Por Wesley Ferreira da Silva
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Por Wesley Ferreira da Silva
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Por Guilherme Machado
Na Caatinga rústica atrás do Chocalho da Cascavel Macho. Chá de rabo de cascavel é muito bom para a coluna.
O chocalho da cascavel só é encontrado entre rochas e
mandacarus de facheiro onde o bicho come sua broto flor e nas locas das pedras
faz seu ninho recheado de fibra do mandacaru.
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Hortêncio
Gomes da Silva, o Arvoredo foi um dos principais e mais cruéis integrantes do
bando de Lampião. O cangaceiro, depois de ter escapado do embate com a polícia
que matou Azulão, Zabelê, Canjica e Dora, na Fazenda Lagoa do Lino (Miguel
Calmon - BA), passou a correr trecho pelo norte da Bahia.
Em maio de
1934, ao passar pela Fazenda Mulungú, região dos Angicos (atual Barrinha), em
Jaguarari, Arvoredo encontrou e fez de reféns os jovens Cícero Ferreira (Xisto)
e João Martins da Silva (João Biano). No caminho entre a fazenda e o
esconderijo do bando, os dois rapazes atacaram e mataram o cangaceiro a golpes
de facão. Como recompensa pela morte do sicário, Xisto e João Biano receberam a
recompensa de 4 Contos de Réis, entregue na sede da Prefeitura de Senhor do
Bonfim pelo delegado de polícia Capitão Philadelpho Neves, em cerimônia que
contou com a presença do prefeito José de Freitas Jatobá.
O assassinato
de Arvoredo foi um das raras mortes de cangaceiros realizadas por civis e não
pelas volantes, que naquele ano não saiam tanto para o combate devido aos
salários atrasados por parte do governo.
Foto: Jornal A
Noite (RJ)
Fonte: Jornal
A Noite (RJ) e Maria Bonita: Sexo, violência e mulheres no cangaço (Adriana
Negreiros).
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Vendo-se ali
as três cabeças. Bem visível na sua foto está Odilon Flor portando a
metralhadora Bergmann, mod. 1934, cal, 9mm, carregador em cofre para 32 tiros,
que seria emprestada ao aspirante Ferreira de Mello na véspera do combate do
Angico.
Fonte: Robério
Santos.
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Por Graciliano Ramos
Lampião nasceu
há muitos anos, em todos os estados do Nordeste. Não falo, está claro, no
indivíduo Lampião, que não poderia nascer em muitos lugares e é pouco
interessante. Pela descrição publicada vemos perfeitamente que o salteador
cafuzo é um herói de arribação bastante chinfrim. Zarolho, corcunda,
xaboqueiro, de impressão má.
Refiro-me ao
lampionismo, e nas linhas que se seguem é conveniente que o leitor não veja
alusões a um homem só.
Lampião
nasceu, pois, há muitos anos, mas está moço e de boa saúde. Não é verdade que
seja doente dos olhos: tem, pelo contrário, excelente vista.
É analfabeto.
Não foi, porém, a ignorância que o levou a abraçar a profissão que exerce.
No começo da
vida sofreu numerosas injustiças e suportou muito empurrão. Arrastou a enxada,
de sol a sol, ganhando dez tostões por dia, e o inspetor de quarteirão, quando
se aborrecia dele, amarrava-o e entregava-o a uma tropa de cachimbos, que o
conduzia para a cadeia da vila. Aí ele aguentava uma surra de vergalho de boi e
dormia com o pé no tronco.
As injustiças
e os maus-tratos foram grandes, mas não desencaminharam Lampião. Ele é
resignado, sabe que a vontade do coronel tem força de lei e pensa que apanhar
do Governo não é desfeita.
O que
transformou Lampião em besta-fera foi a necessidade de viver. Enquanto possuía
um bocado de farinha e rapadura, trabalhou. Mas quando viu o alastrado morrer e
em redor dos bebedouros secos o gado mastigando ossos, quando já não havia no
mato raiz de umbu ou caroço de mucunã, pôs o chapéu de couro, o patuá com
orações da cabra preta, tomou o rifle e ganhou a capoeira. Lá está como bicho
montado.
