ninguém se sinta moldado no que vai escrito. Mas que o político que assim se amoldar, sempre haverá tempo de se aproximar um pouco mais daquilo que foi antes de ser eleito. Do contrário ouvirá: tome aqui seus cinquenta reais.

Senhor político, muitas vezes o povo necessitado aceita moeda por pura necessidade, e não por que esteja se vendendo por qualquer tostão. Depois de eleito, que não se ache descompromissado com a população pelo fato de ter colocado na sua mão o vil metal. Se esse mesmo povo agora tivesse condições, certamente diria: tome aqui seus cinquenta reais.

Senhor político, quem se vende por dinheiro, quem promete voto em troca de cifras, não é o pobre eleitor, mas aquele que sempre faz da política um meio de vida vendendo voto que não possui: a dita liderança política, o cabo eleitoral, o espertalhão surgido a cada eleição. Mas o povo pobre não. Este ser submete ao dinheiro oferecido para não sentir a dor de um filho chorando por falta de pão ou pelo quilo disso e daquilo. Mas acaso passe depois na cara, tudo ele fará para devolver seu dinheiro e dizer: tome aqui seus cinquenta reais.


Senhor político, ledo engano imaginar que por ter pagado pelo voto já não deve nada àquele que recebeu para votar. Você pagou pelo voto, comprou o voto, mas não o poder de administrar afastado do povo. Quando passa a eleição, cada vez mais o eleito deve respeitar a população como um todo, sem partidarismos ou perseguições. Ora, foi eleito para administrar em nome e para todos, e não para amigos, grupinhos e apadrinhados. Agindo assim, difícil não será que qualquer dia alguém bata em seu ombro e diga: tome aqui seus cinquenta reais.

Senhor político, apenas pelo fato de ter dado dinheiro em troca de voto não lhe dá o direito de, já encastelado no poder, negar a importância do povo. Verdade que as coisas mudam. Antes conhecia o caminho de todos, batia à porta de todos, oferecia moeda e nota, prometia mundos e fundos. Mas hoje sequer recorda que aquelas casas empobrecidas e tristes existem, que aquela gente ossuda e faminta existe, que a pobreza ainda está no mesmo lugar e com a mesma feição. Por isso que dá vontade de dizer: tome aqui seus cinquenta reais.

Senhor político, não faz muito tempo que sua casa vivia escancarada à espera de eleitor, que sua mão vivia estendida e seu sorriso enlarguecido de canto a outro. Não faz muito tempo que a cada um que chegasse ou encontrasse havia - mesmo em falsidade - um abraço como se de velho conhecido, um aperto de mão apertado, uma pergunta sobre o que estava precisando. E por que não agora, depois de passado o pleito e o seu alcance do poder? De tudo o que foi pago para que a vitória chegasse, certamente algum troco ainda resta em alguém para lhe dizer: tome aqui seus cinquenta reais.

Senhor político, não mande a empregada dizer que não está em casa, não mantenha a porta fechada, não saia pelos fundos, não passe pela cidade em carro com vidro fumê, não procure o caminho mais distante do povo, não escolha apenas alguns e não se afaste dos mais humildes. Não precisa mais dar dinheiro ao povo, é verdade. O gasto todo foi na conta de ser eleito. Mas hoje precisa gastar muito mais. Não com seu dinheiro, não comprando a consciência do povo, mas através dos benefícios que a administração pode gerar para a população. Aí sim, estará dando riqueza ao povo. Mas do contrário: tome aqui seus cinquenta reais.

Senhor político, não precisa mais pagar conta de água ou luz, não precisa mais pagar botijão de gás nem oferecer cestas de alimentos em troca de votos. Sabe do que o povo carente precisa, sabe do que a população em geral precisa, senhor prefeito? O povo precisa que a sua administração gere oportunidades, que faça obras para garantir mão de obra, que traga indústrias para gerar emprego, que transforme a cidade em povoações em polos de desenvolvimento. Fazendo assim, livre estará de mais tarde ouvir a raivosa desdita: tome aqui seus cinquenta reais.

Senhor político, já não importa mais saber quanto pagou por cada voto ou qual o real valor de sua eleição. Já não importa saber se se reconhece como o melhor por ter sido eleito ou se sabe que somente o dinheiro permitiu a vitória. Nada disso importa mais. Para o bem ou para o mal, foi eleito. Utilizando-se de meios escusos ou não, mas foi eleito. Mas de qualquer modo saiba que alguém guardou o dinheiro recebido para depois lhe dizer: tome aqui seus cinquenta reais.

