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quarta-feira, 23 de maio de 2012

História de Portugal

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A história de Portugal tem a sua génese com a chegada dos primeiros hominídeos à Península Ibérica há cerca de 1.2 milhões de anos atrás. O território entrou no domínio da história escrita com o início das guerras Púnicas. Em 29 a.C. era habitado por vários povos, como os Lusitanos, quando foi integrado no Império Romano como a província da Lusitânia, influenciando fortemente a cultura, nomeadamente a língua portuguesa, na maior parte originada no latim. Após a queda do Império Romano, estabeleceram-se aí povos germânicos como os Visigodos e Suevos, e no século VIII seria ocupado por árabes.

Ponte de Trajano sobre o rio Tâmega, Chaves (Portugal).

Durante a reconquista cristã foi formado o Condado Portucalense, primeiro como parte do Reino da Galiza e depois integrado no Reino de Leão. Com o estabelecimento do Reino de Portugal em 1139[1], cuja independência foi reconhecida em 1143, e a estabilização das fronteiras em 1249, Portugal reclama o título de mais antigo estado-nação europeu.[2]

As províncias romanas Lusitânia e Galécia, reorganização da Hispânia de Diocleciano, 298 d.C..

Durante os séculos XV e XVI, os portugueses foram pioneiros na exploração marítima, estabelecendo o primeiro império colonial de amplitude global, com possessões em África, na Ásia e na América do Sul, tornando-se uma potência mundial económica, política e militar.[3] Em 1580, após uma crise de sucessão, foi unido a Espanha na chamada União Ibérica[1] que duraria até 1640[1]. Após a Guerra da Restauração foi restabelecida a independência sob a nova dinastia de Bragança, com a separação das duas coroas e impérios. O terramoto de 1755 em Lisboa, as invasões espanhola e francesas que antecederam a perda da sua maior possessão territorial ultramarina, o Brasil, resultaram no desmembramento da estabilidade política e económica, reduzindo o estatuto de Portugal como potência global no século XIX.

Após a queda da monarquia, em 1910 foi a proclamada a República[1], iniciando o actual sistema de governo. A instável Primeira República foi sucedida por uma ditadura sob o nome de Estado Novo. Na segunda metade do século XX, na sequência da guerra colonial portuguesa e do golpe de estado da revolução dos cravos em 1974, a ditadura foi deposta e estabelecida a democracia parlamentar, com todos os territórios ultramarinos a obter a sua independência, nomeadamente Angola e Moçambique em África; o último território ultramarino, Macau, seria entregue à China em 1999.

Portugal entrou, após um conturbado período revolucionário, no caminho da Democracia Parlamentar, ao mesmo tempo que procedia à descolonização de todas as suas colónias. Membro fundador da NATO, o Portugal democrático reforçou a sua modernização e a sua inserção no espaço europeu com a sua adesão, em 1986, à Comunidade Económica Europeia (CEE).

Mais um ano completado

Por: José Mendes Pereira
José Mendes Pereira

23 de Maio, mais um ano está sendo registrado nos longos anos que Deus tem me permitido. Alguns dizem que não querem chegar aos oitenta, noventa..., eu, seja os mais anos que o poderoso do universo possa me oferecer, ficarei grato até demais. 

Outros alegam que viver por mãos de outros não lhes fazem sentido. Eu não me importo se estarei entregue às mãos dos outros, o que me interessa é ver o universo, o céu ao anoitecer, o mar naquela rotina de encher e secar durante seis horas, que na verdade ele nem enche e nem seca, apenas o balanço da terra faz com que a água venha em nossa direção, mas que quando o nosso lado está enchendo, lá do outro lado do oceano está secando; está diante da minha família, dos amigos, vendo as belezas da natureza, o cantar dos pássaros, a verdejante relva, ouvir o sino anunciando mais um momento religioso.

Alguns nasceram e morreram, outros nasceram cresceram e morreram, outros nasceram, cresceram, envelheceram e morreram. Assim é que eu, chegando aos 62 anos, que venho bolando por esse mundo de Deus, quero envelhecer mais e mais. 

José Mendes Pereira

CANGACEIRO MORENO ANTES NO CANGAÇO E DEPOIS COM RG. DE CIVIL


Antônio Ignácio da Silva  nasceu em Tacaratu-Belo Horizonte no dia 1º. de novembro de 1909, e faleceu no dia 6 de setembro de 2010). No cangaço era conhecido   pela alcunha de Moreno.


Foi um cangaceiro pertencente ao bando de Lampião e Maria Bonita.