Conhecidos
dele, velhos, subiram para o Acre; outros, mais moços, desceram para São Paulo.
Ele não: foi ao Juazeiro, confessou-se ao Padre Cícero, pediu a benção a Nossa
Senhora e entrou a matar e roubar. É natural que procure o soldado que lhe
pisava no pé, na feira, o delegado que lhe dava pancada, o promotor que o
denunciou, o proprietário que lhe deixava a família em jejum.
Às vezes
utiliza outras vítimas. Isto se dá porque precisa conservar sempre vivo o
sentimento de terror que inspira e que é a mais eficaz das suas armas.
Queima as
fazendas. E ama, apressado, um bando de mulheres. Horrível. Mas certas
violências, que indignam criaturas civilizadas, não impressionam quem vive
perto da natureza. Algumas amantes de Lampião se envergonham, realmente, e
finam-se de cabeça baixa; outras, porém, ficam até satisfeitas com a
preferência e com os anéis de miçanga que recebem.
Lampião é
cruel. Naturalmente. Se ele não se poupa, como pouparia os inimigos que lhe
caem entre as garras? Marchas infinitas, sem destino, fome, sede, sono curto
nas brenhas, longe dos companheiros, porque a traição vigia... E de vez em
quando a necessidade de sapecar um amigo que deita o pé adiante da mão...
Não podemos
razoavelmente esperar que ele proceda como os que têm ordenado, os que
depositam dinheiro no banco, os que escrevem em jornais e os que fazem
discursos. Quando a polícia o apanhar, ele estará metido numa toca, ferido,
comendo uma cascavel ainda viva.
Como somos
diferentes dele! Perdemos a coragem e perdemos a confiança que tínhamos em nós.
Trememos diante dos professores, diante dos chefes e diante dos jornais; e se
professores, chefes e jornais adoecem do fígado, não dormimos. Marcamos passo e
depois ficamos em posição de sentido. Sabemos regularmente: temos o francês
para os romances, umas palavras inglesas para o cinema, outras coisas
emprestadas.
Apesar de
tudo, muitas vezes sentimos vergonha da nossa decadência. Efetivamente valemos
pouco.
O que nos
consola é a ideia de que no interior existem bandidos como Lampião. Quando
descobrirmos o Brasil, eles serão aproveitados.
E já agora nos
trazem, em momentos de otimismo, a esperança de que não nos conservaremos
sempre inúteis. Afinal somos da mesma raça. Ou das mesmas raças. talvez a
energia esteja apenas adormecida, abafada pela verminose e pelos adjetivos
idiotas que nos ensinaram na escola.
É possível,
pois, que haja em nós, escondidos, alguns vestígios da energia de Lampião.
Da coleção “OS
GRANDES ENIGMAS DE NOSSA HISTÓRIA”, produção da Otto Pierre Editores.
A FAMA DE
PADRE CÍCERO CRESCEU COM JUAZEIRO
O padre Cícero
Romão Batista viveu 90 anos, de 1844 a 1934. Viu Império, Abolição, República,
Revolução de 30, e chegou quase ao Estado Novo, que é de 1937. Nasceu no Crato,
sul do Ceará, ordenou-se sacerdote em 1870 e dois anos depois chegou ao povoado
de Juazeiro que, sob sua liderança se transformaria na meca dos romeiros e
místicos nordestinos.
Em 1914,
quando explodia na Europa a Primeira Guerra Mundial, opondo inicialmente o
Império Austro-Húngaro à Sérvia (antigo reino ao sudeste da Europa que em 1918
se incorporou à Iugoslávia), Padre Cícero, plantado no seu Juazeiro de 30 mil
almas, também se desentendia com Marco Franco Rabelo, presidente eleito do
Estado, depondo-o ao fim de uma insurreição deflagrada na região do Cariri.