Senhor político, há uma música popular dizendo assim: “Não sei se dou na cara dela ou bato em você, mas eu não vim atrapalhar sua noite de prazer, e pra ajudar a pagar a cama que lhe satisfaz, tome aqui uns cinquenta reais”, que mais tarde poderá ouvi-la de outro modo, quando o povo em fúria cantar: pra ajudar a enriquecer ainda mais, tome aqui seus cinquenta reais.

Escritor
Membro da Academia de Letras de Aracaju
blograngel-sertao.blogspot.com

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SERRA QUE DEU O NOME A CIDADE DE SERRA TALHADA PE

Foto do acervo do Junior SouzaO Cangaço - https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1070718049717520&set=gm.1440713919275055&type=3&theater

Serra Talhada é um município brasileiro do estado de Pernambuco. É conhecido como a capital do xaxado e fica a 415 km da capital pernambucana, Recife. Serra Talhada é a segunda cidade mais importante do Sertão de Pernambuco e o principal município da Mesorregião do Sertão Pernambucano. Cidade pólo em saúdeeducação e comércio, possui uma população estimada em mais de 80 mil habitantes. É a segunda cidade que mais cresce no sertão pernambucano atrás apenas de Petrolina. É a terra natal do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva (Lampião).

Serra Talhada era uma fazenda de criação pertencente ao português Agostinho Nunes de Magalhães. Recebeu este nome, Serra Talhada, devido ao fato de que perto do local há uma montanha cujo formato dá a ideia de que foi cortada a prumo.

Município de Serra Talhada - "Serra" - "Capital do Xaxado" - "Capital do Pajeú"

Seu crescimento se deu em função de sua posição estratégica, no cruzamento das estradas de acesso à ParaíbaBahia e Ceará.

A Lei Provincial 52, de 19 de abril de 1838, mandou erigir a capela de Nossa Senhora da Penha da Serra Talhada em Pajeú de Flores.

Igreja de Nossa Senhora da Penha.

Com a Lei Provincial nº 280, de 6 de maio de 1851, agregando a seu território a então Vila Bela e a Comarca de Flores, foi elevada à categoria de município.

Administrativamente, o município é formado pela sede e pelos distritos de Bernardo Vieira, Pajeú, Tauapiranga, Caiçarinha da Penha, Logradouro, Luanda, Santa Rita e Varzinha.


cidade teve seu início em meados do século XVIII, com a chegada do capitão-mor da esquadra portuguesaAgostinho Nunes de Magalhães, que arrendou a sesmaria à Casa da Torre, às margens do Rio Pajeú e no sopé da Serra Talhada, instalou a fazenda de criar gado que denominou Fazenda da Serra Talhada, numa alusão direta à serra que lhe emprestava o nome.

Praça Barão do Pajeú.

Agostinho Nunes de Magalhães, juntamente com seus filhos Joaquim, Pedro, Damião, Manoel e Filadephia, como tantos outros portugueses, migrou para o brasil na esperança de instalar um engenho de cana-de-açúcar, e só depois de desembarcarem é que descobriram não possuir capital suficiente para tal empreitada, assim, seguindo os passos de outros compatriotas seus, adentraram nos sertões para explorar a criação de gado. A posição privilegiada dos currais de Agostinho Nunes, nos caminhos que levavam ao CearáParaíba, e Bahia, logo passaram a ser ponto de encontro de vaqueiros e peões que transportavam seu gado para estes estados, e assim, despretensiosamente começa a formar-se um ajuntamento de feirantes, negociando principalmente animais, dentre outros bens. Isto aconteceu por volta de 1789/1790, na mesma época em que era erigida uma capela para a fazenda sob bênçãos de Nossa Senhora da Penha. Nascia aí também a vocação mercantilista do município. A feira de Serra Talhada hoje tem aproximadamente 220 anos, sendo que desde a primeira vez que aconteceu (segunda-feira), continua até hoje sendo realizada neste mesmo dia da semana.

Praça Barão do Pajeú

Com o comércio surgido pelo ajuntamento dos vaqueiros, peões e tropeiros, a fazenda começa a tomar ares de povoado e logo se transforma em Villa Bella, nome adotado quando de sua emancipação de Flores, até então cabeça de comarca, em 6 de Maio de 1851.[6] A partir dessa data passa a ter um intendente, o Coronel da Guarda Nacional Manoel Pereira da Silva Comendador da Ordem da Rosa e de Cristo neto do fidalgo da Casa da Torre José Carlos Rodrigues e sua esposa Ana Joana Pereira da Cunha, fundadores das históricas Fazendas Sabonete, Carnaúba, patriarcas da poderosa família Pereira que foram senhores e barões de toda ribeira do Pajeú; verdadeiros ícones do coronelismo brasileiro, segundo o qual, em pleno Século XXI, é possível achar bonito indivíduos serem donos de cidades.

