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quinta-feira, 10 de abril de 2025

VINGANÇA NÃO !

 Por Francisco Frassales Cartaxo

Chico Pereira

Em crônica anterior, falei do padre Francisco Pereira Nóbrega e hoje escrevo sobre o livro “Vingança, não - Depoimento sobre Chico Pereira e cangaceiros do Nordeste”. Não se trata de livro de história nem de memória. Tampouco é romance ou novela, embora o autor tenha lançado mão de recursos ficcionais, a exemplo de recriação de monólogos para imprimir lógica ao fluxo narrativo e torná-lo verossímil.

O foco do livro é conhecido.  Chico Pereira entra no crime para vingar a morte do pai, João Pereira, comerciante, proprietário rural e político em Sousa, com atuação no distrito de Nazaré e em São Gonçalo.  O filho prendeu e entregou à polícia o executor da morte do pai, mas com pouco tempo o viu impune, andando livre pelas ruas, em feiras e festas. Um acinte. Depois de muita tocaia, “Zé Dias foi achado morto no meio da estrada. Estendido no chão. Só ele e a morte. E ninguém mais por testemunha”, escreve padre Pereira.

Francisco Frassales Cartaxo

A partir daí, desencadeia-se o processo de formação de bando de cangaceiros. Chico Pereira planeja assaltar Sousa, ajudado por Lampião, que manda dois irmãos, Antonio e Livino Ferreira, dividir o comando das operações. Em 27 de julho de 1924, à frente de 84 homens, o grupo invade Sousa. Houve saques, cenas de humilhação do juiz de direito e outros fatos narrados com sutileza para não reabrir feridas, penso. O livro repassa, também, episódios que envolvem padre Cícero Romão Batista, políticos paraibanos e o advogado Café Filho; fugas, esconderijos, a morte vestida de cobra venenosa; o descumprimento de acordos com autoridades, a prisão sem resistência em Cajazeiras, em plena Festa da Padroeira, e levado para a cadeia de Pombal. A viagem para a morte na estrada de Currais Novos, nas mãos da polícia, na madrugada de 28 de outubro de 1928. Tudo isso Francisco Pereira Nóbrega narra em 20 capítulos, afora nota explicativa, uma foto e um croquis das andanças do pai em terras da Paraíba, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Quarenta e cinco anos depois de publicada, a obra virou peça de teatro e já poderia ter-se tornado filme. É livro perene, um depoimento original, nascido de dentro para fora. Explico. Centenas de livros versam acerca do cangaço, escritos por sociólogos, memorialistas, historiadores, jornalistas, enfim, estudiosos, mas poucos existem como “Vingança, não”. O autor não vivenciou a maioria dos fatos narrados. Ouviu-os da boca de parentes e amigos. Cresceu a escutar as versões familiares. Não se contentou com isso, porém, e durante dois anos checou datas, nomes, lugares e episódios em consultas a processos judiciais, testemunhas e jornais da época.

Local da morte de Chico Pereira

O livro encerra aspectos relevantes para as pesquisas históricas, sociológicas e políticas da fase final da República Velha, auge do coronelismo, o intricado sistema de relações de poder que nascia no interior dos municípios, propagava-se pelas capitais dos estados e chegava ao centro das decisões políticas e administrativas do País. Essa teia de relações de poder aparece despida no livro, envolta em simplicidade narrativa de fazer inveja. Como se forma um bando de facínoras? Lá está, passo a passo, sob o influxo das injunções políticas interferindo nas atividades comerciais, envolvendo o judiciário, o aparelho policial, as autoridades do executivo estadual, numa promiscuidade que era a própria essência do poder na Primeira República. 

Nem a religião escapava dessa urdidura. O autor descreve a esperança que era ir a Juazeiro em busca das bençãos do padre Cícero. Pereira Nóbrega produz uma síntese quase perfeita do messianismo e a exploração política que o cerca, ao referir-se ao mandachuva, deputado Floro Bartolomeu: “Sem ser beato nem cangaceiro, será o ângulo onde se encontram ambos. Sobre essa dupla força se firmará para atingir alturas que jamais suspeitou.” Para quem nada era e nada tinha, isso foi tudo. Enfeite de ficcionista? Que nada, realidade pura. 


Floro Bartolomeu e Padre Cícero

Tudo isso está escrito com singeleza, sem rebuscadas técnicas literárias, de permeio com o desenrolar de laço amoroso nascido entre “manso e pacato contratante de cal” e uma menina-moça de 12 anos, órfã de pai, assassinado, que casa por procuração aos 14, e enviúva aos 17 anos, com a herança de três filhos e o estigma de mulher de cangaceiro. “Vingança, não” transpira amor em meio à tragédia sertaneja. 