Após a morte destes, fugiu de Pernambuco e adotou o pseudônimo de José Antônio Souto, fixando-se em Minas Gerais. Foi um dos integrantes do bando com maior longevidade, e um dos últimos a morrer.

Moreno era Filho de Manuel Ignácio da Silva (o Jacaré) e Maria Joaquina de Jesus. Antônio perdeu o pai na adolescência, quando este foi morto pela polícia nas proximidades de São José do Belmonte, em uma suposta queima de arquivo. Exerceu a profissão de barbeiro, mas seu desejo era ser soldado da polícia. O sonho terminou quando foi preso e espancado por policiais de Brejo Santo, após ser acusado injustamente de roubar um carneiro. Libertado, matou o homem que o denunciou, que seria o verdadeiro ladrão.

Moreno foi o penúltimo cangaceiro que resistiu até 2 de fevereiro de 1940. O último cangaceiro foi Corisco, tendo sido morto no dia 25 de Maio de 1940, pelo tenente Zé Rufino.

Fonte pesquisada:

Associação Macaense de Apoio aos Cegos: Uma institução voltada para a dignidade humana.

Por: João de Sousa Lima

Em recente visita  aos amigos Felipe Marques e Marcos passos, na cidade de Macaé, Rio de janeiro, conheci a AMAC- Associação Macaense de Apoio aos Cegos.

A AMAC através de seu presidente Marcos Passos, transcreveu os dois primeiros livros do cangaço para o Braille.

Como a revisão em Braille de  Renato Costa e a transcrição de Ceinha Tavares a AMAC produz um trabalho de grandioso valor.


O presidente da AMAC Marcos Passos apresenta  a AMAC a João de Sousa Lima.


 Ceinha, Marcos Passos, Renato e João.


Dois monumentos em homenagens aos incentivadores da AMAC: Edson Ribeiro Lemos e Dorina Nowil.


Renato Costa é um dos profissionais  mais capacitados na área de Revisão Braille e um ser humano encantador.


João Eterno foi um dos profissionais incumbidos da revisão dos livros. A  trajetória Guerreira de Maria Bonita, Moreno e Durvinha, sangue, amor e Fuga no Cangaço

A VIDA DE ZÉ DO TELHADO


NOSSO, “CHE… DO TELHADO” 