Em 1893 é instalada a primeira Câmara Municipal de Serra Talhada e eleito seu primeiro prefeitoAndrelino Pereira da Silva, o Barão do Pajeú. Somente em 1939, por um decreto do então governador Agamenon Magalhães, Villa Bella recebe de volta seu nome de origem e passa a chamar-se Serra Talhada – “Terra de cabras Macho”.

Lampião - Rei do Cangaço - Filho de Serra Talhada.

A história da cidade é uma das mais ricas de todo o Estado de Pernambuco. Seus fundadores participaram ativamente da história de Pernambuco e do brasil, e seus descendentes, como Agamenon Magalhães, figuram entre as principais lideranças políticas brasileiras. A cidade é rica também pelos seus artistas e intelectuais destacando-se como referência no cenário cultural do estado. Berço de figuras polêmicas, como Virgulino Ferreira da Silva (Lampião), a cidade começa a se destacar também no cenário turístico, explorando aí, além de sua beleza plástica, a figura do Rei do Cangaço, principalmente na dança criada pelo seu bando: o xaxado.

Atualmente, com o slogan de “Capital do Xaxado”, Serra Talhada tem sido referência neste assunto para todo país, conseguindo reunir em Museu toda a história da saga “lampiônica”, transformando-se, conforme dizer de especialistas “num verdadeiro museu a céu aberto”. Para se conhecer um pouco das histórias dos bravos sertanejos que povoaram os sertões quando da colonização, nos longínquos anos do século XVIII, se fez necessário conhecer um pouco da história de Serra Talhada, rica em casos e acontecimentos.

A casa do Rei do Cangaço[editar | editar código-fonte]

Se a figura do Lampião e José Bastor Campos representa a Rota do Cangaço e do Lampião, Serra Talhada não pode ficar de fora do roteiro.

Localizada a 415 km da capital, a terra de Virgulino Ferreira da Silva é cortada pela BR-232. É lá que estão guardados vários pertences do Rei do Cangaço: as armasroupas de couro. É onde se pode assistir a uma apresentação de xaxado, cujo nome foi dado devido ao som do ruído que as sandálias dos cangaceiros faziam ao arrastarem sobre o solo durante as comemorações celebradas nos momentos de glória do grupo de "Lampião".

A imponente Serra Talhada marca a paisagem da cidade, onde está o cruzeiro da cidade, que proporciona belas vistas como a do mirante do Talhado do Urubu. O centro do município tem a Igreja de Nossa Senhora da Penha, com seus belos vitrais, e o casario do entorno.


Vista do bairro Nossa Senhora da Penha

Serra Talhada está localizada em latitude 07º59'31" Sul, longitude 38º17'54" Oeste, na Mesorregião do Sertão Pernambucano, Microregião do Pajeú, a uma altitude de 429 metros. 

Serra Talhada fica no sertão pernambucano, na região do Vale do Pajeú, a 415 quilômetros do Recife, no trajeto da principal rodovia ligando a capital ao interior, e é um pólo econômico da região.

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Serra_Talhada

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NOVO LIVRO NA PRAÇA "O PATRIARCA: CRISPIM PEREIRA DE ARAÚJO, IOIÔ MAROTO".


O livro "O Patriarca: Crispim Pereira de Araújo, Ioiô Maroto" de Venício Feitosa Neves será lançado em no próximo dia 4 de setembro as 20h durante o Encontro da Família Pereira em Serra Talhada.

A obra traz um conteúdo bem fundamentado de Genealogia da família Pereira do Pajeú e parte da família Feitosa dos Inhamuns.

Mas vem também, recheado de informações de Cangaço, Coronelismo, História local dos municípios de Serra Talhada, São José do Belmonte, São Francisco, Bom Nome, entre outros) e a tão badalada rixa entre Pereira e Carvalho, no vale do Pajeú.

O livro tem 710 páginas. 
Você já pode adquirir este lançamento com o Professor Pereira ao preço de R$ 85,00 (com frete incluso) Contato: franpelima@bol.com.br 
fplima1956@gmail.com

http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2016/08/novo-livro-na-praca_31.html

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PINTURA DE MARIA BONITA E LAMPIÃO

Por Adriano Santori

Réplicas - Chapéu, bornais e cabaça. Por Adriano Santori, Mestre Aleito e D. Rita. (Pintura de Lampião e Maria Bonita - Adriano Santori).

