Por Geraldo Maia do Nascimento
Antônio
Joaquim Rodrigues foi vigário e político em Mossoró. Como vigário, pastoreou
Mossoró por 51 anos, tendo substituído o padre Longino Guilherme de Melo; Como político,
foi membro do Partido Conservador, exercendo o cargo de Deputado Provincial por
vários mandatos, no período de 1853 a 1873, como representante de Mossoró.
Durante esse período, lutou para que o Povoado de Santa Luzia de Mossoró fosse
elevada à Vila e depois Cidade, aja vista que foi através de um projeto seu que
em 9 de novembro de 1870, pela Lei Provincial nº 260, Mossoró passou a
categoria de Cidade. É famosa a frase que ele teria dito quando em regresso a
Mossoró de férias legislativas: \"Fiz disto aqui uma cidade\".
Antonio Joaquim Rodrigues
Antônio
Joaquim Rodrigues nasceu na vila do Aracati/CE, em 5 de novembro de 1820, sendo
filho do português Antônio Joaquim Rodrigues e dona Vicência Ferreira da Motta,
natural do Apodi/RN. Concluindo os seus estudos básicos em 1840, seguiu para o
Seminário de Olinda onde ordenou-se presbítero em 1843.
Em
1842, através da Lei Provincial nº 87, de 27 de outubro, a capela de Santa
Luzia de Mossoró, filiada a de Apodi, foi declarada Freguesia independente. E
sendo aberto um concurso, o Padre Antônio Joaquim, que ainda era diácono,
submeteu-se a esse concurso, foi aprovado e promovido a pároco colado da nova
Freguesia, da qual só tomou posse em 1884, assistida pelos seus irmãos de
hábito os padres Francisco Longino Guilherme de Melo, Leonardo de Freitas
Costa, José Antônio Lopes da Silveira e Florêncio Gomes de Oliveira. E em
Mossoró passou o resto da sua vida. E por Mossoró lutou toda a sua vida.
Uma
cena, no entanto, ficou registrada na nossa história, envolvendo o Vigário
Antônio Joaquim, que muita preocupação deu aos seus paroquianos: consta que em
1884, já com 64 anos de idade, o velho padre andava em desobriga pelos sítios e
fazendas de sua freguesia, a cavalo, em companhia do seu sacristão Antônio
Chaves. Na volta, já sendo quase noite, o vigário adiantou-se do seu sacristão,
e em determinado trecho erra o caminho e entra em uma vereda, indo parar no
lugar “Passagem de Oiticica”, penetrando na mata entre os rios Mossoró e
Upanema. Quando percebeu o erro, não acertou mais voltar, e perambulou errante
por toda a noite e parte do dia seguinte.
Quando
o sacristão chegou a Mossoró e percebeu que o vigário ainda não tinha chegado,
ficou muito preocupado e pediu ajuda para que se formasse um grupo de busca para
resgatar o vigário, que já desconfiavam estar perdido pela mata. E muita gente
se ofereceu para ajudar na busca do velho vigário, tanto da cidade quanto dos
sítios por onde o grupo ia passando. Só na noite do dia seguinte o vigário foi
encontrado, muito abatido, com as vestes rasgadas e ferido pelos espinhos.
Havia abandonado o cavalo e o resto da bagagem. Estava com fome e sede, já que
não comia nem bebia desde o dia anterior. O seu estado físico era lamentável.
Seu retorno foi motivo de muita alegria para todos os seus admiradores, pois
apesar de ser um sacerdote severo no trato religioso, era muito querido e
respeitado por todos.
Já
nos últimos anos de vida, foi acometido de uma cegueira e depois por uma
paralisia que o impediu de continuar a exercer as suas funções sacerdotais.
Essas funções passaram a ser exercida pelo seu coadjutor, Padre João Urbano de
Oliveira, que desde 1855 ocupava-se do cargo, com interrupção apenas de 4 anos
em que foi coadjutor da Companhia de Aprendizes de Marinheiros de Natal.
Pobre,
cego e paralítico passou o velho vigário os últimos anos de sua vida, contando
apenas com uma pequena ajuda financeira a que tinha direito e a caridade dos amigos
que não deixavam que nada lhe faltasse. Morreu em 9 de setembro de 1894, aos 74
anos de idade, sendo sua morte muito sentida por todos. O seu enterro foi um
dos mais concorridos da cidade. O seu corpo foi sepultado na Igreja Matriz,
logo na entrada principal do Templo.
Mossoró
homenageou a memória do seu primeiro e único vigário colado, emprestando o seu
nome a principal praça da cidade. E o industrial mossoroense José Rodrigues de
Lima mandou construir um busto do vigário, sobre pedestal, ao lado da Catedral
de Santa Luzia, onde numa placa sentenciou: \"Vigário Joaquim de Brito: TU
ES SACERDOS IN Æ I ERNUM.”
Geraldo
Maia do Nascimento
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