José Teixeira da Silva, vulgo Zé do Telhado foi, na essência, salvo as devidas distâncias de contexto, o nosso Che Guevara. De facto, assim continua a sua memória entre quem dele ouviu histórias e de quem algo conhece da sua atribulada existência que, grosso modo, consistia em… subtrair aos ricos para, distribuir pelos pobres.
Em rigor, verdade se diga, nem sempre assim foi, apesar de escassos terem sido os assaltos a alguns, arrogantes, remediados. Rigorosa foi a sua postura, sempre, a favor do mais fraco, independentemente da sua condição social e, das vítimas dos poderosos de então. Devido a este comportamento, tornou-se num marginal, um fora-da-lei, por necessidades, opção sua e porque a Lei, apesar de Lei, nem sempre é promotora de justiça.
Vivia na aldeia de Castelões de Recezinhos, município de Penafiel, onde nasceu em 1816, com a família, sendo um jovem do campo, inteligente, de bom porte físico, trabalhador e bastante sociável. Em suma, era o orgulho daquela pacata aldeia. Tornou-se homem muito cedo já que, aos catorze anos saiu de casa começando por abraçar a profissão de castrador e de curandeiro de animais, actividade conhecida pela designação de “alveitar”, ou seja, veterinário não diplomado.
A primeira contrariedade da sua vida foi o amor escondido que tinha com a sua prima Aninhas, ao qual, o seu tio e pai daquela bela donzela, um ex-soldado das fileiras de Napoleão que, aquando das invasões francesas, por cá ficou, não dava tréguas nem consentimentos. O amor entre os dois, esse, resistiu pelos anos fora até se consumar o enlace… o Zé nunca foi homem de desistir. 
Entretanto, chegou a vida militar e, lá foi rumo a Lisboa. Rapidamente, devido à sua subtil inteligência e bravura se tornou no orgulho dos oficiais do Regimento onde serviu, sendo conhecido no meio pelo “soldado do Norte”. Foi na vida militar que a sua vida começou a projectar o Zé do Telhado que conhecemos. A falta de entendimento entra os protagonistas políticos de então, levou à guerra civil entre Setembristas e Cabralistas, na qual o nosso Zé se viu envolvido, lutando pelos Setembristas, ao lado do Marquês, Sá da Bandeira. Entretanto, o pai da Aninhas acaba por aceitar o enlace da sua filha Aninhas com o seu sobrinho Zé do Telhado, goradas as ideias peregrinas de a ver casada com um dos abastados ricos pretendentes da região. Com a breve acalmia da guerra civil, regressou a Lousada, onde vivia a sua amada a fim de consumar o casamento. Assim aconteceu, tendo, regressado à vida das feiras e práticas de “alveitar”. 
Entretanto, a guerra civil retoma o país, agora mais sangrenta que nunca devido ao envolvimento popular. Zé do Telhado deixa a seu pacato viver de aldeão e, de novo, volta a participar na guerra, apresentando-se ao serviço da Junta Militar de Sá da Bandeira, na mui nobre e sempre leal, cidade do Porto. Uma das Leis de Costa Cabral, que na época mais revoltou a população, foi a da proibição de sepulturas dentro das igrejas, levando à revolta, liderada por mulheres que enfrentavam as autoridades com todas as alfaias utilizadas nas lides do campo, conhecida pela; “A Revolta da Maria da Fonte”. Por esta altura, devido às suas boas capacidades, Zé do Telhado é promovido a sargento passando a comandar o pelotão de cavalaria da escolta do seu general Sá da Bandeira. A bravura do nosso sargento em actos militares contra os actos de roubo, violações de mulheres e saques praticados pelos “Cabralistas”, e o facto de ter salvo a vida ao seu general, este condecorou-o com a medalha de “Torre de Espada”!
Devido ao superior poderio dos Cabralistas, as hostes Setembristas sofrem uma pesada derrota na batalha de Valpaços, levando a uma reorganização dos combatentes. A falta que Zé do Telhado sabe estar a fazer à sua família leva-o por alguns dias à aldeia, onde é recebido como um herói! Por sua vez, a Aninhas, persistentemente, tentava persuadir o seu marido a não continuar a participar na guerra até porque, a situação financeira da família era débil porque, o Zé gastou as economias familiares com a guerra em que, empenhadamente, participava. Determinado, volta à guerra participando numa revolta dos presos da cadeia de Lisboa. O país está ingovernável! A rainha D. Maria II e os seus aliados cabralistas pedem ajuda a espanhóis, franceses e ingleses e estes, entrando no país, dizimam tudo aquilo que seja político. Com a assinatura da Convenção do Gramido, acordada entre os beligerantes, em 1847 no Porto, termina aquela sangrenta guerra civil. Começa a entrega das armas sob a ameaça dos cárceres do Forte de Peniche e das galerias da fortaleza de Almeida. É o fim da carreira de guerrilheiro resistente, do sargento patuleia José Teixeira, vulgo Zé do Telhado e o seu regresso à aldeia de Sobreira.
O nosso leal Zé do Telhado ainda pensou que, o seu general Sá da Bandeira lhe arranjasse um bom emprego pelos serviços prestados, para fazer frente à situação de miséria em que a família se encontrava… Zé do Telhado gastou todo o dinheiro que tinha e hipotecou todas as propriedades que possuía para ajudar a luta contra os Cabralistas. Bem esperou mas, nada! Com a miséria dentro de casa, Zé pede ajuda batendo a várias portas… todas se fecham incluindo a do padre seu compadre e padrinho da sua filha! Agora, com a vitória dos “Cabralistas”, ninguém conhecia o fiel lutador Zé do Telhado. Ao chegar perto de casa, Zé ouve os filhos a pedirem pão à mãe Aninhas. Era demais! Zé não consegue suportar mais aquela situação e decide roubar para matar a fome aos seus.
O primeiro roubo foi a um modesto pedreiro. Zé pergunta-lhe: quantas moedas trazes? Tenho dez mas, foram ganhas honestamente com o meu trabalho! O nosso Zé diz-lhe: dividimos isso… dá cá cinco e fica com outras cinco. Anos volvidos, Zé do Telhado viria a devolver as cinco moedas ao modesto trabalhador.
Entre lamentos da sua situação e a realidade, Zé integra-se na famosa quadrilha do conhecido “Boca Negra” onde militava o seu irmão Joaquim do Telhado. Os assaltos sucederam-se, nas regiões da Beira Alta, Beira Baixa, Vale do Sousa, etc. A fama de Zé do Telhado depressa se espalhou pela região. Aninhas, não suporta aquela situação e trata de arranjar formas do marido ir para o Brasil mudar de vida e limpar a reputação da família. Zé do Telhado viaja para o Estado do Rio Grande do Sul, naquele grande país em busca de alguma riqueza.
No Brasil, Zé retoma o seu trabalho de “alveitar” e, bem sucedido. Zé é informado que, o dinheiro que envia para a sua Aninhas nunca lhe chega às mãos. A raiva e as grandes saudades dos filhos e da sua querida Aninhas, tomam-no, fortemente, e decide voltar à sua aldeia…ainda mais pobre do que nunca. Regressa igualmente aos assaltos e à distribuição dos roubos pelos necessitados, integrado no mesmo bando, entre a “honra” da substituição do chefe Custódio, o “Boca Grande” e a presença na quadrilha, do seu inimigo de estimação, José Pequeno. Os assaltos estendem-se, agora, às regiões do Alto Douro, Minho e Trás-os-Montes.
Pela iniciativa do governador de Lousada, que pede reforços militares, começa a perseguição das Autoridades a Zé do Telhado. Com a destreza e valentia que o caracterizam, lá vai escapando e enfrentando as forças militares. O cerco aperta-se, cada vez mais! O administrador do Marco de Canavezes empreende uma perseguição, sem tréguas ao quadrilheiro, contando com a colaboração do traidor José Pequeno que, dá informações sobre o seu chefe. Zé do Telhado vai no encalço do sanguinário e traidor José Pequeno. Encontra-o e, depois de uma farta luta vinga-se, cortando a língua ao delator José Pequeno que, acaba por morrer, facto que constitui motivo para festejo dos aldeões das redondezas. Zé Pequeno era um sanguinário ladrão. A perseguição das autoridades ao Zé torna-se implacável… este já não tem onde esconder-se. Aconselhado pelos mais fiéis amigos, pensa em voltar ao Brasil.
Assim decide e viaja até ao Porto para, clandestinamente tomar o barco de destino. Pelo caminho, pede asilo, por alguns dias, à dona da Casa do Carrapatelo, D. Ana Vitória, a quem já assaltara. Dona Vitória fica surpreendida mas, recorda com reconhecimento, o respeito que Zé do Telhado exigiu aos seus parceiros de quadrilha e, acede a dar-lhe guarida. Dias depois, em segredo, Zé toma o barco em Massarelos mas, é denunciado por um delator que o viu entrar no navio. O administrador de Marco de Canavezes consegue, finalmente, apanhar Zé do Telhado! Preso na cadeia da Relação do Porto, é julgado dois anos depois, no Tribunal de Marco de Canavezes e, condenado ao degredo perpétuo com trabalhos públicos, em África. É transferido para a cadeia do Limoeiro em Lisboa. Dali é embarcado no “Pedro Nunes” e lá vai para o degredo em África de onde, nunca mais regressará. 
Mesmo em África, Zé era estimado por todos, gozando de poderes e algumas liberdades. Faleceu em 1875, em Xissa, Malange, onde ficou sepultado.
Estou certo que, o facto de Zé do Telhado ser uma figura incomodativa para certa burguesia “bem pensante”, não recolhe, senão nas bocas do povo, o reconhecimento de figura marcante de uma das fases da história de Portugal.
 