Fonte: facebook
Página: Adriano Santori
 Link: https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?fref=ts

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A HISTÓRIA DE LUIZ GONZAGA


O INÍCIO

Gonzaga nasceu em 13 de Dezembro de 1912, na Fazenda Caiçara, em Exu, distante 603 Km da Capital Pernambucana. Segundo dos nove filhos da união do casal Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus (Santana), veio ao mundo dividido entre a enxada e a sanfona. Foi observando seu pai animando bailes e consertando velhas sanfonas, que lhe desperta a curiosidade por tal instrumento. Certa vez seu pai encontrava-se na roça e sua mãe na beira do rio, o mesmo pegou uma velha sanfona e começou a tocar. Santana, que não queria que o filho trilhasse o mesmo caminho do pai, dava-lhe puxões de orelha que nada adiantavam. Luiz seguia em frente, acompanhando seu pai em diversos forrós, revezando-se com ele na sanfona e ganhando seus primeiros trocados. Um belo dia Januário foi pego de surpresa quando o Srº Miguelzinho, dono de um forró, pediu para que Gonzaga tocasse, este havia acordado com um outro tocador que não apareceu. A salvação foi convidar o então menino Gonzaga que já mostrara suas habilidades no mesmo terreiro, sem a anuência de seus pais. Fez muito sucesso. E por aquelas "bandas" era conhecido por Luiz de Januário. Assim o Forró rolou solto ao longo da noite, Gonzaga sentia-se feliz, empolgado, era a primeira vez que tocava com o consentimento da mãe. Com o passar da noite, começou a sentir seus olhos arderem, a cabeça pesar, foi então que pediu para deitar na rede e de tão menino que era, ainda fez xixi enquanto dormia. Daí então passou a acompanhar Januário em festas de mais responsabilidades, revezavam-se entre toques e cochilos. Santana a princípio relutava, mas deixou-se levar pelos dois mil réis que o principiante tocador ganhava em suas "empreitadas". Assim cresceu Gonzaga: ajudando o pai na roça e na sanfona, acompanhando Santana às feiras do Exu, fazendo pequenos serviços para os fazendeiros da região, sendo protegido pelo Cel. Manuel Aires de Alencar, homem bondoso e respeitado até por seus inimigos. Gonzaga era bem tratado pelos Aires de Alencar, tanto que suas primeiras escritas e leituras foram ensinamentos das filhas do Coronel.

A PRIMEIRA SANFONA

Foi o próprio Coronel Aires quem realizou o grande sonho de Gonzaga: possuir sua primeira sanfona. Tal instrumento custava a importância de cento e vinte mil réis, Gonzaga tinha só a metade, a outra o próprio Coronel adiantou, quantia esta paga mais tarde com o fruto do seu trabalho de sanfoneiro. O primeiro dinheiro ganho com a nova sanfona foi no casamento de Seu Dezinho, na Ipueira, onde ganhou vinte mil réis. Tal convite viera aumentar sua fama, começa ali a ser um respeitado sanfoneiro na região.

O PRIMEIRO AMOR

Casamento? Gonzaga só pensava nisso. Comprou até aliança. Queria casar com Nazinha, filha do Seu Raimundo Milfont, um importante da cidade. O pai da moça ao tomar conhecimento das intenções do aprendiz de sanfoneiro, não permitiu o namoro. "Um diabo que não trabalha, não tem roça, não tem nada, só vive puxando fole". Gonzaga não hesitou, indignado, comprou uma peixeira, tomou umas truacas (cachaça), quis brigar, quis matar, mas acabou levando outra surra de Santana. Dessa vez fugiu triste para o mato, mas com uma idéia fixa na cabeça: entrar para o Exército.

GONZAGÃO GANHA O MUNDO

Dizendo que ia a uma festa deixou a terra natal rumo ao Crato, no Ceará, cidade maior e mais próspera, onde vendeu a sanfona e pegou o trem para Fortaleza, alistando-se em seguida. Com a Revolução de 1930, o batalhão de Gonzaga percorreu muitos Estados até chegar à cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais. Ali, conheceu outro sanfoneiro, Domingos Ambrósio, o grande amigo que lhe ensinara os ritmos mais populares do Sul: valsas, fados, tangos, sambas. Gonzaga tirou de letra. Em 1939 deu baixa no Exército e seguiu para São Paulo e em seguida para o Rio de Janeiro. Passou então, a apresentar-se em bares da zona do meretrício carioca, nos cabarés da Lapa e em programas de calouros, sempre tocando músicas estrangeiras. Em uma dessas apresentações, um grupo de estudantes cearenses chamou-lhe a atenção para o erro que estava cometendo: por que não tocava músicas de sua terra, as que Januário lhe ensinara? Luiz seguiu o conselho e passou a tocar e compor músicas do Sertão Nordestino. Foi no programa do Ary Barroso que Gonzaga recebera calorosos aplausos pela execução do Vira e Mexe, música de sua autoria, proporcionando ao até então desconhecido Gonzaga o seu primeiro contrato pela Rádio Nacional, no Rio de Janeiro.