Franco Rabelo,
nascido em Fortaleza em 1861, fora professor da Escola Superior de Guerra e da
Escola Militar do Ceará, além de deputado federal pelo Estado. Chegara à
presidência estadual (os governadores, na República Velha, chamavam-se de
presidentes), depondo, em 1912, Antonio Pinto Nogueira Acioli, que, então com
52 anos, ostentava um currículo respeitável: fora deputado e senador no Império
e senador na República.
Com toda a sua
pompa de militar – tempos diferentes, aqueles – Franco Rabelo foi alijado do
poder pelo Padre Cícero que, sem sair do Cariri, deflagrou a rebelião,
elegeu-se deputado federal e vice-presidente do Estado. Na realidade, a luta
extrapolava as fronteiras estaduais: Rabelo opunha-se à candidatura de José
Gomes Pinheiro Machado (1852-1915) ao Palacio do Catete, muito cogitada então.
Cícero Romão apoiava Pinheiro Machado, caudilho que foi eminência parda de
muitos governos federais, mas jamais chegaria a ser presidente. Contra Pinheiro
Machado estava Rui Barbosa (1849-1923), formidável tribuno que se referiu à
situação cearense numa carta de 3 de março de 1914, publicada no livro A
Intervenção federal no Ceará, de 1919. Eis alguns trechos:
1. A
imaginação me vê desdobrar-se a sotaina do Padre Cícero, e a samarra do clérigo
ensanguentado, agigantada pelos excessos da sua maldade.
2. O governo
central suscita, de improviso, nos sertões do Juazeiro e do Cariri, uma
reedição ampliativa do fanatismo de Canudos, em que a loucura de Antonio
Conselheiro se substitui pela impostura douta de um caudilho tonsurado.
Rui via longe.
Numa hora em que se exaltava a liderança de Cícero Romão Batista e a
taumaturgia do Padim Cícero entrava na literatura de cordel, Rui
Barbosa a investia contra o seu oportunismo político. Continuou a atacá-lo e a
seu principal correligionário político, o médico baiano radicado no Ceará Floro
Bartolomeu da Costa (1876-1925), de quem Nertan Macedo fez uma admirável
biografia (Floro Bartolomeu – o Caudilho dos Beatos e Cangaceiros). As palavras
de Rui Barbosa são cáusticas:
3. A
devastação da Terra da Luz pelas hordas bárbaras do Padre Cícero e de Floro
Bartolomeu ataca a ferro e a fogo, na sociedade cearense e família cearense a
família e a sociedade brasileira.
O Marechal
Hermes Rodrigues da Fonseca afirmava, no Rio de Janeiro, irritado com a
desobediência à sua liderança, que “Franco Rabelo haveria de se arrepender”.
Não se sabe se Franco Rabelo, oficial garboso e cheio de medalhas,
arrependeu-se ou não. O fato é que perdeu o governo estadual. Cumpria-se a
profecia de um lavrador: “Ninguém se engane. O Padre Cícero começou como
missionário, breve estará milionário e acabará revolucionário”. As rimas
falavam a verdade. A batina era mais forte que a farda – ao menos naquele
momento.
O Padim
Cícero dominava espiritualmente todo o Nordeste, com a sua corte de
beatos, mistificadores e carpideiras que se projetavam à sombra do campanário.
Agora também o dominava politicamente, com a preciosa assessoria de Floro
Bartolomeu, que, na Câmara Federal, teve, contudo, momentos de brilhantismo,
como ocorreu quando da defesa da exploração, por nacionais, do xisto e do
carvão.
O xisto
betuminoso é uma rocha foliácea, na qual se dissemina um material orgânico
chamado querogênio. Quando aquecida a rocha, o xisto desprende um óleo que tem
utilidades semelhantes às do petróleo. Assim, após sofrer o tratamento
industrial adequado, esta matéria-prima é capaz de produzir gasolina,
querosene, óleo diesel, óleo lubrificante e parafina. Já nas primeiras décadas
do século XX, Floro Bartolomeu, homem de boa cultura, se interessava pelo
assunto. Era, a seu ver, a única forma de “nos libertarmos do tributo de ouro
que pagamos ao estrangeiro e que tanta falta nos faz”. Um tributo que, hoje,
continuamos a pagar.