Jorge Afonso

(publicado in Diário de Aveiro de 29 de Outubro de 2007

Corisco, o compadre de Lampião

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Após a morte de Lampião, na madrugada de 28 de julho 1938, o cangaceiro Corisco matou uma família inteira que supostamente relatou o esconderijo do amigo. E durante mais dois anos ainda espalhou terror pela Bahia. Corisco não tinha mais o apoio de tantos coiteiros e o próprio bando estava se dizimando, com muitos se entregando à polícia.
Em 25 de maio de 1940, escondido numa casa em Barra do Mendes, na Bahia, foi descoberto pelo tenente

ze rufino

José Rufino, que deu-lhe a chance de se entregar. Mas Corisco preferiu a troca de tiros, e não levando sorte, perdeu a sua estimada vida. Sua companheira


Dadá ficou gravemente ferida, sendo necessário a amputação de uma das pernas.  Esta, teve a vida poupada e foi capturada. Com a morte de Corisco o cangaço terminou completamente no nordeste, sendo enterrado juntamente com ele.

LUZ APÓS A ESCURIDÃO (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa
Rangel Alves da Costa

LUZ APÓS A ESCURIDÃO 
                                                   
Dizem os Textos Judaicos que a luz é especialmente apreciada após a escuridão. À primeira leitura seria de imediata compreensão, pois logo se pressupõe que o autor quis dizer que a luz traz conforto diante da escuridão. Nada mais esperado. Contudo, não apenas isto. Muito mais e profundamente.