SEUS AMORES

Na solidão da cidade grande, distante de sua família e do seu pé-de-serra, Gonzaga não dispunha de ninguém que dele cuidasse. Apesar de estar morando com seu irmão Zé, demonstrava vontade em construir seu próprio lugar, sua própria família. Teve diversos amores o mais conhecido foi com a corista carioca Odaléia Guedes, em meados do ano de 1945, tendo-a conhecida já grávida, assumindo e registrando como seu filho Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior - Gonzaguinha. Apesar de ser bastante exigente Gonzaga finalmente encontra o que procurava, em 1948 conhece a pernambucana Helena Cavalcanti, tornando-a sua secretária particular e mais tarde sua companheira. Tal união estendeu-se até perto de sua morte. Não tiveram filhos, pois era estéril.

O SUCESSO

O apogeu do Baião perpassou a segunda metade da década de 40 até a primeira metade da década de 50, época na qual Gonzaga consolida-se como um dos artistas mais populares em todo território nacional. Tal sucesso é devido principalmente à genialidade musical da "Asa Branca" (composição dele com Humberto Teixeira), um hino que narra toda trajetória do sofrido imigrante nordestino.

Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação.
Luiz Gonzaga - Humberto Teixeira

A partir de 1953 Gonzaga passou a apresentar-se trajado com roupas típicas do Sertão Nordestino: chapéu (inspirado no famoso cangaceiro Virgulino Ferreira, O Lampião, de quem era admirador), gibão e outras peças características da indumentária do vaqueiro nordestino. Alia-se a esta imagem a presença de sua inconfundível Sanfona Branca - A Sanfona do Povo. Com o surgimento de novos padrões na música popular brasileira, o apogeu do Baião começa a apresentar sinais de declínio, apesar disso, Gonzaga não cai no esquecimento, pelo menos para o público do interior, principalmente no Nordeste. Todavia, foi o próprio movimento musical juvenil da Década de 60 - notadamente Gilberto Gil e Caetano Veloso, este último e depois Gonzaguinha regravando ambos o sucesso Asa Branca, responsáveis pelo ressurgimento do nome Gonzaga no cenário musical do país. Em março de 1972 em show realizado no Teatro Tereza Rachel, no Rio de Janeiro, marca o reaparecimento de Gonzaga para as platéias urbanas. Nessa época retorna às paradas de sucesso como "Ovo de Codorna" cuja autoria é do nordestino Severino Ramos.

A VOLTA PRA CASA

Após longo período de atividade profissional, cerca de 35 anos, é chegada a hora de retornar a sua terra natal. Em Exu dá início à construção do tão sonhado Museu do Gonzagão, localizado às margens da BR-122, dentro do Parque Aza Branca (escrevia desta forma por pura superstição, embora soubesse do erro ortográfico). Lá se encontra o maior acervo de peças pertencentes ao Rei do Baião: suas principais sanfonas, inclusive a que tocou para o Papa em Fortaleza; suas vestimentas; seus discos de ouro; troféus; diplomas; títulos; fotos e presentes a ele ofertados ao longo de sua brilhante carreira. Além do Museu, o Parque abriga também o Mausoléu da família, lanchonete, grande palco de shows, várias suítes para acolhimento de visitantes, a casa de Vovô Januário, lojinha de souvenir e a casa grande de onde Gonzaga observava a sua pequena Exu.

http://www.gonzagao.com/historia_de_luiz_gonzaga.php

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UMA RARIDADE FOTOGRÁFICA.


Benjamin Abrahão Botto antigo secretário particular do Padre Cicero do Juazeiro e responsável pelas fotografias e filmagens de Lampião e seu bando registradas entre os anos de 1936 e 1937, posa ao lado de um antigo caminhão utilizado para o transporte de Soldados das Forças Volantes.

Acervo do escritor e pesquisador Antônio Amaury Corrêa de Araújo.
Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador do Grupo)

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ENTREVISTA COM GONZAGÃO


O PASQUIM – Luiz Gonzaga, como é que você está se sentindo depois que você voltou à moda?

GONZAGA – É danado, né? É melhor vocês falarem de mim porque eu mesmo não sei o que sou, não sei porque falam de mim. Eu não entendo nada, eu vou levando. Pra mim tanto faz. Que é bacana é, mas deixa o povo falar. Vocês me conhecem mais do que eu próprio.

O PASQUIM – Na época que você esteve afastado do centro do Brasil você não sentiu falta? Você nunca parou de fazer sucesso? Quando os seus discos pararam de vender aqui no sul você continuou a fazer sucesso no interior e no nordeste, não é?