Em Apoteose
do Banditismo, Duarte Júnior revela que Floro Bartolomeu, quando jovem,
clinicava em Triunfo, no alto sertão pernambucano. Ao ocorrer ali um surto
epidêmico de febre amarela, e por não conseguir debelá-lo, foi ameaçado de
linchamento. O obituário crescia, as ameaças de agressão física também, e o
médico só teve uma alternativa: fugir para o Ceará, radicando-se na cidade de
Juazeiro do Norte, onde Padre Cícero lhe entregou os seus doentes e o fez seu
protegido político. Começava aí uma esfuziante carreira política, que só a
morte interromperia, em 1925.
Milagreiro,
santo e profeta, Cícero Romão Batista se sentia tão prestigiado que, além de
enfrentar os chefes políticos do Ceará, entrou em litígio com o próprio
Vaticano. Bento XV (Giacomo Della Chiesa, papa entre 1914 e 1922) e Pio XI
(Achille Ratti, para entre 1922 e 1939) não podiam absorver com tranquilidade
as versões que corriam em torno de Cícero Romão Batista, embora este,
pessoalmente, fosse um homem inatacável: detestava o jogo, as festas (inclusive
as carnavalescas) e a bebida. E a sua castidade era notória.
Mas havia
histórias espantosas de fanatismo, como aquela de um boi que, por pertencer a
Cícero Romão Batista, era adorado, como o boi Apis, da Antiguidade; da
atribuição de poderes divinos ao padre, considerado até uma pessoa da
Santíssima Trindade. Por fim, as mistificações armadas pelo beato José Lourenço
e as beatas Mocinha e Maria de Araújo, culminando com a informação de que as
hóstias da igreja do padre estavam tintas com o sangue de Jesus Cristo. Tais
escândalos levaram a Santa Sé a intervir. Cícero Romão Batista foi suspenso de
ordens e ameaçado de excomunhão.
Nem isso,
entretanto, abalou o prestígio do padre, que do Cariri – de onde só se afastou
para duas viagens disciplinares a Roma – editava uma mensagem de fé e fanatismo
que se estendia da Bahia ao Amazonas. Como diz Antonio Xavier Teles.
A figura
lendária do pároco de Juazeiro do Norte polarizou o estro dos poetas
sertanejos. É numerosa a literatura popular que surgiu em torno de sua pessoa e
de seus milagres, verdadeiro ciclo no folclore nordestino. O fenômeno Padre Cícero
é, em grande parte, explicável pelo fato de o Nordeste ter guardado o
misticismo da Idade Média de maneira surpreendentemente viva e fiel. O meio
rude e semiárido dos sertões brasileiros manteve muito o ascetismo religioso
medieval, que se desintegrou na Europa moderna.
Padre Cícero
apoiava o partido marreta, fiel a Nogueira Acioli; Juazeiro do Norte era
uma espécie de nova Jerusalém, que os hereges rabelistas (seguidores de Franco
Rabelo) sitiaram, mas não venceram. Em apoio a Cícero Romão Batista, surgiram
de todos os quadrantes cabras armados, beatos, cangaceiros, romeiros,
todos devotos de Cícero Romão Batista. Eles vinham de todo o Nordeste para
a guerra santa contra Franco Rabelo; isto levou o Governo Federal a
intervir no Estado, temeroso de que se reeditasse uma luta sangrenta como a de
Canudos (1896-1897).
Na sua longa
presença de líder, Padre Cícero viu morrer, em 1919, metade das árvores do
sertão por falta de chuva e comandou seu povo nas novenas, tanto quanto na
abertura de poços profundos em busca de água. As secas repetidas não afetaram
seu prestígio. Todos lhe prestavam obediência, desde os pobres até poderosos
coronéis que, no entanto, muitas vezes agiam falsamente, conspirando contra o
sacerdote.