Verdade é que todo mundo só pensa em luz, em iluminação, em candeeiro, em vela, em lanterna, em lâmpada acesa quando se vê num ambiente fechado e escurecido. O olhar se espanta, sufoca, mas é a mão que sai tateando para ver se encontra algo que mude a situação. E tudo num desespero terrível diante da escuridão.

Contudo, a lição pretendida pelo escrito judaico parece ter outros sentidos, ainda que também sobre o reconhecimento da importância da luz após se ter passado por momentos de escuridão. E as vertentes encontradas são todas no sentido de afirmar sobre a necessidade de valorização ainda maior da vida após a superação de momentos difíceis.

Ora, luz não é só a energia, a iluminação, a radiação luminosa ou a claridade. Mas também tudo aquilo que signifique um momento novo, uma renascimento, uma ressurreição, um encontro com o tanto desejado. Daí se afirmar que luz é o despertar mental ou espiritual, o conhecimento sobre a realidade, o olhar compreensivo sobre a verdade.

Do mesmo modo a escuridão, que conceitualmente não se restringe apenas ao que é escuro, sombrio, está sem iluminação, no negrume, nas trevas. Tal significação amplia-se para ser, no contexto da lição judaica, as dificuldades passadas pelo indivíduo, os momentos difíceis pelos quais passou, os abismos e precipícios vividos. Instantes de dor, de agonia e de aflição.

Diz integralmente o texto que a luz é especialmente apreciada após a escuridão, e os termos “especialmente apreciada após” querem significar precisamente o fato de que a realidade existente nas coisas só se torna vista e sentida com mais importância a partir do instante que aquela realidade afeita ao indivíduo esteve fragilizada ou ameaçada.

Quer dizer, o indivíduo geralmente tem a realidade como algo existente por si mesma, que lhe dá conforto e felicidade, mas sem tê-la com maior importância, sem lhe dar a devida estima e valorização, sem enxergar o significado daquilo em sua vida. Contudo, basta que surja um momento de escuridão, de dificuldade, para que se ajoelhe implorando para que lhe seja permitido voltar àquele estado anterior.

Ao conseguir reaver seus instantes de placidez e serenidade, o indivíduo tenderia a aquilatar muito mais a vida que tinha antes e que foi reconquistada do infortúnio, através da luz que se acendeu na escuridão. Bastaria que pensasse que já tendo conseguido vencer uma dura batalha, então tudo fará para se fortalecer de tal modo que nenhuma ameaça lhe ponha novamente em agonia.

Daí que ao ser acometido por uma doença, na escuridão do medo o indivíduo se lança aos rogos pela cura. Agora passa a querer de voltar a saúde que tinha e que jamais valorizou. Quando a cura é possível e o estado físico e espiritual retoma seu ponto de equilíbrio, eis que o texto judaico diz que a saúde ameaçada deverá transformar o ser noutro homem, se valorizando como nunca fizera antes.

Eis assim o que o ditado apregoa, deixando claro que, dentre, outras coisas, o ser humano deve valorizar ainda mais o que tinha e, depois de perdido, foi reconquistado; deve zelar com mais cuidado aquilo que se mostrou frágil diante de um acaso; precisa saber amar o que tem agora sob pena de não poder redobrar esse sentimento mais tarde; tem de saber que é preciso construir agora para depois não ter que começar do alicerce novamente.
  
Então, conjugando a satisfação em ter a luz após viver momentos de escuridão, tem-se que é possível viver de modo a construir uma ponte de ações tão fortes que por ela andará sem medo acaso a lâmpada do mundo de repente queira se apagar.


Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

Somente a semente (Poesia)


Por: Rangel Alves da Costa*

Somente a semente


Nunca mais
deixei de sonhar
de no coração cultivar
a semente que vi
a semente que senti
a semente no olhar

nesses campos outonais
de paisagens entristecidas
buscava inventar um verde
longe de cores adormecidas
quando o vento e a folha
me trouxeram a esperança
de outras tardes renascidas
outra estação que chegava
trazendo junto outras vidas

no dia do dia seguinte
de passo lento e solitário
voltei ao mesmo lugar
relógio sem ter horário
espalhei sonhos no ar
até que o meu olhar
avistou bela semente
você faceira a passar

e nunca mais
deixei de sonhar
de no coração semear
a semente que vi
a semente que senti
e tanto quero plantar
no coração da floresta
do meu ser a cultivar.


Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com