GONZAGA – É interessante, eu nunca me senti bem fazendo caitituagem. Chegar com o disco debaixo do braço e pedir pra tocar, eu sempre achei isso horrível. Eu sabia que se eu caitituasse, se pedisse, se implorasse eu conseguiria alguma coisa, mas meu temperamento não permitia. Uma vez eu procurei um disque jóquei meu conhecido, pela afinidade de termos trabalhado na Mayrink Veiga juntos e ele ser madurão como eu, pedi pra ele tocar uma música minha no programa dele e ele me disse: Gonzaga, você tem que compreender que agora é a juventude, você já era, isso já passou, me desculpe a franqueza. Aí eu botei minha viola no saco e fiquei com vergonha de chegar em casa. Fui pra Miguel Pereira, sumi. Então, daí pra cá eu fechei o balaio. Eu vou dizer só as iniciais do nome dele: Isaac Zaltman.

O PASQUIM – Mas você continuava enchendo praça, auditórios, circo, teatro, no interior do Brasil. Não é? Ou você estava parado?

GONZAGA - Tem provérbio que diz: Deus escreve certo por linhas tortas. Eu acho que estava fazendo um trabalho sério sem saber que estava fazendo. Eu pegava os patrocinadores, botava nas costas e ia cantar pro povo nas festas. Eu, dificilmente, dava espetáculo no cinema, no teatro, pra cobrar, pro povo me ver cantar. Eu cantava de graça na praça para o povo. Então, eu consegui reunir as maiores plateias. Daí, os meninos iam me assistir, os futuros gênios como Gil, Caetano e outros daí saíam querendo tocar sanfona.

O PASQUIM – Você gostou da gravação de “Asa Branca” do Caetano?

GONZAGA – Comentar se eu não gostei ou gostei pra mim não e muito fácil, porque eu gosto demais do Caetano, gosto mesmo. Achei o trabalho dele importante, mas eu não posso comentar porque eu gosto demais. Enfim, gostei.

O PASQUIM – Aquela história que acabou virando folclore aqui no Rio e ninguém sabe até hoje se é verdade ou mentira, que os Beatles ia gravar “Asa Branca”, é verdade?

GONZAGA – Gostem ou não gostem eu vou explicar aqui o que aconteceu porque é oportuno e O PASQUIM é o mais decantado. Aquilo foi uma brincadeira do Carlos Imperial. Ele tinha um programa no Canal 13 em que ele denunciava a semelhança do movimento jovem com a minha música, com o meu xote. Mas ninguém dava bola, ninguém ouvia. Um dia ele me convidou e fui lá pra ele tirar a prova dos nove. Eu cheguei e tal, até não me entusiasmei muito, mas ele realizou o trabalho dele. Mas ele ficou danado e um dia ele me disse: esses caras vão me ouvir. Ele dizia que a jogada dos Beatles tinha uma semelhança muito grande com a nossa música nordestina. Aí um dia ele chegou no programa e disse: “eu falava, ninguém me ouvia, agora está aí Quem vai me contradizer agora? Os Beatles acabam de gravar “Asa Branca”, do Luiz Gonzaga. Aí todo mundo correu em cima. Os Beatles vão gravar Luiz Gonzaga. Chama pra programa, paga cachê e não sei o quê. Gravei programas, ganhei dinheiro e o Carlos Imperial na maior gozação do mundo. Aí fomos comemorar o negócio em Guarapari.

O PASQUIM – Você não acha que o baião é um som realmente mais internacional de todos os ritmos que nós temos ?

GONZAGA – Eu acho que sim porque ele não dificulta nada. É um ritmo ao alcance de todos. Muitas vezes a gente escuta na rádio um baião super moderno, eu fico doido pra que termine a música, pra dizerem o nome do intérprete, mas não sei porque atualmente não se dá mais o nome de quem está cantando. Isso é uma moda infeliz.

O PASQUIM – Mas do patrocinador eles não esquecem.

GONZAGA – Mas vez por outra eu escuto o nome do intérprete e é sempre um estrangeiro. E é baião mesmo, gostoso, do bom. Se o baião tivesse a promoção que o samba tem, ah meu irmão, o Brasil estava muito bem servido.

O PASQUIM – O gênero baião, a batida existia já no nordeste antes de você e Humberto Teixeira trazerem pro sul ?

GONZAGA – Com esse nome. Eu tirei justamente do bojo da viola onde o cantador faz o tempero para o improviso, para o repente. Ele costuma cantar fazendo o ritmo no bojo da viola e o dedão vai comendo nos bordões. Eu peguei essa batida, criei um jogo melódico e o Humberto Teixeira botou a letra.

O PASQUIM – Qual a diferença entre baião, xaxado e xote ?