Esta crônica, publicada no jornal Gazeta do Alto Piranhas, Cajazeiras, nº 325, de 04 a 10/03/2005, foi revisada e ampliada para divulgação no www.cariricangaco.com

P S – Francisco Pereira Nóbrega deixou a batina, casou-se, teve filhos. Fez-se professor, escritor, cronista. Afastou-se do ministério, mas continuou a obra de evangelização. Sua última missão foi dedicar-se ao Catecumenato. Morreu em João Pessoa, em 22 de janeiro de 2007.

Francisco Frassales Cartaxo
Recife - Pernambuco

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RUA DA PRAIA

 Clerisvaldo B. Chagas, 8 de abril de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.223


Mais ou menos na década de 60, havia um enorme areal à margem esquerda do rio, em Santana do Ipanema, mais ou menos do tamanho de um estádio. Ficava exatamente entre o leito propriamente dito e um caminho ladeado com aveloz que ia do prédio da Perfuratriz – final da Rua São Paulo – ao beco de Seu Ermírio à jusante. O terreno repleto de areia grossa, trazida outrora pelas enchentes do rio, pertencia ao considerado “Torcedor Número Um” do time Ipanema, Otávio Marchante. Como há décadas o rio não botava cheia que invadisse o areal da margem, um cidadão chamado Seu Euclides, comprou o terreno a Otávio Marchante saiu construindo casitas pelo caminho citado ao longo do terreno. A fileira de casitas de um lado e do outro para alugar à pobreza, recebeu o nome do próprio dono de RUA DA PRAIA.

Com o tempo ali foi fundada uma associação de moradores, erguida uma igreja e, no lugar da Perfuratriz demolida, uma sede da associação com primeiro andar. No final da Rua da Praia, o filho do Senhor Euclides, Luiz, construiu um pequeno estádio dotando-o do que era possível para o lazer da comunidade. E assim, cerca de sete décadas depois, o rio Ipanema, abusado com tantas construções em seu Leito e no seu afluente, riacho Camoxinga, resolveu tomar o que era seu e saiu fazendo arrasos pelas suas margens urbanas, pintando o sete, mas sem matar ninguém. Agora as ruínas das casas da cheia estão sendo demolidas. Isso evita acidente com desmoronamento, cobras, ratos, baratas, escorpiões e outras mazelas.

E o que nós vimos, através da Internet, é de cortar coração. Uma comunidade inteira teve que se mudar para casas novas em região mais alta. Desde início eu já sabia que o terreno arenoso era do rio. Assim também houve vários desse erro em diversas partes da cidade. A propósito, essa região da margem do Ipanema, faz parte do quase epicentro do meu novo romance AREIA GROSSA, dramas sociais dos anos 60-70, drama social do século XXI. Por esses dias estarei convidando alguns escritores e autoridade para conhecermos o cenário completo inspirador de AREIA GROSSA.



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ESTADUAL.

 Clerisvaldo B. Chagas, 7 de abril de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.222


Poderíamos ter dito no início: “O Colégio Estadual Deraldo Campos, estar localizado além do Aterro. E para quem não sabe, ainda hoje o trecho da antiga rodagem Maceió – Delmiro Gouveia, que passava pela periferia de Santana, foi aterrado, passando a ser sua via-expressa. Do centro para o Colégio era preciso um rodeio grande. Sem rodeio, somente a pé enfrentando uma pinguela sobre o riacho Camoxinga, vizinho ao Estadual. Os tempos mudaram, a região além do Aterro, encheu-se de ruas e mais ruas e, após uma laje colocada no riacho substituindo a pinguela de coqueiro, na gestão Genival Tenório, eis que o saudoso prefeito Isnaldo Bulhões, construiu uma ponte de verdade. Com o complemento do viaduto no Aterro, construído pelo gestor Paulo Ferreira, o Comércio foi ligado dignamente ao Colégio Estadual já com o nome de Prof. Mileno Ferreira da Silva.

O Colégio Estadual Prof. Mileno Ferreira da Silva e o seu entorno, estão situados sobre a foz entulhada do riacho Camoxinga que depois do entulhamento, procurou um desvio para chegar ao seu coletor, o rio Ipanema. A rua do Estadual e a rua, imediatamente por trás do Estadual, limitam o aterramento da antiga foz do riacho Camoxinga. (Tese geográfica, nossa). Os primeiros conhecimentos que tivemos da região foi como antiga estrada para a serra do Poço por ande trafegavam com animais de cargas, os primeiros habitantes da serra. Havia no centro do entulhamento que formou uma pequena planície de aluvião, a casa de fazenda do senhor Frederico Rocha que foi interventor municipal em Santana no ano de 1930 e que construiu a segunda praça de Santana, defronte a Matriz de Senhora Santa Ana e que levou o título de Praça Coronel Manoel Rodrigues da Rocha.