Este foi
também o mundo que viu surgir Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, mestre de
estratégia sertaneja, guerrilheiro e vingador.
(Continua)
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Por Antônio Corrêa Sobrinho.
EM janeiro de
1938, foi anunciada pelos principais jornais do Brasil, a morte do cangaceiro
VIRGULINO LAMPIÃO, dizendo ter sido de causa natural, numa fazenda em Sergipe,
pertencente ao empresário e chefe político do município de Canhoba, Antônio
Ferreira, mais conhecido por Antônio Caixeiro, pai do então interventor federal
neste Estado, o capitão-médico do Exército, Eronides de Carvalho. O desmentido
não demorou a ser publicado, mas não a tempo de evitar que o notável jornalista
Joel Silveira emitisse suas impressões a respeito, uma demora suficiente para o
jornalismo e especialmente o "Sergipe Jornal", pela exclusividade,
serem premiados com esta aguda percepção a partir de um anguloso ponto de
vista, que merece ser considerada, porquanto nascida de uma mente que entendia
muito de gente.
LAMPIÃO, JOHN D. ROCKFELLER, BASIL ZAHOROFF E OUTROS…
Joel Silveira (Exclusivo para “Sergipe Jornal”)
O telegrama e
o rádio me dizem que o cidadão Virgulino Ferreira morreu de uma forte
hemoptise.
E eu,
francamente, não sei o que deva pensar ou que deve sentir. Acho a alegria
imprópria para o momento e sinto mesmo que, nesta hora, nada me alegrará. Se eu
quisesse ser sincero diria o que na verdade estou sentindo: uma angústia
estranha, um misto de tristeza e de decepção. Lampião, que morreu assim
simplesmente, sem gestos de teatralidade, sem nada de mais que lhe viesse
identificar entre o resto dos mortais, me deixa uma situação crítica. Eis aqui
um grande problema para mim, se por acaso eu fosse um chefe de Estado. O que
fazer diante do acontecimento? Dos Estados Unidos nos vem uma lição ótima que
na certa poderia ser aproveitada aqui e com resultados. Vemos John D.
Rockfeller glorificado depois de morto, vemos seu corpo baixar à sepultura
coberto de flores e ao som de hinos sacros. Os shorts cinematográficos
nos mostram retalhos de sua vida e de sua ação, jogando golfe, visitando poços
enormes de petróleo, sorrindo numa expressão de múmia, endireitando os óculos
negros e enormes, lendo, vivendo em plena glória dos seus noventa anos. E os
jornais, os jornais do mundo inteiro que receberam dinheiro dele, estampam
fotografias dos milhares de hospitais e das inúmeras escolas que o magnata
espalhou pelo globo. Certamente que isto tudo representa uma cortina muito
linda e muito útil. E se ficamos horrorizados com o drama e as tragédias que se
passam do outro lado – guerras, ruinas, os hospitais inundados de vítimas do
imperialismo, as escolas repletas de órfãos, viúvas que perderam os maridos na
China, na Abissínia, no Chaco ou na Espanha, mães que perderam os filhos e
filhos que perderam os pais – a culpa é exclusivamente da nossa curiosidade. A
guerra, na ação mecânica de John D. Rockfeller, era um imperativo. Sendo um
imperativo, por força era também uma necessidade. Da sua existência dependia a
própria existência de Rockefeller. Sahoroff, esta cratera a vomitar,
inesgotavelmente, material bélico sobre o mundo, sempre foi da mesma opinião. E
os dois entendiam-se as mil maravilhas. Nunca poderemos sondar o mistério
incomensurável e tétrico da ação destes dois homens sobre a terra. Suas vidas
se confundem e se embaralham. Ninguém nunca soube direito de onde eles vieram,
como surgiram, como nasceu este poder quase sobrenatural que encheu a vida de
cada um.