GONZAGA – Xaxado é dança de cangaceiros. Os cangaceiros de Lampião por não terem mulher pra dançar, quando eles comemoravam um feito qualquer eles faziam aquela roda e dançavam batendo no rifle e faziam o xaxado. Depois de eu ter criado o xaxado, eu vim saber que não era nada menos do que o corta-jaca. Se eu tivesse criado uma batida e um tipo de música eu tinha me lascado todo. Do corta-jaca só saiu o joguinho da ponta do pé. Eu criei o xaxado que hoje é o que vocês chamam de moderno que tem aí. O xaxado lento deu essa toada moderna que o mundo inteiro está cantando por aí. O Luizinho pode confirmar isso.

O PASQUIM – E o xote ?

GONZAGA – O xote veio do estrangeiro. Então, nós lá no sertão criamos o xote malandro, xote de pé de serra, xote de forró, de dança de matuto que é mais do estilo do escocês. É um xote mesmo nosso porque ele tem uma jogada completamente diferente e temos letras jocosas, como “vem cá cintura fina, cintura de pilão.” Ele conta sempre uma poesia bonita, ou então uma história jocosa, humorística.

GONZAGUINHA – “Ovo de Codorna” é um xote. É uma história jocosa como ocorre em quase todas as letras do xote. São geralmente histórias de auto-gozação, no qual o nordestino é mestre.

O PASQUIM – Corta-jaca é o que ?

GONZAGA – Corta-jaca é esse passo de xaxado. Mas não tinha música, não tinha ritmo. Quando se falava em corta-jaca tanto fazia no choro, no samba. Era só um passo. O cangaceiro fazia isso no xaxado. Eles cantavam “Mulher Rendeira” fazendo esse passo.

O PASQUIM – Quando foi que apareceu pela primeira vez a palavra baião num disco no Brasil ?

GONZAGA – Foi justamente no “Baião número 1”, que eu me considero criador dele, junto com o Humberto Teixeira . Foi em 45, gravado por Quatro Azes e um Coringa, depois Carmem Miranda gravou, Roberto Inglês e outros estrangeiros por aí.

O PASQUIM – Você falou em “Mulher rendeira”... É possível se dizer de onde surgiu “Mulher rendeira”? Foram os cangaceiros que fizeram ou eram os cantadores que cantavam ?

GONZAGA – “Mulher rendeira” é música que saiu do bando de Lampião. Muita gente quis por a mão, mas o Lima Barreto não permitiu. Ele sabia, tinha certeza que era folclore autêntico. Era dança de cangaceiro.

O PASQUIM –Quando foi feito o filme com “Mulher rendeira”, você já estava na praça ?

GONZAGA – Já. Fui eu quem lançou o chapéu de couro no Rio de Janeiro. Naquela época quando aparecia um filme de cangaceiro muita gente via a minha cara no filme. Tinha gente que dizia assim:eu vi, você trabalhou bem. Eu dizia: mas eu não trabalhei. Naquela época já existia baião.

O PASQUIM – Você estava falando de como surgiu “Mulher rendeira”...

GONZAGA – Era a música padrão de Lampião, mas ela veio um pouco diferente. Ela era assim:

“Olá mulher rendeira
Oô mulher rendá
Chorou por mim não fica
Soluçou vai ficar”

O PASQUIM – Como é que você consegue patrocínio e as coisas aconteceram ?

GONZAGA – Devido eu viajar quase sempre com patrocinadores eu me habituei a cantar para público tão numeroso que não me sentia bem em cantar para uma platéia pequena, mesmo pagando bem. Eu me sentia sozinho. Então, era um martírio para mim ter que dar um espetáculo. Até hoje eu me sinto assim. Quando me convidam para trabalhar em uma festa, a primeira coisa que eu digo é: vão cobrar ingresso para me ver ? Se dizem vamos, eu não vou. Eu não gosto. Eu gosto de cantar para o povo livre. Eu acabei achando que fiz bem, que cobrei bem porque todo mundo me viu cantar de graça. Os patrocinadores que eu tive maiores foram: o Moura Brasil, Alpargatas Roda, Martini, Cinzano, Café Caboclo. Isso no sul. Para o norte: Aguardente Chica Boa, Serra Grande, Pitu, Casas Pernambucanas, Lojas Paulistas.

O PASQUIM – Qual foi o maior sucesso seu , o dia mais glorioso seu na praça ?