Na frente da casa branca de fazenda do senhor Frederico, chamava atenção um belíssimo “pé de príncipe” e que enfeitava a entrada da casa. O Exército comprou a fazenda, demoliu tudo e construiu o quartel que logo ficou ocioso e foi ocupado pela escola do estado. Nos bastidores se dizia que o lugar da construção, estava estrategicamente errado. Mas graças a Deus no lugar errado, o Colégio Estadual foi a primeira escola pública de Santana a funcionar com os falados primeiro e segundo graus. (Quinta série em diante).

PONTE DO ETADUAL GESTÃO ISNALDO BULHÕES. LIVRO 230. ANTES, LAJE À GUISA DE PONTE, GESTÃO GENIVAL TENÓRIO. LIVRO 230. ALUNOS VÃO VISITAR O ABRIGO SÃO VICENTE. GESTÃO ESTADUAL B. CHAGAS.



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INACINHO E EU.

Por Geraldo Júnior

É sempre um grande prazer encontrar-se com os velhos e queridos amigos de longa data. Faz alguns anos que não nos víamos pessoalmente, mas a nossa amizade sempre permaneceu viva mesmo à distância. Recentemente tive a honra de participar junto com ele de uma matéria do Jornal O Globo que foi produzida pelo amigo jornalista Élcio Braga, onde foi abordada parte de sua biografia, assim como a história de seus pais, os ex-cangaceiros Moreno e Durvinha, que fizeram parte do bando de Lampião. A história do meu amigo Inácio Carvalho de Oliveira "Inacinho" é simplesmente uma das mais ricas e emocionantes ao que diz respeito aos "filhos do cangaço".

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ANILDOMÁ WILLIANS E EU.

Por Geraldo Júnior

Um reencontro com o amigo Anildomá Willians, diretor do museu do cangaço de Serra Talhada, Pernambuco. O maior e mais completo museu referente ao cangaço de toda a região Nordeste e sem contar que fica situado na cidade natal de Lampião. Indo ao Nordeste... visite o museu. História pura.

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PAULO VIEIRA E EU.

Por Geraldo Júnior

Em companhia do apresentador Paulo Vieira durante as gravações do quadro do Programa AVISA LÁ QUE EU VOU da TV Globo.

Agradeço ao Paulo Vieira pela atenção, receptividade e por toda a sua simplicidade no trato com os seus convidados e auxiliares, assim como à toda a sua equipe de produção e à direção da TV Globo.
Momentos inesquecíveis que ficarão para sempre em minhas lembranças e que muito contribuirão para a divulgação e preservação da história cangaceira nordestina.
Meus agradecimentos.
Atenciosamente:
Geraldo Antônio de Souza Júnior.

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REENCONTRANDO AUTORIDADE DO CANGAÇO

Por Geraldo Júnior

Frederico Pernambucano de Melo

Reencontrando o mestre Frederico Pernambucano de Melo, nossa referência maior relacionada às pesquisas, estudos e documentação da história do cangaço. Autor de livros fantásticos à exemplo de "BENJAMIN ABRAHÃO: ENTRE ANJOS E CANGACEIROS", "A ESTÉTICA DO CANGAÇO", "GUERREIROS DO SOL", que serviu como referência para a produção da telenovela que está sendo produzida pela Rede Globo de Televisão e que leva o mesmo título do livro, entre tantos outros trabalhos que tratam sobre o tema em questão. Apesar de sua importância no meio em que atua, é um homem de extrema educação e simplicidade. Digno do meu mais profundo respeito e consideração.

Frederico Pernambucano de Melo e Geraldo Antônio de Souza Júnior

O encontro com o mestre Frederico Pernambucano de Melo ocorreu na cidade pernambucana de Recife no último dia 05 de abril de 2025, durante visita que fizemos à sua residência.
Resta-me agradecê-lo pela receptividade e atenção que foram à mim proporcionadas durante a visita.
Informando à todos que o professor Frederico Pernambucano de Melo está a frente do projeto que dará início à criação de um museu relacionado ao cangaço e ao Nordeste em Recife, Pernambuco, que contará com a exposição do seu gigantesco acervo de peças históricas que fizeram parte da história cangaceira, sendo muitas delas pertencentes ao famoso casal-cangaceiro Lampião e Maria Bonita. Em breve trarei maiores esclarecimentos sobre esse assunto.
Fica o registro!

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