Diante do
espetáculo que a morte do nosso modesto Virgulino apresenta, o que eu tenho é
uma bruta decepção. Entre Lampião e Rockefeller, entre o cidadão Virgulino
Ferreira e o cidadão Basil Zahoroff, a diferença é unicamente de situação.
Lampião, ao contrário dos outros, nunca proclamou a sua honestidade. Fez-se
bandido, continuou bandido pela vida inteira, nunca desmentiu seus crimes nem
ocultou suas ações criminosas. Perseguido a todo momento, seu combate havia se
resumido numa trégua decisiva de vida ou de morte. Começou matando por
vingança. Talvez depois por sadismo. Já no fim por necessidade. As fotografias
que nós conhecemos dele nos apresentam um tipo asqueroso e vil. Os óculos
pretos lembram os de Rockfeller. Mas não há, naquele tipo queimado pelo sol e
constantemente ferido pelos projeteis e pelas urzes dos caminhos difíceis, a
distinção que aqueles seus dois colegas sempre levaram em vida. Lampião podia
possuir a sagacidade de um Vanderbilt ou de um Morgan. Mas ninguém colocará sua
ousadia e sua coragem abaixo da de qualquer banqueiro europeu ou milionário
americano. Nunca especulou na Bolsa. Seu campo era a campina, a caatinga, o
sertão bruto e estéril. Não conhecia meios dúbios nem hipócritas. Sua intenção
era matar, e realizava-a sem subterfúgios. No entanto somos forçados a
reconhecer entre Lampião, Zahoroff e Rockefeller um mesmo ponto de afinidade: é
que nenhum dos três enfraqueceu na luta. Resistiram até o último dia. Muitas
vezes tombaram feridos, em plena batalha. Mas, pensados os ferimentos,
ergueram-se e continuaram a luta.
Com a morte de
Lampião, uma morte simples, indigna de um herói do século, o sertão perdeu
muito de sua alma. E neste momento os mandacarus e as caatingas imensas devem
ter o mesmo ar de tristeza que mora com os poços de petróleo dos Estados Unidos
e as oficinas metalúrgicas da Alemanha. Tristeza de quem se vê abandonado,
tristeza de órfão...
Aracaju-janeiro.
Sergipe Jornal - 13/01/1938
Foto de Joel
Silveira.
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Via Ailton Pimentel
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Guilherme
Machado dos Santos nasceu na cidade de Muritiba no Recôncavo baiano, e é casado
com a senhora Josefa Sousa Santos. Pai de 3 filhos e uma neta. Há muitos anos mora
em Serrinha, onde mantém um museu dedicado ao Rei do Baião, Luiz Gonzaga e a
toda cultura nordestina.
Ficou
interessado em saber mais sobre a história desse ilustre nordestino? CLIQUE AQUI e veja
um pequeno vídeo produzido pelo Sistema Jolusi de Comunicação.
Via: Ailton
Pimentel
Por Gilmar Teixeira
Aos amigos e
amigos, quero anunciar o falecimento da minha esposa Cláudia e aqui externar
minha gratidão a todos vocês pelo apoio e carinho nesse momento difícil de
nossas vidas, Cláudia foi designada por Deus para fazer companhia a ele, e está
em um bom lugar, suas ações e atitudes leva a merecer esse lugar, nos últimos
anos dedicou sua vida ao evangelho e dedicada a igreja, a fazer o bem, acolher
todos a sua volta e fazer o dia de quem a conheceu um dia de alegria e
felicidade, é esse o legado que Cláudia deixa, amor e bondade, eu fiz parte de
sua vida durante 40 anos, como todos casais tivemos altos e baixos em nossas
vidas, porém viver 40 anos ao seu lado e até o seu último suspiro, diz tudo,
foi uma relação de muito amor e carinho e nos tornamos um só, fica a lembrança
e que não esqueçamos nunca dá sua presença entre nós, que foi de muito amor e
luz, te amarei eternamente!
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