GONZAGA – Aconteceu comigo em Recife. Devido eu estar habituado a cantar pra milhares de pessoas por mais que eu pedisse pra fazer o espetáculo em praça pública, os diretores da rádio teimaram e me botaram dentro da rádio. Então, eu fui pra rádio, eu cheguei na rua onde estava a rádio e vi um público enorme interrompendo o trânsito. Eu não sabia o que estava acontecendo. Achei que podia ter sido um incêndio, qualquer coisa. Parei o meu carro e vim de pé, pelo meio do povo. Aí eu perguntei a um popular: escuta, o que houve aí ? Ele me disse: O Luiz Gonzaga vai cantar aí hoje e o povo não pode entrar porque não coube. Aí eu tive a curiosidade de observar o tamanho do público, as eu não podia, tinha que trepar em alguma coisa. Era um mar de gente. Aí eu não me contive e tive que cantar na rua.

O PASQUIM – Você é um homem rico ?

GONZAGA – Não. Sou um homem que não botei fora o que ganhei.

O PASQUIM - Quer dizer que o Luizinho está garantido ?

GONZAGA – Luizinho tem uma reguenguela muito boa.

O PASQUIM – Você deu um conselho pro seu filho na televisão, mandando ele não compor nem gravar, pra ele ser economista e juntar dinheiro. Você tem medo do futuro ?

GONZAGA – Eu não dei esse conselho a ele. Eu disse pra ele fazer música como passatempo. Ele se formou em Economia. Se existem milhares de rapazes fazendo o diabo pra se formar em Economia, pra serem financistas, porque Luizinho que se encontra formado vai abandonar uma coisa que todo mundo deseja ?

O PASQUIM – Mas ele é um grande compositor, rapaz.

GONZAGA – Mas ele pode ser um grande compositor e trabalhar também.

O PASQUIM – Mas você só compunha e gravava. Você nunca trabalhou na vida ?

GONZAGA – Eu ? E fazer show, carregar sanfona nas costas ? E pular de bonde andando com sanfona na mão e pegar bonde andando com sanfona na mão, não é trabalho ?

O PASQUIM - Tem uma história de Paulo Mendes Campos, não sei se você conhece. Um cara chegou na casa dele e ele estava na máquina escrevendo. Aí ele virou pro Paulinho e disse assim: se eu soubesse escrever eu ia ser igual a você. Nunca ia trabalhar na minha vida.

GONZAGA – Vocês são formidáveis, logo bagunçam o negócio.

O PASQUIM – Mas você estava falando negócio de dinheiro. O que você tem ? Atenção, declaração de bens.

GONZAGA – Dinheiro eu não tenho. Quem guarda dinheiro eu acho que é um besta. Hoje tem essas financeiras por aí, mas não dá pra entender porque o Luizinho não me explica. Quando eu estava no apogeu, o artista não ganhava tanto dinheiro assim. Agora que eu ouço falar que fulano ganha bilhões, que sicrano já comprou um galaxie. Eu nunca usei um carro do ano. Eu sempre usei uma camionete, uma rural porque sempre eu respeitei o meu público. Eu tenho escola no sertão. Eu mantenho uma escola lá até hoje. Ela havia se acabado no passado porque o governo construiu lá um grupo escolar com o meu nome, então a minha escolinha ficou em segundo plano. Mas quando foram conferir os alunos, não cabia no grupo escolar que o governo construiu. Então a minha escolinha se impôs e continua.

O PASQUIM – Onde é ?

GONZAGA – Em Exu, na minha terra. Numa fazenda onde eu nasci. Exu é o município e a fazenda chama-se Araripe, onde eu nasci e me criei. Hoje é uma simples fazenda, onde mora só gente pobre, trabalhadores rurais, e nós temos cento e tantos meninos estudando. Isso não é de hoje. Já tem mais de dez anos. Em Miguel Pereira eu também tenho uma escolinha. Eu tenho mania de escola porque eu não tive escola, então eu tenho que dar escola, porque eu sei a falta que me faz. Eu gasto, tenho família numerosa. Quando eu vou pro norte eu levo sanfona, duas , três no carro pra distribuir pra aquelas pessoas. Eu dou muita esmola, mas não gosto de meter a mão no bolso e dar pro povo ver. Eu faço minhas caridades escondido pra fugir da exploração.

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O PRIMEIRO AMOR DE LUIZ GONZAGA


Casamento? Luiz Gonzaga só pensava nisso. Comprou até aliança. Queria casar com Nazinha filha do seu Raimundo Milfont, um importante da cidade. 

O pai da moça ao tomar conhecimento das intenções do aprendiz de sanfoneiro, não permitiu o namoro e disse:

- Um diabo que não trabalha, não tem roça, não tem nada, só vive puxando fole!. 

Luiz Gonzaga não hesitou, indignado, comprou uma peixeira, tomou umas truacas (cachaça), quis brigar, quis matar, mas acabou levando outra surra de Santana. 

Dessa vez fugiu triste para o mato, mas com uma ideia fixa na cabeça: entrar para o Exército.

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